Quando os raios de sol infiltravam os vidros, criavam espectros de luz no piso polido do apartamento. Era um fim de tarde cheio de cor e vida na cidade do pecado. Os sons urbanos provocados pelos carros eram como uma canção, uma doce música indicando que o fim do expediente estava próximo.Blair estava em seu quarto, aplicando um pouco de maquiagem em seu rosto antes de sair de casa. Ela afastou-se do espelho para analisar o visual como um todo. Jeans rasgado, camiseta de seda e saltos vermelhos.Naquele momento, a porta do seu quarto foi aberta, e Drake o adentrou. Ele ainda estava usando as roupas com as quais havia chegado do trabalho.- "Você vai sair?" o amigo indagou, encostando-se no batente da porta.- "Sim. Michele pediu para que eu entregasse alguns documentos" Blair apontou para a própria bolsa, que continha uma pasta dentro.- "Para quem? Michele tem um entregador" ele franziu levemente a testa, em uma expressão de confusão sincera.- "Para Ethan Banks" Blair não precisou
O amanhecer seguinte não demorou muito a surgir. Era o início de mais um dia comum em Las Vegas. As ruas estavam repletas de veículos, o trânsito na Strip estava infernal. Os carros misturavam-se aos táxis, aos ônibus, às motos. As calçadas estavam lotadas de pessoas naquela imensa cidade.E naquela manhã, durante o curto intervalo que tinha para comprar seu café, Blair caminhou até a cafeteria mais próxima do prédio onde trabalhava. O local era relativamente pequeno, porém muito acolhedor. O piso e teto eram de madeira clara, e todas as janelas de vidro estavam abertas.- "Bom dia. Qual será o pedido de hoje?" a atendente uniformizada perguntou à ruiva assim que ela se aproximou do balcão.- "Dois cafés expressos e leite separado" Blair pediu.- "Certo. Estará pronto em cinco minutos"Blair caminhou até uma das pequenas mesas próximas à janela, para que pudesse esperar com mais conforto. Ela analisou toda a cafeteria, que naquele horário estava sempre lotada de pessoas.- "Eu não sab
O expediente estava chegando ao fim, e todos preparavam-se para voltar para casa. Blair estava em seu escritório pequeno, organizando seus pertences dentro da bolsa de couro preto antes de sair. Ela checou as mensagens no celular antes de guardá-lo, torcendo secretamente para que tivesse notícias específicas.Vendo que não tinha novas mensagens, Blair guardou seu celular e partiu para fora do escritório. Ao passar pela recepção, ela avistou Daliah conversando com Claire, a recepcionista. A ruiva não pôde evitar sentir uma pontada de vergonha, mas obrigou-se a ignorar.- "Até amanhã, meninas" ela despediu-se.- "Tchau, tchau" elas disseram.Haviam se passado apenas algumas semanas desde que Blair fora contratada, porém ela sentia-se muito bem em seu trabalho. Era um ambiente profissional, onde a maioria das pessoas eram educadas e gentis. Não havia motivos para reclamar, pois era a primeira vez que ela sentia-se mais do que um mero objeto.Blair adentrou o elevador quando as portas de
- "Eu não entendi o que você disse" Blair virou-se por completo para Ethan, até estar de frente para o perfil do homem.- "Sim, você entendeu. Vem aqui e sente em mim" apesar de não conseguir imaginar uma situação menos apropriada para tal, a voz do homem não demonstrava que ele estava brincando.Embora estivessem em altíssima velocidade, Ethan retirou as mãos do volante quando Blair avançou sobre ele. Ambos estavam incrédulos, mas também não viam opção melhor. A mulher, com algumas dificuldades, posicionou-se sobre as pernas de Ethan, realmente montando sobre ele. Por sua vez, o homem colocou uma das mãos na base da coluna de Blair, e a outra viajou até o volante novamente.O espaço não permitia que eles mantivessem distância. Naquela posição, os seios de Blair estavam colados ao peitoral do homem, e ela podia sentir os batimentos fortes do coração dele. O que ela não sabia era que aquela pulsação acelerada não era resultado da adrenalina, e sim da proximidade dela.- "Volte a falar"
Ethan permaneceu em silêncio por alguns segundos, pensando na forma menos cretina de ser honesto. Se Blair soubesse como ele guiava suas relações, na íntegra, talvez jamais quisesse compactuar.Ela não parecia ser o tipo de mulher que assinava um contrato para sair com alguém, pois seria formal demais para seus padrões. E, ainda assim, o homem não conseguia entender a pontada de decepção em sua mente por saber que ela não aceitaria.- "Eu tenho mais de um apartamento" por fim, Ethan disse.As relações de Ethan com as mulheres funcionavam da seguinte forma; ele costumava ter um apartamento em cada uma das cidades que mais frequentava. Los Angeles, Las Vegas, Nova Iorque. Esses lugares funcionavam como abatedouros, onde tudo poderia acontecer antes do nascer do sol. Ele não costumava dormir com as mulheres com as quais saía, justamente para evitar laços.- "Então você nunca levou uma mulher para sua casa, o lugar onde realmente vive?"- "Exato"- "E não pretende mudar?"- "Não, Angel. E
- "Sua mãe gostava de lírios, então talvez tenha alguma relação com o passado. Por outro lado, as mensagens começaram quando você passou a morar em Las Vegas. Não sei quem poderia ter acesso ao passado e ao presente desta forma"- "Eu espero que seu detetive consiga algo"- "Ele é bom no que faz. De qualquer forma, não se preocupe, as coisas serão resolvidas" ele queria passar confiança para sua filha; queria que ela acreditasse que as coisas ficariam bem.- "Eu acredito"- "E, Blair, eu pensei em algo. Mas não quero que fique chateada"Jean era um homem confiante e muito alegre. Porém, perto de sua filha, ele sentia o coração palpitar em sua garganta. Era como se ele pudesse perdê-la a qualquer momento, como antes.- "Diga"- "Talvez seja hora de comprar um carro. Eu sei que o trânsito de Las Vegas é estressante, mas talvez seja mais seguro ter a autonomia de um carro"- "Claro" Blair concordou, dando de ombros como se a sugestão fosse indiferente. Mas, naquele momento, qualquer cois
As ruas de Nova Iorque eram exatamente como os filmes retratavam. Os altos prédios exalavam poder. A cidade iluminada tinha boas vibrações. Os sons noturnos chegavam a ser agradáveis. Na cidade que nunca dorme, quanto mais tempo as pessoas tivessem para apreciarem a vista, mais bonita ela pareceria.Em um daqueles arranha-céus, na cobertura, ficava localizado o escritório da Banks Enterprise. A empresa de tecnologia avançada tinha ramais em várias áreas; construção civil, telecomunicações, ações, entre outros. A marca registrada do sobrenome era a inovação.O escritório era moderno, decorado com cores fechadas como preto e cinza. As janelas estavam sempre abertas, porém as persianas deixavam explícito que o ambiente poderia ficar ainda mais privado.Os únicos pontos de cor no recinto eram os vasos de Cicas, e os quadros de pinturas abstratas nas paredes. Algumas superfícies eram em mármore, como a bancada da recepção ou as mesas, outras eram de madeira de Carvalho.Ethan Banks analiso
Blair usava um vestido vermelho sanguinário, com decote generoso e abertura nas laterais. Era a personificação da sensualidade, ou da libertinagem; isso dependia da mente de quem a visse. Sobrava muito pouco para a imaginação, já que todas as linhas de seu corpo estavam à mostra.Enquanto ela caminhava por entre as pessoas, atraía tantos olhares que seria impossível dizer que não era a mulher mais atraente do local. Não tratava-se de beleza, de um rosto simétrico ou de um corpo curvilíneo. Era a confiança dela. Era a certeza de que conseguiria o que quisesse, e quem quisesse.Justin Clark estava logo atrás da mulher, e ele não incomodava-se com a posição. Eles seguiram até o centro da pista de dança, exatamente sob o lustre. O ambiente era sofisticado, como qualquer outro lugar que os filhos de pessoas milionárias frequentariam. A decoração era composta por paredes de vidro e sofás de couro. Se não fosse pela música alta e meia luz, não pareceria um clube.Haviam alguns sofás espalhad