O expediente estava chegando ao fim, e todos preparavam-se para voltar para casa. Blair estava em seu escritório pequeno, organizando seus pertences dentro da bolsa de couro preto antes de sair. Ela checou as mensagens no celular antes de guardá-lo, torcendo secretamente para que tivesse notícias específicas.Vendo que não tinha novas mensagens, Blair guardou seu celular e partiu para fora do escritório. Ao passar pela recepção, ela avistou Daliah conversando com Claire, a recepcionista. A ruiva não pôde evitar sentir uma pontada de vergonha, mas obrigou-se a ignorar.- "Até amanhã, meninas" ela despediu-se.- "Tchau, tchau" elas disseram.Haviam se passado apenas algumas semanas desde que Blair fora contratada, porém ela sentia-se muito bem em seu trabalho. Era um ambiente profissional, onde a maioria das pessoas eram educadas e gentis. Não havia motivos para reclamar, pois era a primeira vez que ela sentia-se mais do que um mero objeto.Blair adentrou o elevador quando as portas de
- "Eu não entendi o que você disse" Blair virou-se por completo para Ethan, até estar de frente para o perfil do homem.- "Sim, você entendeu. Vem aqui e sente em mim" apesar de não conseguir imaginar uma situação menos apropriada para tal, a voz do homem não demonstrava que ele estava brincando.Embora estivessem em altíssima velocidade, Ethan retirou as mãos do volante quando Blair avançou sobre ele. Ambos estavam incrédulos, mas também não viam opção melhor. A mulher, com algumas dificuldades, posicionou-se sobre as pernas de Ethan, realmente montando sobre ele. Por sua vez, o homem colocou uma das mãos na base da coluna de Blair, e a outra viajou até o volante novamente.O espaço não permitia que eles mantivessem distância. Naquela posição, os seios de Blair estavam colados ao peitoral do homem, e ela podia sentir os batimentos fortes do coração dele. O que ela não sabia era que aquela pulsação acelerada não era resultado da adrenalina, e sim da proximidade dela.- "Volte a falar"
Ethan permaneceu em silêncio por alguns segundos, pensando na forma menos cretina de ser honesto. Se Blair soubesse como ele guiava suas relações, na íntegra, talvez jamais quisesse compactuar.Ela não parecia ser o tipo de mulher que assinava um contrato para sair com alguém, pois seria formal demais para seus padrões. E, ainda assim, o homem não conseguia entender a pontada de decepção em sua mente por saber que ela não aceitaria.- "Eu tenho mais de um apartamento" por fim, Ethan disse.As relações de Ethan com as mulheres funcionavam da seguinte forma; ele costumava ter um apartamento em cada uma das cidades que mais frequentava. Los Angeles, Las Vegas, Nova Iorque. Esses lugares funcionavam como abatedouros, onde tudo poderia acontecer antes do nascer do sol. Ele não costumava dormir com as mulheres com as quais saía, justamente para evitar laços.- "Então você nunca levou uma mulher para sua casa, o lugar onde realmente vive?"- "Exato"- "E não pretende mudar?"- "Não, Angel. E
- "Sua mãe gostava de lírios, então talvez tenha alguma relação com o passado. Por outro lado, as mensagens começaram quando você passou a morar em Las Vegas. Não sei quem poderia ter acesso ao passado e ao presente desta forma"- "Eu espero que seu detetive consiga algo"- "Ele é bom no que faz. De qualquer forma, não se preocupe, as coisas serão resolvidas" ele queria passar confiança para sua filha; queria que ela acreditasse que as coisas ficariam bem.- "Eu acredito"- "E, Blair, eu pensei em algo. Mas não quero que fique chateada"Jean era um homem confiante e muito alegre. Porém, perto de sua filha, ele sentia o coração palpitar em sua garganta. Era como se ele pudesse perdê-la a qualquer momento, como antes.- "Diga"- "Talvez seja hora de comprar um carro. Eu sei que o trânsito de Las Vegas é estressante, mas talvez seja mais seguro ter a autonomia de um carro"- "Claro" Blair concordou, dando de ombros como se a sugestão fosse indiferente. Mas, naquele momento, qualquer cois
As ruas de Nova Iorque eram exatamente como os filmes retratavam. Os altos prédios exalavam poder. A cidade iluminada tinha boas vibrações. Os sons noturnos chegavam a ser agradáveis. Na cidade que nunca dorme, quanto mais tempo as pessoas tivessem para apreciarem a vista, mais bonita ela pareceria.Em um daqueles arranha-céus, na cobertura, ficava localizado o escritório da Banks Enterprise. A empresa de tecnologia avançada tinha ramais em várias áreas; construção civil, telecomunicações, ações, entre outros. A marca registrada do sobrenome era a inovação.O escritório era moderno, decorado com cores fechadas como preto e cinza. As janelas estavam sempre abertas, porém as persianas deixavam explícito que o ambiente poderia ficar ainda mais privado.Os únicos pontos de cor no recinto eram os vasos de Cicas, e os quadros de pinturas abstratas nas paredes. Algumas superfícies eram em mármore, como a bancada da recepção ou as mesas, outras eram de madeira de Carvalho.Ethan Banks analiso
Blair usava um vestido vermelho sanguinário, com decote generoso e abertura nas laterais. Era a personificação da sensualidade, ou da libertinagem; isso dependia da mente de quem a visse. Sobrava muito pouco para a imaginação, já que todas as linhas de seu corpo estavam à mostra.Enquanto ela caminhava por entre as pessoas, atraía tantos olhares que seria impossível dizer que não era a mulher mais atraente do local. Não tratava-se de beleza, de um rosto simétrico ou de um corpo curvilíneo. Era a confiança dela. Era a certeza de que conseguiria o que quisesse, e quem quisesse.Justin Clark estava logo atrás da mulher, e ele não incomodava-se com a posição. Eles seguiram até o centro da pista de dança, exatamente sob o lustre. O ambiente era sofisticado, como qualquer outro lugar que os filhos de pessoas milionárias frequentariam. A decoração era composta por paredes de vidro e sofás de couro. Se não fosse pela música alta e meia luz, não pareceria um clube.Haviam alguns sofás espalhad
- "Se eu fosse suficiente, você não estaria me tratando como um negócio. Eu valho mais do que um papel, Banks"- "Eu nunca discordei. A questão é que você ignora toda a segurança que um contrato nos garante"- "A segurança de que você estará livre para me substituir a qualquer momento? Não, obrigada, eu dispenso"A troca de olhares era intensa, porém muito confortável e pacífica. Era como se eles encontrassem um no outro a paz que jamais tiveram antes. Blair sabia que Ethan era alguém quebrado. Um coração machucado reconhecia o outro.- "Angel, eu não posso ceder em todos os aspectos" Ethan deslizou os dedos pelo cabelo de Blair novamente, usando o movimento como subterfúgio para continuar tocando ela.- "Você não precisa ceder. Existem mulheres como Mariah Donovan, que usariam a língua para limpar o chão sob seus pés. Você não precisa da minha assinatura" aquelas palavras eram amargas na língua de Blair, mas não deixavam de ser verdadeiras.- "Você está errada"- "Você gosta do desaf
14 anos antes...Por aqui, todos os cômodos são escuros e as janelas estão sempre fechadas. As pessoas dizem que somos uma família, mas não sei se consigo me sentir em casa. Têm muitas crianças, muitas crianças. Tem mulheres mais velhas, todas usam roupas brancas e parecem ser enfermeiras. Eu não gosto delas, elas não me tratam bem e têm cheiro de naftalina.Eu passo a maior parte do dia no quarto. Muitas meninas ficam no quarto. Todas nós temos camas não muito confortáveis e dividimos as roupas. É engraçado, porque as vezes visto um vestido que não me serve. As mulheres que cuidam de nós dizem que é normal, que não tem problema. Elas são como babás, eu acho.Às vezes, eu ouço as conversas que as adultas têm. Elas falam sobre mim, sobre como meu psicológico deve ser abalado. Não sei exatamente o que isso significa, mas sei que tem relação com a morte da mamãe. Elas acham que eu estou triste. Na verdade, todos agem como se eu fosse diferente. Todos sabem o que aconteceu comigo.Mas eu