Ronan foi direto para casa, uma kit-net que estava alugando no centro da cidade. Poderia considerar que obtiveram sucesso em sua missão, mas isso não o deixava orgulhoso de si mesmo. Quando o seu primo Caleb ligou para pedir ajuda, ele não podia negar, devia muito a ele, foram criados como irmãos. Os pais deles era irmãos, e compartilhavam um ódio mortal por um primo que havia deixado sua empresa para um estranho e não para eles.
Caleb havia sido contaminado com esse ódio, pois viu o pai se lamentar até sua morte, acabando-se na bebida. Já Ronan não dava a mínima para tudo aquilo, acreditava que cada um fazia o que bem entendesse com o que era seu.
Mas o primo estava obstinado a recuperar o que acreditava pertencer a sua família. Estudou administração e conseguiu um emprego na empresa, devido o seu bom desempenho subiu rapidamente de cargo, virando um dos homens de confiança do CEO, Andreas.
O dono tinha uma filha única na casa dos 20 anos, o plano de Caleb era seduzi-la e casar com ela, tornando-se a melhor opção de Andreas para substituí-lo como CEO, e assim conseguir dar um golpe e recuperar tudo.
O papel de Ronan naquilo tudo era distrair a melhor amiga dela, para que Caleb tivesse espaço com Maria do Céu. Deveria manter Regina ocupada para que o primo entrasse em ação. Ele havia se mudado da pequena cidade onde a família morava a pedido do primo, que alugou um lugar para ele, e dava uma mesada para que se mantivesse.
Naquela tarde ele havia ligado dizendo que Maria do Céu tinha ido procurar o pai para avisar da situação de Regina, Caleb imediatamente mandou Ronan até sua faculdade e ele conseguiu segui-la quando ela saiu. Já estava quase subindo no prédio atrás dela, quando ela desceu e caminhou até o bar. Ele deu um tempo para ela e depois se aproximou.
No dia seguinte iniciaria aquela história maluca de coach, coitada da menina, ela não merecia ser sacaneada mais uma vez. O que aliviava um pouco sua consciência é que talvez realmente pudesse ajudá-la a ser mais livre e se sentir melhor. De qualquer forma, não podia negar isso ao amigo, o jeito era ir em frente com o plano.
No dia seguinte Regina acordou com o telefone tocando insistentemente, a dor parecia que ia partir sua cabeça ao meio, maldito álcool. Verificou e era a Céu, tinha que atender ou ela nunca desistiria.
— Alô, o que foi o mundo está acabando?
— Pelo visto, sim, já que fui informada que você estava bebendo em um bar e depois foi levada para casa por um homem desconhecido em uma motocicleta. Isso é a prova de que o mundo como eu o conheço está chegando ao fim.
— Deixa de ser dramática Maria do Céu, está muito cedo para isso. Minha mãe é rápida mesmo para passar as novidades.
Ela disse ainda deitada de bruços na cama, com o telefone no viva voz.
— Você nem tem ideia, ela ligou ontem mesmo para a minha mãe. Mas eu só recebia a fofoca hoje pela manhã. Você deve estar mal mesmo já são mais de 10 horas e ainda está dormindo. O que aconteceu com aquele papo de "pela manhã eu sou mais produtiva"?
— Aconteceu algumas doses a mais de uma bebida bem docinha, e como eu sou muito nerd, já adiantei quase todo o meu TCC, não preciso ser tão produtiva assim.
— Regina, ainda bem que falta pouco para a formatura, não precisa mais ver aqueles idiotas da faculdade. Só tem que aguentar mais um pouco. Mas me fala quem era o cara da moto, eu exijo saber.
— Era só alguém que conheci, um cara legal.
— Hum, e você planeja ver ele outra vez?
A amiga perguntou em tom sugestivo.
— Pode parar com isso, eu já consigo até ver a fic se formando na sua cabeça cor de rosa. Talvez eu o veja ou talvez não, ainda não decidi.
— E eu posso saber a origem desse relacionamento?
— Que relacionamento Céu? Eu conheci ele ontem e ele é um cara legal, só isso.
— E é bonito?
Céu perguntou ainda curiosa.
— Deve ter quem ache.
Regina não quis dizer que ele parecia saído diretamente de um filme de romance New adult, para não alimentar as fantasias da amiga.
— Tudo bem, eu permito que depois do que aquele idiota do Leonardo fez, você embarque em uma aventura altamente erótica com um desconhecido. Mas tome cuidado e usem camisinha.
— Céu, você desconhece o conceito de limite. Mas obrigada pelo conselho, eu vou anotar.
— Sério amiga, você merece ser feliz, só não vai tentar fazer nada em cima de uma motocicleta, você não tem prática, pode ser perigoso cair.
— Está bem depois dessa eu estou desligando. Nós nos falamos depois, tchau.
Ela desligou ainda sem acreditar nas sugestões da amiga, aquilo era descarado demais até para ela. O telefone tocou quando tentava dormir outra vez. Ela nem abriu os olhos, só atendeu, sabendo que era Céu novamente.
— Tudo bem, eu já anotei aqui, temos que usar camisinha e é perigoso transar em cima da moto, vou lembrar de não fazer isso!
Houve um silêncio do outro lado da linha e logo em seguida uma risada grave masculina.
— Nossa, eu fico aliviado, porque eu também sempre uso e não me arriscaria a tentar na moto, não sei se confio tanto assim nas minhas habilidades.
Puta que pariu, não era a Maria do Céu, aquilo fez ela despertar totalmente e sentar na cama com o telefone no ouvido.
— Ronan? Foi mal, eu achei que era a minha amiga, ela tinha me ligado antes.
— E eu devo supor que estavam falando de mim?
— Não! Sim! É que minha mãe já espalhou a notícia que cheguei bêbada e com um cara de moto, daí você pode imaginar as coisas que eu já escutei. A mente de senhoras e jovens mulheres é um terreno muito fértil.
— Eu posso imaginar. Mas vamos nos encontrar hoje para acertar os detalhes do nosso acordo? Eu posso te buscar.
— Acho melhor não, para não gerar mais boatos. Vamos nos encontrar em um cafe que eu costumo ir, vou te mandar o endereço. As 14 horas pode ser? Depois eu tenho que ir à faculdade levar uns documentos.
— Pode ser, nos vemos lá então.
Ele desligou, e ela tratou de levantar e tomar um banho. No horário marcado ela estava no café esperando ele, quando ele entrou pela porta, ela teve certeza que a bebida não tinha modificado sua percepção, ele realmente era de cair o queixo. Moreno, alto e com o corpo bem definido. Ficava maravilhoso com aquelas camisetas que ficavam justas devido ao porte físico e as calças jeans. Escapando da manga da camiseta, era possível ver um pedaço de uma tatuagem que ela não conseguiu definir bem o que era. Ele a procurou por um momento entre as mesas, quando a viu, sorriu e veio em sua direção.
-- Olá!
— Oi.
— Como está se sentindo hoje, muita ressaca?
Ele perguntou.
— Até que não, só acordei com dor de cabeça. Mas e então, vamos começar por onde?
— Bem, acredito que se o maior problema é a falta de confiança, vamos começar tentando resolver isso.
Ela o escutava atentamente, mas ficou curiosa.
— E isso seria como?
— Por exemplo, suas roupas. Não me olhe assim, não tem nada realmente errado com elas. Mas você acha que elas te valorizam, te dão confiança?
Ela se avaliou por um momento antes de responder.
— Eu sempre amei esse estilo vintage.
— Vintage é legal, mas se te deixa parecida com uma pinup, e não como uma avó. Lembrando que essa é só a minha opinião, você pode parecer uma avó se quiser. Esse é um verdadeiro corpaço, bastante volume em todos os lugares, se usasse roupas que ajudassem a evidenciar isso, acredito que fique mais confiante.
— Como sabe como é o meu corpo? Sempre me viu muito coberta. E o que você chama de corpaço, os outros chamam de gorda.
— Querida, são muitos anos de experiência, avaliando mulheres.— Ele disse com um ar safado.— E para uma pessoa obesa te faltam uns bons 50 quilos. Também não tem nada de mais ser gorda, cada um tem o corpo que tem, e sempre vai ter alguém para apreciar. Só acho realmente que precisa de umas roupas novas, só no caso de você querer se arrumar diferente algum dia.
Ele não precisou falar mais nada, ela se levantou e pegou a bolsa.
— Você me convenceu, vamos para o shopping.
Ele se levantou sorrindo e a seguiu.
— É disso que estou falando, uma garota decidida. Vamos fazer compras!
Ele deu uma ênfase animada na palavra compras, como se estivesse muito empolgado.
— Não posso esquecer que tenho que estar na faculdade até as 18 horas.
— Relaxa, depois eu te levo e a gente chega lá rapidinho.
Foram na moto dele até o shopping mais próximo, e ela buscava peças parecida com as que sempre usava. Depois dela lhe mostrar umas 15 e ele só balançar a cabeça em negativa, Regina começou perder a paciência.— Mas você não gosta de nada que eu escolho.— Porque parece que está escolhendo a mesma coisa que está usando agora.— Você disse não haver nada de errado com o que eu uso.Ela usou as palavras dele contra ele mesmo.— Eu disse, mas combinamos que o objetivo aqui é uma mudança, lembra?Ele falou e pegou um vestido rosa, coberto com uma renda preta. A parte rosa era mais curta um pouco e a renda ia até passar pouco os joelhos. As alças eram finas de amarrar, e o decote era sutil e arredondado.— Esse aqui ia ficar ótimo com um coturno, e não adianta negar, eu tenho certeza que você tem um, no armário.Ela fez uma careta com o comentário dele.— É tão óbvio assim?Ele só fez que sim, colocou a peça no ombro e foi procurar mais na arara de roupas. Pegou mais umas camisetas e croppe
No dia seguinte, Ronan veio no horário combinado para levá-la até a faculdade. Quando escutou a campainha, gritou para a mãe dela mandar ele subir até o quarto. Estava muito insegura com a roupa e precisava da opinião dele.— Olá outra vez Ronan. — Disse a mãe dela, ainda achando inusitada a situação.— Olá senhora, a Regina já está pronta?— Na verdade, ela quer que você suba até o quarto dela.— Tudo bem, com licença.Quando ele bateu na porta do quarto, Regina abriu rapidamente parecendo nervosa.— Isso não vai dar certo. Olha
Quando Ronan a deixou na frente de casa, Regina entrou e já ia direto para o seu quarto, mas percebeu que Céu estava com a sua mãe na sala.— Parada aí, garota. Agora para eu conseguir te ver só dando incerteza aqui na sua casa. E que roupa nova é essa? Eu amei!— Eu tinha que ir lá na faculdade pegar minhas cartas de referência. E andei comprando umas roupas novas.Ela explicou se justificando a amiga.— Sim, é pelo visto qualquer coisa que você precise fazer agora, tem que ser acompanhada daquele cara alto que tem uma moto.— Por acaso vocês não estavam espiando pela janela quando eu cheguei, estavam?
Ronan a levou em um bar que ficava em uma rua com diversos outros estabelecimentos do mesmo tipo. E talvez por uma coincidência do destino, todo o estilo do lugar e a decoração, lembravam um bar de motoqueiros. Havia três mesas grandes de sinuca, e um palco para música ao vivo. Algumas pessoas até se aventuravam no Karaokê. Ronan devia conhecer bem o lugar, pois comprimentou amigavelmente o barman. — O que você vai querer beber? Ele perguntou no ouvido dela, pois a música estava alta. — Não sei, me surpreenda. Ele pediu ao rapaz do bar as bebidas e a puxou até uma mesa que estava vaga. — Você precisa tomar uns dois drinks para ganhar coragem e depois vamos começar.
Mesmo depois de mais algumas bebidas, Regina não achou que estava pronta para tentar outra aproximação. Ronan já estava ficando impaciente.— Tudo bem Regina, chega de drinks para você. Eu acho que já está me enrolando, se tomar mais uma Pina Colada, não vai estar em condições de falar com ninguém.— Não seja um pé no saco Ronan, me deixa aproveitar o momento.Ela disse, sorvendo mais um gole pelo canudo do copo.— Aproveitar entrando para dentro do copo? Porque até agora, você nem chegou perto do objetivo que nos trouxe aqui. A única pessoa com a qual falou por mais de cinco minutos fui eu. — Agora você está se subestimando, porque eu te acho uma boa companhia de bar.Ela disse, enrolando um pouco a língua, deixando evidente que a bebida já a afetava.Ronan sorriu da expressão de Regina, ela já falava com a língua arrastada, e apertava os olhos quando olhava para ele, devia estar com dificuldade para focar. A busca pelo contatinho havia oficialmente acabado, o estado alcoólico em que
Quando chegaram na casa de Ronan, Regina parecia pior do que no bar, havia dormido boa parte do caminho, e reclamado de enjoo o restante do tempo. Ele a ajudou a descer e abriu a porta com a mão que tinha livre, pois com a outra a enlaçou pela cintura. A levou até sua cama, a deitou e começou a tirar os sapatos dela.— O Ronan, a minha mãe acha que eu devo, mas eu não quero transar.Ele deu um longo suspiro, pelo visto ela estava pior do que ele imaginava e provavelmente não lembraria daquele diálogo, mas mesmo assim, ele considerou falta de educação não responder.— Não se preocupe, Regina, ninguém vai transar hoje.Ela levantou um pouco a cabeça, parecendo realmente tonta, e se apoiou nos braços.— Isso é bom! Mas não tem nada de errado com você, eu até acho você bem…— ela pareceu confusa com que palavra usar, até que se decidiu. -- transavel, com tudo isso aí de músculos e essas coisas. Mas eu não quero. Eu acho que preciso de algo menos superficial.Ele não sabia se ria ou se sent
Chegaram na casa de Regina bem próximo do meio dia, quando entraram para pegar o capacete e as chaves da moto, a mãe dela já estava arrumando a mesa para o almoço.— Bom dia mãe.— Bom dia senhora.Ela sorriu e seguiu colocando os pratos ao responder para os dois — Por pouco não é boa tarde. Vai ficar para almoçar conosco Ronan?— Não obrigada, eu só vim trazer a Regina e buscar a minha moto mesmo.— Pensa bem, se não ficar vai ter que cozinhar.Regina zombou provocando-o.— Fica Ronan, eu estava contando que você almoçaria conosco.Ele sorriu e se deu por vencido.— Já que as damas insistem, eu não tenho como recusar. Onde é o banheiro?— No corredor, a primeira porta à direita.Regina respondeu, apontando a direção.Quando ele saiu, a mãe dela estava encarando-a sem conseguir esconder um sorriso.— O que foi mãe?Regina perguntou.— Minha filha, cada vez que ele dá um sorriso desses para mim, eu entendo porque você anda sumida. Que homem é esse? Eu já estava achando que você nem vo
Quando terminaram de almoçar, Regina convidou Ronan para ir com ela até o seu quarto. Se os pais acharam aquilo estranho, não demonstraram nenhuma objeção.Quando ele entrou ela fechou a porta para terem privacidade.— Agora sim espertinho, você me sacaneou legal. Vou ter que preparar algo para a festa deles.Ele se jogou na enorme cama sorrindo, demonstrando estar zero arrependido de ter entregue o segredo dela.— Já estava mais que na hora de você revelar esse talento oculto! Tenho certeza que todos vão amar te ouvir cantar, vai ser o melhor presente de todos.— Eu vou pensar em algo, e combinar com a banda! Preciso também resolver isso do vestido, você também vai precisar de uma roupa.— Caso não tenha percebido, eu tenho roupas.— Você entendeu, algo mais apropriado para essa festa.— E por acaso conhece todas as roupas do meu guarda-roupa ?— Olha, até o momento eu só tive o prazer de te ver com camisetas e essa jaqueta de couro.Ela disse, soando debochada, enquanto andava de um