Blair era uma obra divina. Os lábios fartos, cobertos por uma camada brilhante de gloss, recebiam a taça com graça. Os olhos azuis eram inocentes, mas também carregavam malícia forjada no próprio inferno. As poucas sardas em seu rosto davam-lhe certo charme, complementando a aparência angelical.- "O que quer saber?" a ruiva questionou.- "O que quer que eu saiba?"- "Sinceramente? Nada. Perto da sua vida, a minha é uma vergonha" ela sorriu ao dizer, porém o gesto não alcançou seus olhos. Ethan percebeu.- "Eu não acho que uma vida vergonhosa forjaria uma mulher como você" ele murmurou.Blair chegou a procurar indícios de sarcasmo, que era a marca registrada do homem, porém não encontrou. Ele estava falando sério. E naquele instante, ela esqueceu-se do gravador, e do que Spencer ouviria posteriormente. O impacto do momento falou mais alto.- "A vida não foi fácil para mim. Eu fiz escolhas ruins, porque não tinha opções. Eu cuidei de pessoas que não mereciam, e Deus sabe como fui apunh
Na manhã seguinte, Blair estava no departamento de polícia de Las Vegas. Ela havia entregado o gravador à Steve, e logo após foi dispensada. Ele disse apenas que iria averiguar as informações. E, sendo sincera consigo mesma, a mulher estranhou o comportamento do inspetor. Ele parecia estar mais fechado do que o habitual.- "O que acontece agora?" Blair questionou.- "Steve vai ouvir toda a gravação inúmeras vezes" Colton respondeu, displicente.Ambos andaram lado a lado até o fim do corredor, onde situava-se a sala de treinamento. O local com isolamento acústico estava vazio naquela manhã quando Colton abriu a porta, e então esperou até que a ruiva entrasse.No fundo, aquele homem militarizado não gostava do que estava fazendo. Ensinar Blair a ser uma agente, quando sequer ela havia mencionado que apreciava a profissão, parecia ser errado.- "Hoje é seu dia de sorte. Vamos treinar alguns tiros" ele comentou.Tiro ao alvo era uma atividade que envolvia teste de proficiência e exatidão,
Quando Blair apertou o gatilho e a bala abandonou o cano do revólver, Colton mal havia terminado de falar. Ela foi levemente impulsionada para trás, porém manteve-se firme em seus pés separados.A ruiva analisou o buraco no alvo feito pela bala. O alvo era dividido entre quatro cores; verde, amarelo, laranja e vermelho. O centro era vermelho, e ela o acertara de primeira.- "Eu disse que estava carregada" Blair disse, com certa dose de audácia em seu tom.- "Sorte de principiante"- "Posso atirar novamente?"- "Quantas balas você acha que tem?"- "Agora cinco"Colton não respondeu. Talvez, naquele momento, ele estivesse odiando Blair mais do que em qualquer outro. A mulher agia com pura petulância e superioridade, como se não estivesse ali para aprender.- "A primeira coisa que um agente deve ter em mente é a humildade. Nunca pense que você é a melhor" o homem murmurou.Colton caminhou até a demarcação no chão, parou ao lado de Blair, apontou o revólver para o alvo e disparou. Ele dis
Thomas jamais admitiria, mas ele adorava estar ao lado de Blair na presença de Ethan. Ele sabia que a ruiva era o ponto fraco de seu amigo, e queria explorar essa nova fraqueza.Ao ouvir a menção do nome de Ethan, Blair precisou esconder um sorriso de satisfação. Não muito recentemente, ela havia descoberto uma nova fascinação por ele. Os toques, os beijos, o calor, a conexão. Tudo entre eles era motivo para quererem estar no mesmo ambiente, pelo máximo de tempo possível. No entanto, na cabeça da ruiva, ela jurava para si mesma que tudo era em prol da investigação. Nada pessoal.- "Seria agradável"Blair Collins era uma mulher de beleza exuberante. E enquanto ela subia as escadas no cassino, seguindo Thomas, seu vestido dançava no compasso de seus movimentos. A ruiva tinha muitos atributos que lhe favoreciam. Os homens ricos e poderosos no andar de baixo desejavam apenas uma coisa ao vê-la; poder ter aquela visão para o restante de suas vidas.O pensamento de Ethan Banks não foi difer
- "Essa vadia é incrível" a morena disse em tom alto, quase gritante.O homem levantou as sobrancelhas, um pouco surpreso, mas não irritado. Ele odiava perder, em vários aspectos, mas podia aceitar uma mulher como Blair lhe vencendo. Aliás, ele a podia aceitar em qualquer posição.- "Bem, agora eu preciso voltar ao trabalho. Bom jogo para vocês" Blair murmurou.- "É uma pena" Will disse.Ela levantou-se de seu acento, sempre olhando para Ethan com certo desafio piscando em seus olhos. No fundo, ela sabia que ele estava expectante. Talvez a imaginasse com aquelas mulheres, talvez a levasse para longe daquelas pessoas, talvez não a dividisse. Talvez. Apenas talvez.Enquanto Blair caminhava até as escadas, ela sabia que os olhares continuavam em sua silhueta. O vestido esverdeado lhe valorizava, combinava com sua tonalidade, abraçava suas curvas com elegância. Ela estava desejável para qualquer qualidade de gosto. No entanto, ela queria a atenção de apenas uma daquelas pessoas. E ela tev
Blair caminhou pelo salão do cassino com displicência. Não que não tivesse atrações suficientes para cativar sua atenção, mas a ruiva estava pensativa demais. Ela cumprimentou algumas pessoas, apenas para não parecer mal-educada, e então continuou perambulando, nunca ficando em uma conversa por mais de cinco minutos.O trabalho de Blair, naquela noite, era garantir que todos os convidados tivessem um momento agradável no coquetel. E seguindo o comando de sua chefe, a ruiva caminhou pelo cassino com graciosidade. Ela parava, esporadicamente, em algumas mesas de jogos, e desejava sorte aos jogadores milionários.Blair parou na mesa de roleta, onde um grupo misto de homens jovens e vividos apostava. A roleta americana contava com o duplo zero, ou seja, tinha um número a mais do que as outras roletas. Sendo assim, aumentava também a vantagem estatística do cassino.Ela parou ao lado de um homem e sorriu gentilmente. O gesto não chegou perto de passar desapercebido pelo jogador. O homem ti
A noite levemente gélida da grande Las Vegas não suportava o fogo crescendo no peito de Blair quando as portas do elevador se abriram. Ela não conseguia acreditar que estava naquele ambiente, ansiando por algo que não sabia se viria a acontecer. Blair não havia recebido um convite, de fato, mas as intenções carnais que ela resguardava não estavam ligadas a diálogos.A mulher caminhou para fora do elevador, desbravando o corredor do prédio com certa inquietação. Ela procurou pelo número correto, e encontrou o apartamento sem muito esforço. Uma visita inesperada, talvez não desejada, estava prestes a acontecer. Por um momento, ela pensou em dar meia volta e retornar para seu próprio apartamento. Talvez fosse melhor, afinal.Ela bateu contra a porta duas vezes, tendo em mente que não insistiria novamente. Se ele não ouvisse, então ela sairia como se nunca tivesse entrado no prédio. No entanto, para o delírio de sua ansiedade, não demorou muito para que Ethan atendesse a porta.Com o peit
A maneira como as provocações dela o atingiam era perigosa. Ethan pressionou o corpo de Blair contra a parede mais próxima, sem muito pudor. O tecido do vestido dela já estava levemente levantado. As mãos do homem estavam nas coxas femininas, firmes, de maneira que as marcas não seriam apenas físicas.Ele a beijou, sem convite ou permissão. Blair segurou o cabelo macio de Ethan entre seus dedos, puxando para si os lábios que lhe deixavam a beira do precipício. O segredo estava no fato de que eles sentiam-se até que os toques parecessem eternos.Ethan caminhou para além da sala, carregando seu troféu consigo. Não o troféu da noite, mas sim o de sua vida inteira. O oposto também era verídico. Blair sentia-se bem em estar nos braços de Banks, por estar em seu apartamento. Ele também era uma espécie de prêmio.A luz fraca do apartamento não foi um problema, pois o homem usou toda sua habilidade para caminhar até o quarto. Os beijos tinham pausas curtas, preenchidas por respirações ofegant