Ethan vestiu uma jaqueta de couro preto antes de abandonar o quarto. No corredor daquele andar, havia apenas um casal alterado, trocando beijos e toques aleatórios enquanto tentavam encontrar um quarto. Ambos estavam bêbados demais para notarem a presença de Ethan no corredor escuro, e continuaram cambaleando pelo espaço. O homem não importou-se com a cena, pois ele sabia que aquelas eram coisas comuns em festas, principalmente as que enchiam uma mansão.Ethan desceu a escada, e parou no primeiro andar ao ver a sala repleta de pessoas. E então, só então, ele percebeu que tinha mais convidados do que sua paciência era capaz de suportar.No fim, a solidão havia abraçado sua alma de maneira irremediável. Nem toda companhia do mundo mudaria a alma do homem. O dinheiro não compraria sua felicidade. Por um lado, Ethan sentia-se estúpido por precisar fugir, por não conseguir lidar com uma centena de pessoas.Ele desceu os degraus rapidamente, antes que alguém pudesse lhe reconhecer. A quanti
Ethan estava de bruços, literalmente no meio da cama. Ele virou-se, com certa dificuldade, pois sentia seu corpo com o dobro do peso. Ethan encontrou Blair encostada na porta do quarto, com uma caneca fumegante em mãos, vestindo a mesma camisola da noite anterior. Os fios ruivos estavam presos em um coque improvisado, mas ela não estava menos atraente.- "Está tarde?" Ethan colocou uma das mãos sobre os olhos, para proteger sua visão da luz do sol.- "São nove da manhã"Blair analisou com cautela a postura do homem em sua cama. Ele ainda estava completamente vestido, da mesma forma que havia chegado em seu quarto. No fundo, ela tinha medo de que a reação dele fosse como sempre. Ríspido, frio e distante. Diferente de tudo que fora na noite anterior.- "Eu devia estar em Nova Iorque desde às sete" ele reclamou.- "Eu teria acordado você, mas não sabia"- "Por que você está distante? Vem aqui" Ethan permaneceu com a mão sobre os olhos, porém o convite foi mais do que sincero.Blair deixo
E então, só então, Blair realmente o viu. Aqueles fios de cabelo loiros, os olhos castanhos amarelados. David era um homem, não mais um garoto da faculdade. Ele parecia estar maior, com mais músculos em seu corpo. Mas a essência; a essência do homem não havia mudado. Ele caminhou até Blair, especialmente até ela, e não hesitou antes de abraçá-la.O contato foi estranho, no início. Não foi ruim, foi diferente. Muitas coisas haviam acontecido desde a última vez que David tocou Blair. Eles tinham uma relação, ou algo do tipo. A verdade era que aquele homem amava a ruiva como seu pulmão amava o oxigênio, mas nunca fora correspondido como gostaria.Blair abraçou David, ou Davis, como ela costumava dizer. Ela suspirou contra o tecido do casaco dele, sentindo uma sensação desconhecida lhe atingir. Naquele instante, ela desejou do fundo de seu coração poder voltar no tempo e não ferir os sentimentos do homem.- "Eu senti sua falta" ele sussurrou.Blair ouviu aquelas palavras, e deixou que ela
"Você perdeu o senso de perigo!" Spencer vociferou, controlando-se para não gritar.- "Não. Eu tomei uma atitude que você jamais tomaria" Colton rebateu, usando um tom de voz alterado que jamais havia usado anteriormente com seu chefe.- "Eu penso antes de agir, agente Colton. Não estamos em uma missão no Haiti"Colton caminhou de um lado para o outro dentro do escritório de Spencer. Ele respirava com dificuldade, pois seu nervosismo estava à flor da pele. O agente voltou a olhar para o inspetor, que permaneceu sentado em sua cadeira durante toda a conversa, e então murmurou:- "Rivera me conhece. Ele jamais teria aceitado conversar comigo"- "E então você teve a brilhante ideia de mandar Blair conversar com ele? Qual era sua segurança?"- "Ele tem uma filha, e jamais colocaria ela em risco"- "Este é o ponto, Colton! Você apenas supôs, mas nunca teve certeza" Spencer levantou-se de sua cadeira rapidamente, e bateu contra a madeira da mesa com ambas as mãos.O agente estava pronto pa
A verdade era que Susan estava revoltada com a escolha de Spencer. Com profissionais capacitados e disponíveis no departamento, ela não entendia como ele pôde escolher uma civil.Embora fosse filha de um homem poderoso, Blair não tinha os pré-requisitos necessários para participar de operações. Mesmo após a conversa com Rivera, o que foi um erro de Colton. Definitivamente, aquela não era a forma como a polícia costumava trabalhar.- "Blair faz um trabalho tão bom que sequer parece ser uma espiã. Como podemos ver, ela enganaria até você" Spencer disse, fazendo da situação uma piada.- "É melhor que você esteja certo, Spencer"A policial não tinha ligação direta com a investigação, então decidiu que se absteria da conversa que o trio viria a ter. E quando Susan calou-se, Spencer inclinou-se para frente e olhou para Blair, um tanto quanto satisfeito com o que ela fez.- "Eu tenho notícias para você. George e Dorothy Banks estão de volta aos Estados Unidos, e provavelmente comparecerão ao
- "E não precisa" Blair olhou para a desconhecida e sorriu, tentando parecer mais gentil do que desastrada.- "Eu sou Dorothy, mas pode me chamar de Dora"- "Eu sou Blair"Blair jogou as folhas de papel no lixo, depois usou mais algumas para secar as mãos. Ela estendeu a mão para Dora, que aceitou sem preâmbulos. Deste modo, elas trocaram um aperto rápido. A verdade era que aquela madame havia gostado de Blair desde o primeiro momento, embora não a tivesse conhecido na melhor ocasião possível.- "Blair, não se preocupe. É apenas um vestido. Mas se fosse em meu cabelo, você estaria encrencada" Dora sorriu.- "O cabelo está intacto, graças a Deus"Elas tinham basicamente a mesma altura, apesar de Blair estar usando saltos altos e Dorothy não. Elas trocaram um olhar gentil e sorrisos confortáveis. Blair estava um tanto quanto sem graça, pois sabia que o estrago no vestido de Dora seria irremediável. Por outro lado, Dora não estava preocupada.- "Eu estava de saída. Vou retirar essa roupa
- "Está bem" Blair disse, olhando para a mão de Ethan que ainda estava em seu braço.Por um segundo, ela sentiu-se anestesiada pelo toque. O porte másculo era só um charme, mas a forma como ele a tocava era marcante. Apenas um olhar era suficiente para fazer as pernas da mulher fraquejarem, e foi o que aconteceu. Não adiantava afastar-se, colocar limites, impor condições. Eles tinham fetiche por aquela atração, pela forma como sempre voltavam.E então, quando Ethan soltou o braço de Blair, ela percebeu estar tremendo. Algo além de sua compreensão a fez ficar nervosa. Ela culpava Ethan por ser quem era, da forma que era, mas não podia negar que era atraída até mesmo pelas coisas que odiava nele. Porque, no fim, tudo que ela ansiava eram os lábios dele, marcando território por toda extensão de sua pele, a desejando e idolatrando por inteira, fazendo-a pensar que estava em outra dimensão.- "Tudo bem?" ele perguntou, percebendo que aquela mulher lhe encarava com uma dose de desejo disfar
- "Eu errei? Me deixe tentar novamente, por favor. Viveu no Canadá?"- "Sua vida pode ter sido perfeita desde sempre, mas a minha foi uma merda" Blair explodiu, não importando-se com o quão alto estava falando.- "Todas as garotas como você dizem o mesmo. Qual foi seu maior problema, Angel? Não ganhar um conversível aos dezoito anos?"- "Sim, Ethan. E quer saber mais? Eu também não ganhei um apartamento aos dezenove"Blair não era o tipo de mulher que colocava-se na posição de vítima. Ela odiava ser digna de pena. Sendo assim, naquele momento, a única coisa que ela desejou fazer foi correr para fora do quarto. Apenas longe de Ethan ela teria a paz necessária para clarear os pensamentos conturbados.A ruiva começou a andar em passos largos até a porta, porém foi impedida antes que conseguisse. Ethan a alcançou, e empurrou seu corpo contra o vidro panorâmico sem muita gentileza. Antes que ela pudesse raciocinar, o corpo do homem estava prensado contra o seu.- "Porra, Angel. Torne as co