O Rafael sabia que minha reação seria a pior possível, por isso antes de me contar toda a história, ele me fez entregar a arma e a chave do carro para ele.Estávamos parados em um local deserto afastado do centro de Istambul, que ele fez questão de me levar.Meu coração estava a mil por hora e eu sentia meu corpo inteiro tremendo de ódio. Como um homem podia ser tão cruel?— Ela falou tudo, Rafa? Será que o desgraçado não fez nada com ela mesmo?O Rafael também estava péssimo. Fumava um cigarro atrás do outro e parecia que não dormia há dias. Naquele momento, eu não tinha condições de pensar nele e na Sula como namorados, o que me importava naquela hora era matar Hilal Ramazan.— O que vamos fazer? Não podemos deixar ela naquela casa.— Falta pouco cara, vamos fazer do jeito que planejamos. Lembre-se que ele e o avô dela tem a guarda legal dela.Eu não aguentava mais aquele segredo.— Ele não é avô dela.O Rafael me encarou como se eu tivesse ficado louco.— Como assim? Não entendi.E
Quando o Leonardo disse que a Sulamita estaria sob minha proteção, eu não imaginei a carga pesada que ele estava colocando em meus ombros.No dia seguinte, voltamos para a mansão e ele avisou que precisava ir ao Brasil com o Rafael para acertar os detalhes finais da operação com as garotas e só voltariam dois dias depois.Eu não queria ficar sozinha naquela casa, mas não ia demonstrar que eu estava com medo.Leonardo percebeu minha tensão e se aproximou de mim. Ele também estava nervoso.Ele pegou duas pistolas embaixo do colchão e me entregou uma.— Escute bem: Se algo acontecer comigo, você acha um jeito de fugir com a Sula desta casa.Meu coração batia feito louco. Eu não queria que acontecesse nada com ele.— Pensei que você fosse mais esperto que a polícia.Ele não sorriu de forma debochada como fazia, quando eu o provocava. Chegou perto de mim e tocou meu rosto, sério.— Você fez como a gente combinou? Deu as pistas falsas para a polícia?Os dedos dele tremiam um pouco em contat
Ela me traiu. A Alina me traiu.Eu estava esgotado. Meu corpo e minha mente não conseguiam processar muita coisa.O que deu errado?Como a polícia tinha descoberto aquela história?Só poder ter sido ela. Alina resolver me entregar e agora eu estava ali, sem poder fazer nada.Virei a cabeça e vi o Rafael sentado, com a cabeça apoiada no joelho. A camisa branca dele estava suja de sangue e ele chorava baixo.Olhei para minhas mãos machucadas e senti a cabeça latejar, no lugar onde os policiais me chutaram.Não me arrependo de ter enfrentado a polícia, mas tivemos de recuar para não sermos mortos. Era melhor estar preso do que morto, mas eu precisava sair dali. Precisava cobrar minha dívida com aquela delegada do caralho que tinha fodido com os meu planos.Eu devia ter imaginado que algo ia dar errado. Como não pensei em todos os detalhes? como? Ela não sabia o local que embarcaríamos. Eu não falei para ela o nome do aeroporto. Como a polícia descobriu aquilo? Um dos caras nos entregou?
Fazia muito frio.Tentei enxergar alguma coisa, mas estava tudo escuro e eu não conseguia me mexer. Minha cabeça pesava e meus olhos insistiam em se manter fechados.Há quanto tempo eu estava ali? Minha garganta doía, meu estômago roncava e eu não conseguia pensar com clareza. Estava silêncio e eu podia ouvir o som de animais lá fora.Tentei ordenar os últimos acontecimentos em minha mente. Eu fui sequestrada por aquele louco e seu comparsa.Aquele pesadelo começou quando eu tentei devolver a pasta para o escritório de Hilal e ele me pegou bem na hora que eu colocava a pasta sobre a mesa.— Ora ora, se não é a delegada xeretando o que não deve!Meu corpo gelou e eu me virei lentamente. Não era hora de enfrentá-lo ainda.— Estava procurando um papel para escrever algo...Ele se aproximou e pegou a pasta lentamente.Quando me olhou, senti um arrepio de medo. Algo me dizia que eu estava em apuros.— Então descobriu tudo hein, mocinha?Tentei me afastar lentamente.— Eu... preciso ir...E
Saímos do avião atropelando as pessoas em nossa frente e atravessamos o saguão do aeroporto, correndo em direção ao carro estacionado na garagem nos fundos. Pela primeira vez, o Rafael não sentou ao meu lado reclamando porque eu dirigia em alta velocidade, ele mesmo pegou as chaves da caminhonete e arrancou do lugar cantando pneus.Nem bem nos aproximamos do portão de casa, vi que algo estava errado. A Zaila andava de um lado para o outro no jardim e quando me viu, veio correndo em minha direção.— Leo meu filho, eles levaram elas!Meu coração ameaçava sair pela boca.— Levaram quem, Zaila? Onde está Alina?O Rafael segurou o braço dela com força.— Cadê a Sula?Zaila chorava e respirava com dificuldade.— A Alina sumiu faz dois dias e ontem o Sr. Hilal saiu com a Sula e não quis me dizer para estava levando ela.O Rafael deu um soco no capô do carro.— Dessa vez eu mato aquele desgraçado. Como você permitiu isso, Zaila?Eu peguei o telefone e liguei para um dos nossos amigos de emer
Hoje eu sairia daquela clínica.Não dava mais para esperar. Conferi os documentos em minha bolsa. O importante estava ali. Minha identidade e meu passaporte. Tinha sido uma mão de obra distrair a faxineira e conseguir pegar os documentos na sala da direção da clínica. Agora faltava o mais difícil: O dinheiro. Mas hoje meu plano daria certo.Era dia da Joane fazer depósito no Banco e infelizmente o dinheiro não chegaria ao seu destino. Não era minha pretensão roubar. Eu ia devolver um dia, mas agora eu precisava chegar a Turquia e aquele era o único jeito. O próximo passo era conseguir uma arma.Olhei para todos os lados e quando ela saiu do carro e entrou no escritório, eu passei lentamente ao lado do carro como se estivesse passeando pela clínica e rapidamente entrei no veículo, me escondendo agachada no banco de trás.Tudo tinha sido bem arquitetado e não daria certo se a louca da Vanusa não fizesse a parte dela.Esperei por quase uma hora, até vê-la aparecer na porta da clínica car
Estacionei o carro em frente ao Inter Continental Istanbul, an IHG Hotel, e olhei para o ponto piscando na tela do meu celular.— Ela está aqui.Fazia algum tempo que eu tinha pedido para o Rafael instalar um rastreador conectado ao relógio dela. Ela sabia, e foi instruída a não retirar nunca aquele relógio do braço. Nunca imaginei que fosse ser tão útil como naquele momento.A necessidade surgiu quando ela se perdeu na cidade, tentando chegar ao aeroporto para esperar o Rafael de umas das viagens ao Brasil e só a encontramos depois de horas de ronda com a ajuda da polícia.O Rafael me encarou nervoso.— E agora? O que faremos?Respirei fundo.— Vamos entrar e pedir um quarto. Precisamos ter acesso ao hotel e descobrir em qual quarto ela está.Nos dirigimos ao balcão da recepção e depois de muito insistir e com um pequeno incentivo financeiro, a atendente nos reservou um quarto alegando que o hotel estava cheio.O hotel era uma construção de dez andares e dentro do elevador o sinal do
O quarto estava em silêncio. Apenas ouvia-se o som do aparelho ligado acima da minha cabeça. Era um monitor, onde passava os números da minha pressão arterial e dos meus batimentos cardíacos. Marcava 130x90 e embaixo 89. Pelo que eu entendia estava tudo normal, menos em minha cabeça. Meu coração estava apertado e tudo que que queria era que Leonardo voltasse logo e dissesse que a Sula estava bem.O homem que ele deixou na porta, volta e meia me perguntava se estava tudo bem e eu procurei não pensar que estava em um quarto de hospital na Turquia, escoltada por um homem vestido de preto que não deixava muito a duvidar sobre como resolvia seus problemas.Por que Leonardo tinha me metido naquela enrascada? E por que eu não estava com a menor vontade de me afastar dele? Ao contrário, contava os minutos para estar de novo nos braços dele e parar de me sentir sozinha e desprotegida?Merda, Alina, você é uma delegada de polícia, acostumada a resolver tudo no grito, porque essa fraqueza agora?