Dominic não faz ideia de quanto tempo permanece ali, imerso na presença de seus filhos. O mundo fora daquela sala deixa de existir, o tempo perde qualquer significado. Tudo o que importa é o som suave da respiração deles, os pequenos movimentos involuntários, a delicadeza frágil de cada detalhe. Eles são tão pequenos, tão indefesos, mas estão ali.Seu peito se aperta a cada instante, tomado por uma emoção intensa, quase sufocante. A felicidade o envolve por inteiro, quente, profunda, real. Estar ali, vendo-os respirar, sentindo o peso daquelas novas vidas que agora dependem dele, é a coisa mais certa que já experimentou. Pela primeira vez, sente que tem algo puro, algo que vale a pena lutar com tudo o que tem.E só falta Vivienne acordar para que tudo fique perfeito. Ela e os trigêmeos são tudo em sua vida. Nada mais importa, nada jamais importará tanto quanto eles. Ele precisa vê-la abrir os olhos, precisa ouvir sua voz, sentir sua mão apertando a dele. Só então poderá respirar alivi
Amigos e familiares se revezam na recepção, a preocupação ainda evidente em cada olhar, mas conforme a madrugada avança, a exaustão começa a cobrar seu preço. Um por um começa a partir, seja para os hotéis próximos ou para suas casas, cientes de que, ao menor sinal de mudança, Louis os manterá informados. Ele assumiu essa responsabilidade desde o primeiro instante, garantindo que ninguém ficasse sem atualizações, mas, acima de tudo, garantindo que Dominic não se sobrecarregasse ainda mais. Mesmo sem estar dentro da UTI com Vivienne e os bebês, Louis garante que Dominic também não ultrapasse seus próprios limites. Ele não lhe dá escolha, não permite que ele continue se destruindo lentamente pelo cansaço e pela tensão. Assim que os médicos asseguram não haver mais nada que possa ser feito naquela noite, Louis o conduz diretamente para um quarto reservado no hospital.Dominic não resiste. Se não pode ficar com sua mulher ou seus filhos, não há escolha a ser feita. Ele compreende que, po
Dominic sorri contra os lábios dela, sentindo o calor familiar de sua pele, a suavidade da sua respiração e o ritmo dos batimentos que fazem seu próprio coração acelerar. Enfim, Vivienne acordou. O alívio explode dentro dele como uma onda avassaladora, quebrando todas as barreiras que ele tentou erguer para se manter firme nos últimos dias. Seus olhos se fecham por um instante, como se quisesse absorver cada detalhe daquele momento, como se pudesse gravar para sempre a sensação do retorno dela para ele.Se afasta apenas o suficiente para depositar um beijo delicado em sua testa, os dedos deslizando suavemente pelo rosto dela, em uma carícia reverente, quase trêmula. O medo de perdê-la ainda pesa sobre ele, mas, pela primeira vez, a esperança fala mais alto.E então, a emoção o vence completamente. Ele não consegue segurar as lágrimas, não mais. Elas escorrem silenciosas pelo seu rosto, carregadas de todo o desespero que tentou conter, de cada prece feita em silêncio, de todo o amor q
O médico fixa o olhar em Vivienne, estudando cada detalhe de seus sinais vitais, cada sutil reação de seu corpo à recuperação. Há fragilidade em sua condição, mas também um vislumbre de resistência. Continua fraca, mas estável, um pequeno triunfo em meio à incerteza. — Na manhã seguinte, realizaremos uma nova avaliação para monitorar sua evolução. — Informa, mantendo um tom profissional e objetivo. — Caso os parâmetros clínicos continuem dentro do esperado e sua resposta ao tratamento permaneça estável, iniciaremos os procedimentos para sua transferência para um quarto. Vivienne não responde. Somente escuta, mantendo o olhar fixo em um ponto qualquer, enquanto o aperto em seu peito se intensifica. A voz do médico ecoa ao fundo, mas sua mente já não está ali. Naquele momento, nada mais importa, apenas o desejo visceral de estar com seus filhos.— Após essa transição, e com a estabilização de seus sinais vitais e capacidade motora, será possível organizar sua visita à UTI neonatal. —
No escritório da OptiFin Solutions, Nicolas e Finn compartilham o ambiente profissional, embora a tensão entre eles seja evidente. A relação é fria e marcada por uma distância calculada, mas para Nicolas, aquele espaço tem um único propósito, supervisionar a transição para a nova sede, a verdadeira razão de sua presença ali.Percorrendo os corredores, ele analisa documentos com atenção, imerso no trabalho, até que uma voz exaltada rompe o ritmo monótono do ambiente. Seu olhar se volta imediatamente para a recepção, onde a secretária tenta conter uma mulher visivelmente alterada.— Preciso falar com o senhor Muller, e não vou sair daqui sem isso! — Insiste a mulher, a urgência transparecendo em cada palavra.O tom firme e insistente dela desperta a curiosidade de Nicolas, que se aproxima, avaliando a cena com cautela. No exato momento em que está prestes a intervir, a porta da sala de Finn se abre, e ele surge, o olhar estreito e atento à confusão que se desenrola diante de si.— O que
Finn se aproxima, sua atenção fixa em cada documento que Nicolas desliza para fora da pasta. O ar na sala parece se tornar mais pesado conforme as páginas se revelam diante deles. Seu olhar, antes apenas curioso, se transforma em algo próximo da incredulidade. Ele pisca algumas vezes, como se tentasse absorver a informação diante de si, mas a verdade ali estampada é quase difícil de acreditar.Então, entre os papéis, um envelope branco chama a atenção de Nicolas. Ao pegá-lo, sente a textura envelhecida do papel sob seus dedos, um detalhe sutil que denuncia o passar dos anos. As bordas desgastadas e o leve amarelado indicam que aquele envelope permaneceu guardado por muito tempo, longe de olhos curiosos, até agora.A caligrafia na frente é suave e meticulosa, cada traço refletindo uma atenção minuciosa. Nicolas percorre as palavras lentamente, como se precisasse absorver cada detalhe para ter certeza do que estava lendo.“Para minha doce princesinha, minha querida e amada filha, Vivien
A enfermeira entra no quarto empurrando uma cadeira de rodas, interrompendo o momento silencioso entre Dominic e Vivienne. Seu olhar profissional examina rapidamente a paciente antes de sorrir com gentileza.— Senhora Wade, está na hora do seu banho. — Informa a enfermeira, ajustando a cadeira de rodas ao lado da cama com precisão. — Vamos fazer tudo com calma para garantir seu conforto e segurança.Vivienne respira fundo, sentindo uma mistura de cansaço e desconforto pesar sobre seu corpo. Ao tentar se mover na cama, uma leve pontada atinge a região do corte da cesariana, fazendo-a prender a respiração por um instante. Ela fecha os olhos momentaneamente, tentando controlar a sensação. — Devagar, pequena. — Dominic murmura, sua voz suave, mas repleta de cuidado, enquanto a auxilia com delicadeza a se acomodar melhor na cama. — Com calma, estou aqui. Tudo bem? — Acrescenta, mantendo o tom tranquilo e reconfortante, seus olhos atentos a qualquer sinal de desconforto.Com firmeza e prec
Vivienne sorri, sentindo-se uma boba por sua própria oscilação de emoções. Ela mesma se surpreende com a rapidez com que seu humor muda, em um momento se sente animada, quase invencível, e no seguinte, está se martirizando, presa em julgamentos internos que parecem não ter fim.Mas a vida, sábia como é, a levou até um homem que a entende sem que ela precise dizer uma única palavra. Dominic lê suas emoções como se fossem páginas abertas, acalmando-a com gestos e palavras que parecem sempre declarações grandiosas de amor. E é por isso que, mesmo nos momentos de incerteza, ela sabe que nunca está sozinha.Ela observa atentamente cada gesto de Dominic, a maneira cuidadosa com que ele desliza a esponja por sua pele, como se cada toque fosse uma demonstração silenciosa de amor. Ele não tem pressa, somente paciência, devoção e um carinho inabalável.Quando ele lava seus cabelos, não se importa em se molhar, não se preocupa com o desconforto. Seu foco está inteiramente nela, no bem-estar dela,