Lord Pierre naquela tarde de uma primavera surreal, intensa e acolhedora, fazia um convite à sua querida amiga Aurora para tomar um chá em sua casa e apreciar boa música.
Ele queria que ela se sentisse bem, pois sabia o que ela sofria. Pierre se colocava no lugar dos outros, se importava com os sentimentos alheios e apenas desejava o bem por onde quer que passasse.
Com aquele convite, Aurora se sentiu lisonjeada e levou algumas partituras para tocar piano. Eles costumavam tocar músicas clássicas e outras bem animadas.
O vento sussurrava vozes indecifráveis. A corrente do ar se desfigurava com o frescor das flores, como se fosse um pedaço cintilante da lua que transpassasse corpos celestes. O orvalho cristalino invadia suas narinas. Não era uma tarde triste, pelo contrário, havia mais ânimo ali, era algo animado.
Eles pintavam alguns quadros juntos, faziam poesias e deixavam o lado da alm
Avistei um coelho branco pulando perto de minha casa, tocando a superfície do solo com maestria, de forma graciosa; e eu o seguia com meu volante entusiasmo; e as aves escuras, preenchendo a minha vista, contornando o verde pálido, buscavam as sementes caídas do solo para se alimentarem no alto das torres das árvores; enquanto o bosque descansava, em meio ao céu rosado, sendo protegido pelo brilho do sol, suplicando por ternura e por paz sem juízo; e então minha luta, cravada no ínterim mais sutil da minha vida, não se deixando levar pelas árduas derrotas, temendo o fim do mundo, substituindo a miséria das serpentes, me guiava até um local precioso, mais parecido com um humilde santuário, que me serviria de abrigo. Lá no bosque, encontrei uma fonte abandonada, seus ornamentos se espelhavam na folia celeste. Os musgos tomavam conta dela e se tornavam sua preferida paixão.N
“Nos tornamos dignos de escalar até reinos que nunca sabem o que chorar”. – Boccaccio.“Eu atravessei o mundo e não era para lhe ver novamente” – pensou Aurora. “Onde está Anna-Katharina Fiedler, a remetente da carta? Será que desapareceu?”- Vamos, vamos, não quero que perca o espetáculo que temos no parque. – disse uma senhora cujo nome era desconhecido até então. Sua aparência era jovem, audaz, talvez saudável, mas não tinha nada de assustador na figura humana.- Bem, qual é seu nome?- Nossa, não estamos tão atrasadas assim. Desculpe querida, permita-me que eu me apresente: sou aquela que lhe enviou a carta. Fico feliz com a sua presença, até acredito que vai ficar muito s
Eu sempre vejo o que faz bem para minha pele. Uso minha sombrinha, pois quero me proteger do sol. Desde que consegui me elevar de uma luz falsa, eu tracei meu caminho: eu não tenho funcionários para me acompanharem nessa viagem. Eu vi o meu boneco mumificado: meu filho falecido. Tenho tanta saudade dele.... É algo indescritível. Por isso há sempre uma frase repetindo na memória: “Dê-me um sinal, abra-me um caminho de luz”.Meu bonequinho tinha rosto pálido de morte e eu às vezes tinha medo que ele sumisse daqui de casa, mas com graça está tudo certo. Eu vivo sonhando comigo mesma cavalgando em um unicórnio. Acho que essas criaturas são tão dóceis e mágicas, quem sabe eu mesma escreva meu próprio conto de fadas um dia e que ele se torne real.Querida Aurora,Venh
“O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida e o homem se tornou um ser vivente” (Gn 2:7).Fui até onde pude, mas eu não conseguia reunir tudo que eu tinha feito em minha memória. Isso me fazia me embaraçar ao falar com as pessoas. Não é qualquer um que é especial, assim para me entender. Como poderia nevar como antes? Como eu poderia ver bosques antes vermelhos ficarem verdejantes? Como eu poderia assegurar que eu vi uma sereia segurando uma criança em seus braços? Como isso ficaria para os outros? Quem era a criança perdida? Como ela pode se desfazer em areia, como se fosse de barro? Eu pensei: acho que nos transformamos em barro, em pó, ao falecermos.Eu pensava o tempo todo no que significava o lobo e a moça de branco, e só pensava que poderia ser apenas um aviso prévio de morte,
Em meio ao mar, num barco, sentada na proa, eu remava até uma ilha desconhecida. Nenhum pé havia pisado nela antes. Sem mapas do tesouro, num caminho incerto e imaginário, eu ia, mas para encontrar relíquias. Os espíritos me acompanhavam.Enquanto remava me via em estado de transe; avistei animais selvagens correndo velozes pela beira da praia. O lugar longínquo e deserto queria me contar uma história para descansar; era o clamor do destino que me aguçava os sentidos: dessa forma eu sentia que algo bom estava para acontecer, de forma bruta e suave para me retirar do buraco de sentinela em que eu já havia caído.O contraste das ondas azuis me guiavam e as águas pareciam mais mornas do que de costume. E eu, ia com coragem, sem estar paralisada de medo, nem embriagada pela ternura dos recifes de corais e peixes nadando... Eu via aquelas águas batendo nas rochas, fazendo o seu cantar puro,
Aurora recebe uma carta distante de uma das pessoas que havia atendido há muito tempo. Era comum falarem sobre casas mal-assombradas, ainda mais os jornais da época divulgaram lugares que eram impropríssimos para entrarem depois de certas manifestações sobrenaturais:Srta. Aurora Morwenna,Queremos agradecê-la por ter vindo até nós. Felizmente depois da expulsão de prováveis entidades que pairavam sobre nossa casa, tudo ficou mais calmo e em paz. Bem, não temos culpa destes problemas terem nos afetado tanto, somos humanos para errarmos, e muitas mentiras e ilusões são criadas sobre operações paranormais; mas sabemos que estiveste aqui para nos ajudar e por isso escrevemos como forma de gratidão. Obrigada.Kellen Tupiassa – Àfrica.
Aurora pega um bico de pena e nanquim e começa a escrever com carinho para seu amigo:Querido Lord Pierre,Vós dizeis que a aventura pela selva é arrebatadora para se tornar uma viagem inesquecível ao centro do cosmos. Vós dizeis que vale a pena lutar por algo em vida, um propósito, uma busca por um destino que se trace ao longo do tempo, perto das praias onde nos perdemos um pouco para ver como a brisa é fresca.Vós dizeis que se perdermos o amor, nada temos pelo que viver. Vós estais certo, de alguma forma em muitas poesias e é então que o dia amanhece mais claro.É preciso querer viver os ensinamentos, não só testemunhar a existência. Vós dissestes: “Deus abençoe” e o eco dele se alastrou pela atmosfera.
De quem era a música indígena? – perguntava-se Aurora. Provavelmente era de algum Xamã que vivera na vila sagrada.Então talvez ele me leve a outros mundos espirituais... E talvez eu mergulhe em outros reinos sobrenaturais para me encontrar de novo.Aos poucos ao olhar o chão, vê pegadas na terra, e escuta um som baixinho que a conduz a uma vila.“Será que entrarei em transe?” – perguntava-se Aurora.Entrou no matagal e sentiu o orvalho das plantas, o que era maravilhoso. E lá havia uma cerimônia indígena xamânica. Aurora pede licença para sentar-se com eles em algumas pedras em torno de uma fogueira. Ficou ali e viu-os prepararem uma bebida sagrada, igual ao que seu ex-esposo tomara. Os índios disseram que era para espantar os espíritos ruins de perto para deixar uma luz branca tomar conta da alma. Tratava-se de uma cura ancestr