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Capítulo 3 - Compras!

Ronan foi direto para casa, uma kit-net que estava alugando no centro da cidade. Poderia considerar que obtiveram sucesso em sua missão, mas isso não o deixava orgulhoso de si mesmo. Quando o seu primo Caleb ligou para pedir ajuda, ele não podia negar, devia muito a ele, foram criados como irmãos. Os pais deles era irmãos, e compartilhavam um ódio mortal por um primo que havia deixado sua empresa para um estranho e não para eles. 

Caleb havia sido contaminado com esse ódio, pois viu o pai se lamentar até sua morte, acabando-se na bebida. Já Ronan não dava a mínima para tudo aquilo, acreditava que cada um fazia o que bem entendesse com o que era seu.

Mas o primo estava obstinado a recuperar o que acreditava pertencer a sua família. Estudou administração e conseguiu um emprego na empresa, devido o seu bom desempenho subiu rapidamente de cargo, virando um dos homens de confiança do CEO, Andreas.

O dono tinha uma filha única na casa dos  20 anos, o plano de Caleb era seduzi-la e casar com ela, tornando-se a melhor opção de Andreas para substituí-lo como CEO, e assim conseguir dar um golpe e recuperar tudo.

O papel de Ronan naquilo tudo era distrair a melhor amiga dela, para que Caleb tivesse espaço com Maria do Céu. Deveria manter Regina ocupada para que o primo entrasse em ação. Ele havia se mudado da pequena cidade onde a família morava a pedido do primo, que alugou um lugar para ele, e dava uma mesada para que se mantivesse. 

Naquela tarde ele havia ligado dizendo que Maria do Céu tinha ido procurar o pai para avisar da situação de Regina, Caleb imediatamente mandou Ronan até sua faculdade e ele conseguiu segui-la quando ela saiu. Já estava quase subindo no prédio atrás dela, quando ela desceu e caminhou até o bar. Ele deu um tempo para ela e depois se aproximou. 

No dia seguinte iniciaria aquela história maluca de coach, coitada da menina, ela não merecia ser sacaneada mais uma vez. O que aliviava um pouco sua consciência é que talvez realmente pudesse ajudá-la a ser mais livre e se sentir melhor. De qualquer forma, não podia negar isso ao amigo, o jeito era ir em frente com o plano.

No dia seguinte Regina acordou com o telefone tocando insistentemente, a dor parecia que ia partir sua cabeça ao meio, maldito álcool.  Verificou e era a Céu, tinha que atender ou ela nunca desistiria.

— Alô, o que foi o mundo está acabando?

— Pelo visto, sim, já que fui informada que você estava bebendo em um bar e depois foi levada para casa por um homem desconhecido em uma motocicleta. Isso é a prova de que o mundo como eu o conheço está chegando ao fim.

— Deixa de ser dramática Maria do Céu, está muito cedo para isso. Minha mãe é rápida mesmo para passar as novidades.

Ela disse ainda deitada de bruços na cama, com o telefone no viva voz.

— Você nem tem ideia, ela ligou ontem mesmo para a minha mãe. Mas eu só recebia a fofoca hoje pela manhã. Você deve estar mal mesmo já são mais de 10 horas e ainda está dormindo. O que aconteceu com aquele papo de "pela manhã eu sou mais produtiva"?

— Aconteceu algumas doses a mais de uma bebida bem docinha, e como eu sou muito nerd, já adiantei quase todo o meu TCC, não preciso ser tão produtiva assim.

— Regina, ainda bem que falta pouco para a formatura, não precisa mais ver aqueles idiotas da faculdade. Só tem que aguentar mais um pouco. Mas me fala quem era o cara da moto, eu exijo saber.

— Era só alguém que conheci, um cara legal.

— Hum, e você planeja ver ele outra vez?

A amiga perguntou em tom sugestivo.

— Pode parar com isso, eu já consigo até ver a fic se formando na sua cabeça cor de rosa. Talvez eu o veja ou talvez não, ainda não decidi.

— E eu posso saber a origem desse relacionamento?

— Que relacionamento Céu? Eu conheci ele ontem e ele é um cara legal, só isso.

— E é bonito?

Céu perguntou ainda curiosa.

— Deve ter quem ache.

Regina não quis dizer que ele parecia saído diretamente de um filme de romance New adult, para não alimentar as fantasias da amiga.

— Tudo bem, eu permito que depois do que aquele idiota do Leonardo fez, você embarque em uma aventura altamente erótica com um desconhecido. Mas tome cuidado e usem camisinha.

— Céu, você desconhece o conceito de limite. Mas obrigada pelo conselho, eu vou anotar.

— Sério amiga, você merece ser feliz, só não vai tentar fazer nada em cima de uma motocicleta, você não tem prática, pode ser perigoso cair.

— Está bem depois dessa eu estou desligando. Nós nos falamos depois, tchau.

Ela desligou ainda sem acreditar nas sugestões da amiga, aquilo era descarado demais até para ela. O telefone tocou quando tentava dormir outra vez. Ela nem abriu os olhos, só atendeu, sabendo que era Céu novamente.

— Tudo bem, eu já anotei aqui, temos que usar camisinha e é perigoso transar em cima da moto, vou lembrar de não fazer isso!

Houve um silêncio do outro lado da linha e logo em seguida uma risada grave masculina.

— Nossa, eu fico aliviado, porque eu também sempre uso e não me arriscaria a tentar na moto, não sei se confio tanto assim nas minhas habilidades.

Puta que pariu, não era a Maria do Céu, aquilo fez ela despertar totalmente e sentar na cama com o telefone no ouvido.

— Ronan? Foi mal, eu achei que era a minha amiga, ela tinha me ligado antes.

— E eu devo supor que estavam falando de mim?

— Não! Sim! É que minha mãe já espalhou a notícia que cheguei bêbada e com um cara de moto, daí você pode imaginar as coisas que eu já escutei. A mente de senhoras e jovens mulheres é um terreno muito fértil.

— Eu posso imaginar. Mas vamos nos encontrar hoje para acertar os detalhes do nosso acordo? Eu posso te buscar.

— Acho melhor não, para não gerar mais boatos. Vamos nos encontrar em um cafe que eu costumo ir, vou te mandar o endereço. As 14 horas pode ser? Depois eu tenho que ir à faculdade levar uns documentos.

— Pode ser, nos vemos lá então.

Ele desligou, e ela tratou de levantar e tomar um banho. No horário marcado ela estava no café esperando ele, quando ele entrou pela porta, ela teve certeza que a bebida não tinha modificado sua percepção, ele realmente era de cair o queixo. Moreno, alto e com o corpo bem definido. Ficava maravilhoso com aquelas camisetas que ficavam justas devido ao porte físico e as calças jeans. Escapando da manga da camiseta, era possível ver um pedaço de uma tatuagem que ela não conseguiu definir bem o que era. Ele a procurou por um momento entre as mesas, quando a viu, sorriu e veio em sua direção.

-- Olá!

— Oi.

— Como está se sentindo hoje, muita ressaca?

Ele perguntou.

— Até que não, só acordei com dor de cabeça. Mas e então, vamos começar por onde?

— Bem, acredito que se o maior problema é a falta de confiança, vamos começar tentando resolver isso.

Ela o escutava atentamente, mas ficou curiosa.

— E isso seria como?

— Por exemplo, suas roupas. Não me olhe assim, não tem nada realmente errado com elas. Mas você acha que elas te valorizam, te dão confiança?

Ela se avaliou por um momento antes de responder.

— Eu sempre amei esse estilo vintage.

— Vintage é legal, mas se te deixa parecida com uma pinup, e não como uma avó. Lembrando que essa é só a minha opinião, você pode parecer uma avó se quiser. Esse é um verdadeiro corpaço, bastante volume em todos os lugares, se usasse roupas que ajudassem a evidenciar isso, acredito que fique mais confiante.

— Como sabe como é o meu corpo? Sempre me viu muito coberta. E o que você chama de corpaço, os outros chamam de gorda.

— Querida, são muitos anos de experiência, avaliando mulheres.— Ele disse com um ar safado.— E para uma pessoa obesa te faltam uns bons 50 quilos.  Também não tem nada de mais ser gorda, cada um tem o corpo que tem, e sempre vai ter alguém para apreciar. Só acho realmente que precisa de umas roupas novas, só no caso de você querer se arrumar diferente algum dia.

Ele não precisou falar mais nada, ela se levantou e pegou a bolsa.

— Você me convenceu, vamos para o shopping.

Ele se levantou sorrindo e a seguiu.

— É disso que estou falando, uma garota decidida. Vamos fazer compras!

Ele deu uma ênfase animada na palavra compras, como se estivesse muito empolgado.

— Não posso esquecer que tenho que estar na faculdade até as 18 horas.

— Relaxa, depois eu te levo e a gente chega lá rapidinho.

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