O som suave da música que preenche o ambiente não é suficiente para abafar a voz de Grant. Suas palavras cortam o salão como um trovão, fazendo com que, instantaneamente, o burburinho das conversas cesse. Dezenas de olhares se voltam para eles, carregados de curiosidade e choque.Vivienne tenta puxar sua mão, mas Grant a segura com ainda mais força. O aperto é brutal, seus dedos pressionando sua pele com uma agressividade crescente, como se quisesse arrancar dela algo que, em sua mente distorcida, jamais deveria lhe pertencer.— Me solte. — Vivienne exige, sua voz vacilante, mas ainda firme, enquanto tenta fechar a mão em um reflexo instintivo para proteger o anel.— Não ouse me dirigir a palavra, sua vagabunda insignificante! — Grant vocifera, a voz carregada de ódio e repulsa.Seu aperto se intensifica, os dedos esmagando a mão de Vivienne com brutalidade, forçando-a a abrir. Ele não apenas quer o anel, ele quer a humilhar, arrancar dela qualquer resquício de dignidade.Dominic avan
Todos os olhares agora recaem sobre Grant, um julgamento silencioso e intransigente que se instala no ar. Ele sente o peso dessa condenação sem palavras, percebendo de imediato que, dessa vez, não há como controlar a narrativa ao seu favor. Seu olhar recai sobre Noah, e um sorriso surge em seus lábios, sutil, mas carregado de significado. Afinal, seu neto o protegeu, colocando-se entre ele e Dominic no momento decisivo.— Vovô, o senhor está bem? — Noah pergunta, dirigindo-se a Charles, enquanto se aproxima dele com genuína preocupação.Esse simples gesto é suficiente para apagar o sorriso dos lábios de Grant. A fagulha de satisfação que ele sentia se dissipa no mesmo instante, substituída por um gosto amargo de frustração. Noah não estava ao seu lado. E, agora, a realidade disso se impunha como um golpe ainda mais forte do que aquele que o derrubou.— Estou bem, Noah. O vovô continua em ótima forma. — Charles responde, com um tom brincalhão, um sorriso divertido nos lábios.As palavr
Florence fixa o olhar no envelope à sua frente e, com uma calma deliberada, desliza os dedos sobre ele antes de pegá-lo. Sem pressa, abre-o vagarosamente, mantendo os olhos fixos em Hugo, como se desafiasse sua impaciência.Ao retirar o conteúdo, Florence deixa os papéis deslizarem de seus dedos, espalhando-os sobre a mesa com um descaso calculado. Espalhadas sobre a mesa, estão diversas impressões de sites e jornais da cidade de Luxemburgo. Em todas elas, uma única imagem domina as manchetes, Vivienne, deslumbrante em sua primeira aparição pública após tudo o que eles fizeram para deixá-la no anonimato.Florence percorre cada recorte com o olhar, saboreando a ironia do momento. Por mais que tivessem tentado apagá-la, ali estava ela, brilhando sob os holofotes, mais imponente do que nunca.— Tenho que admitir, essa maldita é linda. — Florence murmura, os olhos percorrendo cada foto com uma calma quase cirúrgica. — Afinal, puxou a minha beleza. — Acrescenta, a voz fria, desprovida de q
E ali, entre a raiva e a tristeza, Hugo percebe que essa é a única verdade que ele jamais poderá apagar. A fúria dentro dele atinge seu ápice, e antes que possa racionalizar, ele explode.Com um movimento brusco, agarra os cabelos de Florence, puxando-os com força, obrigando-a a erguer o rosto para ele. Seu olhar é puro fogo, um misto de desejo e ódio, e então ele faz o que seu orgulho ferido exige, toma seus lábios em um beijo bruto, exigente, desesperado.Não há carinho, não há afeto. Apenas uma necessidade cega de apagá-la, de silenciar aquelas palavras que ainda ecoam em sua mente. Ele beija como quem toma, como quem reivindica o que sente estar escapando de seu controle.Mas Florence não cede. Ela não corresponde, não se entrega. Pelo contrário. Seus punhos se cerram, seu corpo enrijece e, no fundo, Hugo sabe, esse beijo não apaga nada. Apenas confirma o que ele sempre temeu, ele já a perdeu há muito tempo.— Você trouxe a desgraça para as nossas vidas. — Hugo sussurra, contra os
Hugo permanece no chão, imóvel, não pela queda, mas pelo peso esmagador da palavra que ressoa em sua mente como um martelo impiedoso. O som reverbera dentro dele, se enroscando em sua alma como um veneno lento, corroendo suas entranhas, golpeando seu coração com força bruta.Vivienne é a prova viva de sua humilhação, a lembrança incessante de tudo o que ele falhou em ser. Sempre desejou vê-la sofrer, despedaçá-la até que não restasse nada além de ruínas. Mas nunca teve essa chance. Não por falta de vontade, mas porque, mesmo com toda a frieza e crueldade de Florence, ela sempre a protegeu.Mas agora, agora, tudo mudou. Desta vez, Florence o havia dado carta-branca. E a simples ideia de finalmente poder erradicá-la de sua vida faz um sorriso sombrio se formar em seus lábios. Chega de limites. Chega de amarras.Vivienne é o último vestígio de sua vergonha, o reflexo detestável de sua impotência e de seu fracasso como homem. E agora, ele pode finalmente apagar essa lembrança da face da
Vivienne pisca repetidamente, como se tentasse encaixar a súbita mudança em sua compreensão. A incerteza cintila em seu olhar, como se não tivesse certeza se ouviu direito. No entanto, antes que consiga conter a reação, um sorriso brota em seus lábios, rápido, espontâneo, quase involuntário, como se sua própria felicidade a traísse.— E o almoço com a sua família? — Vivienne questiona, embora não consiga disfarçar a felicidade que transparece em sua voz ao finalmente retornarem para casa.— Meu avô precisou retornar à Reims com urgência devido a um problema em uma das empresas. — Dominic informa, deslizando os dedos pelo rosto dela até encontrar um cacho de seus cabelos, que ele enrola distraidamente entre os dedos. — Noah ainda não está confortável em ficar apenas nós três à mesa. — Acrescenta, segurando a mão dela e depositando um beijo suave sobre seus dedos.— Não o julgo, também não me sinto completamente à vontade. — Admite, levantando-se do colo dele. — Sendo assim, é melhor nã
Vivienne solta um suspiro pesado, carregado de resignação. Há alguns meses, ainda acreditava que, apesar de todo o sofrimento psicológico que suportou por anos, seus pais jamais poderiam feri-la fisicamente. Mas agora, essa certeza se desfez. A dúvida a consome, e as palavras de Dominic fazem o medo se instalar em seu peito, trazendo a inquietante sensação de que algo pode, de fato, acontecer.Percebendo o medo, a hesitação e as dúvidas refletidas no olhar de Vivienne, Dominic se aproxima e a envolve em um abraço firme, como se pudesse protegê-la de tudo. No entanto, ele sabe que algumas coisas estão além de seu alcance, especialmente as feridas deixadas por aqueles que, em algum momento, amamos.— Pequena, não quis te deixar assusta…— Não se preocupe. — Vivienne interrompe, acariciando o rosto dele com delicadeza. — Você está certo, todo cuidado é pouco. — Afirma, apoiando a cabeça contra o peito de Dominic, buscando conforto em sua presença. — Em algum momento, a denúncia que fiz d
O beijo é quente e repleto de autoridade, cada movimento uma marca de domínio que ele exerce sobre ela. Margot tenta resistir, mas a maneira como ele a beija, como a envolve por completo, a deixa vulnerável. Instintivamente, seus braços se enrolam ao redor do pescoço dele, o desejo crescendo de maneira incontrolável. O beijo se aprofunda, urgente e profundo, como se ele fosse desenhar o ritmo de cada suspiro, puxando-a para uma entrega sem volta.— Não. — Margot murmura, interrompendo o beijo com a voz trêmula, tentando se afastar dele, em uma luta interna para se manter racional. Seus olhos, ainda nublados pelo desejo, tentam se concentrar, mas a proximidade dele torna cada segundo mais difícil de resistir.Noah observa com um olhar ardente, como se cada centímetro de seu corpo fosse um convite para algo impossível de evitar. Sua presença é dominante, irresistível, e ela sabe que a guerra interna que trava é inútil diante da intensidade que ele emana.— Não finja que não quer, Margot