As ruas de Nova Iorque eram exatamente como os filmes retratavam. Os altos prédios exalavam poder. A cidade iluminada tinha boas vibrações. Os sons noturnos chegavam a ser agradáveis. Na cidade que nunca dorme, quanto mais tempo as pessoas tivessem para apreciarem a vista, mais bonita ela pareceria.Em um daqueles arranha-céus, na cobertura, ficava localizado o escritório da Banks Enterprise. A empresa de tecnologia avançada tinha ramais em várias áreas; construção civil, telecomunicações, ações, entre outros. A marca registrada do sobrenome era a inovação.O escritório era moderno, decorado com cores fechadas como preto e cinza. As janelas estavam sempre abertas, porém as persianas deixavam explícito que o ambiente poderia ficar ainda mais privado.Os únicos pontos de cor no recinto eram os vasos de Cicas, e os quadros de pinturas abstratas nas paredes. Algumas superfícies eram em mármore, como a bancada da recepção ou as mesas, outras eram de madeira de Carvalho.Ethan Banks analiso
Blair usava um vestido vermelho sanguinário, com decote generoso e abertura nas laterais. Era a personificação da sensualidade, ou da libertinagem; isso dependia da mente de quem a visse. Sobrava muito pouco para a imaginação, já que todas as linhas de seu corpo estavam à mostra.Enquanto ela caminhava por entre as pessoas, atraía tantos olhares que seria impossível dizer que não era a mulher mais atraente do local. Não tratava-se de beleza, de um rosto simétrico ou de um corpo curvilíneo. Era a confiança dela. Era a certeza de que conseguiria o que quisesse, e quem quisesse.Justin Clark estava logo atrás da mulher, e ele não incomodava-se com a posição. Eles seguiram até o centro da pista de dança, exatamente sob o lustre. O ambiente era sofisticado, como qualquer outro lugar que os filhos de pessoas milionárias frequentariam. A decoração era composta por paredes de vidro e sofás de couro. Se não fosse pela música alta e meia luz, não pareceria um clube.Haviam alguns sofás espalhad
- "Se eu fosse suficiente, você não estaria me tratando como um negócio. Eu valho mais do que um papel, Banks"- "Eu nunca discordei. A questão é que você ignora toda a segurança que um contrato nos garante"- "A segurança de que você estará livre para me substituir a qualquer momento? Não, obrigada, eu dispenso"A troca de olhares era intensa, porém muito confortável e pacífica. Era como se eles encontrassem um no outro a paz que jamais tiveram antes. Blair sabia que Ethan era alguém quebrado. Um coração machucado reconhecia o outro.- "Angel, eu não posso ceder em todos os aspectos" Ethan deslizou os dedos pelo cabelo de Blair novamente, usando o movimento como subterfúgio para continuar tocando ela.- "Você não precisa ceder. Existem mulheres como Mariah Donovan, que usariam a língua para limpar o chão sob seus pés. Você não precisa da minha assinatura" aquelas palavras eram amargas na língua de Blair, mas não deixavam de ser verdadeiras.- "Você está errada"- "Você gosta do desaf
14 anos antes...Por aqui, todos os cômodos são escuros e as janelas estão sempre fechadas. As pessoas dizem que somos uma família, mas não sei se consigo me sentir em casa. Têm muitas crianças, muitas crianças. Tem mulheres mais velhas, todas usam roupas brancas e parecem ser enfermeiras. Eu não gosto delas, elas não me tratam bem e têm cheiro de naftalina.Eu passo a maior parte do dia no quarto. Muitas meninas ficam no quarto. Todas nós temos camas não muito confortáveis e dividimos as roupas. É engraçado, porque as vezes visto um vestido que não me serve. As mulheres que cuidam de nós dizem que é normal, que não tem problema. Elas são como babás, eu acho.Às vezes, eu ouço as conversas que as adultas têm. Elas falam sobre mim, sobre como meu psicológico deve ser abalado. Não sei exatamente o que isso significa, mas sei que tem relação com a morte da mamãe. Elas acham que eu estou triste. Na verdade, todos agem como se eu fosse diferente. Todos sabem o que aconteceu comigo.Mas eu
Jean Collins era um homem muito sociável, mais do que a maioria das pessoas estava disposta a ser. Ele gostava de almoços, conversas banais, muitas amizades e nunca, nunca estava sozinho. Jean era um inimigo assíduo da solidão. No fundo, o homem tinha medo do que o esperava quando ele estivesse longe dos olhos de outras pessoas. Ele temia os próprios demônios.Naquela tarde de domingo, em específico, ele estava finalizando as gravações de sua minissérie. Os atores já haviam terminado suas cenas, e estavam todos contentes com o resultado. Haveria uma comemoração em um bar da cidade, para encerrar o último dia de gravação com chave de ouro.- "Muito bem, pessoal. Eu estou feliz com o resultado" Jean disse.Como um bom diretor, ele sempre elogiava as pessoas com quem trabalhava. No fundo, Jean acreditava que todos tinham uma chama dentro de si, e esta chama precisava ser alimentada constantemente.- "Eu estou feliz" Drake murmurou, juntando as mãos em um sinal atípico de empolgação.Com
Ethan vestiu uma jaqueta de couro preto antes de abandonar o quarto. No corredor daquele andar, havia apenas um casal alterado, trocando beijos e toques aleatórios enquanto tentavam encontrar um quarto. Ambos estavam bêbados demais para notarem a presença de Ethan no corredor escuro, e continuaram cambaleando pelo espaço. O homem não importou-se com a cena, pois ele sabia que aquelas eram coisas comuns em festas, principalmente as que enchiam uma mansão.Ethan desceu a escada, e parou no primeiro andar ao ver a sala repleta de pessoas. E então, só então, ele percebeu que tinha mais convidados do que sua paciência era capaz de suportar.No fim, a solidão havia abraçado sua alma de maneira irremediável. Nem toda companhia do mundo mudaria a alma do homem. O dinheiro não compraria sua felicidade. Por um lado, Ethan sentia-se estúpido por precisar fugir, por não conseguir lidar com uma centena de pessoas.Ele desceu os degraus rapidamente, antes que alguém pudesse lhe reconhecer. A quanti
Ethan estava de bruços, literalmente no meio da cama. Ele virou-se, com certa dificuldade, pois sentia seu corpo com o dobro do peso. Ethan encontrou Blair encostada na porta do quarto, com uma caneca fumegante em mãos, vestindo a mesma camisola da noite anterior. Os fios ruivos estavam presos em um coque improvisado, mas ela não estava menos atraente.- "Está tarde?" Ethan colocou uma das mãos sobre os olhos, para proteger sua visão da luz do sol.- "São nove da manhã"Blair analisou com cautela a postura do homem em sua cama. Ele ainda estava completamente vestido, da mesma forma que havia chegado em seu quarto. No fundo, ela tinha medo de que a reação dele fosse como sempre. Ríspido, frio e distante. Diferente de tudo que fora na noite anterior.- "Eu devia estar em Nova Iorque desde às sete" ele reclamou.- "Eu teria acordado você, mas não sabia"- "Por que você está distante? Vem aqui" Ethan permaneceu com a mão sobre os olhos, porém o convite foi mais do que sincero.Blair deixo
E então, só então, Blair realmente o viu. Aqueles fios de cabelo loiros, os olhos castanhos amarelados. David era um homem, não mais um garoto da faculdade. Ele parecia estar maior, com mais músculos em seu corpo. Mas a essência; a essência do homem não havia mudado. Ele caminhou até Blair, especialmente até ela, e não hesitou antes de abraçá-la.O contato foi estranho, no início. Não foi ruim, foi diferente. Muitas coisas haviam acontecido desde a última vez que David tocou Blair. Eles tinham uma relação, ou algo do tipo. A verdade era que aquele homem amava a ruiva como seu pulmão amava o oxigênio, mas nunca fora correspondido como gostaria.Blair abraçou David, ou Davis, como ela costumava dizer. Ela suspirou contra o tecido do casaco dele, sentindo uma sensação desconhecida lhe atingir. Naquele instante, ela desejou do fundo de seu coração poder voltar no tempo e não ferir os sentimentos do homem.- "Eu senti sua falta" ele sussurrou.Blair ouviu aquelas palavras, e deixou que ela