A parte da justificativa por parte do laboratório eu já sabia: a medida citava mudanças no portfólio devido aos desafios globais na cadeia de suprimentos de medicamentos, que impactavam diretamente o fornecimento de insulinas mundialmente. E orientavam os pacientes afetados a buscarem "alternativas terapêuticas, conforme orientação médica.
Enquanto eu lia tudo atentamente, uma mulher morena entrou na sala e cumprimentou Ingrid, sem sequer olhar na minha direção. Era alta, magra, tinha a pele clara e cabelos castanhos, assim como os olhos, num tom puxado para o mel.
- Ele está em reunião? – Perguntou para Ingrid, apontando para a porta de Gabe.
- Não, ele já atendeu o cliente e espera por outro, mas isto será em torno de – olhou no relógio – Vinte minutos. Irei anunciá-la. – Ingrid levantou-se.
- Não, nã
- Não iremos jantar na sua casa, Aneliese. – Gabe foi enfático.- Por favor, Gabe! – Pedi, com as mãos em prece – Prometo me comportar.- Você não sabe o que é se comportar, Olívia.- Não trate sua esposa como uma criança porque ela não é, Gabe – Aneliese o criticou – Espero vocês às 19 horas na minha casa para o jantar.- Estaremos lá, cunhada! – Garanti, dando pulinhos de alegria enquanto deixava a sala para que os dois pudessem conversar à vontade, seja lá o que tivessem para tratar na empresa.Gabe não havia confirmado que iria para o jantar, mas que mesmo que se negasse, eu iria. Afinal, o convite era para mim também. E eu queria muito conhecer a família Clifford. Seria Aneliese solteira? Provavelmente sim, porque no casamento eu não lembrava de tê-la visto acompanhada.Voltei para o computador e perguntei, só para ter certeza:- Precisam que eu faça algo para ajudar?- Não! – Ingrid reiterou, com cara de poucos amigos.Eu não a atrapalhava em nada, já que ficava quieta na minha
Estava na hora de Gabe assumir seus objetivos e ir em busca da sua tão desejada vingança. E de eu me preparar para o que vinha por aí, que certamente me atingiria em cheio.Almocei sozinha num restaurante próximo da empresa. Refeição balanceada e nutritiva. Depois voltei para o trabalho sendo a terceira secretária, um cargo que sequer existia, fingindo que fazia algo útil a Clifford quando na verdade eu fazia algo útil a mim mesma.A insulina NPH, além de ter baixo custo, era fácil de ser encontrada em qualquer farmácia e drogaria. No entanto foi tirada do mercado pela Clifford. E isto mudou a vida de muitas pessoas, tanto na questão financeira como na de ter que buscar outras alternativas terapêuticas. Eu era esposa, mesmo que por tempo limitado, do CEO da maior fabricante de medicamentos do mundo. Se não fizesse algo pelas pessoas que tinham a mesma doença que eu, qual seria meu propósito de vida? Por que o destino me pôs ao lado de Gabe Clifford se não para isto?Encerrado o meu ex
Ficamos sem falar nada até a chegada na casa de Aneliese Clifford, que até aquele dia eu nem sabia da existência. O local era luxuoso, como tudo que envolvia Gabe. Tinha uma área externa gigantesca e a casa era enorme, mas graciosa, com cara de um lar de verdade.Fomos recepcionados por uma governanta e avistei um playground próximo, o que me fez ter certeza de que Aneliese tinha filhos, ou não teria aquilo no quintal.Assim que acessamos uma segunda sala de estar, vi uma garotinha com um vestido rosa cheio de babados correndo na direção dele. Gabe abriu os braços e a agarrou com força, abraçando-a e depois jogando-a para cima enquanto ela gritava de felicidade. Percebi que eu estava sorrindo, percebendo que o meu marido tinha um coração, embora não batesse por mim.- Tio Gabe! Tio Gabe! Você veio! – Ela o abraçou novamente, agarrando-se a ele como um sagui.Aneliese apareceu junto de um homem que supus que fosse seu marido. Ela estava vestida elegantemente e ainda mais bonita do que
Eu proporia que primeiro brincássemos de pega-pega naquele lugar onde não havia perigo algum de se machucar. Mas antes que pudesse dar minha ideia, Rarith já estava pegando as peças e jogando no chão.- Eu gosto de montar castelos.- Acho que sou boa nisto. – Falei, incerta.Deitei-me no chão, de bruços, e comecei a ajudá-la a montar o castelo.- Tem bonecas para serem as princesas? – Perguntei.- Sim. Tenho muitas bonecas.A porta se abriu e Gabe escorou-se, nos observando.- Quer brincar, tio Gabe? – Ela perguntou.- Venha, Gabe... Eu monto e você encaixa. – Pisquei.Gabe imediatamente ficou com as bochechas ruborizadas. E aquilo foi tão, mas tão fofo, que eu quase levantei dali e pulei no seu colo, enchendo-o de beijos. Claro que junto da minha alegria tinha também o fato de Rarith, minha rival, ter quatro anos. E eu não me importava nenhum pouquinho de ela ficar com toda a fortuna do meu marido, no testamento. E nem que ganhasse brinquedos incríveis que a secretária dele mandasse
Foi quando senti uma mão na minha perna. Meu coração acelerou e fiquei imóvel, feito uma estátua. Os dedos deslizaram pela minha meia calça, indo em direção à minha parte mais íntima. Imediatamente fechei-as e olhei para Gabe, que mantinha suas duas mãos sobre a mesa, gesticulando com Rarith.Levantei-me num impulso, fazendo com que a cadeira caísse no chão, todos os olhos voltando-se para mim.- Eu... Preciso ir ao banheiro. – Saí correndo dali.Por sorte eu já sabia o caminho, mesmo que fosse do toalete mais distante. Assim que entrei no cômodo, fechei a porta e senti as lágrimas descendo pelas minhas bochechas.Que homem nojento! Só pelo fato de os olhos dele estarem passeando pelo meu corpo eu já me sentia suja.Olhei-me no espelho e limpei as lágrimas.Por que, Gabe? Por que você contou para todo mundo? Por que odeia tanto assim a minha família? Agora eu entendo o motivo pelo qual não quer assumir para todos que sou sua esposa. Tem vergonha do meu passado. Ou simplesmente sabe qu
POV OLÍVIAQuando acordei naquela manhã tinham várias mensagens no meu celular:Número desconhecido às 00:34: Você já dormiu? Número desconhecido às 01:29: Você está bem?Número desconhecido às 03:03: Tomou seus remédios? Número desconhecido às 04:01: Rarith adorou você. Fiquei feliz.Número desconhecido às 04.55: Não esqueça de colocar o alarme do celular para despertar, pois não pode se atrasar. Número desconhecido às 06:00: Acabei de falar com a nova cozinheira e ela me disse que fez um curso de Smoothies com baixo índice glicêmico e começará a fazer para o seu desjejum. Me flagrei sorrindo enquanto digitava:Olívia: Com quem estou falando?Ol&
Eu ri:- Uma fera nunca recua.- Não sou uma fera, Chuchu! E você não parecia ter medo de mim quando casamos.- Realmente não tenho medo “de você”, Gabe. Mas tenho medo “por você”. Não quero que se machuque.- Não vou me machucar. Eu não tenho um coração, meu Chuchu!- E eu sou boa o bastante para deixar o meu bater e fingir que não existe dentro de mim.- Não torne isto uma disputa de egos, porque não é.- Sei que é uma vingança. Meu pai o alvo e eu a flecha.- Aceite que dói menos.- Ok, eu aceito uma trégua. Mas depois não diga que não avisei, Gabe. Quando isto acabar, você não saberá mais viver sem mim.- Vamos aproveitar enquanto dura. Se não temos coração, nenhum de nós se magoará, n&atild
POV GABETer uma mulher completamente nua sobre a minha mesa de trabalho era uma coisa que nunca esteve nos meus planos. Sempre fui muito focado na empresa e em tudo com relação a ela, sempre levando com seriedade e nunca misturando com prazer.Mas também nunca planejei casar com a mulher do homem que eu mais odiava. No entanto ela estava ali, tão linda, tão frágil, implorando por mim. E droga... Eu não resistia ao seu corpo que parecia mexer com cada célula do meu, como se tivessem nascido em simbiose e precisassem estar conectados para que eu pudesse me sentir vivo de novo.Passei a mão vagarosamente sobre a pele de Olívia, sentindo a maciez e delicadeza. Era morna. Seu gosto era doce. E um perigo para minha sanidade e planos. Chuchu era a forma de eu atingir meu maior inimigo. E ao mesmo tempo a única coisa que poderia me destruir.Imaginei minha vida sem ela. E caralho, que porra de vida vazia e sem graça. Aquela garota exalava sexo, vivacidade, luz, alegria e tudo que eu não via