Ele se aproxima mais, como se cada centímetro que nos separa fosse um obstáculo insuportável. O ar no quarto de hóspedes parece mais pesado, abafado pela tensão sufocante entre nós. Sinto meu corpo se enrijecer, dividido entre a necessidade de resistir e a atração inevitável que ele exerce sobre mim.— Não podemos... — Minha voz sai fraca, quase como um lamento, mas Alejandro já está tão perto que sinto o calor de sua respiração.— Podemos, sim — ele murmura, sua voz baixa, carregada de uma urgência que ecoa dentro de mim. — Ninguém precisa saber. Eu manterei isso em segredo... por nós dois.Suas mãos deslizam lentamente para os meus quadris, puxando-me contra ele com uma firmeza que faz meu coração acelerar ainda mais. Seu toque é possessivo, quase desesperado, e, por um instante, toda a racionalidade parece se dissolver no desejo que lateja entre nós. Eu deveria me afastar, mas o magnetismo entre nós é forte demais, irresistível.— Alejandro... — tentei resistir, mas minha voz saiu
— Isso não é uma mentira, é uma proteção! — ele rebate, a voz cortante. — Uma proteção para nós dois. Você não entende as implicações de tudo isso!— E o que exatamente você acha que eu não entendo? — desafio, sentindo a adrenalina subir. — Eu entendo muito bem que você está com medo de se envolver, Alejandro! Que está usando essa fachada de dureza como escudo!Ele hesita por um instante, a expressão de dor e raiva se misturando em seu rosto. A luta interna que passa por ele é evidente, e isso me faz sentir uma ponta de culpa, como se eu estivesse pressionando um botão que não deveria.— Não é só medo. — Ele tenta se defender, mas sua voz falha. — É a realidade. Minha vida não é fácil. Estou cercado por pessoas que só querem me usar.— E isso justifica tudo? — retruco, a raiva e a tristeza se entrelaçando dentro de mim. — Justifica nos escondermos como se fôssemos amantes secretos? Como se isso não fosse real?Ele parece lutar contra suas emoções, a intensidade do momento nos envolven
AlejandroQuando ela se vira e me deixa ali, algo dentro de mim se despedaça. O peso das palavras dela reverbera na minha mente como um eco incessante, e as minhas mãos começam a tremer. O aperto no meu peito é quase sufocante, mas eu fico parado, incapaz de fazer qualquer coisa para detê-la. Meu orgulho, esse maldito escudo, me paralisa.O incômodo cresce, espalhando-se por todo o meu corpo, e a dor começa a se enraizar, como se cada palavra dela tivesse cravado uma faca no meu coração. Respiro fundo, tentando afastar a confusão, mas a única coisa que vejo quando fecho os olhos é a imagem dos seus lábios vermelhos e inchados pelo nosso beijo.Oh Dios! Ela está me queimando de dentro para fora, e eu não sei como lidar com isso. Não consigo simplesmente deixar para lá. Essa paixão é uma tempestade, e eu sou o barco à deriva, incapaz de encontrar um porto seguro. A ideia de perdê-la é como um veneno que corrói minhas entranhas, e quanto mais eu a ignoro, mais forte ela se torna.Por que
— Alejandro, você não pode ter controle sobre tudo, inclusive sobre mim. E é exatamente isso que você tenta fazer, mesmo sem perceber. Eu não sou uma peça que você pode mover como quiser. — Ela solta um suspiro longo e cansado, como se estivesse carregando esse peso há muito tempo. — Preciso de mais do que isso. Mais do que apenas momentos roubados. Além disso, você ainda está preso em algo que eu não posso curar.As palavras dela me atingem com força, deixando um vazio doloroso onde antes havia orgulho. Ela está certa, e é isso que me enfurece mais do que qualquer coisa. O que sinto por Luna não pode ser moldado em regras, não pode ser controlado. Mas é isso que me apavora. Eu nunca soube o que fazer com algo que eu não podia comandar.—Podemos ir devagar... — minha voz soa quase desesperada.— Devagar? — ela me interrompe, sua voz cortante, os olhos fixos nos meus, cheios de uma franqueza dolorosa. — Não Alejandro. Não quero ser arrastada para o seu jogo. Porque na verdade você quer
Suspiro, tentando não deixar minha voz tremer enquanto respondo:— Não precisa, Alejandro. Eu sei me virar muito bem.Ele dá um passo à frente, e por um breve momento sinto que todo o mundo ao redor desaparece. O som do meu coração batendo é ensurdecedor, e eu quase posso jurar que ele pode ouvi-lo também. Seus olhos fixos em mim, cheios de algo que me assusta, mas também me chama. A tensão entre nós é palpável, um fio invisível que nos prende de uma forma que eu não consigo entender.— Luna... — ele começa, a voz baixa, mas cheia de um peso que eu conheço bem. — Eu me preocupo com você. Sei que esse lugar... tem sido complicado, mas...—Não é o lugar. Você é complicado.Ele acena um sim e então fica me olhando como se estivesse procurando as palavras certas, mas o que sai de sua boca me surpreende, como sempre acontece quando ele baixa a guarda, mesmo que por segundos.— Eu não sei o que farei se você for e não voltar.As palavras pairam no ar, tão inesperadas quanto dolorosas. Por m
— Luna! — Juan chama meu nome com o mesmo tom descontraído de sempre, enquanto caminha em nossa direção. — Faz tempo que não a vejo. Estava começando a achar que tinha esquecido de nós aqui na vila.Dou uma risada leve, saindo para encontrá-lo no quintal.— Nunca me esqueceria de casa, Juan. Só tenho trabalhado muito.Ele ri, aquela risada leve e fácil, sem as sombras que sempre rondam Alejandro. Juan é, em muitos sentidos, o oposto de Alejandro. Ele é simples, direto, sem o peso de um passado sombrio ou de responsabilidades esmagadoras. Tudo nele parece descomplicado e genuíno. Enquanto nos abraçamos de forma amigável, sinto a diferença entre ele e Alejandro de maneira quase palpável.Eu me pego pensando, com um sentimento misto de admiração e frustração, por que meu coração teve que escolher Alejandro?Juan é tão descomplicado, tão aberto, e claramente gosta de mim de um jeito que é fácil e direto. E, no entanto, é Alejandro quem ocupa meus pensamentos e sentimentos, o homem que pro
LunaAcordo com a luz suave do sol filtrando-se pelas cortinas, banhando meu quarto em um tom dourado. Por um instante, a paz envolvente me envolve, e deixo-me levar por um momento de preguiça na cama. Mas a serenidade é breve; a imagem de Alejandro irrompe na minha mente, seu olhar intenso e aquela aura de mistério me atingem como uma onda, desestabilizando meu coração. Sinto a pressão do desejo e a confusão, como se ele tivesse o poder de puxar meu mundo para mais perto dele, mesmo à distância.— Não, aqui não! — murmuro para mim mesma, espantando as memórias. Preciso me ancorar no presente, na minha vida aqui na aldeia.Levanto-me e sigo até a cozinha, onde o cheiro do pão recém assado já permeia o ar, criando uma atmosfera acolhedora. Minha mãe está à frente do forno, sua figura familiar e reconfortante traz um sorriso ao meu rosto.— Bom dia, querida! — diz minha mãe, iluminando o ambiente com sua presença calorosa.— Bom dia! Posso ajudar em algo? — pergunto, tentando me distrai
AlejandroEnquanto dirijo pela estrada que leva à casa de Luna, o calor da manhã envolve tudo como um manto sufocante. O sol, inclemente, transforma cada raio em um chamado, como se o céu inteiro conspirasse para aumentar o peso que sinto no peito. Estou perto da aldeia quando meus olhos captam algo à margem da estrada.Uma grande entrada, adornada com frutas coloridas, exibe um letreiro vibrante: "Festa das Frutas". As letras pulsam com uma energia quase viva, e antes que eu perceba, a música, alegre e cheia de promessas, chega aos meus ouvidos.Por um momento, sinto como se o universo estivesse me chamando para longe das minhas preocupações. Cada passo que dou na direção daquela festa é um respiro que afasta o nervosismo crescente. E então, a alegria do lugar me toma. Barracas cheias de frutas, pessoas sorrindo, dançando. A vida aqui pulsa com uma força que me envolve. É uma distração, penso. Uma que não posso resistir.Me aproximo de uma barraca com frutas frescas, e uma ideia me i