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A morena despertou aos poucos na pequena cela, os olhos perolados percorreram o local deparando-se com o vazio frio do lugar, ergueu-se e olhou ao redor confirmando a desorganização que o loiro era. Deu um pequeno sorriso e começou a deixar o lugar apresentável, algo que nunca o conseguira de fato, saiu da cela antes que o guarda a buscasse, tinha medo que depois do episódio com o Collins o tratamento consigo fosse piorar, algo que podia jurar que aconteceria, parou na porta da cela observando o loiro treinar sozinho. Era um completo imbecil, mas depois de o olhar tanto desde que chegara Feyre já conhecia a rotina e o jeito que o Collins tinha.

— Suspirando Feyre? – A voz fina chamou atenção do Collins Que a olhou com uma sobrancelha erguida, a morena que ficou rubra virou-se para a conhecida voz.

— Maria! – Falou em tom de advertência, mas a amiga logo ria.

— Vamos que a senhora espera convidados. – A morena de coques deu uma cotovelada nada discreta nas costelas da amiga. – E então? Passou a noite gemendo com o campeão?

— Oras! Não me amole. – A Fortnight falou sentindo o rosto vermelho, mas logo ria junto com a morena entrando na casa, alheia ao olhar que a seguia.

— Feyre conseguiu amarrar o loiro com cara de mal? – Logo uma loira se juntou às duas amigas e Maria caiu na risada.

— Diferente de você, Vanessa a Fortnight é uma moça de família. – A morena ria, parecia ser o passatempo preferido das amigas brincarem com a Fortnight.

— Sou de família, mas tem coisas que só posso fazer longe deles. – A loira falou rindo enquanto amarrava os cabelos em um rabo de cavalo. – Se fosse eu com aquele Ethan...

— Bom que não é então. – Feyre falou enquanto trocava de roupa e Maria trocou um olhar rápido com Vanessa.

— Alguém está com ciúmes. – A morena falou com um pequeno sorriso.

— Feyre querida, é melhor dar logo pra aquele Collins do que deixar apodrecer na terra.

— As três moças podiam andar logo porque hoje ela acordou com a macaca. – Uma jovem de cabelos rosados entrou no pequeno quarto que acomodava as criadas e as jovens sorriram.

— Ah Soraya! – Feyre sorriu para a amiga enquanto o trio encaminhou-se para o salão do casarão.

Adentrando ao local depararam-se com Mariana tendo os longos cabelos penteados por outra escrava.

— Senhora. – As quatro garotas falaram em uníssono.

— A filha de um membro importante do senado vêm passar um tempo conosco. – A mulher sorria. – Sirvam-na em tudo e me repassem o que ela pedir a vocês.

As jovens assentiram e logo já estavam cuidando de diferentes serviços na casa, era de conhecimento de todos que tanto Mariana quanto Severus sempre tentavam entrar para a alta sociedade o que só estava acontecendo agora devido ao apoio de Alejandro, já era final de tarde quando uma carroça defendida por soldados com o símbolo da casa de Severus adentrou os portões.

— Parece que o Nefir não voltou. Será que aconteceu algo? – Feyre falou olhando para o portão e logo Maria estava ao seu lado.

— O Nefir? – Falou olhando os homens que já se instalavam no pátio. – Ele não morreria. Cadê ele? Aquele Fortnight maldito.

— Porquê me ofende? – Maria se virou com o susto, encontrando os olhos perolados próximos a si.

— Eu... eu não. – A morena de coques o encarava tão perto, sentia as pernas bambearem.

—Não seja malvado. – Feyre falou sorrindo recebendo um olhar mortal da amiga – Maria ficou encarregada de cuidar de seus ferimentos.

— Porquê? – O Fortnight perguntou ainda encarando Maria que parecia ficar vermelha com a proximidade de Nefir.

— Feyre tem que atender a convidada. – Soraya surgiu com um sorriso malicioso para Maria que baixou o olhar enquanto seguia Nefir para dentro da casa.

Feyre sorria minimamente com Soraya ao seu lado, por mais que soubessem que Maria fosse apaixonada em Nefir ela nunca daria o braço a torcer e Nefir, que fora trazido junto com Feyre parecia ser tapado demais pra notar. A morena retornou ao salão assim que as pessoas se acomodaram, fazia parte de suas obrigações servir os convidados. Os escravos eram separados de acordo com sua aparência, as mulheres mais bonitas eram escravas pessoais da senhora da casa, isso porque deveriam ser vistas e apreciadas pelas pessoas enquanto os escravos mais velhos possuíam afazeres domésticos em que são escondidas, como a arrumação da casa, limpeza e acomodações. Feyre parou na porta do salão e olhou a mulher loira que havia chegado, Vanessa fazia uma cara não muito agradável ao lado da mulher que parecia conversar baixo com a senhora da casa.

— Simones, essas são minhas escravas pessoais. – Mariana falou enquanto levava um morango aos lábios – Servirão a você se for de seu agrado.

A loira se virou sorrindo revelando os olhos azuis escuros.

— Servirão sim. – Sorriu para as quatro jovens que fizeram reverência.

— Feyre. – Mariana a chamou fazendo com que desse um passo à frente. – Sirva Simones pessoalmente, como se servisse diretamente a mim.

Simones soltou uma risada baixa.

— Quero apenas descansar por hora. – a loira falou sorrindo e logo se retirou sendo acompanhada por Mariana até seus aposentos.

Ethan estava sentado em sua cama pressionando o pedaço de pano no corte recém aberto. Praguejava baixo contra Sorion, o único dos guardas que era de fato justo, por mais que arrumassem briga de dois em dois segundos Sorion era o mais perto de amigo que o Collins tivera nos últimos anos. A porta se abriu e os olhos azuis encontraram-se com os claros de Feyre que franziu o cenho assim que pousou os olhos sobre a ferida do loiro.

— Me agradeça depois. – A voz de Sorion abafada pela risada fez com que Ethan grunhiu baixo, mas não houve tempo para resposta pois a porta se fechou em seguida, Feyre caminhou em silêncio até a prateleira onde duas lamparinas queimavam iluminando o local, pegou uma apagando-a em seguida. O loiro a olhava intrigado, o silêncio e a calma pareciam combinar perfeitamente com a imagem da mulher a sua frente. A morena abaixou-se e o loiro a olhou completamente sem jeito.

— Ai! – O loiro soltou assim que a morena colocou as mãos sobre o pano que o mesmo pressionava na ferida.

— Você já aguentou piores Ethan. – Feyre falou séria e o loiro fez uma careta com o modo que ela falou, observando com a pouca luz que agora iluminava a cela a que chamava de quarto o loiro pôde perceber como as bochechas de Feyre eram coradas, como seus olhos de perto pareciam ser mais claros ainda e como a boca tinha o contorno suave – Deite-se. – Conforme Feyre pediu Ethan deitou-se afastando os pensamentos nada puros com a morena, calmamente a morena rasgou um pedaço do vestido limpando a ferida com calma, os toques suaves não causavam dor no loiro, mas ele parecia senti-los na alma, da segunda vez em que a morena levou o pano a ferida do Collins loiro grunhiu segurando a pequena mão com força.

— Ca... calma. – Ela o encarava perto de si. – É querosene, pra parar o sangramento.

O Collins a encarou.

— Você quer me matar, só pode. – Falou raivoso, mas voltou a se deitar deixando com que a morena terminasse com seu machucado.

— Deveria tomar cuidado com o aço. – Feyre falou já de pé reacendendo a lamparina e colocando-a no mesmo lugar, o Collins sentou-se na cama fazendo uma careta com a dor que sentia.

— Sorion que deveria tomar cuidado com o pescoço. – Falou com um bico e Feyre deu uma risada baixa colocando a mão de frente a pequena boca, o que a fez parecer tão linda para o loiro. – Obrigada. Feyre.

A Fortnight o olhou sentindo o rosto queimar, seu nome na voz rouca de Ethan parecia tão melhor, ela apenas assentiu abaixando o olhar e caminhando para o canto do quarto onde sentou-se no chão como nos dias anteriores.

— Não precisa dormir ai. – Ethan coçou a bochecha e ela podia jurar que era ele quem estava vermelho agora. – Não vamos caber direito, mas podemos dormir juntos.

Feyre arregalou os olhos com a proposta e o Collins levou as mãos à frente do corpo em negativa.

— Com respeito Feyre. Só dormir mesmo. Sabe. Sem nada mais. Só sono. – O Collins Gesticulava com presa, a morena riu chamando a atenção do loiro novamente e ele sorriu em resposta enquanto coçava a nuca sem jeito. – Sou muito atrapalhado!

— Tu... tudo bem. – Ela falou caminhando lentamente até a cama do loiro e se deitou junto a parede encolhida fazendo com que Ethan abrisse um sorriso.

— Você nem ocupa tanto espaço assim. – Falou brincalhão se deitando ao lado da morena de modo que houvesse um espaço entre os dois, ela mantinha o olhar baixo, mas sabia que ele a encarava. – Boa noite Feyre.

— Boa noite. Ethan. – A morena falou com um pequeno sorriso levantando o olhar e encarando os olhos azuis que ousou procurar durante o dia.

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