10 anos antes...Hoje é meu aniversário de treze anos. Não, não é a data pela qual todas as crianças esperam ansiosamente. É uma data comum, onde eu ganho algum presente e como bolo de chocolate feito pela madrinha.Estou no meu quarto. É um quarto rosa. Mirtes sempre diz que essa é uma cor de princesa, e eu acho que gosto, ou, pelo menos, quero que ela pense que gosto. Gosto da cama espaçosa, com certeza. E gosto da casa grande, igual aos castelos que vemos na televisão.Ouço batidas na porta, e, logo após, o filho da madrinha entra. O nome dele é David, e eu o chamo de Davis, ás vezes. Davis não gostava de mim, porque ele pensava que sua mãe me dava atenção demais. Mas agora acho que ele me vê como uma irmã, não sei.- "Bom dia, Blair" ele diz, com sua voz estranha de garoto na puberdade.- "Bom dia" respondo.Quando eu saí da casa de Blosson, irmã da mamãe, vim morar com Davis e Mirtes, e eles são bons para mim. Apesar de não gostar da forma como estão sempre sorrindo, eu prefiro e
No primeiro dia após a noite com Ethan, Blair ainda podia sentir o perfume dele impregnado em seu corpo. Era como se o aroma do homem fosse o que ela inspirava e expirava.No segundo dia, Blair estava às margens da loucura. Ela sentia o toque das mãos dele, da língua dele. Era tudo tão real que a mulher podia jurar que estava revivendo aquela noite. Aquela bendita noite.No terceiro dia, ela precisou voltar ao trabalho. Sem mensagens, sem chamadas, sem um sinal de vida. Ethan estava indisponível para ela, e talvez para o restante do mundo também. Não haviam notícias novas nas redes sociais, nem nas páginas de fofoca. Ethan estava de volta ao topo do mundo, onde ninguém o via ou conseguia alcançar.Durante aqueles dias, Blair também não teve notícias de Spencer. Desde a conversa pouco amigável na delegacia, o inspetor não ligou novamente. Aquilo deixava a mulher desorientada quanto aos próximos passos.Blair adentrou a agência onde trabalhava, mesmo estando completamente indisposta. El
O homem olhou ao redor, e percebeu que algumas pessoas serviam como plateia para a conversa que deveria ser particular. Ele segurou a mão de Blair e a guiou até a saída de emergência do clube. Ela não demonstrou resistência, e nem poderia.A verdade era que o mundo admirava Banks por muitas qualidades. Enquanto empresário, ele era um dos melhores em seu ramo. Tratando-se de mulheres, ele tinha o privilégio de sempre poder escolher a que lhe agradasse mais. O homem que todos queriam ser, porém ninguém conhecia. O homem que tinha o mundo ao seus pés, porém estava aos pés de uma mulher.Ele abriu a porta de emergência e saiu para o frio da noite em Las Vegas. O clima quente proporcionado pela aglomeração de pessoas os fazia suar, mas a brisa fria do lado de fora os recebeu com refrescância. A porta tinha acesso à uma viela, um tanto quanto desprovida de luz, e apenas dois carros estavam estacionados naquela rua estreita. A música alta ainda podia ser ouvida, porém com menor intensidade.
Quando Blair despertou, no dia seguinte, ela podia sentir as doces e lentas ondas do descanso pairando em seu corpo. Apesar das agitações da noite anterior, e do longo dia de trabalho que se estenderia, a mulher sentia-se energizada, completamente pronta para o que quer que fosse.Ela levantou-se, alinhou os lençóis de linho na cama e partiu para o banheiro. Um bom banho sempre seria a melhor forma de iniciar o dia. Enquanto a água que descia pelo chuveiro era aquecida, ela despia-se de seu pijama. O cabelo da ruiva estava preso em um coque bagunçado, porém ela o soltou para ser lavado.Blair fez uma agenda mental básica. Ela iria conversar com Drake pela manhã, falar sobre os assuntos que eles tinham pendentes. Depois, enquanto estivesse no táxi, indo para a Agent Inc, ela ligaria para sua madrinha, Mirtes. Talvez, se o dia não fosse muito desgastante, ela pensou em marcar um jantar com seu pai, algo informal, apenas para falar sobre os lírios misteriosos que haviam sido recebidos.E
E mais rápido do que poderia supor, Ethan estava novamente em seu escritório em Las Vegas. Não por realmente precisar, mas por querer. De alguma forma, algo naquela cidade o prendia, e ele apenas não queria admitir para si mesmo o que era.Banks estava atrás de sua mesa, trabalhando tanto quanto podia em um dia comum, quando recebeu uma chamada de sua secretária.- "Sr. Banks, Spencer Davis está aqui para vê-lo" a mulher informou.Aquela não era a primeira visita de Spencer no ano, muito menos em cinco anos. Poderia facilmente ser a centésima visita, e Ethan sempre o recebia. Ele sabia que não tinha motivos para temer a polícia. E também sabia que, quanto mais medo demonstrasse, mais suspeito pareceria. Assim sendo, Spencer era sempre recebido, e sempre tinha as respostas que queria.- "Deixe-o entrar. E peça para Carter vir ao meu escritório"- "Sim, senhor"Ethan inclinou-se para trás em sua poltrona. Sempre que estava em Vegas, tinha conversas pouco animadoras com Spencer; cheias d
Quando os raios de sol infiltravam os vidros, criavam espectros de luz no piso polido do apartamento. Era um fim de tarde cheio de cor e vida na cidade do pecado. Os sons urbanos provocados pelos carros eram como uma canção, uma doce música indicando que o fim do expediente estava próximo.Blair estava em seu quarto, aplicando um pouco de maquiagem em seu rosto antes de sair de casa. Ela afastou-se do espelho para analisar o visual como um todo. Jeans rasgado, camiseta de seda e saltos vermelhos.Naquele momento, a porta do seu quarto foi aberta, e Drake o adentrou. Ele ainda estava usando as roupas com as quais havia chegado do trabalho.- "Você vai sair?" o amigo indagou, encostando-se no batente da porta.- "Sim. Michele pediu para que eu entregasse alguns documentos" Blair apontou para a própria bolsa, que continha uma pasta dentro.- "Para quem? Michele tem um entregador" ele franziu levemente a testa, em uma expressão de confusão sincera.- "Para Ethan Banks" Blair não precisou
O amanhecer seguinte não demorou muito a surgir. Era o início de mais um dia comum em Las Vegas. As ruas estavam repletas de veículos, o trânsito na Strip estava infernal. Os carros misturavam-se aos táxis, aos ônibus, às motos. As calçadas estavam lotadas de pessoas naquela imensa cidade.E naquela manhã, durante o curto intervalo que tinha para comprar seu café, Blair caminhou até a cafeteria mais próxima do prédio onde trabalhava. O local era relativamente pequeno, porém muito acolhedor. O piso e teto eram de madeira clara, e todas as janelas de vidro estavam abertas.- "Bom dia. Qual será o pedido de hoje?" a atendente uniformizada perguntou à ruiva assim que ela se aproximou do balcão.- "Dois cafés expressos e leite separado" Blair pediu.- "Certo. Estará pronto em cinco minutos"Blair caminhou até uma das pequenas mesas próximas à janela, para que pudesse esperar com mais conforto. Ela analisou toda a cafeteria, que naquele horário estava sempre lotada de pessoas.- "Eu não sab
O expediente estava chegando ao fim, e todos preparavam-se para voltar para casa. Blair estava em seu escritório pequeno, organizando seus pertences dentro da bolsa de couro preto antes de sair. Ela checou as mensagens no celular antes de guardá-lo, torcendo secretamente para que tivesse notícias específicas.Vendo que não tinha novas mensagens, Blair guardou seu celular e partiu para fora do escritório. Ao passar pela recepção, ela avistou Daliah conversando com Claire, a recepcionista. A ruiva não pôde evitar sentir uma pontada de vergonha, mas obrigou-se a ignorar.- "Até amanhã, meninas" ela despediu-se.- "Tchau, tchau" elas disseram.Haviam se passado apenas algumas semanas desde que Blair fora contratada, porém ela sentia-se muito bem em seu trabalho. Era um ambiente profissional, onde a maioria das pessoas eram educadas e gentis. Não havia motivos para reclamar, pois era a primeira vez que ela sentia-se mais do que um mero objeto.Blair adentrou o elevador quando as portas de