Os olhares curiosos de pedestres e motoristas são completamente ignorados por Dominic. Nada mais existe além de Vivienne e o hospital à frente. Cada fibra de seu ser está focada em avançar, em alcançá-lo, em salvá-la antes que o tempo o traia. O medo de falhar pesa como uma sombra sufocante, mas a força inabalável de sua vontade empurra-o adiante, cada passo carregado de uma urgência quase visceral.As portas do hospital se abrem como uma miragem na visão embaçada de Dominic, cada passo um esforço quase insuportável para suas pernas enfraquecidas. O corpo inerte de Vivienne em seus braços parece assustadoramente leve, e essa leveza o aterroriza. É como se ela estivesse se esvaindo, escapando lentamente de sua vida, um eco distante de tudo o que ela representava.Ao atravessar a entrada da emergência, o caos do hospital o engole. As luzes intensas, os gritos, os passos apressados e as vozes dos atendentes parecem um ruído distante, quase irrelevante. Para Dominic, nada disso importa. S
As palavras atingem Dominic como um golpe direto no peito. O peso da realidade é esmagador, impossível de suportar. Suas pernas falham, e ele desaba de joelhos no chão, incapaz de sustentar o próprio corpo. O som contínuo e ensurdecedor do monitor parece perfurar seus ouvidos, cada segundo estendendo-se como um tormento sem fim. Ele tenta respirar, mas o ar parece faltar, o desespero o consumindo por completo enquanto assiste, impotente, à luta pela vida de Vivienne.— Iniciar compressões! — Ordena a médica, a voz firme e carregada de urgência, os olhos fixos em Vivienne, enquanto a equipe ao redor se move em frenética precisão. — Ritmo contínuo, mantenham a cadência! — Orienta, a autoridade em seu tom, deixando claro que cada segundo conta.Um dos enfermeiros posiciona as mãos no centro do peito de Vivienne, começando as compressões com força e ritmo precisos, enquanto outro ajusta o monitor para acompanhar qualquer mudança. O som repetitivo das compressões preenche a sala, uma cadên
Uma equipe médica é acionada imediatamente e, em questão de instantes, chegam para prestar os primeiros socorros a Dominic. Movendo-se com rapidez e precisão, eles avaliam sua condição e, sem perder tempo, o levam para a emergência, onde os atendimentos são continuados com a mesma urgência.Enquanto isso, completamente alheio ao que acontece com Dominic e Vivienne, Charles adentra sua propriedade, estacionando o carro diante da imponente e luxuosa mansão. Seus passos firmes ecoam pelo hall de entrada, o mármore polido refletindo a luz suave do ambiente enquanto ele avança em direção à sala de estar.Ao atravessar o arco da porta, ele encontra Amélie sentada em um dos sofás, a postura impecável, completamente imersa na leitura de um livro. A serenidade quase intocável da cena contrasta profundamente com o caos que se desenrola longe dali, criando um instante de tranquilidade que parece deslocado, alheio à realidade.— É impressionante como você consegue ficar ainda mais linda quando es
Charles levanta-se, lançando mais uma vez um olhar rápido ao relógio no pulso. A mão sobe quase por reflexo até a cabeça, e o breve coçar denuncia a inquietação que agora toma conta de sua expressão.— Não acha que já deveriam ter chegado? — Charles pergunta, inquieto, enquanto caminha em passos curtos pela sala. Seus olhos, porém, acabam fixos na expressão tranquila e quase imperturbável da esposa.— É verdade, já deu tempo suficiente. — Amélie concorda, com a voz suave e um sorriso tranquilo que parece conter toda a paciência do mundo. — Talvez algo tenha prendido a atenção deles no caminho. Estão em lua de mel, meu amor. Com paisagens tão lindas ao redor, é impossível não parar para namorar.Ela se aproxima com passos calmos, seus movimentos carregando uma leveza natural. Passa os braços ao redor da cintura de Charles, puxando-o delicadamente para mais perto. Seus olhos, serenos, encontram os dele, enquanto suas mãos fazem um leve carinho em suas costas.— Eu sei. — Murmura, a voz
Charles avista a placa do hospital e sente um suspiro escapar, carregado de emoções conflitantes. Era um alívio saber que finalmente estava chegando, mas o peso do medo apertava ainda mais o seu coração. E se suas suspeitas se confirmassem? O pensamento de que algo grave poderia ter acontecido com seu neto e a família que ele mal começou a construir fazia seu coração disparar. Ainda assim, ele acelera ligeiramente, determinado a enfrentar o que quer que estivesse por vir.Ele estaciona o carro apressadamente e sai em passos largos, atravessando a entrada do hospital. O som constante de máquinas e vozes abafadas ecoa pelos corredores, criando uma atmosfera densa e inquietante. Na recepção, uma mulher de expressão exausta e movimentos mecânicos ergue os olhos ao notar sua presença. Seus olhos, marcados pelo cansaço, parecem habituados a emergências e incertezas. Charles para por um instante, tentando controlar a respiração e organizar os pensamentos antes de falar, o peso da preocupação
As palavras do médico parecem ecoar no vazio, batendo contra um Dominic que está fisicamente ali, mas cuja alma parece ter se retirado para um lugar distante, inalcançável. Ele não reage, os olhos perdidos em um ponto indefinido, como se o significado do que acabou de ouvir fosse simplesmente grande demais para ser processado. — Preciso que o senhor compreenda que essa é uma medida extremamente delicada, cercada de desafios e riscos significativos. Não será um processo fácil, mas pode ser uma oportunidade de dar a esse bebê uma chance de vida. É uma decisão que exige muito de todos nós, principalmente do senhor. — Declara o médico, permitindo que as palavras penetrem a profundidade da dor de Dominic, enquanto aguarda pacientemente por sua reação.A notícia paira no ar, como um golpe que parece não ter fim, reverberando em uma mente incapaz de suportar tamanha dor. Dominic agarra o lençol com tanta força que as articulações de seus dedos parecem prestes a ceder. É um gesto desesperado
O silêncio envolve o quarto, pesado e inquietante, enquanto a palavra “pesadelo” ecoa na mente de Dominic, como um sussurro distante que luta para ganhar forma e significado. Ele hesita, o coração pulsando de maneira irregular, cada batida ressoando como um lembrete de sua apreensão. Finalmente, com um esforço quase tangível, abre os olhos, mas o receio ainda o envolve como uma sombra persistente, recusando-se a abandoná-lo.O primeiro vislumbre é de rostos familiares. Seu avô Charles e seu tio Louis estão ali, seus olhares expressivos refletindo a tensão que carregaram, agora suavizada por um alívio visível. Os olhos de ambos transmitem uma calma reconfortante, como se dissessem sem palavras que tudo estava bem.Dominic pisca, os olhos ainda pesados e turvos, enquanto sua mente luta para separar a realidade do tormento vivido instantes atrás. Tudo ao seu redor parece, ao mesmo tempo, familiar e estranho, como se as peças da realidade não se encaixassem completamente. Ele sente o peso
Dominic permanece em silêncio, incapaz de encontrar qualquer resposta para as palavras do tio. Elas são verdadeiras demais, cruéis demais, atingindo-o exatamente onde ele sabe que está falhando. Não há como rebater algo tão evidente, ele está negligenciando a si mesmo, sendo insuficiente de forma que, no fundo, ele próprio não consegue justificar.— Olhe para você agora. — Louis comenta, a voz firme e controlada, como quem mede cada palavra, mas sem as suavizar. Seu olhar permanece fixo em Dominic, carregado de uma seriedade que ele sabe ser necessário naquele momento. — Como você pretende cuidar da sua família? — Continua, o tom firme, mas com um toque de decepção que atravessa o silêncio entre eles. — Você não esteve ao lado da sua esposa quando ela mais precisou. — Repreende, com uma dureza que não tenta esconder. — E agora, você mal consegue lembrar o que aconteceu. — Completa, o tom firme, mas carregado de intenção. Ele sabe que está sendo duro, talvez até cruel, mas entende que