E ali, entre a raiva e a tristeza, Hugo percebe que essa é a única verdade que ele jamais poderá apagar. A fúria dentro dele atinge seu ápice, e antes que possa racionalizar, ele explode.Com um movimento brusco, agarra os cabelos de Florence, puxando-os com força, obrigando-a a erguer o rosto para ele. Seu olhar é puro fogo, um misto de desejo e ódio, e então ele faz o que seu orgulho ferido exige, toma seus lábios em um beijo bruto, exigente, desesperado.Não há carinho, não há afeto. Apenas uma necessidade cega de apagá-la, de silenciar aquelas palavras que ainda ecoam em sua mente. Ele beija como quem toma, como quem reivindica o que sente estar escapando de seu controle.Mas Florence não cede. Ela não corresponde, não se entrega. Pelo contrário. Seus punhos se cerram, seu corpo enrijece e, no fundo, Hugo sabe, esse beijo não apaga nada. Apenas confirma o que ele sempre temeu, ele já a perdeu há muito tempo.— Você trouxe a desgraça para as nossas vidas. — Hugo sussurra, contra os
Hugo permanece no chão, imóvel, não pela queda, mas pelo peso esmagador da palavra que ressoa em sua mente como um martelo impiedoso. O som reverbera dentro dele, se enroscando em sua alma como um veneno lento, corroendo suas entranhas, golpeando seu coração com força bruta.Vivienne é a prova viva de sua humilhação, a lembrança incessante de tudo o que ele falhou em ser. Sempre desejou vê-la sofrer, despedaçá-la até que não restasse nada além de ruínas. Mas nunca teve essa chance. Não por falta de vontade, mas porque, mesmo com toda a frieza e crueldade de Florence, ela sempre a protegeu.Mas agora, agora, tudo mudou. Desta vez, Florence o havia dado carta-branca. E a simples ideia de finalmente poder erradicá-la de sua vida faz um sorriso sombrio se formar em seus lábios. Chega de limites. Chega de amarras.Vivienne é o último vestígio de sua vergonha, o reflexo detestável de sua impotência e de seu fracasso como homem. E agora, ele pode finalmente apagar essa lembrança da face da
Vivienne pisca repetidamente, como se tentasse encaixar a súbita mudança em sua compreensão. A incerteza cintila em seu olhar, como se não tivesse certeza se ouviu direito. No entanto, antes que consiga conter a reação, um sorriso brota em seus lábios, rápido, espontâneo, quase involuntário, como se sua própria felicidade a traísse.— E o almoço com a sua família? — Vivienne questiona, embora não consiga disfarçar a felicidade que transparece em sua voz ao finalmente retornarem para casa.— Meu avô precisou retornar à Reims com urgência devido a um problema em uma das empresas. — Dominic informa, deslizando os dedos pelo rosto dela até encontrar um cacho de seus cabelos, que ele enrola distraidamente entre os dedos. — Noah ainda não está confortável em ficar apenas nós três à mesa. — Acrescenta, segurando a mão dela e depositando um beijo suave sobre seus dedos.— Não o julgo, também não me sinto completamente à vontade. — Admite, levantando-se do colo dele. — Sendo assim, é melhor nã
Vivienne solta um suspiro pesado, carregado de resignação. Há alguns meses, ainda acreditava que, apesar de todo o sofrimento psicológico que suportou por anos, seus pais jamais poderiam feri-la fisicamente. Mas agora, essa certeza se desfez. A dúvida a consome, e as palavras de Dominic fazem o medo se instalar em seu peito, trazendo a inquietante sensação de que algo pode, de fato, acontecer.Percebendo o medo, a hesitação e as dúvidas refletidas no olhar de Vivienne, Dominic se aproxima e a envolve em um abraço firme, como se pudesse protegê-la de tudo. No entanto, ele sabe que algumas coisas estão além de seu alcance, especialmente as feridas deixadas por aqueles que, em algum momento, amamos.— Pequena, não quis te deixar assusta…— Não se preocupe. — Vivienne interrompe, acariciando o rosto dele com delicadeza. — Você está certo, todo cuidado é pouco. — Afirma, apoiando a cabeça contra o peito de Dominic, buscando conforto em sua presença. — Em algum momento, a denúncia que fiz d
O beijo é quente e repleto de autoridade, cada movimento uma marca de domínio que ele exerce sobre ela. Margot tenta resistir, mas a maneira como ele a beija, como a envolve por completo, a deixa vulnerável. Instintivamente, seus braços se enrolam ao redor do pescoço dele, o desejo crescendo de maneira incontrolável. O beijo se aprofunda, urgente e profundo, como se ele fosse desenhar o ritmo de cada suspiro, puxando-a para uma entrega sem volta.— Não. — Margot murmura, interrompendo o beijo com a voz trêmula, tentando se afastar dele, em uma luta interna para se manter racional. Seus olhos, ainda nublados pelo desejo, tentam se concentrar, mas a proximidade dele torna cada segundo mais difícil de resistir.Noah observa com um olhar ardente, como se cada centímetro de seu corpo fosse um convite para algo impossível de evitar. Sua presença é dominante, irresistível, e ela sabe que a guerra interna que trava é inútil diante da intensidade que ele emana.— Não finja que não quer, Margot
Assim que a porta se abre, Margot avança, visivelmente hesitante, com os passos tão pesados quanto seus pensamentos. Ela se posiciona em frente à mesa, o olhar fixo no tablet, um escudo contra o magnetismo de Noah. Cada movimento seu é uma tentativa de se distanciar da tensão entre eles, mas a presença dele a envolve, impossibilitando ignorá-lo.— Prossiga, senhorita Hoffman. — Noah orienta, a voz firme e controlada, enquanto o olhar dele permanece em Margot, atento a cada movimento dela. Sua expressão é impassível, mas ele se diverte silenciosamente com a hesitação evidente, sabendo que ela luta para manter a compostura.— Às três horas, o senhor tem uma reunião com a equipe de…— Cancele todos os meus compromissos de hoje. — Ordena, voltando-se para a tela do notebook com um olhar concentrado. — Iremos visitar algumas propriedades. — Informa, mantendo um tom claro e direto.— Iremos? — Repete, erguendo o olhar do tablet e voltando-se para ele, a expressão de surpresa evidente em seu
Margot absorve as palavras dele, sentindo o peso de cada uma. Naquele momento, ele parece tão sincero, tão diferente do homem que ela havia criado em sua mente, uma imagem construída a partir de rumores e fofocas pelos corredores. Mas agora ele está ali, diante dela, pedindo a chance de mostrar quem realmente é. A dúvida surge, silenciosa, no fundo, de sua mente. Será que vale a pena arriscar e acreditar nele?— Estou pedindo somente uma chance, Margot, para ser o homem que nunca fui, mas que agora desejo profundamente ser. — Noah declara, a voz baixa e cheia de intensidade, como se cada palavra fosse uma promessa que ele mal podia esperar para cumprir.As palavras de Noah parecem envolvê-la, como se cada uma delas conseguisse dissolver suas reservas. Margot sustenta o olhar dele, tentando encontrar algum sinal, algum detalhe que a fizesse recuar, mas o que ela vê é somente desejo, puro e inegável, brilhando nos olhos dele, tão intenso quanto o que ela sente por ele. A luta interna d
Margot exibe um sorriso encantador, mas logo se censura mentalmente, considerando-se tola por se deixar iludir tão facilmente. Sacode a cabeça, decidindo dar-lhe um voto de confiança, embora, no fundo, torça secretamente para que ele não a decepcione.— Então, não me decepcione, Noah. — Margot responde, tocando levemente a mão dele. Antes que ela possa encerrar o toque, ele a segura com firmeza, levando sua mão até os lábios e depositando um beijo suave.— Farei o meu melhor para que essa atração se transforme em algo muito além do físico. — Declara, a voz baixa e intensa, carregada de uma certeza. O sorriso de Margot se amplia e sua respiração se acelera, como se aquelas palavras tivessem tocado algo profundo nela, acendendo uma chama que ela tentava controlar. O silêncio no carro é preenchido somente pelas respirações ofegantes, mas os olhares trocados são intensos, como se ambos tentassem entender o que estavam fazendo. No entanto, o desejo e a atração se intensificaram de tal for