Ethan praticava com um rapaz novo no ludos, teria uma luta dali a uma semana e seria um grande evento pelo que soubera, Severus havia pago caro pela luta principal e seria ele a lutar, nas lutas que ocorriam antes ele seria apenas expectador assim a multidão ficaria eufórica esperando pela luta em que ele seria o protagonista, na última semana de fato havia se dedicado ao treino, Feyre o evitava e passou a ser vista constantemente com Kael e nada se comparava ao ódio que o loiro tinha quando a via sorrir para o cachorro do Fenhir. Parou o treino e foi a um grande tanque de água corrente que ficava no pátio para uso dos gladiadores, lavou o rosto dando alguns tapas em sua própria face para se concentrar, estava perdendo o foco nos últimos dias e chegou a cair no pátio treinando com Storm.
— Você vai morrer se continuar assim. – Lupin falou parando ao lado do loiro, respirou fundo. – Se concentre Ethan.
O Collins balançou a cabeça e respirou fundo antes de mergulhar por completo a cabeça no tanque de água, o zumbido em seu ouvido começou baixo e ele segurou a cabeça dentro da água o máximo que pode, o silêncio se apoderou implacável, o loiro emergiu a cabeça do tanque quando o ar finalmente esvaiu de seu pulmão, respirou fundo, Lupin não estava ali mas, sorriu consigo mesmo e olhou ao redor.
Feyre caminhava em direção a despensa principal que ficava ao lado do pátio, remoía em sua cabeça toda a conversa que tivera com suas amigas, realmente fazia sentido, mas Ethan fez... ela ouviu.
— Feyre. – A voz divertida soou ao seu lado e a morena sorriu para o agora “colega” Kael. – Uma moeda por seus pensamentos.
— Apenas bobagens que não valem vintém algum. – Respondeu serena antes de entrar na dispensa sendo seguida pelo moreno. Kael parou atrás de Feyre e respirou fundo sentindo o cheiro adocicado que a morena possuía, chegava a ser errado que ela fosse tão convidativa sem se dar conta.
— Feyre, deixe que eu te faça feliz. – O Fenhir sussurrou e a morena evitou se virar, sabia o quanto ele estava próximo, sentia a respiração do moreno em sua nuca.
— Já sou feliz. – Respondeu com um breve aceno e fez menção de virar-se, sua mão foi segurada de maneira terna, porém firme pelas do Fenhir.
— Deixe-me fazê-la extremamente feliz então. – O moreno sussurrou antes de beijar o pescoço, a língua roçou suave na pele e Feyre se afastou.
— Não confunda as coisas. – Falou o encarando e ele grunhiu.
— Não pode realmente esperar alguma coisa daquele idiota. – O moreno falou com raiva e Feyre pensou consigo que Kael era extremamente bipolar quando contrariado.
— Espero que por “aquele idiota” esteja se referindo ao seu pai. – A voz rouca de Ethan pairou pela porta e Kael soltou o ar pela boca.
— Sempre aparecendo onde não é chamado. – Riu seco e se afastou de Feyre. – Vocês nunca ficarão juntos. – Disse antes de sair pela porta sem olhar para Ethan que possuía um genuíno sorriso no rosto.
— Deve tomar cuidado com ele. – O loiro falou sério olhando para Feyre que o encarava com as bochechas rosadas. – Nos treinamentos ele se mostra meio... estranho eu acho. – O loiro coçou a nuca sem graça e ela baixou o olhar.
Talvez o Collins nunca entendesse de fato o coração da Fortnight, mas sabia que daria sua vida pra que ela entendesse o seu, pra que pudesse ver o quanto ele a amava e como estava disposto a realmente morrer por ela caso Severus ou qualquer um a ameaçasse, mas a única coisa que poderia fazer era demonstrar e de todas as maneiras sabia que ela estava machucada pelo que tinha acontecido entre ele e Simonis.
— Obrigado. – A morena respondeu baixo e Ethan suspirou, não era de sua natureza viver daquela maneira, sentir-se apegado a alguém como era a ela e após o ocorrido com seus pais, bem de todas as maneiras tinha medo de perdê-la e aquilo o assustava.
— Você não entende não é? – Ele perguntou se aproximando e a morena levantou o olhar para se perder nos olhos azuis com os quais sonhava.
— Entendo o quê? – Perguntou ciente da mão grande que subiu até a altura de sua bochecha e dos dedos grossos que lhe roçaram o rosto com carinho, sentiu a pele formigar refazendo o caminho que os dedos do loiro percorriam em sua face.
— Eles vão te machucar Feyre. – Ele falou ainda a encarando e ela pôde ver sua feição mudar, parecia dolorido falar aquilo. – Vão te machucar quando souberem que é meu ponto fraco.
O pequeno coração da morena pareceu se transformar em algo novo e mesmo que tenha doído tudo um pequeno sorriso surgiu em seus lábios, o pequeno ser miserável talvez fosse uma lagarta que se transformasse em borboleta quando passasse o sofrimento no casulo, a mão subiu vagarosa até a de Ethan.
— Acho que é melhor eles não saberem então. – A morena respondeu acariciando a mão de Ethan que sorriu com o gesto. Quando Feyre saiu daquela despensa, mesmo em silêncio e sem tocá-lo, Ethan se permitiu aquele sentimento estranho e idiota que ela sempre causava nele, algo que chegava a ser maior do que o amor que tinha por Feyre, o amor que tinha pela morena o permitia se entregar sem questionar, mas a esperança que ela o fazia sentir o permitia lutar.
Quando a noite chegou em Santara, Alejandro mandou que todas as velas que iluminavam a casa fossem acesas, logo os lustres mais bonitos faziam com que as sombras dançarem pelas paredes da casa.
— Feyre. – Mariana chegou ao aposento da escrava que terminava de se vestir, a senhora a encarou e suspirou. De fato Simonis havia tirado os vestidos que outrora dera a escrava, mas Mariana suspeitava que mesmo se não os houvesse pegado de volta a morena não os usaria mais, Feyre era um tanto orgulhosa e de acordo com o que ouvira falar aquilo parecia ser uma característica de seu sangue, pois o primo, um guarda, era orgulhoso em níveis bem maiores. – Eu lhe trouxe algumas roupas novas. – Mariana jogou os vestidos sobre a cama da morena que apenas franziu o cenho antes de curvar-se em respeito. – Tome um bom banho e esteja apresentável, use os cabelos soltos hoje, ficará ao meu lado durante todo o jantar.
A morena confirmou com a cabeça e observou Mariana andar até o batente da porta antes de parar e respirar fundo.
— Algum problema, senhora? – A morena perguntou com preocupação nítida na voz o que fez o estômago de Mariana revirar, Feyre era o tipo de pessoa que merecia além do que o mundo podia oferecer.
— Feyre. – Mariana se virou a olhando. – Existem coisas que não podemos mudar. Coisas que os deuses se encarregam de decidir por nós, mas existem outras que apenas nós podemos decidir e geralmente são essas que definem o tipo de pessoa que somos e o caminho que seguiremos.
Feyre a olhava sem entender, mas assentiu ainda assim vendo Mariana dar um pequeno sorriso.
— Pedirei que alguém lhe traga algo pra colocar no cabelo, preciso de uma dama de companhia a altura. – Mariana saiu a passos calmos e Feyre se permitiu olhar os vestidos, eram lindos e provavelmente foram de Mariana quando mais nova, a Fortnight sorriu a caminho do banheiro enquanto sabia que suas amigas não voltariam já que além de servirem Severus tinham planos para a noite com os rapazes.
Ethan era uma peça rara e cara, por isso Severus fazia questão de exibi-lo em eventos, era uma clara demonstração de poder, quem tinha a loba Dandara como gladiador podia se impor na arena e com isso recebia benefícios por parte de grandes coisas do governo e das pessoas influentes no local, ali de pé no centro do salão, o Collins vestia uma roupa simples que logicamente evidenciava sua musculatura, Simonis fez questão de parar para provocá-lo deixando claro que gostaria de repetir a noite de amor ardente que tiveram, como Ethan quisera responder que a única coisa ardente que sentia por ela era nojo, mas limitou-se a ignorá-la, conhecia Severus o suficiente pra saber que o fato de ter defendido sua solicitação tratava-se unicamente de seus interesses pessoais, Ethan morto o traria mais gastos do que lucros. Ao entrar da noite o Collins percebeu a movimentação na frente da casa, mas permaneceu de pé onde lhe era devido, alguns guardas entraram e bateram continência para o homem que entrava, com um uniforme preto e vermelho o general entrou pela porta principal da casa. A postura indicava ser um homem que batalhava bem, os braços eram definidos, porém sem exagero e Ethan sabia que aquilo significava disciplina quanto ao seu estilo de luta, Elion Santoro era um homem a ser temido, não apenas por sua posição nas tropas ou sua influência, mas tudo nele inspirava o quão perigoso poderia ser, a fala baixa e contida, o caminhar calmo e firme, mas principalmente o olhar frio que lançou ao passar pelo Collins.
Pela forma que algumas escravas olhavam para Elion era claro saber o efeito que ele tinha no sexo oposto, os cabelos eram claros, como um grisalho natural e os olhos tão azuis claros que pareciam refletir o próprio céu, durante a priMarianara parte do jantar ficaram na sala apenas os homens, que incluíam Severus, Elion e alguns comerciantes que estavam ali para aproveitar da hospitalidade que o dono da casa deveria oferecer em respeito ao convidado, os homens conversavam trivialidades e bebiam vinho, em determinado momento uma escrava entrou na sala e falou ao ouvido de Severus que limitou-se a sorrir e confirmar com a cabeça.
— O jantar está pronto. – Severus falou com um sorriso. – Vamos ao salão de jantar, Ethan irá acompanhar-nos.
Ethan assentiu e caminhou, conhecia bem como eram aqueles eventos, deveria acompanhá-los, mas não ao comer claro, ficaria de pé no salão enquanto eles debatiam, servia não apenas para mostrar superioridade, mas para passar segurança e proteção. Ao chegar ao salão onde ocorreria o jantar os homens sentaram-se e logo as mulheres se juntaram a eles, Simonis entrou sorridente e sentou-se à frente do convidado principal, quando o cumprimentou informando saudades de seu noivo o Collins teve vontade de rir quão patético era aquilo, mas para a surpresa de todos, inclusive de Simonis, Elion apenas a olhou e sem dizer nenhuma palavra dirigida a ela, continuou a conversa com o comerciante ao seu lado, a loira mexeu-se inquieta mas não demonstrou nada, apenas calou-se. Quando a comida já estava sendo posta o olhar de Elion pareceu iluminar-se mesmo sua postura mudou e Ethan seguiu o olhar do homem, do outro lado da sala Feyre entrava segurando um jarro de flores que colocou por cima de um aparador de madeira que se encontrava no corredor, a morena usava um vestido azul escuro com detalhes em dourado que contornavam o pequeno corpo, o cabelo solto caía como uma cortina negra em suas costas e ombros e era adornado por uma tiara de metal dourado que imitava folhas de louro. Maior do que a admiração que Ethan sentiu, a raiva se apossou na mesma proporção e desviou o olhar novamente para o convidado que ainda encarava Feyre, mas agora, com um sorriso nos lábios.
— Devo parabenizar pelo jantar, realmente tudo foi muito agradável. – Taramir falou sorrindo e Simonis revirou os olhos claramente incomodada com a fala do noivo.— É sempre um prazer receber visitas ilustres em nossa residência. – Mariana praticamente cantarolou enquanto mantinha Feyre ao seu lado, Taramir a olhou e sorriu.— Tens alguns exemplares maravilhosos por aqui.— Pelos Deuses. – Simonis bufou. – Não pode estar falando sério, os mendigos da capital se vestem melhor do que os escravos que aqui se encontram.Mariana e Severus se entreolharam e a raiva era nítida em seus olhos, haviam feito tudo por aquela mimada e agora que via a chance de voltar para o centr
Logo cedo o movimento no pátio chamou a atenção do loiro que se levantou apressado, ainda sonolento pôde ver Maria no meio do pátio enquanto Severus parado a sua frente gritava.— ONDE ELE ESTÁ? – O grito ecoava pelo espaço aberto.— Eu não sei. – Ela chorava, um de seus costumeiros coques havia se desmanchado enquanto o rosto estava sujo, pela maneira como ela estava no chão o Collins percebeu que no mínimo havia sido jogada ali, os arranhões indicavam que havia apanhado e um filete de sangue parecia descer por sua boca.— Você era a putinha dele. – Severus fez um sinal e a morena levou um tapa de um guarda ao seu lado, o corpo de Ethan se moveu sozinho enquanto caminh
Ethan apertava Feyre contra si, o pequeno corpo tremia contra o dele enquanto a morena chorava, quando a espada desceu sobre Maria o loiro a virou segurando o pequeno rosto entre as mãos.— Olhe pra mim meu amor. – Ele repetia baixo para a morena que tentava virar-se para a arena. – Estou aqui Feyre, pra você.Quando a pequena se conformou em não se virar deixou que o corpo tremesse ante seu choro, as lágrimas desciam firmes enquanto as mãos apertavam o tecido que Ethan usava, lembrou-se de seu pai dizer-lhe que para um cego de nascença o mundo era como ele sempre o conhecera, mas para alguém que perdia a visão depois de ter visto o mundo, era algo sombrio e dolorido. Feyre passara a comparar a liberdade com a visão, alguém que nascia escravo nu
A arena se transformou em um aglomerado de espadas que quando não estavam contra escudos alheios ou espadas, estavam cravadas na carne de pessoas que Ethan nunca havia visto antes, rostos de guardas, pessoas arquibancada que caíam em meio a luta devido ao desespero que a multidão provocou querendo sair do lugar.— Golias. – Uma voz grave soou entre os homens vestidos de guerreiros e um grupo se virou em direção a ela. – Você vem conosco. – Apontou para Ethan que assentiu retirando a espada do corpo de um guarda que ele sabia ser do braço direito de Alejandro.O grupo abriu caminho entre as pessoas que lutavam através da espada, dos dois lados haviam pessoas morrendo, mas pelo olhar de Ethan haviam bem mais rebeldes do que guardas dispostos a lutar, Elio
Sandara de longe parecia mais uma prisão do que qualquer outra coisa. Ethan se lembrava de Kaesilyum e como os montes verdes rodeavam a vila enquanto que Sandara parecia estar no fundo de uma cratera de areia. Parecia algo morto, um túmulo de areia, mas ainda assim quando Elion olhava pra aquela cidade antes de partirem para o meio do deserto, seus olhos verdes brilhavam de maneira estranha e quando Ethan viu aquele olhar, entendia porquê o Santoro ainda lutava pelo trono, não se tratava de poder e apenas por isso, o Collins decidiu que o seguiria.Quando se está no deserto deve-se aprender uma coisa importante, não importa o quão quente seja o dia, a noite é extremamente fria, não apenas um frio suportável, o vento gélido sopra devagar fazendo com que os pelos da nuca se arrepiarem enquanto nã
Ethan respirou fundo pela quarta vez durante aquela reunião.— Outro grupo de pessoas estavam na entrada da caverna. – Valin apontou no mapa um ponto entre rochas próximas a entrada de onde estavam – Nesses pontos eles entrariam facilmente e chegariam até nós.Storm traçou um caminho pelo mapa com o dedo e parou batendo em um mesmo ponto.— Podemos colocar armadilhas aqui. – O Storm falou recebendo o olhar incrédulo de Valin.— Como? – Elion olhava atentamente para o local onde o dedo de Storm estava posicionado.— Podemos criar um espécie de fundo falso para a caverna, assim mesmo que entrassem n&at
Ethan ainda a olhava com fascinação, Feyre permanecia com os olhos fechados enquanto o peito subia e descia em um ressonar calmo, o corpo ainda nu tinha apenas um pedaço de tecido passando por cima do corpo deixando a intimidade coberta, porém os seios pareciam uma pintura totalmente a mostra para os olhos famintos do loiro. Nunca se cansaria de toma-la para si, de possuí-la por noites seguidas ou de se derramar inteiro dentro daquele pequeno corpo que lhe pertencia, a Fortnight inteira era sua.O Collins sabia que a amava, sabia disso antes mesmo de ela ter-se afastado após Simonis e pelos deuses como aquilo o corroeu dia após dia, após descobrir que seria pai aquele amor pareceu maior do que qualquer coisa que já sentira até o momento, maior até mesmo que o ódio que tinha daquela vida, daque
Feyre acordou com o barulho vindo pelos corredores da caverna, o eco que ali se formava fazia com que as palavras corressem como o vento, a barriga já saliente despontava pelo tecido fino do vestido que a Coroa e a morena sorria sempre que Ethan a olhava com os olhos cheios de admiração. As coisas naquela caverna iam bem, mas Sandara continuava a mercê de Alejandro que havia ficado muito mais perverso após Golias ter sido morto. Havia uma recompensa pela cabeça de Sorion e Ethan, já que os dois eram tidos como os líderes da rebelião de escravos que mesmo não sendo sabido pela dupla, tomava a cidade se estendendo por todo o país do fogo acendendo uma chama de esperança nas pessoas que antes não tinham pelo quê lutar.— Você não pode escolher por nós todos.