Ela me traiu. A Alina me traiu.Eu estava esgotado. Meu corpo e minha mente não conseguiam processar muita coisa.O que deu errado?Como a polícia tinha descoberto aquela história?Só poder ter sido ela. Alina resolver me entregar e agora eu estava ali, sem poder fazer nada.Virei a cabeça e vi o Rafael sentado, com a cabeça apoiada no joelho. A camisa branca dele estava suja de sangue e ele chorava baixo.Olhei para minhas mãos machucadas e senti a cabeça latejar, no lugar onde os policiais me chutaram.Não me arrependo de ter enfrentado a polícia, mas tivemos de recuar para não sermos mortos. Era melhor estar preso do que morto, mas eu precisava sair dali. Precisava cobrar minha dívida com aquela delegada do caralho que tinha fodido com os meu planos.Eu devia ter imaginado que algo ia dar errado. Como não pensei em todos os detalhes? como? Ela não sabia o local que embarcaríamos. Eu não falei para ela o nome do aeroporto. Como a polícia descobriu aquilo? Um dos caras nos entregou?
Fazia muito frio.Tentei enxergar alguma coisa, mas estava tudo escuro e eu não conseguia me mexer. Minha cabeça pesava e meus olhos insistiam em se manter fechados.Há quanto tempo eu estava ali? Minha garganta doía, meu estômago roncava e eu não conseguia pensar com clareza. Estava silêncio e eu podia ouvir o som de animais lá fora.Tentei ordenar os últimos acontecimentos em minha mente. Eu fui sequestrada por aquele louco e seu comparsa.Aquele pesadelo começou quando eu tentei devolver a pasta para o escritório de Hilal e ele me pegou bem na hora que eu colocava a pasta sobre a mesa.— Ora ora, se não é a delegada xeretando o que não deve!Meu corpo gelou e eu me virei lentamente. Não era hora de enfrentá-lo ainda.— Estava procurando um papel para escrever algo...Ele se aproximou e pegou a pasta lentamente.Quando me olhou, senti um arrepio de medo. Algo me dizia que eu estava em apuros.— Então descobriu tudo hein, mocinha?Tentei me afastar lentamente.— Eu... preciso ir...E
Saímos do avião atropelando as pessoas em nossa frente e atravessamos o saguão do aeroporto, correndo em direção ao carro estacionado na garagem nos fundos. Pela primeira vez, o Rafael não sentou ao meu lado reclamando porque eu dirigia em alta velocidade, ele mesmo pegou as chaves da caminhonete e arrancou do lugar cantando pneus.Nem bem nos aproximamos do portão de casa, vi que algo estava errado. A Zaila andava de um lado para o outro no jardim e quando me viu, veio correndo em minha direção.— Leo meu filho, eles levaram elas!Meu coração ameaçava sair pela boca.— Levaram quem, Zaila? Onde está Alina?O Rafael segurou o braço dela com força.— Cadê a Sula?Zaila chorava e respirava com dificuldade.— A Alina sumiu faz dois dias e ontem o Sr. Hilal saiu com a Sula e não quis me dizer para estava levando ela.O Rafael deu um soco no capô do carro.— Dessa vez eu mato aquele desgraçado. Como você permitiu isso, Zaila?Eu peguei o telefone e liguei para um dos nossos amigos de emer
Hoje eu sairia daquela clínica.Não dava mais para esperar. Conferi os documentos em minha bolsa. O importante estava ali. Minha identidade e meu passaporte. Tinha sido uma mão de obra distrair a faxineira e conseguir pegar os documentos na sala da direção da clínica. Agora faltava o mais difícil: O dinheiro. Mas hoje meu plano daria certo.Era dia da Joane fazer depósito no Banco e infelizmente o dinheiro não chegaria ao seu destino. Não era minha pretensão roubar. Eu ia devolver um dia, mas agora eu precisava chegar a Turquia e aquele era o único jeito. O próximo passo era conseguir uma arma.Olhei para todos os lados e quando ela saiu do carro e entrou no escritório, eu passei lentamente ao lado do carro como se estivesse passeando pela clínica e rapidamente entrei no veículo, me escondendo agachada no banco de trás.Tudo tinha sido bem arquitetado e não daria certo se a louca da Vanusa não fizesse a parte dela.Esperei por quase uma hora, até vê-la aparecer na porta da clínica car
Estacionei o carro em frente ao Inter Continental Istanbul, an IHG Hotel, e olhei para o ponto piscando na tela do meu celular.— Ela está aqui.Fazia algum tempo que eu tinha pedido para o Rafael instalar um rastreador conectado ao relógio dela. Ela sabia, e foi instruída a não retirar nunca aquele relógio do braço. Nunca imaginei que fosse ser tão útil como naquele momento.A necessidade surgiu quando ela se perdeu na cidade, tentando chegar ao aeroporto para esperar o Rafael de umas das viagens ao Brasil e só a encontramos depois de horas de ronda com a ajuda da polícia.O Rafael me encarou nervoso.— E agora? O que faremos?Respirei fundo.— Vamos entrar e pedir um quarto. Precisamos ter acesso ao hotel e descobrir em qual quarto ela está.Nos dirigimos ao balcão da recepção e depois de muito insistir e com um pequeno incentivo financeiro, a atendente nos reservou um quarto alegando que o hotel estava cheio.O hotel era uma construção de dez andares e dentro do elevador o sinal do
O quarto estava em silêncio. Apenas ouvia-se o som do aparelho ligado acima da minha cabeça. Era um monitor, onde passava os números da minha pressão arterial e dos meus batimentos cardíacos. Marcava 130x90 e embaixo 89. Pelo que eu entendia estava tudo normal, menos em minha cabeça. Meu coração estava apertado e tudo que que queria era que Leonardo voltasse logo e dissesse que a Sula estava bem.O homem que ele deixou na porta, volta e meia me perguntava se estava tudo bem e eu procurei não pensar que estava em um quarto de hospital na Turquia, escoltada por um homem vestido de preto que não deixava muito a duvidar sobre como resolvia seus problemas.Por que Leonardo tinha me metido naquela enrascada? E por que eu não estava com a menor vontade de me afastar dele? Ao contrário, contava os minutos para estar de novo nos braços dele e parar de me sentir sozinha e desprotegida?Merda, Alina, você é uma delegada de polícia, acostumada a resolver tudo no grito, porque essa fraqueza agora?
Não era sonho. Eu estava voltando para casa.Uma semana depois, Leonardo dormia ao meu lado, no avião. Na poltrona de trás estavam o Rafael e a Sula e mais ao fundo Angélica e Zaila conversavam.Não sei como, mas Leonardo tinha conseguido esconder qualquer vestígio de participação da mãe na morte de Hilal Ramazan e a polícia não os indiciou, classificando a morte como sem suspeitos.Ele foi buscar a Zaila no dia seguinte e ficamos no apartamento, até conseguir uma passagem de volta para o Brasil. Ele estava quieto e calado, parecia apreensivo com o desenrolar dos fatos e pouco falou comigo naqueles dias. A Sula estava assustada e chorava a todo momento, trancada no quarto. O Rafael estava nervoso e acabou brigando com o Leonardo.— Pode esquecer que a Sula não vai morar com você! Observei o Rafael andando de um lado para outro da sala. Chegava a ser engraçado o jeito como aqueles dois se comportavam. Mas era visível o quanto eles gostavam um do outro.— Quem decide isso somos nós e
Desde o momento que entrei para a vida errante do crime, nunca temi o momento de ser preso, desde que eu tivesse cumprido minha missão de salvar a Sulamita das mãos do meu avô. Em minha consciência nada mais importaria para mim quando minha vingança tivesse cumprida. O que eu não contava era que encontraria a mulher da minha vida no meio desse processo e que agora ela estava sozinha, enquanto eu estava ali, sem poder fazer nada.Meu peito doía ao lembrar a expressão dela chorando agarrada ao meu braço, enquanto saía do apartamento dela algemado.Até queria sentir ódio do idiota do Lucas, mas eu sabia que tinha provocado aquilo, ao ameaçá-lo para que nos livrasse da cadeia dias antes.Agora eu era um homem derrotado e preocupado.O Rafael estava numa outra cela ao lado da minha e não me deixaram falar com ele.Como estava a Sula e minha mãe? Elas não estavam em condições psicológicas de passar por aquilo sozinhas. Minha Alina era forte, sabia se virar, mas elas não. Tinham acabado de p