Vivienne sente suas pernas vacilarem diante daquela proximidade e das palavras dele, carregadas de segundas intenções. Seus olhos deslizam pelo corpo dele, quase contra sua própria vontade, enquanto ela luta para reunir cada grama de autocontrole e resistir ao impulso de se render àqueles braços. Quando seus olhares finalmente se encontram, ela percebe as pupilas dilatadas, e as íris de cores diferentes, brilhando com um desejo quase incontrolável, ameaçando fazer seu último resquício de resistência desmoronar.— Você é um homem muito abusado. — Vivienne repreende, balançando a cabeça numa tentativa desesperada de afastar os pensamentos impróprios, enquanto ele parece se deliciar com seu desconforto evidente. — Um homem irritante e completamente inconveniente. — Acrescenta, sua irritação aumentando a cada instante, acompanhando o sorriso provocante dele. Um sorriso que a deixa dividida entre o desejo tentador de beijar aqueles lábios novamente e a vontade descabida de arrancar aquele
Vivienne desliza as mãos nervosamente pelos cabelos, sua mente trabalhando freneticamente em busca de uma saída que não envolva revelar seu passado. As palavras cruéis do pai ecoam em sua memória, aumentando sua ansiedade e a última coisa que deseja é qualquer associação com sua família, conhecendo bem demais as consequências de contrariar aquele homem.— Não estou entendendo essa conversa! — Joana comenta, quebrando o silêncio tenso e trazendo Vivienne de volta à realidade. — Conheço…— Amiga, o senhor Muller já sabe sobre algumas falhas no meu currículo. — Vivienne interrompe, rapidamente, lançando à amiga um olhar suplicante, tentando fazê-la entender a situação. — Ele sabe que não cursei a faculdade. — Acrescenta, em um esforço desesperado para controlar a conversa, enquanto Dominic observa atentamente, capturando cada palavra e troca de olhares, analisando meticulosamente cada reação delas.— Até quando planeja sustentar essa mentira, senhorita Bettendorf? — Dominic questiona, o
Vivienne recua até sentir as costas pressionarem contra a porta, sua visão embaçando, enquanto a presença imponente de Dominic se transforma num borrão à sua frente. Suas pernas fraquejam, e, quando começa a deslizar, braços fortes a amparam, segurando-a com firmeza antes que atinja o chão. — Vivienne, você está bem? — Dominic pergunta, toda sua postura autoritária dando lugar a uma preocupação genuína. — Ei, inspira e expira. — Instrui, notando sua dificuldade para respirar, enquanto a guia cuidadosamente até o sofá. — Senhorita Lima? — Chama, sem desviar a atenção de Vivienne.— O qu… — Joana interrompe sua fala, ao entrar na sala e deparar-se com o estado da amiga. — O que você fez com ela? — Questiona, acusadoramente, aproximando-se rapidamente.— Traga água. — Ordena, ignorando a acusação. — Agora. — Insiste, sua voz denunciando a preocupação que tenta mascarar. — Continue respirando. — Incentiva, checando o pulso acelerado dela e as mãos frias.— Aqui! — Joana retorna apressada
Vivienne observa, intrigada, aquela metamorfose no comportamento de Dominic. Ele parece uma pessoa completamente diferente do homem intimidador de minutos atrás, agora mais atento, mais cuidadoso, como se a tensão tivesse dado lugar a um interesse genuíno pelo seu bem-estar. Essa mudança a desconcerta, e ela sente um conflito interno surgir, enquanto tenta entender o que está acontecendo.A suavidade com que ele a trata provoca reações físicas distintas, um tipo de vulnerabilidade que ela não está acostumada a sentir. Não é o desejo ardente que suas provocações costumam despertar, mas uma sensação mais profunda, mais intimista, que a faz questionar a linha tênue entre o controle e a entrega.— Bem, cogito ficar mais um tempo aqui. — Vivienne responde, notando como um sorriso contraditório surge nos lábios dele, não combinando com a decepção mal disfarçada em seu olhar.— Tudo bem. — Dominic comenta, recompondo sua postura, numa tentativa visível de recuperar sua indiferença caracterís
Vivienne instintivamente se abaixa para juntar os cacos de vidro estilhaçados pelo chão, suas mãos tremem, enquanto tenta ocupar-se desesperadamente com algo que não seja aquela pergunta devastadora. Joana, notando o estado frágil da amiga, gentilmente a segura pelo braço e a guia até a cadeira.— Me desculpa — Vivienne sussurra, sua voz quase inaudível, enquanto abaixa a cabeça, lágrimas silenciosas já embaçando sua visão.— Está tudo bem! — Joana responde, com um sorriso triste, seu coração apertado pela própria falta de sensibilidade. — Me desculpa pela pergunta idiota. — Pede, buscando rapidamente a vassoura e a pá para limpar os cacos espalhados pelo chão.— Por que eles me odeiam? — Dispara, sua voz embargada por anos de dor reprimida. — Sinto saudades de casa, embora lembre de poucos momentos em que me senti verdadeiramente amada pelo meu pai. Os raros abraços protetores dele sempre foram para mim como um tesouro precioso, um sinal de que, à sua maneira distorcida, ele me amava
Vivienne se encolhe no sofá, abraçando uma almofada com força contra o peito, enquanto lágrimas incessantes escorrem por seu rosto e soluços dolorosos ecoam pela pequena sala. O peso daquela única palavra a destrói completamente, e naquele momento de vulnerabilidade, ela não é mais uma mulher adulta, mas apenas uma criança que sempre ansiou pelo amor dos pais. Mergulhada em sua dor profunda, seus olhos finalmente cedem ao cansaço emocional e ela adormece.Enquanto isso, Dominic arqueia a sobrancelha ao adentrar o luxuoso bar, sentindo os olhares hostis das duas mulheres sobre si. Mantém sua postura impecável, enquanto caminha até a mesa reservada.— Ideia genial me atrair para essa convenção de bruxas! — Dominic reclama, ajustando o punho da camisa enquanto assume seu lugar.— Asseguro que desconhecia a presença delas. — Finn responde, reprimindo um sorriso diante da acidez do amigo, enquanto observa discretamente a mesa onde Claire está acompanhada de Natasha. — Pelos olhares mortífe
Dominic permanece sereno, enquanto aprecia seu suco, um leve sorriso de satisfação nos lábios. Garantir que Claire e Natasha não se unam para perturbar sua paz é um alívio estratégico, ele entende muito bem a natureza manipuladora de Natasha e a tendência de Claire de seguir opiniões.— Sério, por que fez isso? — Finn pergunta, assumindo um tom grave. — Por que expor abertamente essa situação? Todos conhecem os sentimentos da Natasha. — Completa, tentando decifrar as motivações do amigo.— Creio que minha resposta anterior foi suficientemente clara. — Dominic responde, com tranquilidade, mas seus olhos denunciam um incômodo crescente. — Mas já que precisa de uma explicação mais detalhada, que seja, Natasha é uma manipuladora nata e sua prima uma marionete perfeita. Não necessito de nenhuma das duas interferindo em meu tempo nesta cidade insuportável. — Afirma, deixando transparecer sua irritação. — Que, devo acrescentar, será consideravelmente longo desta vez. — Complementa, um traço
Dominic o encara com uma seriedade eloquente, a seriedade em seus olhos exigindo uma explicação que Henrik hesita em fornecer, como se cada segundo de demora apenas inflamasse a irritação crescente dentro dele.— Na minha sala, agora! — Dominic ordena, retomando sua caminhada controlada, contendo sua fúria elegantemente para não criar uma cena no corredor.— Sim, senhor Muller. — Henrik responde, em voz baixa, visivelmente perturbado pela aura ameaçadora que emana de seu superior.Dominic abre a porta do escritório com força incontida, assumindo sua posição atrás da mesa imponente. Seus olhos frios analisam meticulosamente a postura evidentemente retraída de Henrik, que fecha a porta com cautela excessiva antes de aproximar-se da mesa como quem se aproxima de uma fera prestes a atacar.— Qual a justificativa? — Dominic pergunta, finalmente, sua voz controlada mal disfarçando a irritação latente.— Justificativa? — Henrik repete, num sussurro audível o suficiente para fazer Dominic arq