LunaDesde aquele dia no escritório, a atmosfera entre nós mudou de maneira irreversível. O que antes parecia ser apenas uma nuvem passageira de tensão transformou-se numa tempestade incessante, pesada, que se instala em cada cômodo da casa. Eu queria acreditar que, após aquela discussão, as coisas se acalmariam, que haveria algum alívio, algum fim para esse desconforto que paira entre nós. Mas fui ingênua. Agora, cada vez que entro em um ambiente para limpar, sinto a rigidez no ar, como se eu fosse uma presença indesejada, uma ameaça silenciosa.Alejandro me trata como se eu fosse invisível, mas ao mesmo tempo, sua indiferença me fere de uma maneira que a presença dele sempre parece anunciar a sua ausência. Ele sai do cômodo assim que eu entro, como se o ar se tornasse pesado demais para ele respirar ao meu lado. A frieza de sua atitude corta fundo, me fazendo questionar se há algo em mim que o afasta tanto. É como se, para ele, eu fosse um lembrete constante de algo que prefere igno
Luna se aproxima daquele jeito que me tira do controle, seu quadril balançando de maneira que intensifica a tensão com cada passo. Pega a mesinha ao lado da minha cama e estende no meu colo.Seu cheiro enlouquecedor somado a sua mão sem querer tocar a minha, gera uma descarga elétrica que atravessa meu corpo, e toda a contenção que venho me esforçando para manter começa a se desfazer.— Caralho! — penso, tentando segurar as rédeas. O desejo que ela desperta é esmagador, impossível de ignorar. Sua proximidade não faz nada além de alimentar esse fogo que só cresce dentro de mim.Mesmo com todos os problemas e complicações que já carrego, o que sinto agora é intenso demais para ser negado. A realidade do meu desejo é inescapável, e tê-la aqui, tão perto, apenas intensifica a guerra interna que travo. Seu jeito, os olhos que me atravessam, a pele que parece convidar ao toque, e o corpo que faz meu desejo arder quase dolorosamente cada vez que olho. Tento desviar o olhar, mas é inútil. Ela
"Ela só pode estar fazendo isso para me provocar!" Seu sorriso, a maneira como ela me olha, tudo isso está me desestabilizando de formas que eu não consigo controlar. A ideia de que ela possa estar manipulando a situação para me provocar é perturbadora, mas, ao mesmo tempo, eu me sinto atraído por ela de uma forma que não posso ignorar.A maneira como ela me olha, como se soubesse exatamente o efeito que tem sobre mim, me faz questionar se ela está realmente tão alheia ao que está causando. Mas, por outro lado, é possível que eu esteja interpretando errado suas intenções. O desejo que sinto por ela pode estar me levando a ver manipulação onde não há.A lembrança da mulher que me traiu me assombra, e o medo de que Luna seja semelhante àquela pessoa só aumenta minha determinação em manter a distância. Meu instinto de autoproteção, afiado por anos de desilusão e traição, me diz para não me deixar levar pelas emoções. No entanto, a linha entre proteção e paranoia está se tornando cada vez
Conversamos por mais alguns minutos, e conforme a ligação vai terminando, sinto um alívio ao saber que minha mãe está tranquila.Depois de desligar o celular, eu me deito na cama, absorta em pensamentos. A conversa com minha mãe foi um bálsamo para minha alma, uma lembrança reconfortante da estabilidade e do calor de casa que sempre conheci.Olho ao redor do quarto, que embora seja confortável, não tem o mesmo calor que uma verdadeira casa familiar. As paredes, adornadas com quadros e móveis elegantes, não têm o mesmo carinho e intimidade de um lar onde cada objeto carrega uma história e cada canto é preenchido com amor.Já Alejandro sua vida é marcada por cicatrizes profundas, mais profundas do que qualquer um consegue perceber à primeira vista. E eu, de alguma forma, fui puxada para dentro desse emaranhado de dor e amargura.Penso na minha própria vida, nas coisas que sempre considerei certas: a segurança de um lar, o carinho da minha mãe, o conforto de saber o que, acontece o que a
— O que aconteceu? — A pergunta vem mais baixa, mais suave do que eu esperava, e a surpresa no rosto dele me atinge. Alejandro nunca pareceu preocupado com o que se passa dentro de mim. Até agora.Eu desvio o olhar, mordendo o lábio, tentando me recompor, mas não adianta. A pressão dentro de mim se rompe.— Meu pai... — começo, mas a palavra sai em um soluço. Respiro fundo e tento novamente, forçando a voz a sair. — Minha mãe ligou... Ele está de cama... a artrose piorou.Alejandro fica em silêncio por um momento, como se não soubesse o que dizer. Vejo seus olhos mudarem, suavizarem, enquanto ele absorve minhas palavras. Ele respira fundo e dá alguns passos até ficar mais próximo, sua expressão agora carregada de algo que não consigo identificar. Preocupação? Empatia?— Eu... sinto muito, Luna — ele diz, a voz baixa, mas cheia de uma sinceridade que me desarma.Eu não esperava isso. Dele, muito menos. Quando levanto o olhar, Alejandro não parece mais o magnata firme e implacável. Ele
Dois dias depois...LunaO sol da manhã se filtra pelas janelas altas do corredor, inundando o casarão com uma luz suave, mas isso não dissipa a tensão que pesa em meus ombros. Sob a claridade do dia, os corredores parecem menos ameaçadores, mas a sensação de inquietação permanece comigo.Depois de arrumar a cama de Enzo, perdida em pensamentos, viro o corredor sem prestar atenção. De repente, meu corpo se choca contra algo firme e sólido. O ar escapa dos meus pulmões com o impacto, e o calor familiar que me envolve logo em seguida me faz reconhecer sua presença antes mesmo de erguer os olhos.Alejandro.Levanto o rosto devagar, encontrando seus olhos como um ímã que me prende. A intensidade em seu olhar é como uma tempestade contida — uma força poderosa, prestes a romper. Ele me encara como se estivesse segurando palavras que jamais serão ditas, mas que pairam pesadas no ar entre nós. O tempo desacelera, nos aprisionando nesse instante, e o calor que emana dele me envolve.O calor en
Ele se aproxima mais, como se cada centímetro que nos separa fosse um obstáculo insuportável. O ar no quarto de hóspedes parece mais pesado, abafado pela tensão sufocante entre nós. Sinto meu corpo se enrijecer, dividido entre a necessidade de resistir e a atração inevitável que ele exerce sobre mim.— Não podemos... — Minha voz sai fraca, quase como um lamento, mas Alejandro já está tão perto que sinto o calor de sua respiração.— Podemos, sim — ele murmura, sua voz baixa, carregada de uma urgência que ecoa dentro de mim. — Ninguém precisa saber. Eu manterei isso em segredo... por nós dois.Suas mãos deslizam lentamente para os meus quadris, puxando-me contra ele com uma firmeza que faz meu coração acelerar ainda mais. Seu toque é possessivo, quase desesperado, e, por um instante, toda a racionalidade parece se dissolver no desejo que lateja entre nós. Eu deveria me afastar, mas o magnetismo entre nós é forte demais, irresistível.— Alejandro... — tentei resistir, mas minha voz saiu
— Isso não é uma mentira, é uma proteção! — ele rebate, a voz cortante. — Uma proteção para nós dois. Você não entende as implicações de tudo isso!— E o que exatamente você acha que eu não entendo? — desafio, sentindo a adrenalina subir. — Eu entendo muito bem que você está com medo de se envolver, Alejandro! Que está usando essa fachada de dureza como escudo!Ele hesita por um instante, a expressão de dor e raiva se misturando em seu rosto. A luta interna que passa por ele é evidente, e isso me faz sentir uma ponta de culpa, como se eu estivesse pressionando um botão que não deveria.— Não é só medo. — Ele tenta se defender, mas sua voz falha. — É a realidade. Minha vida não é fácil. Estou cercado por pessoas que só querem me usar.— E isso justifica tudo? — retruco, a raiva e a tristeza se entrelaçando dentro de mim. — Justifica nos escondermos como se fôssemos amantes secretos? Como se isso não fosse real?Ele parece lutar contra suas emoções, a intensidade do momento nos envolven