Blair caminhou pelo salão do cassino com displicência. Não que não tivesse atrações suficientes para cativar sua atenção, mas a ruiva estava pensativa demais. Ela cumprimentou algumas pessoas, apenas para não parecer mal-educada, e então continuou perambulando, nunca ficando em uma conversa por mais de cinco minutos.O trabalho de Blair, naquela noite, era garantir que todos os convidados tivessem um momento agradável no coquetel. E seguindo o comando de sua chefe, a ruiva caminhou pelo cassino com graciosidade. Ela parava, esporadicamente, em algumas mesas de jogos, e desejava sorte aos jogadores milionários.Blair parou na mesa de roleta, onde um grupo misto de homens jovens e vividos apostava. A roleta americana contava com o duplo zero, ou seja, tinha um número a mais do que as outras roletas. Sendo assim, aumentava também a vantagem estatística do cassino.Ela parou ao lado de um homem e sorriu gentilmente. O gesto não chegou perto de passar desapercebido pelo jogador. O homem ti
A noite levemente gélida da grande Las Vegas não suportava o fogo crescendo no peito de Blair quando as portas do elevador se abriram. Ela não conseguia acreditar que estava naquele ambiente, ansiando por algo que não sabia se viria a acontecer. Blair não havia recebido um convite, de fato, mas as intenções carnais que ela resguardava não estavam ligadas a diálogos.A mulher caminhou para fora do elevador, desbravando o corredor do prédio com certa inquietação. Ela procurou pelo número correto, e encontrou o apartamento sem muito esforço. Uma visita inesperada, talvez não desejada, estava prestes a acontecer. Por um momento, ela pensou em dar meia volta e retornar para seu próprio apartamento. Talvez fosse melhor, afinal.Ela bateu contra a porta duas vezes, tendo em mente que não insistiria novamente. Se ele não ouvisse, então ela sairia como se nunca tivesse entrado no prédio. No entanto, para o delírio de sua ansiedade, não demorou muito para que Ethan atendesse a porta.Com o peit
A maneira como as provocações dela o atingiam era perigosa. Ethan pressionou o corpo de Blair contra a parede mais próxima, sem muito pudor. O tecido do vestido dela já estava levemente levantado. As mãos do homem estavam nas coxas femininas, firmes, de maneira que as marcas não seriam apenas físicas.Ele a beijou, sem convite ou permissão. Blair segurou o cabelo macio de Ethan entre seus dedos, puxando para si os lábios que lhe deixavam a beira do precipício. O segredo estava no fato de que eles sentiam-se até que os toques parecessem eternos.Ethan caminhou para além da sala, carregando seu troféu consigo. Não o troféu da noite, mas sim o de sua vida inteira. O oposto também era verídico. Blair sentia-se bem em estar nos braços de Banks, por estar em seu apartamento. Ele também era uma espécie de prêmio.A luz fraca do apartamento não foi um problema, pois o homem usou toda sua habilidade para caminhar até o quarto. Os beijos tinham pausas curtas, preenchidas por respirações ofegant
Na manhã seguinte, Blair despertou ao ouvir barulhos vindos do banheiro do apartamento. Ela precisou de alguns segundos para acostumar-se com o ambiente. A luminosidade da cidade do pecado caía sobre a mulher através das grandes janelas.Blair estava nua, deitada sobre uma camada macia de edredons brancos, levemente acalorada e iluminada pela luz solar. Os sons urbanos eram comuns para ela, no entanto, naquela parte da cidade, pareciam ser mais intensos.E quando deu-se conta do que havia acontecido na noite anterior, ela esperou ser atingida pelo arrependimento. Esperou que todas as palavras de Spencer chicoteassem sua alma, e que o sentimento de culpa gritasse em seus ouvidos. Mas não aconteceu. Blair não conseguiu sentir-se mal pelo que fez.A ruiva abriu os olhos preguiçosamente, olhando ao redor de si para encontrar algo conhecido. Não demorou muito até encontrar Ethan Banks no banheiro. As paredes de vidro permitiam que ela o visse com integridade, cada parte do corpo esculpido
Cerca de duas horas depois, levando em consideração o trânsito pesado da cidade e o tempo que esperou até ter acesso às roupas limpas, Blair chegou em seu apartamento. O imóvel luxuoso estava exatamente como ela havia deixado, um dia antes, exceto por Drake jogado sobre o sofá da sala. Ele estava dormindo como um anjo, vestindo um pijama de cetim branco e parcialmente envolto em um cobertor.Blair tentou não fazer barulho enquanto adentrava o apartamento. A primeira coisa que lhe chamou atenção foi a presença de dois jarros de flores sobre a mesa de centro. Ambos eram lírios brancos. Ela caminhou até eles, e pelos cartões abertos constatou que Drake já os havia lido, apesar de terem seu nome.Obrigado por não me conhecerObrigado por me manter nas sombrasEu tive que me esconder, para que você pudesse surgirMe agradeçaUm de nós está bemApós ler o primeiro cartão, sem remetente, Blair lembrou-se do último jarro de flores que havia recebido. Ela sabia que existia uma mensagem sublimi
Nova Iorque não era diferente das outras grandes metrópoles espalhadas pelo mundo. Era uma manhã nublada, como muitas outras. A poluição na cidade não permitia que dias ensolarados existissem com frequência.E em meio ao dia pouco apreciável, Ethan Banks estava em seu apartamento, em Manhattan, observando o movimento da cidade aos seus pés. Era uma bela vista, mas ainda faltava algo. Faltava alguém.Ele ouviu o telefone celular tocar, porém pensou em ignorar a chamada. Se sua real vontade fosse levada em consideração, o homem ainda estaria em Vegas. No entanto, Ethan havia perdido muitos compromissos em pouco tempo. Antes de caminhar até a mesa de apoio, ao lado da cama, ele fechou os botões do paletó escuro.- "Ethan Banks" o homem respondeu, com seriedade, pouco importando-se com quem estava do outro lado da linha.- "Estou orgulhoso do homem de negócios que criei" a voz cheia de vigor soou, elevando um pouco do humor derrotado do homem.- "Oi, George"- "Olá, meu filho. Eu senti su
10 anos antes...Hoje é meu aniversário de treze anos. Não, não é a data pela qual todas as crianças esperam ansiosamente. É uma data comum, onde eu ganho algum presente e como bolo de chocolate feito pela madrinha.Estou no meu quarto. É um quarto rosa. Mirtes sempre diz que essa é uma cor de princesa, e eu acho que gosto, ou, pelo menos, quero que ela pense que gosto. Gosto da cama espaçosa, com certeza. E gosto da casa grande, igual aos castelos que vemos na televisão.Ouço batidas na porta, e, logo após, o filho da madrinha entra. O nome dele é David, e eu o chamo de Davis, ás vezes. Davis não gostava de mim, porque ele pensava que sua mãe me dava atenção demais. Mas agora acho que ele me vê como uma irmã, não sei.- "Bom dia, Blair" ele diz, com sua voz estranha de garoto na puberdade.- "Bom dia" respondo.Quando eu saí da casa de Blosson, irmã da mamãe, vim morar com Davis e Mirtes, e eles são bons para mim. Apesar de não gostar da forma como estão sempre sorrindo, eu prefiro e
No primeiro dia após a noite com Ethan, Blair ainda podia sentir o perfume dele impregnado em seu corpo. Era como se o aroma do homem fosse o que ela inspirava e expirava.No segundo dia, Blair estava às margens da loucura. Ela sentia o toque das mãos dele, da língua dele. Era tudo tão real que a mulher podia jurar que estava revivendo aquela noite. Aquela bendita noite.No terceiro dia, ela precisou voltar ao trabalho. Sem mensagens, sem chamadas, sem um sinal de vida. Ethan estava indisponível para ela, e talvez para o restante do mundo também. Não haviam notícias novas nas redes sociais, nem nas páginas de fofoca. Ethan estava de volta ao topo do mundo, onde ninguém o via ou conseguia alcançar.Durante aqueles dias, Blair também não teve notícias de Spencer. Desde a conversa pouco amigável na delegacia, o inspetor não ligou novamente. Aquilo deixava a mulher desorientada quanto aos próximos passos.Blair adentrou a agência onde trabalhava, mesmo estando completamente indisposta. El