- Acho que não, Gabe.
- Irá se arrepender, Olívia.
- Você já disse isto! – Ela provocou.
- Falo com relação também a Jorel.
- Sempre se achou melhor que eu, não é mesmo, Gabe? – Jorel me fitou, com o sarcasmo visível em seu rosto – Olívia pode até não me conhecer o suficiente, mas conhece você. Então... Não é muito difícil fazer a escolha, não é mesmo?
- Por favor, chuchu... Não vá! – Pedi numa última tentativa.
- Tantas vezes pedi que você ficasse na nossa casa, Gabe. E nunca me ouviu.
Afastei-me, deixando que Olívia entrasse no carro do meu irmão. Foda-se! Ela que se ferrasse ao descobrir quem era Jorel de verdade. Meu irmão posava de bom moço, mas era um bêbado que não dava valor ao dinheiro, um irr
Enquanto Jorel dirigia a máquina potente que chamava de carro, eu seguia em silêncio. Por mais que soubesse que Gabe merecia tudo aquilo, era dolorido, já que eu o amava. Então sempre que ele sofresse, eu sofreria junto.Desde o início imaginei que aquela comemoração do aniversário dele não fosse dar certo e que Gabe tivesse planos por trás. Mas não pensei que fossem envolver, por exemplo, minha irmã Rita, que veio de tão longe porque eu pedi, para que pudéssemos nos encontrar pessoalmente depois de tanto tempo.Há quanto tempo Gabe stalkeava minha família? Seria realmente só o fato de meu pai ser o dono da Concessionária Abertton na qual houve o acidente o motivo de ele querer se vingar? Para mim aquilo não era o suficiente para tanta raiva.Pelo menos Gabe se abriu comigo e contou a verdade, o que achei que nã
Enquanto Jorel freava bruscamente, segurei-me na porta do carro, percebendo o automóvel dando um giro no chão e parando exatamente na frente de uma lanchonete, na beira da estrada.- Está com fome? – Perguntou.Assenti, esperando que ele abrisse a porta do carro para me dirigir ao interior do lugar.A lanchonete era pequena, mas aconchegante. O ambiente era climatizado e haviam poucas pessoas. Aproveitei que não tinha ninguém me controlando e pedi meu prato favorito: creme brulée.Infelizmente não serviam o doce à base de açúcar. Então pedi uma fatia de torta e chá. Ainda estava imersa em meus pensamentos quando vi o copo de uísque na frente de Jorel.Meus olhos levantaram e encontram os dele, que me analisava, sorvendo lentamente o líquido âmbar.- Como consegue beber uísque esta hora do dia? – Questionei, lembrando sob
- Costumo beber bastante, Olie. Não se preocupe que não ficarei bêbado.Uma garota se aproximou da mesa e sorriu, entregando um guardanapo para Jorel, saindo logo em seguida. Fiquei curiosa ao vê-lo abrir, o sorriso dançando em seus lábios, deixando-o ainda mais atraente.- E então? – Perguntei, curiosa.- Alguém quer me encontrar no banheiro.Fiz careta:- Você não vai, não é mesmo?- Depende... Quer ir comigo? Desta forma posso recusar o convite da moça.- Você nem sabe se quem ela é... – Aleguei – E se for uma ladra? Se ela o assaltar? Estamos no meio do nada, num lugar que não é como os que frequenta.- Ela tem uma boceta! – ele levantou os ombros, pouco se importando com quem quer que quisesse ser comida.Homens e suas manias de pensarem com o pau antes de tudo!- Eu goste
POV GABEEu estava na minha casa, com o telefone na mão, incerto sobre mandar uma mensagem ou não para Olívia. Mas sabia que mais cedo ou mais tarde teria que fazer aquilo, para perguntar o que ela pretendia fazer. Sem contar que eu havia deixado o relógio no quarto dela na noite anterior e precisava dele. Ela já tinha o vendido uma vez e eu não sabia se tinha algum motivo para não fazer aquilo novo.Decidido a perguntar se ela já estava em casa, fui digitar seu nome e abri sem querer uma página na internet, sentindo o mundo cair sobre a minha cabeça. A primeira notícia com que me deparei foi a seguinte: “Jorel Clifford e acompanhante sofrem acidente em Ferrari”.Levantei, atordoado, sentindo as pernas trêmulas e liguei imediatamente para... Ingrid. Me dei em conta de que eu não tinha o número de telefone de ninguém da família de Olívia. Se ela e meu irmão estavam no hospital e impossibilitados de atender o telefone, se não através da minha secretária eu não tinha como contatar ningué
Quando vi Rael e Aneliese entrando na sala, respirei com mais tranquilidade, a tensão se dissipando um pouco. Minha irmã veio na minha direção rapidamente e me olhou:- Como ele está?- Quebrou uma perna e teve alguns ferimentos. Mas não vai morrer! – expliquei – Como você soube?- Pela imprensa... Porque você não foi capaz de me avisar. – Já me acusou, sem saber a verdade.- Ele não está morto.- “Ele” é meu irmão! Eu me preocupo com Jorel. Esqueceu que praticamente o criei? Ele é como um filho para mim.- Ok, vou reformular a frase: Seu “filho” não morreu.- Você é um idiota, Gabe! – Ela saiu furiosa, indo cumprimentar os parentes de Olívia.Rael me olhou de soslaio e deixou Rita, vindo falar comigo:- Eu... Sinto muito!- Por ter levado todos os Abertton no seu carro exceto minha esposa, o que fez com que ela pegasse carona com o meu irmão filho da puta ou pelo fato de ter me traído da forma mais vil que poderia?- Gabe, você não pode culpar todos os Abertton pelo que houve no seu
- O que houve, Jorel? O que o fez perder o controle do automóvel? – Aneliese quis saber, certamente trocando de assunto para amenizar a situação.- Um animal cruzou a pista.- E por que vocês ainda estavam naquela altura do trajeto? Por que demoraram tanto? Estava na porra de uma Ferrari e Rael chegou anos luz antes de você.- Paramos... – abaixou o olhar – Para... Comer...- Comer o quê? – tentei avançar nele, sendo contido por Aneliese, que se pôs entre nós.- Certamente não foi a sua esposa! – ela me falou entredentes, recriminando-me – Ele é o seu irmão, Gabe! Poderia ter morrido.- Não, ele poderia ter matado a minha esposa.- Chega, Gabe! – ela alterou a voz.- Aposto que pararam para comer e você bebeu! – Acusei.- Ele não faria isto! – Aneliese disse com certeza, enquanto Jorel suspirava de forma tão forte que deixou claro que ela estava enganada.Eu ri, com sarcasmo:- Pelo visto você não conhece o seu “filho” tanto quanto eu.- Jorel, me diga que você não fez isto!- Foi só.
Tentei argumentar, mas não teve jeito: eu teria que receber Jorel na minha casa. Não fui vencido só pelo cansaço, mas também porque queria sair o mais rápido possível dali para ver como Olívia estava.Certamente Olívia quereria ficar na casa dos pais e dar fim ao casamento depois de tudo que houve. E embora eu tivesse pensado em inúmeras maneiras de convencê-la a não me deixar, não consegui achar nenhuma boa o bastante. Então decidi que na hora pensaria em algo... Nem que fosse a porra de uma nova chantagem.Enquanto não a convencia, Jorel poderia ficar na mansão Clifford. Eu contrataria alguém para cuidá-lo.Depois de todo tempo que fiquei com Jorel, saí e Ernest ainda não tinha deixado o quarto de Olívia. Quando ele chegou na sala, me avisou:- Ela... Espera por você.Espera? Aquela simples palavr
Eu estava tão envolvido por aquela mulher que ficaria satisfeito de tê-la ao meu lado mesmo que fosse amarrada. Porém não queria ser ignorado, como ela fazia naquele momento. Como fazer os olhos de chuchu brilharem de novo? Ela sequer deu um sorriso para mim, daqueles que faziam o mundo todo fazer sentido só porque eu via seus dentes e sua alegria num dia em que nada havia de especial, mas se tornava simplesmente incrível porque ela existia.- A levarei para casa. – Deixei claro.Porra, e Jorel? Não, eu não poderia deixar os dois sob o mesmo teto. Eu não tinha vocação para corno! E não era? Olívia já não tinha beijado o meu irmão? A porra da minha mulher beijou o filho da puta do meu irmão, que depois a levou embora, afastando-a de mim, causou um acidente e eu estava ali... Implorando internamente para que fosse perdoado... Pelo beijo que “e