Noah observa de canto dos olhos, captando o movimento sutil de Margot se virando para ele. Seu olhar, antes preso à janela, como se buscasse uma fuga, agora repousa sobre ele, carregado de incerteza. Os lábios se entreabrem ligeiramente, como se estivesse prestes a questioná-lo, mas nenhuma palavra escapa.Há um receio evidente em sua expressão, um conflito silencioso transparecendo em cada detalhe. Parece estar pesando os prós e os contras, buscando razões para recusar. No entanto, o que chama a atenção de Noah não é a hesitação, nem mesmo o receio estampado em seus olhos, mas que, apesar de qualquer dúvida, ela ainda não pediu para ele parar.— Você sempre foi tão reservada? — Noah pergunta, sua voz suave, mas carregada de intenção, rompendo a tensão com um tom casual demais para ser inocente.Margot pisca, surpresa com a pergunta repentina. O olhar dele, ainda que sereno, é afiado, perspicaz demais para ser apenas uma curiosidade casual. Ele a observa por um instante a mais, como s
Margot tenta manter a compostura, sustentando o olhar dele por mais tempo do que deveria, mas a inquietação dentro de si cresce a cada segundo. Algo naquele jantar a inquieta mais do que gostaria de admitir, porque, pela primeira vez, ela percebe uma faceta de Noah Muller que ainda não conhecia.No escritório, ele é puro controle, profissionalismo impecável, distante. Nunca passa do necessário, nunca se permite excessos, e, muitas vezes, é como se ela fosse invisível. Mas ali, naquele ambiente refinado e intimista, algo nele muda. Há um peso diferente em seu olhar, uma atenção que vai além da relação estritamente profissional que sempre existiu entre eles.E é nesse instante que Margot percebe o que realmente a incomoda. Naquele momento, Noah não a enxerga apenas como sua assistente pessoal. Ele a enxerga como uma mulher. Essa constatação a deixa perigosamente alerta, despertando um instinto de autopreservação que ela não pode ignorar. Não é apenas como ele a observa, ou a maneira sut
Os lábios de Margot se entreabrem, como se sua mente buscasse desesperadamente por uma resposta. Mas as palavras dele ainda ecoam, repetindo-se em sua mente, dominando seus pensamentos.Ela tenta reagir, tenta recuperar o controle da situação, mas suas próprias palavras ficam presas na garganta, esmagadas pelo peso daquela ordem. Como se, contra toda a sua razão, seu corpo decidisse permanecer ali.Como se algo invisível, mais forte do que a lógica, a mantivesse enraizada naquele momento, naquele lugar. Como se, por mais que tentasse negar, fosse exatamente a companhia que ele queria e pior, como se fosse a companhia perfeita para ele.— Não estou pedindo para você terminar na minha cama. — Noah declara, a voz firme, mas impecavelmente controlada. No entanto, o brilho malicioso em seu olhar conta outra história. Um jogo silencioso se desenha ali, nas entrelinhas de suas palavras, na forma calculada como ele a observa, como se cada mínima reação dela fosse uma peça essencial para um d
Noah sorri de canto, aquele sorriso preguiçoso e perigoso que nunca entrega completamente suas verdadeiras intenções. Ele inclina ligeiramente a cabeça, os olhos percorrendo cada detalhe de sua expressão, como se procurasse algo além das palavras.Algo que Noah sempre fez com maestria ao longo dos anos foi flertar, conquistar e ter qualquer mulher que desejasse. Nunca precisou se esforçar, seu charme afiado e sua presença dominante sempre foram o suficiente para abrir portas, para atraí-las como um ímã. Mas nada, além disso.Porque, no fim, sua vida sempre foi moldada por aparências. Um jogo bem ensaiado de controle e poder, onde cada movimento era calculado não apenas para manter sua posição, mas para atender às expectativas dos outros. Cada relação era superficial, um cenário perfeitamente construído, e cada laço, quando se tornava inconveniente, era descartado sem hesitação.Mas agora, nada mais o prende. Seu relacionamento falso com Natasha não existe mais. Ele saiu dos domínios d
Noah esboça um sorriso amargo, uma expressão discreta, mas carregada de frustração ao perceber seu erro. Sem pressa, ele sinaliza para o garçom, paga a conta e deixa o restaurante, seus passos firmes, porém mais pesados do que o normal.Ao entrar no carro, solta um longo suspiro, apoiando-se momentaneamente no volante antes de dar a partida. O trajeto até o hotel onde tem passado seus dias parece mais longo do que realmente é, cada minuto arrastando-se sob o peso do que aconteceu ou do que não aconteceu.Ao chegar ao quarto, retira o paletó com um movimento automático, sem sequer acender todas as luzes. O silêncio do ambiente só reforça o vazio que ele sente, um incômodo discreto, mas insistente.A noite se arrasta, interminável, enquanto ele revira na cama, sua mente reproduz cada olhar, cada palavra, cada instante daquela noite. Somente quando a exaustão vence finalmente a inquietação, ele consegue adormecer. Na manhã seguinte, Noah veste sua máscara de profissionalismo, ajustando-
Por outro lado, na OptiFin Solutions, Dominic já está indo para sua terceira reunião do dia. A manhã foi intensa, cheia de decisões estratégicas e debates exaustivos sobre investimentos, projeções e novas parcerias.Ele solta um suspiro pesado, sentindo a tensão acumular-se em seus ombros. Ainda faltam várias horas para o dia terminar, e a pilha de compromissos não parece diminuir. Quando o aviso de uma nova videochamada surge na tela, ele respira fundo antes de aceitar.— Muito bem. — Murmura para si, endireitando a postura antes de assumir uma expressão séria e profissional, preparado para conduzir a reunião com a precisão e objetividade que a ocasião exige.— Acho bom você me dizer que esse e-mail é uma brincadeira. — Nicolas dispara, assim que seu rosto aparece na tela, sua expressão carregada de seriedade e impaciência.— Se estivesse brincando, eu não teria enviado. — Dominic responde, com calma, sua voz firme, mas controlada.— Você realmente quer seguir por esse caminho? — Per
A confusão se instala primeiro, seguida pela surpresa e, então, por algo mais profundo, uma incredulidade silenciosa que faz Dominic franzir a testa, enquanto sua mente trabalha rapidamente, tentando absorver aquelas palavras e encaixá-las em uma realidade que simplesmente não faz sentido.Dominic pisca lentamente, enquanto tenta, em vão, encontrar uma explicação lógica para algo que, a cada nova informação, se torna ainda mais enigmático. Os fatos não se encaixam, as lacunas só aumentam, e quanto mais ele tenta conectar os pontos, mais a verdade parece se distorcer diante dele, como um enigma criado para jamais ser resolvido.— As possibilidades são limitadas. — Nicolas começa, sua expressão carregada de ceticismo. — Ou ela foi adotada e sua verdadeira identidade está oculta, ou aquela cidade opera sob um sistema altamente corrupto, onde a influência da família Devereaux dita as regras. — Acrescenta, expondo possibilidades, cada uma mais intrigante e desconcertante do que a outra. —
No apartamento, a campainha toca incessantemente, ecoando pelo ambiente silencioso. Vivienne apressa-se para atendê-la, seus passos rápidos pelo corredor, a expectativa crescendo dentro dela. Assim que gira a maçaneta e abre a porta, um sorriso genuíno ilumina seu rosto.— Finalmente! — Vivienne exclama, sem hesitar antes de envolver a amiga em um abraço apertado.— Que animação toda é essa? — Joana pergunta, arqueando uma sobrancelha assim que Vivienne encerra o abraço. — Mas, antes de qualquer coisa, preciso de informações urgentes sobre a muralha humana que me abordou na entrada. — Declara, jogando a bolsa no sofá como se estivesse prestes a iniciar um interrogatório oficial. — Não se faça de desentendida. — Adverte, apontando um dedo acusador. — Um armário de dois metros de altura, com cara de quem nunca deu uma risada na vida, parado na portaria como se estivesse guardando os segredos do Vaticano? — Acrescenta, dramatizando ainda mais a cena. — Achou mesmo que eu não iria notar?