Na escada, elegantemente vestida e de braços dados com Finn Parker, está Margot. O impacto da cena atinge Noah como um golpe direto no peito. Seu maxilar se contrai e, por um instante, o impulso de reagir é quase incontrolável.Antes que possa sequer dar um passo, a mão firme de Dominic segura seu braço, impedindo qualquer atitude impensada. Com um olhar de aviso, ele o guia pelo salão, afastando-o discretamente para um canto mais reservado, longe de olhares curiosos.— O que diabos está acontecendo? — Charles questiona, observando com curiosidade, enquanto Dominic praticamente arrasta Noah pelo salão.— Me solta, Dominic — Noah ordena, a voz carregada de tensão, o corpo rígido como se estivesse pronto para agir.Seus olhos disparam para a escada, buscando-a instintivamente. Mas Margot não está mais lá. A frustração se instala em seu peito, um nó apertando sua garganta ao perceber que, em questão de segundos, ela desapareceu de sua vista, como se fosse apenas uma miragem passageira.—
Os olhos de Margot brilham com uma mistura perigosa de incredulidade e raiva contida. Sua mandíbula se contrai, os dedos pressionam discretamente o balcão, como se lutasse para manter o controle.Então, em vez de recuar, ela sorri, um sorriso lento, quase desafiador. Com elegância calculada, inclina-se para perto dele, seus lábios perigosamente próximos ao seu rosto. A respiração quente roça contra a pele de Noah, enviando um arrepio involuntário por sua nuca. — Não, de forma alguma, senhor Muller. — Margot sussurra, próximo ao ouvido dele, sua voz suave, porém carregada de intenção. Ela se afasta ligeiramente, apenas o suficiente para encontrar seu olhar, mantendo a postura impecável. — Com o senhor Parker, minha relação ultrapassava as barreiras profissionais. Costumávamos resolver certos assuntos, diretamente sobre a mesa do escritório. — Provoca, a voz revestida de insinuação, cada palavra meticulosamente escolhida para causar impacto.Ela se deleita com a surpresa e o espanto es
A constatação atinge-a como um golpe certeiro, afundando como um peso insuportável em seu peito. O anel que sempre desejou, que sonhou exibir em sua mão, nem que fosse por meio de Noah, agora reluz no dedo de Vivienne.E o pior? Foi colocado por Dominic. O único homem que realmente quis para si.Cada detalhe parece uma afronta. O anel, a posição, o nome, o homem. Tudo o que ela ambicionou agora pertence à Vivienne, enquanto ela se vê forçada a assistir, impotente, a uma vitória que jamais deveria ter acontecido.— Senhoritas. — Vivienne inicia, a voz aveludada e impecavelmente controlada, enquanto desliza o olhar entre as duas, apreciando cada mínima reação. — Aproveitem a festa da família do meu marido. — Finaliza, entoando a palavra marido com uma suavidade provocativa, um golpe refinado, mas irrefutável, direcionado a Natasha.Com a mesma graça com que a desarmou, ela se vira com elegância e sai do banheiro acompanhada por Amélie, abandonando o silêncio pesado, que parece atravessa
O som suave da música que preenche o ambiente não é suficiente para abafar a voz de Grant. Suas palavras cortam o salão como um trovão, fazendo com que, instantaneamente, o burburinho das conversas cesse. Dezenas de olhares se voltam para eles, carregados de curiosidade e choque.Vivienne tenta puxar sua mão, mas Grant a segura com ainda mais força. O aperto é brutal, seus dedos pressionando sua pele com uma agressividade crescente, como se quisesse arrancar dela algo que, em sua mente distorcida, jamais deveria lhe pertencer.— Me solte. — Vivienne exige, sua voz vacilante, mas ainda firme, enquanto tenta fechar a mão em um reflexo instintivo para proteger o anel.— Não ouse me dirigir a palavra, sua vagabunda insignificante! — Grant vocifera, a voz carregada de ódio e repulsa.Seu aperto se intensifica, os dedos esmagando a mão de Vivienne com brutalidade, forçando-a a abrir. Ele não apenas quer o anel, ele quer a humilhar, arrancar dela qualquer resquício de dignidade.Dominic avan
Todos os olhares agora recaem sobre Grant, um julgamento silencioso e intransigente que se instala no ar. Ele sente o peso dessa condenação sem palavras, percebendo de imediato que, dessa vez, não há como controlar a narrativa ao seu favor. Seu olhar recai sobre Noah, e um sorriso surge em seus lábios, sutil, mas carregado de significado. Afinal, seu neto o protegeu, colocando-se entre ele e Dominic no momento decisivo.— Vovô, o senhor está bem? — Noah pergunta, dirigindo-se a Charles, enquanto se aproxima dele com genuína preocupação.Esse simples gesto é suficiente para apagar o sorriso dos lábios de Grant. A fagulha de satisfação que ele sentia se dissipa no mesmo instante, substituída por um gosto amargo de frustração. Noah não estava ao seu lado. E, agora, a realidade disso se impunha como um golpe ainda mais forte do que aquele que o derrubou.— Estou bem, Noah. O vovô continua em ótima forma. — Charles responde, com um tom brincalhão, um sorriso divertido nos lábios.As palavr
Florence fixa o olhar no envelope à sua frente e, com uma calma deliberada, desliza os dedos sobre ele antes de pegá-lo. Sem pressa, abre-o vagarosamente, mantendo os olhos fixos em Hugo, como se desafiasse sua impaciência.Ao retirar o conteúdo, Florence deixa os papéis deslizarem de seus dedos, espalhando-os sobre a mesa com um descaso calculado. Espalhadas sobre a mesa, estão diversas impressões de sites e jornais da cidade de Luxemburgo. Em todas elas, uma única imagem domina as manchetes, Vivienne, deslumbrante em sua primeira aparição pública após tudo o que eles fizeram para deixá-la no anonimato.Florence percorre cada recorte com o olhar, saboreando a ironia do momento. Por mais que tivessem tentado apagá-la, ali estava ela, brilhando sob os holofotes, mais imponente do que nunca.— Tenho que admitir, essa maldita é linda. — Florence murmura, os olhos percorrendo cada foto com uma calma quase cirúrgica. — Afinal, puxou a minha beleza. — Acrescenta, a voz fria, desprovida de q
E ali, entre a raiva e a tristeza, Hugo percebe que essa é a única verdade que ele jamais poderá apagar. A fúria dentro dele atinge seu ápice, e antes que possa racionalizar, ele explode.Com um movimento brusco, agarra os cabelos de Florence, puxando-os com força, obrigando-a a erguer o rosto para ele. Seu olhar é puro fogo, um misto de desejo e ódio, e então ele faz o que seu orgulho ferido exige, toma seus lábios em um beijo bruto, exigente, desesperado.Não há carinho, não há afeto. Apenas uma necessidade cega de apagá-la, de silenciar aquelas palavras que ainda ecoam em sua mente. Ele beija como quem toma, como quem reivindica o que sente estar escapando de seu controle.Mas Florence não cede. Ela não corresponde, não se entrega. Pelo contrário. Seus punhos se cerram, seu corpo enrijece e, no fundo, Hugo sabe, esse beijo não apaga nada. Apenas confirma o que ele sempre temeu, ele já a perdeu há muito tempo.— Você trouxe a desgraça para as nossas vidas. — Hugo sussurra, contra os
Hugo permanece no chão, imóvel, não pela queda, mas pelo peso esmagador da palavra que ressoa em sua mente como um martelo impiedoso. O som reverbera dentro dele, se enroscando em sua alma como um veneno lento, corroendo suas entranhas, golpeando seu coração com força bruta.Vivienne é a prova viva de sua humilhação, a lembrança incessante de tudo o que ele falhou em ser. Sempre desejou vê-la sofrer, despedaçá-la até que não restasse nada além de ruínas. Mas nunca teve essa chance. Não por falta de vontade, mas porque, mesmo com toda a frieza e crueldade de Florence, ela sempre a protegeu.Mas agora, agora, tudo mudou. Desta vez, Florence o havia dado carta-branca. E a simples ideia de finalmente poder erradicá-la de sua vida faz um sorriso sombrio se formar em seus lábios. Chega de limites. Chega de amarras.Vivienne é o último vestígio de sua vergonha, o reflexo detestável de sua impotência e de seu fracasso como homem. E agora, ele pode finalmente apagar essa lembrança da face da