Após aquele momento íntimo e sincero entre Vivienne e Dominic, os dias que se seguiram os aproximaram ainda mais. A recuperação dele foi marcada por altos e baixos, havia dias em que parecia perfeitamente bem, como se nada tivesse acontecido, e outros nos quais as dores musculares eram tão intensas que ele mal conseguia sair da cama. Em ambos os casos, Vivienne estava ao seu lado, uma presença constante que trazia calma e conforto, mesmo quando ele próprio não percebia o quanto precisava dela.Após passar por uma série de exames e uma avaliação clínica minuciosa realizada por seu tio, Dominic finalmente recebeu alta do repouso, embora com uma longa lista de recomendações rigorosas.— Dominic, você entendeu ou preciso repetir mais uma vez? — Louis pergunta, a voz firme, mas o olhar carregado de uma preocupação genuína, enquanto observa a postura desafiadora do sobrinho.— Não se preocupe, senhor Muller. — Vivienne intervém, com uma confiança calma, atraindo imediatamente a atenção de am
Por um instante, Louis observa a cena diante de si, e uma onda de emoção o invade. Ele se lembra com clareza do dia em que sua irmã estava na mesma posição, aguardando ansiosa pela primeira ultrassonografia que revelaria a chegada dos trigêmeos. A lembrança o faz sorrir, mesmo que brevemente.— Dom. — Louis declara, aproximando-se da cama e assumindo o lugar para iniciar o exame. — Minha primeira ultrassonografia foi na sua mãe. — Conta, a nostalgia evidente em sua voz, enquanto um sorriso discreto surge nos lábios do sobrinho. — Os primeiros corações que ouvi foram os de vocês. — Acrescenta, sua emoção transparecendo na lembrança.— Imagino a expressão de pânico da minha mãe. — Dominic comenta, o tom divertido, mas a familiaridade nas palavras demonstra o quanto ele valoriza as histórias que sempre ouviu sobre aquele momento.— Vamos ver se a senhorita Bettendorf consegue manter a compostura melhor do que sua mãe. — Louis brinca, arrancando uma risada curta, mas genuína, de ambos.—
Os corações de Dominic e Vivienne aceleram ainda mais, enquanto observam Louis deslizar o transdutor com precisão meticulosa sobre a barriga dela. Seus olhos experientes permanecem fixos na tela, os movimentos calculados, quase deliberados, como se estivesse buscando algo.O silêncio na sala é quebrado pelo som rítmico do aparelho, juntamente com as respirações suspensas de Vivienne e Dominic, que aguardam ansiosos pela resposta de Louis.— Algo errado? — Vivienne pergunta, sua voz falhando, enquanto os olhos dela permanecem presos em Louis. O medo e a expectativa fazem seu coração acelerar, como se cada batida fosse uma súplica silenciosa por uma resposta tranquilizadora.— Não importa o que aconteça, ficaremos bem, minha pequena. — Dominic murmura, próximo ao ouvido dela, sua voz rouca, mas cheia de uma ternura que a faz estremecer. — Eu prometo. Por nós e por eles.Ele inclina-se um pouco mais, como se quisesse envolvê-la com as palavras, o calor de sua respiração acariciando suave
Dominic dá um passo à frente, quase por reflexo, seu corpo posicionando-se como um escudo firme e protetor diante de Vivienne. Seus ombros se erguem ligeiramente, como se cada fibra sua clamasse por protegê-la. Os saltos finos da mulher reverberam pelo corredor, cada batida contra o piso carregada de uma precisão quase teatral, ressoando como um prenúncio inevitável. A cadência dos passos traz consigo uma presença que mistura elegância e uma ameaça silenciosa, impregnando o ar ao redor com uma tensão quase sufocante. — Bom dia, Dom! — Natasha cumprimenta, sua voz adoçada artificialmente, cada sílaba carregada de uma simpatia falsa. Ela para diante deles, a postura impecável e altiva, mas os olhos, ah, os olhos, estes delatam a suavidade de suas palavras, percorrendo Vivienne lentamente, o desdém transbordando em cada segundo daquele olhar cortante, como se estivesse avaliando algo insignificante. — Não me diga que essa mulherzinha sem classe é...— Mulherzinha? — Vivienne interrompe,
No corredor perpendicular que se conectava ao principal, Grant surge abruptamente, sua expressão se transformando em puro desprezo ao avistar Dominic de mãos dadas com Vivienne. O olhar dele percorre a cena, carregado de julgamento. Não era apenas raiva, era a rejeição à ideia de uma mulher que ele considerava indigna, sem nome ou classe, estar tão próxima de sua família.Dominic percebe a tensão emanando do corpo de Vivienne, uma resposta imediata e inevitável à hostilidade que o avô fazia questão de demonstrar. Sem dizer uma palavra, ele desliza o polegar suavemente sobre a mão dela, num gesto silencioso e reconfortante, como se quisesse lembrá-la de que estava ali, ao seu lado.— Meu neto querido. — Grant declara, sua voz carregada de uma cordialidade forçada, enquanto um sorriso cínico se forma em seus lábios.— Para o senhor, estou morto. — Dominic responde, sem hesitar, a firmeza em sua voz cortando o ar, enquanto ele começa a caminhar, decidido a não prolongar o momento. Porém,
Noah encara o irmão com firmeza, os olhos brilhando de raiva e fúria, principalmente ao vê-lo tão próximo de Vivienne. Cada detalhe daquela cena parecia uma afronta pessoal, uma provocação silenciosa que Dominic parecia saborear. Ele dá um passo à frente, mas a mão firme de Louis sobre seu ombro e o olhar calmo e calculado de seu tio o fazem parar.— Cuide da sua vida, Dominic. — Noah vocifera, a voz carregada de rancor, enquanto retira a mão de Louis com um gesto brusco. Ele caminha até a porta, o corpo rígido de raiva, e Dominic, com Vivienne ao lado, recua apenas o suficiente para abrir espaço.— Noah? — Dominic chama, o tom descontraído carregado de um deboche deliberado. Noah para no ato, virando-se com os punhos cerrados, como se precisasse de todas as forças para se conter. — Parabéns, papai. — Felicita, o tom impregnado de sarcasmo. Um sorriso lento e provocador se espalha em seu rosto, enquanto observa a fúria crescendo nos olhos de Noah, quase como se estivesse se alimentando
Dominic solta o aplique no chão com um movimento lento e deliberado, esfregando as mãos uma contra a outra, como se quisesse apagar qualquer vestígio de contato. O desprezo em seu gesto é tão evidente quanto o desinteresse em sua expressão. Sem esperar por um convite, ele entra no apartamento com passos firmes, a postura relaxada apenas aumentando a tensão no ambiente.— Dominic, o que você pensa que está fazendo? — Claire pergunta, a voz cheia de indignação, enquanto seus olhos disparam para o aplique caído no chão, antes de voltar para ele com um brilho de irritação.— Retribuindo a visita. — Dominic responde, com um sorriso frio que não alcança os olhos. Ele se deixa cair no sofá, ajustando-se confortavelmente como se estivesse em sua própria casa. — Que tal um café? — Sugere, batendo duas vezes as palmas das mãos em um gesto que imita descaradamente o jeito dela de chamar a empregada.— Senhora? — Pergunta a empregada, com um tom educado e neutro que só aumenta a frustração de Cla
Enquanto isso, Vivienne chega ao prédio e segue diretamente para o seu andar, o som suave de seus passos ecoando pelo corredor silencioso. Ao sair do elevador, ela para abruptamente, os olhos fixos na mudança inesperada diante de si. As obras haviam finalmente terminado, e os dois apartamentos à frente do seu agora se fundiam em um único espaço amplo e recém-integrado. A visão da porta unificada e impecável provoca uma leve onda de curiosidade e surpresa em seu rosto.— Será que já se mudaram? — Murmura para si mesma, franzindo a testa em curiosidade, enquanto destranca a porta de seu apartamento. Mas assim que entra, o cheiro desagradável toma conta, fazendo-a se arrepender instantaneamente de não ter resolvido aquilo antes. — Droga! — Resmunga, levando a mão ao nariz, enquanto entra com cautela. O ar pesado, combinado com o caos deixado pelo episódio macabro de dias atrás, deixava o ambiente ainda mais sufocante. Sem perder tempo, Vivienne vai de janela em janela, abrindo-as todas n