Vivienne observa, intrigada, aquela metamorfose no comportamento de Dominic. Ele parece uma pessoa completamente diferente do homem intimidador de minutos atrás, agora mais atento, mais cuidadoso, como se a tensão tivesse dado lugar a um interesse genuíno pelo seu bem-estar. Essa mudança a desconcerta, e ela sente um conflito interno surgir, enquanto tenta entender o que está acontecendo.A suavidade com que ele a trata provoca reações físicas distintas, um tipo de vulnerabilidade que ela não está acostumada a sentir. Não é o desejo ardente que suas provocações costumam despertar, mas uma sensação mais profunda, mais intimista, que a faz questionar a linha tênue entre o controle e a entrega.— Bem, cogito ficar mais um tempo aqui. — Vivienne responde, notando como um sorriso contraditório surge nos lábios dele, não combinando com a decepção mal disfarçada em seu olhar.— Tudo bem. — Dominic comenta, recompondo sua postura, numa tentativa visível de recuperar sua indiferença caracterís
Vivienne instintivamente se abaixa para juntar os cacos de vidro estilhaçados pelo chão, suas mãos tremem, enquanto tenta ocupar-se desesperadamente com algo que não seja aquela pergunta devastadora. Joana, notando o estado frágil da amiga, gentilmente a segura pelo braço e a guia até a cadeira.— Me desculpa — Vivienne sussurra, sua voz quase inaudível, enquanto abaixa a cabeça, lágrimas silenciosas já embaçando sua visão.— Está tudo bem! — Joana responde, com um sorriso triste, seu coração apertado pela própria falta de sensibilidade. — Me desculpa pela pergunta idiota. — Pede, buscando rapidamente a vassoura e a pá para limpar os cacos espalhados pelo chão.— Por que eles me odeiam? — Dispara, sua voz embargada por anos de dor reprimida. — Sinto saudades de casa, embora lembre de poucos momentos em que me senti verdadeiramente amada pelo meu pai. Os raros abraços protetores dele sempre foram para mim como um tesouro precioso, um sinal de que, à sua maneira distorcida, ele me amava
Vivienne se encolhe no sofá, abraçando uma almofada com força contra o peito, enquanto lágrimas incessantes escorrem por seu rosto e soluços dolorosos ecoam pela pequena sala. O peso daquela única palavra a destrói completamente, e naquele momento de vulnerabilidade, ela não é mais uma mulher adulta, mas apenas uma criança que sempre ansiou pelo amor dos pais. Mergulhada em sua dor profunda, seus olhos finalmente cedem ao cansaço emocional e ela adormece.Enquanto isso, Dominic arqueia a sobrancelha ao adentrar o luxuoso bar, sentindo os olhares hostis das duas mulheres sobre si. Mantém sua postura impecável, enquanto caminha até a mesa reservada.— Ideia genial me atrair para essa convenção de bruxas! — Dominic reclama, ajustando o punho da camisa enquanto assume seu lugar.— Asseguro que desconhecia a presença delas. — Finn responde, reprimindo um sorriso diante da acidez do amigo, enquanto observa discretamente a mesa onde Claire está acompanhada de Natasha. — Pelos olhares mortífe
Dominic permanece sereno, enquanto aprecia seu suco, um leve sorriso de satisfação nos lábios. Garantir que Claire e Natasha não se unam para perturbar sua paz é um alívio estratégico, ele entende muito bem a natureza manipuladora de Natasha e a tendência de Claire de seguir opiniões.— Sério, por que fez isso? — Finn pergunta, assumindo um tom grave. — Por que expor abertamente essa situação? Todos conhecem os sentimentos da Natasha. — Completa, tentando decifrar as motivações do amigo.— Creio que minha resposta anterior foi suficientemente clara. — Dominic responde, com tranquilidade, mas seus olhos denunciam um incômodo crescente. — Mas já que precisa de uma explicação mais detalhada, que seja, Natasha é uma manipuladora nata e sua prima uma marionete perfeita. Não necessito de nenhuma das duas interferindo em meu tempo nesta cidade insuportável. — Afirma, deixando transparecer sua irritação. — Que, devo acrescentar, será consideravelmente longo desta vez. — Complementa, um traço
Dominic o encara com uma seriedade eloquente, a seriedade em seus olhos exigindo uma explicação que Henrik hesita em fornecer, como se cada segundo de demora apenas inflamasse a irritação crescente dentro dele.— Na minha sala, agora! — Dominic ordena, retomando sua caminhada controlada, contendo sua fúria elegantemente para não criar uma cena no corredor.— Sim, senhor Muller. — Henrik responde, em voz baixa, visivelmente perturbado pela aura ameaçadora que emana de seu superior.Dominic abre a porta do escritório com força incontida, assumindo sua posição atrás da mesa imponente. Seus olhos frios analisam meticulosamente a postura evidentemente retraída de Henrik, que fecha a porta com cautela excessiva antes de aproximar-se da mesa como quem se aproxima de uma fera prestes a atacar.— Qual a justificativa? — Dominic pergunta, finalmente, sua voz controlada mal disfarçando a irritação latente.— Justificativa? — Henrik repete, num sussurro audível o suficiente para fazer Dominic arq
O beijo dele é intenso, carregado de uma urgência possessiva que a envolve, e Vivienne, sem resistir, se entrega com a mesma intensidade. Mas, subitamente, uma inquietação em seu íntimo a faz recuar, afastando-se com o peito arfando, em busca de fôlego e clareza enquanto tenta retomar o controle da situação.— Acho melhor não seguirmos com isso. — Vivienne murmura, as palavras saindo incertas, enquanto uma tensão desconfortável começa a se formar, refletindo o conflito interno que seus sentimentos contraditórios despertam.— Não resista. — A voz dele soa sedutora e baixa, quase um comando, enquanto a empurra com firmeza, em direção ao sofá. Seus olhos brilham com um desejo insaciável. — Sei que você também quer isso. — Declara, a voz profunda e provocadora, ocasionando uma reação involuntária em Vivienne, enquanto ele se inclina sobre ela, o calor de seu corpo aumentando a intensidade do momento.— Para com isso. — Murmura, seu coração batendo tão forte que parece querer escapar do pe
Grant observa Dominic se contorcer na cadeira, claramente incomodado. A mão dele desliza com frequência pelo pescoço, como se tentasse aliviar uma tensão persistente, enquanto a expressão em seu rosto revela um desconforto que ele mal consegue disfarçar.— Você bebeu, Dominic? — Grant pergunta, sua expressão endurecendo diante da possibilidade.— Sabe que não seria uma má ideia nesse momento! — Dominic rebate, com um sorriso irônico. Mesmo tentando se esconder atrás do sarcasmo, seu desconforto é notório. — Então, senhor Muller, que tal irmos direto ao ponto? Qual o motivo dessa adorável reunião familiar? — Pergunta, mas sua mente está distante, totalmente imersa em pensamentos sobre Vivienne.— Devido à sua inconstância em permanecer na cidade, a partir de amanhã, você irá treinar Noah para os negócios.— O quê? — Noah e Dominic perguntam simultaneamente, a surpresa estampada em seus rostos. O ambiente logo se enche com uma risada sarcástica de Dominic.— Ah, claro que não! — Dominic
Dominic permanece estático, o lado do rosto queimando como brasa viva. O choque pela audácia dela supera a própria dor física, enquanto sua mente tenta processar o que acabou de acontecer. Sua raiva, momentaneamente esquecida pela surpresa, retorna como uma avalanche avassaladora, fazendo seu sangue ferver nas veias e sua respiração ficar irregular. Em todos seus anos de provocações e conflitos, ninguém, absolutamente ninguém, havia ousado levantar a mão para ele e mais uma vez Vivienne o fez, mais uma vez ela conseguiu quebrar todas as suas barreiras. Ele observa seus dedos tremendo, uma mistura de fúria e frustração correndo por seu corpo, e fecha a mão em punho, desferindo um golpe na porta com tanta força que o som ecoa pelo corredor. O estrondo faz Vivienne se sobressaltar violentamente do lado de dentro, seu coração disparando, enquanto recua alguns passos instintivamente.— Senhorita Bettendorf, seria muito gentil da sua parte abrir essa porta agora! — Dominic pronuncia, cada p