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Capítulo 2 – A Festa dos Mascarados

A rainha Vitória enchia os olhos de emoção com a apreciação que tinha pelo teatro. Conheceu Aurora em belos palcos e teve o prazer de convidá-la para uma celebração na corte onde existiria uma festa de máscaras.

Aurora lhe foi apresentada como uma atriz de sucesso, estando entre as figuras mais famosas da Inglaterra. Ela estava com uma máscara dourada cheia de enfeites sublimes, ondulados, pareciam até deixam a aparência da máscara como uma armadura metálica; havia umas penas nela negras esverdeadas, lembrando as aves mais raras dos jardins de deuses da mitologia grega e a maquiagem de seus olhos brilhavam como a lua, lembrava purpurina carnavalesca. Suas vestes contemplavam o ar arrefecido da noite nos bosques mais densos, pois eram pretas. Aurora ainda que estivesse de luto, – com o seu isolamento social – deixara um pouco tudo um pouco de lado para viver a magia de um convite raro desses. Era preciso refrescar os dias com um baile, por causa de uma convocação da rainha.

Naquele salão silvestre do Palácio Real, decorado da forma mais pomposa e requintada, havia um tapete vermelho e cadeiras com detalhes grotescos em dourado e vasos floridos enfeitados de arabescos espalhados por todo o local, além de longas cortinas. Lá apareciam convidados consagrados pela Majestade e muitíssimo bem vestidos; ilustres presenças que deixavam os rostos cobertos pelas máscaras de diversos tipos de personagens – algumas mais extravagantes do que outras, algumas mais pálidas e outras mais coloridas, - e seus sorrisos à mostra. Era uma reverência ao ar de mistério criado pela folia.

Nos portões de entrada haviam soldados da corte, segurando lanças compridas e a bandeira da Inglaterra. Quando chegou a rainha, eles marcharam e tocaram bateria, alguns soaram trombones. Pareciam legítimos soldadinhos de chumbo numa doce sinfonia.

Plumas rodeavam cabeças de algumas figuras, da forma mais exótica possível. Algumas estavam mais sóbrias e deixavam um ar de curiosidade penetrar em seus olhares. Se fazia a pergunta de quem fantasiava mais as suas próprias ilusões, ou quem realmente estava lá para se revelar como ídolo da rainha. Era a vaidade se esparramando por alguns horizontes, engolindo muitas personalidades e derradeira se mostrava até como algo ridículo para os mais humildes.

A rainha Vitória queria ver grandes artistas, fazer o deleite cultural se estarrecer, criar uma tempestade de heróis que levassem seu nome ao auge, que pudessem apenas elevar o país à um patamar maior, com mais senso crítico e sensibilidade aflorada. Ela apreciava tanto a benevolência das artes que suspirava com seus ideias por um país mais bonito e cheio de deslumbre pelo mundo. 

- Querida, muito prazer em revê-la. – disse a rainha com entusiasmo. - Sou uma grande admiradora sua.

- Obrigada, Majestade. – disse Aurora se curvando à imagem da corte.

- Aurora, seu teatro é fabuloso, gosto muito das suas representações. Soube que é médium. Bem, que isso fique em secreto entre nós: eu gostaria de lhe pedir uma coisa, claro, se fosse de sua vontade fazê-la. Por favor, quero que me acompanhe até minha sala particular. Precisamos ter uma conversa fechada. Prometo ser breve.

Após entrarem na sala, saíram alguns súditos e a conversa ficou em secreto:

- Minha cara Aurora Morwenna. Você é minha convidada por um motivo realmente especial, mas não é só pela arte que vim lhe chamar para falar comigo. Preciso que tenha uma missão, não só pela Inglaterra, mas pelo mundo inteiro. Sou muito curiosa à respeito desses assuntos... Mas quero deixar isso em secreto para que não se cause nenhum transtorno demais nos jornais, pois sabemos os escândalos que poderiam surgir e más interpretações de meus feitos pelo país. – ela olhou com seriedade para a senhorita e continuou a fala. - Eu tenho um convite para lhe fazer... Tenho ouvido em muitas reuniões, pessoas do mundo todo falando de manifestações misteriosas em todos os lugares do mundo... A verdade é que não sei bem o que fazer... Não sei nada sobre isso, mas me houve uma dúvida cruel que me deixou com a mão no coração...

-  Bem, pode dizer, Majestade, eu a respeito e faço o que puder para servir a pátria. – disse a dama com humildade e respeito à rainha.

- Que bom Aurora. – respirou com uma leve pausa. – Bem, eu tenho que lhe confessar que eu só sinto um certo medo...

- Medo? Do quê Majestade?

- É a minha reputação... Não sou uma pessoa fria... Sou uma pessoa caridosa. Eu me importo em ajudar... Mas eu temo que no final de tudo, um veneno seja criado e derrubado por todos os cantos... Eu não quero ser pessimista, mas o que importa é que você aceite o meu pedido.

- Pode pedir. – disse Aurora convicta.

- Bem, a questão é a seguinte: gostaria que você se tornasse investigadora paranormal da corte inglesa. Você receberia cartas do mundo todo e viajaria para locais distantes para resolver esses casos de mistério sobrenatural. Há muitos me pressionando para que alguém possa fazer isso no meu lugar e eu a escolhi para me representar. Só não é preciso que se saiba sua verdadeira identidade, para evitar possíveis problemas futuros.  

- Obrigada Majestade, para mim seria uma honra servi-la dessa forma. Mas eu temo um pouco sair assim do meu país e atender outras pessoas desconhecidas de outras partes do mundo... – dizia Aurora tentando arrumar alguma desculpa para não se curvar ao pedido da rainha.

- Ah, eu que agradeço, a honra é toda minha, Aurora. – disse a rainha - Mas não deixo de imaginar que você seria a pessoa ideal para esta missão... Acredito que não a escolhi por acaso. A minha intuição não é falha... – sorria Vitória, tentando convencer a dama.

- Obrigada Majestade. - sorriu a senhorita Morwenna.

- Mas por favor, prometa que vai pensar melhor na ideia. Precisamos de alguém como você, querida. – dizia Vitória, ainda confiante de que a senhorita pudesse mudar a sua forma de pensar.

- Sim, rainha. – se curvava a jovem.

A rainha lhe deu as mãos como forma de agradecimento. Naquele instante Aurora sentiu uma energia pulsante, como se viesse de um calor humano, uma forma de abraço em sua alma, pois sentia que a rainha realmente precisava de sua confiabilidade, e mesmo que não fossem amigas tão íntimas, ela se sentia legítima por ter sido escolhida para servir à Inglaterra, já que amava também ajudar aos demais.

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