No corredor perpendicular que se conectava ao principal, Grant surge abruptamente, sua expressão se transformando em puro desprezo ao avistar Dominic de mãos dadas com Vivienne. O olhar dele percorre a cena, carregado de julgamento. Não era apenas raiva, era a rejeição à ideia de uma mulher que ele considerava indigna, sem nome ou classe, estar tão próxima de sua família.Dominic percebe a tensão emanando do corpo de Vivienne, uma resposta imediata e inevitável à hostilidade que o avô fazia questão de demonstrar. Sem dizer uma palavra, ele desliza o polegar suavemente sobre a mão dela, num gesto silencioso e reconfortante, como se quisesse lembrá-la de que estava ali, ao seu lado.— Meu neto querido. — Grant declara, sua voz carregada de uma cordialidade forçada, enquanto um sorriso cínico se forma em seus lábios.— Para o senhor, estou morto. — Dominic responde, sem hesitar, a firmeza em sua voz cortando o ar, enquanto ele começa a caminhar, decidido a não prolongar o momento. Porém,
Noah encara o irmão com firmeza, os olhos brilhando de raiva e fúria, principalmente ao vê-lo tão próximo de Vivienne. Cada detalhe daquela cena parecia uma afronta pessoal, uma provocação silenciosa que Dominic parecia saborear. Ele dá um passo à frente, mas a mão firme de Louis sobre seu ombro e o olhar calmo e calculado de seu tio o fazem parar.— Cuide da sua vida, Dominic. — Noah vocifera, a voz carregada de rancor, enquanto retira a mão de Louis com um gesto brusco. Ele caminha até a porta, o corpo rígido de raiva, e Dominic, com Vivienne ao lado, recua apenas o suficiente para abrir espaço.— Noah? — Dominic chama, o tom descontraído carregado de um deboche deliberado. Noah para no ato, virando-se com os punhos cerrados, como se precisasse de todas as forças para se conter. — Parabéns, papai. — Felicita, o tom impregnado de sarcasmo. Um sorriso lento e provocador se espalha em seu rosto, enquanto observa a fúria crescendo nos olhos de Noah, quase como se estivesse se alimentando
Dominic solta o aplique no chão com um movimento lento e deliberado, esfregando as mãos uma contra a outra, como se quisesse apagar qualquer vestígio de contato. O desprezo em seu gesto é tão evidente quanto o desinteresse em sua expressão. Sem esperar por um convite, ele entra no apartamento com passos firmes, a postura relaxada apenas aumentando a tensão no ambiente.— Dominic, o que você pensa que está fazendo? — Claire pergunta, a voz cheia de indignação, enquanto seus olhos disparam para o aplique caído no chão, antes de voltar para ele com um brilho de irritação.— Retribuindo a visita. — Dominic responde, com um sorriso frio que não alcança os olhos. Ele se deixa cair no sofá, ajustando-se confortavelmente como se estivesse em sua própria casa. — Que tal um café? — Sugere, batendo duas vezes as palmas das mãos em um gesto que imita descaradamente o jeito dela de chamar a empregada.— Senhora? — Pergunta a empregada, com um tom educado e neutro que só aumenta a frustração de Cla
Enquanto isso, Vivienne chega ao prédio e segue diretamente para o seu andar, o som suave de seus passos ecoando pelo corredor silencioso. Ao sair do elevador, ela para abruptamente, os olhos fixos na mudança inesperada diante de si. As obras haviam finalmente terminado, e os dois apartamentos à frente do seu agora se fundiam em um único espaço amplo e recém-integrado. A visão da porta unificada e impecável provoca uma leve onda de curiosidade e surpresa em seu rosto.— Será que já se mudaram? — Murmura para si mesma, franzindo a testa em curiosidade, enquanto destranca a porta de seu apartamento. Mas assim que entra, o cheiro desagradável toma conta, fazendo-a se arrepender instantaneamente de não ter resolvido aquilo antes. — Droga! — Resmunga, levando a mão ao nariz, enquanto entra com cautela. O ar pesado, combinado com o caos deixado pelo episódio macabro de dias atrás, deixava o ambiente ainda mais sufocante. Sem perder tempo, Vivienne vai de janela em janela, abrindo-as todas n
Vivienne desliza o garfo pela comida, sem pressa, os olhos presos ao prato, como se pudesse decifrar nele respostas que nunca vieram. A mente a trai, puxando-a de volta aos últimos dias na fazenda dos pais. As lembranças chegam afiadas, uma a uma, e cada detalhe ressurge com o peso de um golpe lento. Revive o momento em que tudo ruiu, erros que não eram seus, mas que, inevitavelmente, caíram sobre ela.— Vivi? — Joana chama, a voz baixa e gentil, mas carregada de preocupação. Ela inclina-se para frente, tentando alcançar os olhos da amiga, que permanecem perdidos em outro lugar. — Você está bem?— Não. — Vivienne responde, e sua voz mal passa de um murmúrio, mas carrega uma dor devastadora, enquanto encara a amiga. — É impossível ficar bem com isso. — Declara, e seus olhos se perdem novamente, como se buscassem algo inalcançável. As palavras escorrem, quase inaudíveis, mas pesadas demais para serem ignoradas. — Quando ele disse que eu estava morta, por um instante, quis acreditar que
Vivienne suspira profundamente, encarando o número da mãe na tela do celular. Os dedos tremem, enquanto pairam sobre o botão de chamada, o coração batendo rápido, como se já antecipasse o confronto que estava por vir. A rejeição sempre a machucava, mas as palavras do pai, essas eram como lâminas, deixando cicatrizes que ela não sabia se um dia sumiriam. Mesmo assim, ela inspira fundo e aperta para ligar.O som do tom de discagem ecoa, cada segundo se estendendo como uma eternidade, mas, de repente, sua respiração quase para ao ouvir a mensagem automática ecoar do outro lado da linha.“Este número não existe.”O mundo parece parar. O celular escorrega de sua mão e cai na mesa com um som abafado, mas ela mal percebe. O peito sobe e desce descontroladamente, enquanto Vivienne fecha os olhos, o silêncio ao seu redor amplificando a fúria que cresce dentro dela.— Eles fizeram de tudo para me apagar. — Sussurra, a voz carregada de um misto de incredulidade e tristeza. As palavras mal saem d
Florence mantém a postura ereta, ignorando o peso da tensão crescente. Um sorriso quase imperceptível se forma em seus lábios, enquanto ela finge concentrar-se em sua oração. Por dentro, no entanto, sua mente trabalha como uma máquina, tecendo pensamentos frios e calculados.“Você irá aprender a ficar no seu lugar, minha querida filha.” — Florence pensa, mas não diz, deixando que o silêncio fale por si, enquanto a atmosfera ao redor parece sufocar qualquer tentativa de confronto. — “Será para o teu bem, meu amor.” — Os pensamentos dançam em sua mente, enquanto seus dedos acariciam a cruz do terço. O gesto, aparentemente devoto, é deliberado, carregado de uma calma inquietante. Com movimentos lentos, ela se vira para Elena. Seu olhar é afiado, quase cruel, como se tentasse arrancar a verdade antes mesmo que a sobrinha pudesse respondê-la. — O que mais foi dito? — Pergunta, a voz baixa e gelada, mas tão firme que preenche o silêncio do ambiente.— O que você está fazendo aqui? — Hugo per
Noah desliza a mão pelo chão, seus dedos encontrando uma pedrinha fria e lisa. Com um movimento preciso, ele a arremessa ao rio. Ambos observam em silêncio, enquanto a pedra salta duas vezes sobre a superfície escura da água, antes de afundar lentamente, como se carregasse o peso das palavras ainda contidas.Dominic se aproxima e se senta ao lado dele, apoiando os cotovelos nos joelhos flexionados. Ele permanece quieto, seus olhos seguindo o próximo arremesso de Noah. A nova pedrinha traça um arco perfeito, tocando a água uma, duas, três vezes antes de desaparecer nas profundezas.— Lembra quando competíamos para ver quem conseguia mais saltos? — Noah pergunta, quebrando o silêncio, enquanto joga outra pedrinha no lago.— Sim, eu lembro. — Dominic responde, após um instante, pegando uma pedra e arremessando também. — Troy sempre ganhava. — Acrescenta, um leve sorriso curvando seus lábios, carregado de saudade. — Você contou ao vovô o que aconteceu naquela noite? — Questiona, cada pal