Vivienne desce do banco com um salto, as palavras de Dominic ainda ressoando em sua mente. Conhecer o avô dele? Como assim? Seus olhos varrem o ambiente, como se instintivamente procurassem uma rota de fuga, seu coração batendo mais rápido a cada segundo. Sentia-se uma criança prestes a enfrentar algo inevitável e assustador, o frio na barriga aumentando à medida que as lembranças de Grant Muller invadiam sua mente. A ideia de que o outro avô pudesse ser tão cruel quanto o primeiro fazia um arrepio percorrer sua espinha, enquanto o medo e a insegurança se misturavam dentro dela.— Não, não, não. — Murmura, começando a andar de um lado para o outro na cozinha, os dedos batendo freneticamente nas têmporas. — Pare com isso! — Ordena a si mesma, como se sua mente estivesse conspirando contra ela. — Estou julgando antes mesmo de conhecer. Parabéns, Vivienne, que atitude incrivelmente madura! — Resmunga, soltando um suspiro exagerado. Ainda assim, seus olhos continuam lançando olhares furti
Vivienne dá um passo para trás, tentando recuperar algum controle sobre a situação, mas é interrompida pelas mãos de Charles, que repousam suavemente sobre sua barriga. O gesto é inesperado, quase íntimo, mas está longe de ser invasivo. Há algo em seus olhos, um brilho emocionado e sincero, que a faz hesitar.Por um momento, o desconforto que a consumia começa a desaparecer. A tensão em seus ombros cede, dando espaço a uma sensação inesperada de leveza. O olhar de Charles, cheio de ternura e atenção, desvia brevemente para o lugar onde seus filhos crescem. E, naquele instante, Vivienne percebe algo que a desarma, diferente de Grant, Charles não era uma ameaça a ser temida, mas alguém em quem ela poderia, talvez, começar a confiar.Dominic, atento a cada detalhe, percebe a sutil mudança no rosto de Vivienne. Um sorriso discreto surge em seus lábios, satisfeito com a possibilidade de ela estar começando a entender que não precisava temer. Ele sabia o quanto as ameaças do avô materno aind
Dominic sente o desespero rasgar seu peito ao ver o corpo de Vivienne inclinado para o lado, inerte. O medo tenta paralisá-lo, mas a urgência fala mais alto. Ele lança um olhar rápido para a estrada e joga o carro para o acostamento, os pneus deslizando com força contra o asfalto em um movimento brusco, enquanto o veículo para abruptamente.Com o coração batendo descontroladamente e a respiração entrecortada, Dominic solta o cinto com dedos trêmulos, quase arrancando o fecho na pressa. Em um ato desesperado, ele se inclina sobre Vivienne, procurando seus sinais vitais. Seus dedos encontram a pele fria e um pulso tão fraco que mal pode ser sentido, e naquele instante, o medo se transforma em puro terror.— Não, não, não, Vivienne! — Implora, a voz rasgando o silêncio como um grito abafado, enquanto pressiona a orelha contra o peito dela. Ele busca, desesperado, qualquer som, qualquer batida, algo que prove que ela continua ali. Mas tudo o que encontra é um silêncio esmagador, um vazio
Os olhares curiosos de pedestres e motoristas são completamente ignorados por Dominic. Nada mais existe além de Vivienne e o hospital à frente. Cada fibra de seu ser está focada em avançar, em alcançá-lo, em salvá-la antes que o tempo o traia. O medo de falhar pesa como uma sombra sufocante, mas a força inabalável de sua vontade empurra-o adiante, cada passo carregado de uma urgência quase visceral.As portas do hospital se abrem como uma miragem na visão embaçada de Dominic, cada passo um esforço quase insuportável para suas pernas enfraquecidas. O corpo inerte de Vivienne em seus braços parece assustadoramente leve, e essa leveza o aterroriza. É como se ela estivesse se esvaindo, escapando lentamente de sua vida, um eco distante de tudo o que ela representava.Ao atravessar a entrada da emergência, o caos do hospital o engole. As luzes intensas, os gritos, os passos apressados e as vozes dos atendentes parecem um ruído distante, quase irrelevante. Para Dominic, nada disso importa. S
As palavras atingem Dominic como um golpe direto no peito. O peso da realidade é esmagador, impossível de suportar. Suas pernas falham, e ele desaba de joelhos no chão, incapaz de sustentar o próprio corpo. O som contínuo e ensurdecedor do monitor parece perfurar seus ouvidos, cada segundo estendendo-se como um tormento sem fim. Ele tenta respirar, mas o ar parece faltar, o desespero o consumindo por completo enquanto assiste, impotente, à luta pela vida de Vivienne.— Iniciar compressões! — Ordena a médica, a voz firme e carregada de urgência, os olhos fixos em Vivienne, enquanto a equipe ao redor se move em frenética precisão. — Ritmo contínuo, mantenham a cadência! — Orienta, a autoridade em seu tom, deixando claro que cada segundo conta.Um dos enfermeiros posiciona as mãos no centro do peito de Vivienne, começando as compressões com força e ritmo precisos, enquanto outro ajusta o monitor para acompanhar qualquer mudança. O som repetitivo das compressões preenche a sala, uma cadên
Uma equipe médica é acionada imediatamente e, em questão de instantes, chegam para prestar os primeiros socorros a Dominic. Movendo-se com rapidez e precisão, eles avaliam sua condição e, sem perder tempo, o levam para a emergência, onde os atendimentos são continuados com a mesma urgência.Enquanto isso, completamente alheio ao que acontece com Dominic e Vivienne, Charles adentra sua propriedade, estacionando o carro diante da imponente e luxuosa mansão. Seus passos firmes ecoam pelo hall de entrada, o mármore polido refletindo a luz suave do ambiente enquanto ele avança em direção à sala de estar.Ao atravessar o arco da porta, ele encontra Amélie sentada em um dos sofás, a postura impecável, completamente imersa na leitura de um livro. A serenidade quase intocável da cena contrasta profundamente com o caos que se desenrola longe dali, criando um instante de tranquilidade que parece deslocado, alheio à realidade.— É impressionante como você consegue ficar ainda mais linda quando es
Charles levanta-se, lançando mais uma vez um olhar rápido ao relógio no pulso. A mão sobe quase por reflexo até a cabeça, e o breve coçar denuncia a inquietação que agora toma conta de sua expressão.— Não acha que já deveriam ter chegado? — Charles pergunta, inquieto, enquanto caminha em passos curtos pela sala. Seus olhos, porém, acabam fixos na expressão tranquila e quase imperturbável da esposa.— É verdade, já deu tempo suficiente. — Amélie concorda, com a voz suave e um sorriso tranquilo que parece conter toda a paciência do mundo. — Talvez algo tenha prendido a atenção deles no caminho. Estão em lua de mel, meu amor. Com paisagens tão lindas ao redor, é impossível não parar para namorar.Ela se aproxima com passos calmos, seus movimentos carregando uma leveza natural. Passa os braços ao redor da cintura de Charles, puxando-o delicadamente para mais perto. Seus olhos, serenos, encontram os dele, enquanto suas mãos fazem um leve carinho em suas costas.— Eu sei. — Murmura, a voz
Charles avista a placa do hospital e sente um suspiro escapar, carregado de emoções conflitantes. Era um alívio saber que finalmente estava chegando, mas o peso do medo apertava ainda mais o seu coração. E se suas suspeitas se confirmassem? O pensamento de que algo grave poderia ter acontecido com seu neto e a família que ele mal começou a construir fazia seu coração disparar. Ainda assim, ele acelera ligeiramente, determinado a enfrentar o que quer que estivesse por vir.Ele estaciona o carro apressadamente e sai em passos largos, atravessando a entrada do hospital. O som constante de máquinas e vozes abafadas ecoa pelos corredores, criando uma atmosfera densa e inquietante. Na recepção, uma mulher de expressão exausta e movimentos mecânicos ergue os olhos ao notar sua presença. Seus olhos, marcados pelo cansaço, parecem habituados a emergências e incertezas. Charles para por um instante, tentando controlar a respiração e organizar os pensamentos antes de falar, o peso da preocupação