Foram na moto dele até o shopping mais próximo, e ela buscava peças parecida com as que sempre usava. Depois dela lhe mostrar umas 15 e ele só balançar a cabeça em negativa, Regina começou perder a paciência.
— Mas você não gosta de nada que eu escolho.
— Porque parece que está escolhendo a mesma coisa que está usando agora.
— Você disse não haver nada de errado com o que eu uso.
Ela usou as palavras dele contra ele mesmo.
— Eu disse, mas combinamos que o objetivo aqui é uma mudança, lembra?
Ele falou e pegou um vestido rosa, coberto com uma renda preta. A parte rosa era mais curta um pouco e a renda ia até passar pouco os joelhos. As alças eram finas de amarrar, e o decote era sutil e arredondado.
— Esse aqui ia ficar ótimo com um coturno, e não adianta negar, eu tenho certeza que você tem um, no armário.
Ela fez uma careta com o comentário dele.
— É tão óbvio assim?
Ele só fez que sim, colocou a peça no ombro e foi procurar mais na arara de roupas. Pegou mais umas camisetas e croppeds com certo decote, umas calças jeans cintura alta e se deu por satisfeito.
— Assim já está bom, preciso avaliar seu guarda roupas também, tenho certeza que tem muitas coisas legais, você só não está sabendo combinar. E esse cabelo? Por que sempre que a vejo ele está preso desse jeito?
Ela alisou o rabo de cavalo, seu penteado padrão de todos os dias.
— Porque meu cabelo tem muito volume, não para arrumado.
Ele foi em direção ao caixa para pagar pelas compras, colocou tudo no balcão. A mulher no balcão sorriu para ele, passou as compras e disse o valor, ele virou a cabeça em direção a Regina que estendeu o cartão de crédito para a funcionária da loja.
— Hoje ela vai pagar, eu esqueci minha carteira em casa.
Ele disse à mulher.
— Na verdade, ele é meu gigolô, depois daqui vamos em uma loja de roupas masculinas, renovar o guarda-roupa dele.
Regina disse a funcionária.
Ele se virou para ela, arregalou os olhos e abriu a boca com a surpresa do comentário. A mulher do caixa ficou muito vermelha, não sabia se ria ou levava a sério o comentário.
Regina apenas pegou as sacolas e saiu, calmamente caminhando pela porta com ele a seguindo.
— Eu não acredito que você falou aquilo lá dentro.
Ronan disse quando eles pararam mais adiante. Regina estava sorrindo eufórica.
— Eu também não, eu só vi o momento chegando e não pude perder a oportunidade de te zoar, se fosse antigamente eu pensaria, mas não teria coragem de falar em voz alta. Você é realmente ótimo e uma péssima influência!
— Você está indo muito bem, se no primeiro dia está assim, eu vou acabar te tirando de cima de uma mesa em um bar, fazendo um striptease.
Ele falou divertido.
— Vai com calma, Ronan, eu não vou fazer um transplante de cérebro.
— Falando em cabeça, acho melhor entrarmos naquele salão ali, você precisa saber usar o seu cabelo solto quando quiser, e acho que ali podem te ajudar.
Ela o seguiu e entraram no salão de beleza. Ele a ajudou a explicar à cabeleireira que o problema era que ela não sabia lidar com o cabelo, então acabava sempre o mantendo preso. A profissional explicou que ela tinha um cabelo bastante ondulado, que precisava ser finalizado. A ensinou a fazer e indicou os produtos certos, Regina aproveitou também para fazer uma hidratação profissional, que deixou o cabelo com uma aparência muito melhor.
— Nossa, que diferença! — Ela disse colocando novamente os óculos para se olhar no espelho.
— Viu, se quiser usar solto, é só lavar o cabelo com esse monte de coisas que ela indicou, e fazer tudo isso que ela fez.
Ele disse soando confuso até para si mesmo. O que a fez rir da tentativa de incentivo dele.
— Agora vamos logo, que eu vou me atrasar.
Ele a levou até a faculdade e ela conseguiu entregar os documentos e pegar as cartas de recomendação com alguns professores. Estava contando com elas para conseguir um bom estágio quando se formasse. Faltaram apenas duas que voltaria para buscar outro dia. Depois foram para a casa dela, olhar suas roupas como ele havia sugerido.
— O que você vai dizer para a sua família sobre mim?
Ele perguntou descendo da moto na frente da casa dela.
— Eu pensei em não dizer nada. Para todos os efeitos você é só um amigo.
— Se a fofoca já tinha começado, só vai piorar.
Ela deu de ombros e abriu a porta.
— Eu não ligo, elas que usem a imaginação. De mim não vão tirar nada.
— Hum, que gata misteriosa.
Ele disse a provocando, eles ainda estavam rindo quando entraram e encontraram a mãe dela na sala. Ela os olhou surpresa e se levantou.
— Regina, por que não avisou que traria um convidado?
— Porque ele não é bem um convidado. Nós só vamos fazer uma coisa lá em cima.
Ela respondeu já se dirigindo às escadas, ele não sabia ao certo se a acompanhava ou ficava onde estava, a mãe dela não tirava os olhos deles, com visível curiosidade.
— Ronan, meu quarto é por aqui.
— Com licença. — Ele disse e a acompanhou até o andar de cima.
Ambos entraram e ela fechou a porta atrás deles. Foi ele quem falou primeiro.
— A sua mãe parecia tão chocada que não teve reação ao nos ver subindo.
— Sim, isso com certeza foi uma novidade. A única pessoa que eu já trouxe aqui em casa foi a Céu. Subir para o quarto com um exemplar do sexo oposto foi uma coisa bem atípica para aqui.
— Então vamos logo com isso, quanto menos demoramos melhor.
— Relaxa, eu não estou preocupada. Eu sou uma adulta, certamente tenho permissão para isso.
Ela abriu todas as portas do seu guarda roupa e fez um sinal para que ele se aproximasse.
— Pronto, pode ficar à vontade, senhor coach.
Ele começou a olhar as roupas e tirou algumas, as jogando sobre a cama de casal onde ela estava sentada assistindo-o.
— Você tem coisas ótimas aqui, só tem que pensar na combinação certa. Com esses que compramos hoje vai ficar com uma boa variedade. Se tiver dúvidas, antes de sair tira uma foto e me manda que eu digo o que achei.
— Você tem noção o quanto isso é estranho? Onde você aprendeu a dar palpite nas roupas e no estilo dos outros? Parece muito à vontade com isso.
Ele se aproximou e sentou-se na cama também.
— Eu adorava assistir ao programa "Esquadrão da moda" com minha mãe. Embora eu ache que estou sendo bem mais gentil que aqueles apresentadores.
Ela deitou-se para trás e se escorou na cabeceira da cama
— E qual será o valor dos seus honorários?
Ronan precisava de um valor razoável para que ela não desconfiasse de nada.
— Eu pensei em 300 por semana, é justo e eu sei que você pode pagar.
— Na realidade eu imaginei que seria até mais caro. Tem certeza que quer só isso?
Ele se deitou de costas na cama e ficou encarando o teto.
— Digamos que isso é o suficiente, porque parte do meu pagamento é a satisfação de saber que eu sou ótimo em qualquer coisa que eu faça.
— Sim, é bastante humilde também. Mas qual será o próximo passo?
— Não sei, eu só pensei em sair por aí e te ajudar a ver as possibilidades do mundo. Fazer o que te der vontade, descobrir mais coisas de que gosta. Claro que sempre com a minha assessoria, na verdade, só em desfilar por aí comigo, já vai ser um glow up na sua vida.
Ela se sentou novamente e estendeu a mão para que ele a apertasse.
— Fechado, então, 300 por semana, enquanto for necessário.
— Sim, as despesas também são por sua conta.
— Muito justo! Amanhã eu preciso ir à faculdade outra vez, vou testar uma das roupas novas, preciso que vá comigo para me dar confiança.
— É só me avisar a hora, que eu estarei aqui.
O celular dela vibrou e ela foi verificar, era uma mensagem da mãe, avisando que o jantar estava pronto.
— A comida está pronta, você não quer ficar?
— Não, é melhor eu ir para casa e deixar a cargo da imaginação dela.
Regina sorriu e concordou.
Levantou-se e desceram juntos as escadas. Ela abriu a porta para ele sair se despedindo. Dava para ver a mãe sentada no sofá da sala fingindo ler alguma coisa.
— Obrigada Ronan.
— Não precisa me agradecer, é o meu trabalho.
Ele respondeu espontaneamente, ela arregalou os olhos, e apontou na direção em que sua mãe estava. Ele se deu conta e tentou consertar.
— Quero dizer, você sabe, que o meu trabalho é te fazer feliz.
A emenda havia saído pior que o soneto. Ela só balançou a cabeça para que ele não falasse mais nada e fechou a porta quando ele saiu. Quando foi até a cozinha, sua mãe já a estava esperando.
— O seu amigo não quis ficar?
— Não, ele precisava ir.
A mulher mais velha ficou quieta por um momento e então falou.
— Olha filha, eu sei que você já é adulta, e pode fazer o que bem entender. Mas vai ter que concordar que esse é um comportamento estranho. De onde saiu esse rapaz? Vocês se conheceram ontem e hoje você o trouxe aqui e ficaram mais de hora trancados no seu quarto. Nós sempre fomos amigas, esse silêncio seu não me deixa confortável.
Regina sentiu-se culpada pela preocupação da mãe.
— Está tudo bem, dona Maria do Céu, eu juro que não estou fazendo nada impróprio ou ilegal. O Ronan é meu amigo, me ajudou em um momento difícil. Não precisa se preocupar, a outra Céu da minha vida, já me deu muitos conselhos sobre usar camisinha e não fazer nada em cima da moto.
As duas riram do comentário.
— Eu fico mais tranquila, então, você mesma só está aqui porque eu esqueci de tomar uma pílula do dia seguinte.
— Mãe! Só, poupe-me dos detalhes. E falando nisso, cadê o papai?
— Saiu com o Andreas para tomar uma bebida, o mesmo ritual de sempre. Até foi bom, pois ele iria cair duro quando visse você subindo com o rapaz. Vamos comer então antes que esfrie.
Regina estava bem surpreendida com o pensamento das mulheres a sua volta, todas tinham certeza que ela pularia em cima do Ronan na primeira oportunidade. Tudo bem que ele era apreciável, mas esse não era o seu estilo e certamente ela não devia ser o estilo dele.
No dia seguinte, Ronan veio no horário combinado para levá-la até a faculdade. Quando escutou a campainha, gritou para a mãe dela mandar ele subir até o quarto. Estava muito insegura com a roupa e precisava da opinião dele.— Olá outra vez Ronan. — Disse a mãe dela, ainda achando inusitada a situação.— Olá senhora, a Regina já está pronta?— Na verdade, ela quer que você suba até o quarto dela.— Tudo bem, com licença.Quando ele bateu na porta do quarto, Regina abriu rapidamente parecendo nervosa.— Isso não vai dar certo. Olha
Quando Ronan a deixou na frente de casa, Regina entrou e já ia direto para o seu quarto, mas percebeu que Céu estava com a sua mãe na sala.— Parada aí, garota. Agora para eu conseguir te ver só dando incerteza aqui na sua casa. E que roupa nova é essa? Eu amei!— Eu tinha que ir lá na faculdade pegar minhas cartas de referência. E andei comprando umas roupas novas.Ela explicou se justificando a amiga.— Sim, é pelo visto qualquer coisa que você precise fazer agora, tem que ser acompanhada daquele cara alto que tem uma moto.— Por acaso vocês não estavam espiando pela janela quando eu cheguei, estavam?
Ronan a levou em um bar que ficava em uma rua com diversos outros estabelecimentos do mesmo tipo. E talvez por uma coincidência do destino, todo o estilo do lugar e a decoração, lembravam um bar de motoqueiros. Havia três mesas grandes de sinuca, e um palco para música ao vivo. Algumas pessoas até se aventuravam no Karaokê. Ronan devia conhecer bem o lugar, pois comprimentou amigavelmente o barman. — O que você vai querer beber? Ele perguntou no ouvido dela, pois a música estava alta. — Não sei, me surpreenda. Ele pediu ao rapaz do bar as bebidas e a puxou até uma mesa que estava vaga. — Você precisa tomar uns dois drinks para ganhar coragem e depois vamos começar.
Mesmo depois de mais algumas bebidas, Regina não achou que estava pronta para tentar outra aproximação. Ronan já estava ficando impaciente.— Tudo bem Regina, chega de drinks para você. Eu acho que já está me enrolando, se tomar mais uma Pina Colada, não vai estar em condições de falar com ninguém.— Não seja um pé no saco Ronan, me deixa aproveitar o momento.Ela disse, sorvendo mais um gole pelo canudo do copo.— Aproveitar entrando para dentro do copo? Porque até agora, você nem chegou perto do objetivo que nos trouxe aqui. A única pessoa com a qual falou por mais de cinco minutos fui eu. — Agora você está se subestimando, porque eu te acho uma boa companhia de bar.Ela disse, enrolando um pouco a língua, deixando evidente que a bebida já a afetava.Ronan sorriu da expressão de Regina, ela já falava com a língua arrastada, e apertava os olhos quando olhava para ele, devia estar com dificuldade para focar. A busca pelo contatinho havia oficialmente acabado, o estado alcoólico em que
Quando chegaram na casa de Ronan, Regina parecia pior do que no bar, havia dormido boa parte do caminho, e reclamado de enjoo o restante do tempo. Ele a ajudou a descer e abriu a porta com a mão que tinha livre, pois com a outra a enlaçou pela cintura. A levou até sua cama, a deitou e começou a tirar os sapatos dela.— O Ronan, a minha mãe acha que eu devo, mas eu não quero transar.Ele deu um longo suspiro, pelo visto ela estava pior do que ele imaginava e provavelmente não lembraria daquele diálogo, mas mesmo assim, ele considerou falta de educação não responder.— Não se preocupe, Regina, ninguém vai transar hoje.Ela levantou um pouco a cabeça, parecendo realmente tonta, e se apoiou nos braços.— Isso é bom! Mas não tem nada de errado com você, eu até acho você bem…— ela pareceu confusa com que palavra usar, até que se decidiu. -- transavel, com tudo isso aí de músculos e essas coisas. Mas eu não quero. Eu acho que preciso de algo menos superficial.Ele não sabia se ria ou se sent
Chegaram na casa de Regina bem próximo do meio dia, quando entraram para pegar o capacete e as chaves da moto, a mãe dela já estava arrumando a mesa para o almoço.— Bom dia mãe.— Bom dia senhora.Ela sorriu e seguiu colocando os pratos ao responder para os dois — Por pouco não é boa tarde. Vai ficar para almoçar conosco Ronan?— Não obrigada, eu só vim trazer a Regina e buscar a minha moto mesmo.— Pensa bem, se não ficar vai ter que cozinhar.Regina zombou provocando-o.— Fica Ronan, eu estava contando que você almoçaria conosco.Ele sorriu e se deu por vencido.— Já que as damas insistem, eu não tenho como recusar. Onde é o banheiro?— No corredor, a primeira porta à direita.Regina respondeu, apontando a direção.Quando ele saiu, a mãe dela estava encarando-a sem conseguir esconder um sorriso.— O que foi mãe?Regina perguntou.— Minha filha, cada vez que ele dá um sorriso desses para mim, eu entendo porque você anda sumida. Que homem é esse? Eu já estava achando que você nem vo
Quando terminaram de almoçar, Regina convidou Ronan para ir com ela até o seu quarto. Se os pais acharam aquilo estranho, não demonstraram nenhuma objeção.Quando ele entrou ela fechou a porta para terem privacidade.— Agora sim espertinho, você me sacaneou legal. Vou ter que preparar algo para a festa deles.Ele se jogou na enorme cama sorrindo, demonstrando estar zero arrependido de ter entregue o segredo dela.— Já estava mais que na hora de você revelar esse talento oculto! Tenho certeza que todos vão amar te ouvir cantar, vai ser o melhor presente de todos.— Eu vou pensar em algo, e combinar com a banda! Preciso também resolver isso do vestido, você também vai precisar de uma roupa.— Caso não tenha percebido, eu tenho roupas.— Você entendeu, algo mais apropriado para essa festa.— E por acaso conhece todas as roupas do meu guarda-roupa ?— Olha, até o momento eu só tive o prazer de te ver com camisetas e essa jaqueta de couro.Ela disse, soando debochada, enquanto andava de um
Quando o filme terminou, Regina estava deitada bem próxima a Ronan e ambos estavam com o cobertor os cobrindo quase ate os olhos. O letreiro final foi subindo na tela e ela foi se distanciando.— Nem foi tão assustador assim!— Então por que motivo você estava agarrada no meu braço como se sua vida dependesse disso?— Você, que estava segurando minha mão, parecia que ia chamar a sua mãe a qualquer momento.Ronan se levantou da cama e começou a calçar os sapatos que estavam jogados no chão do quarto.— Você vai embora essa hora?Ele vestiu também agasalho que havia levado para voltar de moto para casa.— Ainda é cedo, eu preciso tomar banho e arrumar umas coisas. Você não quer ir procurar um vestido para a festa amanhã?— Pode ser, vamos amanhã à tarde se estiver livre. — Ok, eu te pego às 15 horas.— Ok.Eles desceram juntos as escadas e ela o acompanhou até a porta. Sua mãe estava no sofá vendo tv, parecia distraída, mas eles sabiam que estavam sendo observados. Ronan olhou em direç