Dominic observa atentamente Vivienne. Cada movimento dela é uma confissão silenciosa de sua irritação. Os dedos hábeis prendem os cachos em um coque desajeitado, mas seu rosto denuncia pensamentos que fervilham em sua mente, como se ela estivesse deliberando sobre algo importante.— Por que não? — Vivienne pergunta, de repente, quebrando o silêncio. Sua voz é firme, mas há uma nota de curiosidade afiada, enquanto pega o celular e o encara, exigindo respostas.— Porque não quero. — Dominic responde, com um desdém deliberado, sua voz carregada de um sarcasmo que só ele consegue fazer soar tão natural. — Mas tenho uma sugestão. Que tal pedir ajuda ao enfermeiro musculoso e forte? — Provoca, cada palavra gotejando ironia, seus olhos fixos nos dela, avaliando cada reação.— Ótima ideia. — Rebate, com uma calma afiada que é quase uma arma. — E sempre que eu chegar do trabalho, terei algo agradável para admirar. — Continua, as palavras cuidadosamente escolhidas para provocar, enquanto seus o
Dominic se ajusta na cama com movimentos controlados, puxando Vivienne para acompanhá-lo. Ele segura suas mãos com firmeza, seus olhos fixos nos dela, intensos e carregados de uma mistura de emoções que ele próprio parece tentar compreender. Sem desviar o olhar, ele leva os dedos delicados aos lábios, depositando um beijo em cada um. O gesto, lento e deliberado, parece feito mais para si do que para ela, como se estivesse buscando tempo para absorver o peso da pergunta que ainda ressoava entre eles.— Não sei te responder essa pergunta. — Dominic começa, sua voz baixa e ponderada, enquanto seus polegares acariciam os nós dos dedos dela. — Mentiria se dissesse que estou apaixonado por você. — Acrescenta, observando atentamente cada reação dela, como se temesse perder algo importante. — Possivelmente não tivemos tempo suficiente para isso. — Afirma, sua sinceridade cortante, mas sem intenção de machucá-la. Ele percebe o leve aceno dela, uma concordância silenciosa. — E, além disso, aind
Vivienne observa Dominic, cada linha de tensão em seu corpo, cada expressão marcada pela frustração e impotência, refletindo a batalha interna que ele trava consigo mesmo. O peso daquela cena aperta seu peito, como se a dor dele fosse sua. Incapaz de suportar o silêncio denso entre eles, ela solta um suspiro, como se também carregasse parte daquele fardo.Seus passos são lentos, quase hesitantes, mas sua expressão suaviza, enquanto se ajoelha diante dele. Por um momento, seus olhos encontram os dele, intensos e cheios de algo que ela não consegue nomear. Então, sem dizer nada, ela repousa a cabeça suavemente sobre suas pernas, como se aquele gesto pudesse dissipar parte da tensão que o consumia.Suas mãos encontram o caminho até a coxa dele, os dedos se movendo em toques leves e reconfortantes. Não era apenas um gesto de consolo, mas um ato de entrega silenciosa, um modo de dizer que, mesmo quando ele se sentia mais impotente, ela estaria ali, compartilhando cada fragmento daquela dor
Após aquele momento íntimo e sincero entre Vivienne e Dominic, os dias que se seguiram os aproximaram ainda mais. A recuperação dele foi marcada por altos e baixos, havia dias em que parecia perfeitamente bem, como se nada tivesse acontecido, e outros nos quais as dores musculares eram tão intensas que ele mal conseguia sair da cama. Em ambos os casos, Vivienne estava ao seu lado, uma presença constante que trazia calma e conforto, mesmo quando ele próprio não percebia o quanto precisava dela.Após passar por uma série de exames e uma avaliação clínica minuciosa realizada por seu tio, Dominic finalmente recebeu alta do repouso, embora com uma longa lista de recomendações rigorosas.— Dominic, você entendeu ou preciso repetir mais uma vez? — Louis pergunta, a voz firme, mas o olhar carregado de uma preocupação genuína, enquanto observa a postura desafiadora do sobrinho.— Não se preocupe, senhor Muller. — Vivienne intervém, com uma confiança calma, atraindo imediatamente a atenção de am
Por um instante, Louis observa a cena diante de si, e uma onda de emoção o invade. Ele se lembra com clareza do dia em que sua irmã estava na mesma posição, aguardando ansiosa pela primeira ultrassonografia que revelaria a chegada dos trigêmeos. A lembrança o faz sorrir, mesmo que brevemente.— Dom. — Louis declara, aproximando-se da cama e assumindo o lugar para iniciar o exame. — Minha primeira ultrassonografia foi na sua mãe. — Conta, a nostalgia evidente em sua voz, enquanto um sorriso discreto surge nos lábios do sobrinho. — Os primeiros corações que ouvi foram os de vocês. — Acrescenta, sua emoção transparecendo na lembrança.— Imagino a expressão de pânico da minha mãe. — Dominic comenta, o tom divertido, mas a familiaridade nas palavras demonstra o quanto ele valoriza as histórias que sempre ouviu sobre aquele momento.— Vamos ver se a senhorita Bettendorf consegue manter a compostura melhor do que sua mãe. — Louis brinca, arrancando uma risada curta, mas genuína, de ambos.—
Os corações de Dominic e Vivienne aceleram ainda mais, enquanto observam Louis deslizar o transdutor com precisão meticulosa sobre a barriga dela. Seus olhos experientes permanecem fixos na tela, os movimentos calculados, quase deliberados, como se estivesse buscando algo.O silêncio na sala é quebrado pelo som rítmico do aparelho, juntamente com as respirações suspensas de Vivienne e Dominic, que aguardam ansiosos pela resposta de Louis.— Algo errado? — Vivienne pergunta, sua voz falhando, enquanto os olhos dela permanecem presos em Louis. O medo e a expectativa fazem seu coração acelerar, como se cada batida fosse uma súplica silenciosa por uma resposta tranquilizadora.— Não importa o que aconteça, ficaremos bem, minha pequena. — Dominic murmura, próximo ao ouvido dela, sua voz rouca, mas cheia de uma ternura que a faz estremecer. — Eu prometo. Por nós e por eles.Ele inclina-se um pouco mais, como se quisesse envolvê-la com as palavras, o calor de sua respiração acariciando suave
Dominic dá um passo à frente, quase por reflexo, seu corpo posicionando-se como um escudo firme e protetor diante de Vivienne. Seus ombros se erguem ligeiramente, como se cada fibra sua clamasse por protegê-la. Os saltos finos da mulher reverberam pelo corredor, cada batida contra o piso carregada de uma precisão quase teatral, ressoando como um prenúncio inevitável. A cadência dos passos traz consigo uma presença que mistura elegância e uma ameaça silenciosa, impregnando o ar ao redor com uma tensão quase sufocante. — Bom dia, Dom! — Natasha cumprimenta, sua voz adoçada artificialmente, cada sílaba carregada de uma simpatia falsa. Ela para diante deles, a postura impecável e altiva, mas os olhos, ah, os olhos, estes delatam a suavidade de suas palavras, percorrendo Vivienne lentamente, o desdém transbordando em cada segundo daquele olhar cortante, como se estivesse avaliando algo insignificante. — Não me diga que essa mulherzinha sem classe é...— Mulherzinha? — Vivienne interrompe,
No corredor perpendicular que se conectava ao principal, Grant surge abruptamente, sua expressão se transformando em puro desprezo ao avistar Dominic de mãos dadas com Vivienne. O olhar dele percorre a cena, carregado de julgamento. Não era apenas raiva, era a rejeição à ideia de uma mulher que ele considerava indigna, sem nome ou classe, estar tão próxima de sua família.Dominic percebe a tensão emanando do corpo de Vivienne, uma resposta imediata e inevitável à hostilidade que o avô fazia questão de demonstrar. Sem dizer uma palavra, ele desliza o polegar suavemente sobre a mão dela, num gesto silencioso e reconfortante, como se quisesse lembrá-la de que estava ali, ao seu lado.— Meu neto querido. — Grant declara, sua voz carregada de uma cordialidade forçada, enquanto um sorriso cínico se forma em seus lábios.— Para o senhor, estou morto. — Dominic responde, sem hesitar, a firmeza em sua voz cortando o ar, enquanto ele começa a caminhar, decidido a não prolongar o momento. Porém,