Enquanto organiza a cozinha, Dominic sente o celular vibrar no bolso. Ele o pega, apenas para ver o nome de Noah piscando na tela. Por um instante, pondera atender, mas logo decide ignorar, deixando a chamada cair na caixa de mensagens. Seu tio havia garantido que tudo estava sob controle, e ele está decidido a não permitir distrações naquele momento.Com um movimento firme, ele desliga o celular e o coloca sobre a bancada, afastando qualquer possibilidade de interrupções. Aquele fim de semana não é sobre negócios ou obrigações. É sobre Vivienne. Quando acordou no dia anterior, jamais imaginou que terminaria o dia casado. E agora, em sua primeira manhã como marido, está determinado a fazer com que cada momento seja inesquecível para ela. Ele deseja que ela guarde aquele momento na memória como algo único, algo que simboliza o início de tudo.Ele não consegue evitar rir de si mesmo, refletindo sobre as mudanças que está experimentando desde que conheceu Vivienne. Nunca esteve tão afast
Vivienne leva as mãos ao rosto, sentindo-se estranha, enquanto seus sentimentos oscilam de maneira avassaladora. De uma felicidade intensa, ela mergulha em uma tristeza profunda e inexplicável, misturada à irritação crescente, especialmente quando se sente julgada ou acuada. Em um gesto impulsivo, seu punho atinge o balcão, como se buscasse um escape para a tensão que a consome.Dominic congela, pego de surpresa pela explosão repentina. Ele observa o corpo dela estremecer, cada respiração irregular denunciando o caos interno que ela não consegue conter. Então, o pranto irrompe inesperadamente, um som bruto e despido de controle, carregado de vulnerabilidade.O choro é intenso, vindo de um lugar tão profundo que nem Vivienne consegue compreender sua origem. É um turbilhão de emoções que a domina completamente, as lágrimas escorrendo sem controle, enquanto cada soluço expõe a confusão e o caos de sentimentos que a tomam naquele momento.Dominic se aproxima imediatamente, a preocupação e
Vivienne desce do banco com um salto, as palavras de Dominic ainda ressoando em sua mente. Conhecer o avô dele? Como assim? Seus olhos varrem o ambiente, como se instintivamente procurassem uma rota de fuga, seu coração batendo mais rápido a cada segundo. Sentia-se uma criança prestes a enfrentar algo inevitável e assustador, o frio na barriga aumentando à medida que as lembranças de Grant Muller invadiam sua mente. A ideia de que o outro avô pudesse ser tão cruel quanto o primeiro fazia um arrepio percorrer sua espinha, enquanto o medo e a insegurança se misturavam dentro dela.— Não, não, não. — Murmura, começando a andar de um lado para o outro na cozinha, os dedos batendo freneticamente nas têmporas. — Pare com isso! — Ordena a si mesma, como se sua mente estivesse conspirando contra ela. — Estou julgando antes mesmo de conhecer. Parabéns, Vivienne, que atitude incrivelmente madura! — Resmunga, soltando um suspiro exagerado. Ainda assim, seus olhos continuam lançando olhares furti
Vivienne dá um passo para trás, tentando recuperar algum controle sobre a situação, mas é interrompida pelas mãos de Charles, que repousam suavemente sobre sua barriga. O gesto é inesperado, quase íntimo, mas está longe de ser invasivo. Há algo em seus olhos, um brilho emocionado e sincero, que a faz hesitar.Por um momento, o desconforto que a consumia começa a desaparecer. A tensão em seus ombros cede, dando espaço a uma sensação inesperada de leveza. O olhar de Charles, cheio de ternura e atenção, desvia brevemente para o lugar onde seus filhos crescem. E, naquele instante, Vivienne percebe algo que a desarma, diferente de Grant, Charles não era uma ameaça a ser temida, mas alguém em quem ela poderia, talvez, começar a confiar.Dominic, atento a cada detalhe, percebe a sutil mudança no rosto de Vivienne. Um sorriso discreto surge em seus lábios, satisfeito com a possibilidade de ela estar começando a entender que não precisava temer. Ele sabia o quanto as ameaças do avô materno aind
Dominic sente o desespero rasgar seu peito ao ver o corpo de Vivienne inclinado para o lado, inerte. O medo tenta paralisá-lo, mas a urgência fala mais alto. Ele lança um olhar rápido para a estrada e joga o carro para o acostamento, os pneus deslizando com força contra o asfalto em um movimento brusco, enquanto o veículo para abruptamente.Com o coração batendo descontroladamente e a respiração entrecortada, Dominic solta o cinto com dedos trêmulos, quase arrancando o fecho na pressa. Em um ato desesperado, ele se inclina sobre Vivienne, procurando seus sinais vitais. Seus dedos encontram a pele fria e um pulso tão fraco que mal pode ser sentido, e naquele instante, o medo se transforma em puro terror.— Não, não, não, Vivienne! — Implora, a voz rasgando o silêncio como um grito abafado, enquanto pressiona a orelha contra o peito dela. Ele busca, desesperado, qualquer som, qualquer batida, algo que prove que ela continua ali. Mas tudo o que encontra é um silêncio esmagador, um vazio
Os olhares curiosos de pedestres e motoristas são completamente ignorados por Dominic. Nada mais existe além de Vivienne e o hospital à frente. Cada fibra de seu ser está focada em avançar, em alcançá-lo, em salvá-la antes que o tempo o traia. O medo de falhar pesa como uma sombra sufocante, mas a força inabalável de sua vontade empurra-o adiante, cada passo carregado de uma urgência quase visceral.As portas do hospital se abrem como uma miragem na visão embaçada de Dominic, cada passo um esforço quase insuportável para suas pernas enfraquecidas. O corpo inerte de Vivienne em seus braços parece assustadoramente leve, e essa leveza o aterroriza. É como se ela estivesse se esvaindo, escapando lentamente de sua vida, um eco distante de tudo o que ela representava.Ao atravessar a entrada da emergência, o caos do hospital o engole. As luzes intensas, os gritos, os passos apressados e as vozes dos atendentes parecem um ruído distante, quase irrelevante. Para Dominic, nada disso importa. S
As palavras atingem Dominic como um golpe direto no peito. O peso da realidade é esmagador, impossível de suportar. Suas pernas falham, e ele desaba de joelhos no chão, incapaz de sustentar o próprio corpo. O som contínuo e ensurdecedor do monitor parece perfurar seus ouvidos, cada segundo estendendo-se como um tormento sem fim. Ele tenta respirar, mas o ar parece faltar, o desespero o consumindo por completo enquanto assiste, impotente, à luta pela vida de Vivienne.— Iniciar compressões! — Ordena a médica, a voz firme e carregada de urgência, os olhos fixos em Vivienne, enquanto a equipe ao redor se move em frenética precisão. — Ritmo contínuo, mantenham a cadência! — Orienta, a autoridade em seu tom, deixando claro que cada segundo conta.Um dos enfermeiros posiciona as mãos no centro do peito de Vivienne, começando as compressões com força e ritmo precisos, enquanto outro ajusta o monitor para acompanhar qualquer mudança. O som repetitivo das compressões preenche a sala, uma cadên
Uma equipe médica é acionada imediatamente e, em questão de instantes, chegam para prestar os primeiros socorros a Dominic. Movendo-se com rapidez e precisão, eles avaliam sua condição e, sem perder tempo, o levam para a emergência, onde os atendimentos são continuados com a mesma urgência.Enquanto isso, completamente alheio ao que acontece com Dominic e Vivienne, Charles adentra sua propriedade, estacionando o carro diante da imponente e luxuosa mansão. Seus passos firmes ecoam pelo hall de entrada, o mármore polido refletindo a luz suave do ambiente enquanto ele avança em direção à sala de estar.Ao atravessar o arco da porta, ele encontra Amélie sentada em um dos sofás, a postura impecável, completamente imersa na leitura de um livro. A serenidade quase intocável da cena contrasta profundamente com o caos que se desenrola longe dali, criando um instante de tranquilidade que parece deslocado, alheio à realidade.— É impressionante como você consegue ficar ainda mais linda quando es