Colton parou e analisou a expressão cansada de Spencer. Ele entendia a motivação do inspetor, pois também havia perdido pessoas importantes em sua vida. Contudo, o que ele não entendia era a confiança cega em Blair.- "Não, eu não conseguiria" por fim, o agente respondeu.- "Ela consegue. E mais, ela tem motivos pessoais para estar ao meu lado. Eu confio nela, porque não tenho outras opções. Agora volte para a sala e treine a garota"- "Espero que o tiro não seja na minha testa" Colton murmurou, e então voltou a caminhar para a área de treinamento antes de ouvir uma resposta.Dentro da sala, Blair analisava o revólver sobre a bancada. Ela sabia o básico sobre armas, mas isso não garantia que ela saberia manusear uma, caso fosse necessário. A ruiva notou a presença do agente quando a porta foi fechada, e analisou a expressão pouco contente dele ao se aproximar.- "Eu sei que você não confia em mim" Blair disparou.- "Não é pessoal"- "Se fosse pessoal, você não admitiria"Colton parou
- "Em partes, sim. Busco minha independência financeira, e acho que o caminho é este, ou algum parecido"As palavras da ruiva não eram uma mentira completa. Ela desejava a independência financeira, contudo, não era este o motivo pelo qual trabalhava com Michele.- "Eu serei muito sincera, Blair. Não vejo relacionamentos, vejo negócios. Sabe o que as pessoas dizem sobre mulheres como eu? Dizem que somos interesseiras, que não temos valor e que não merecemos respeito"- "Creio que tenha superado esses rumores" Blair inclinou-se na direção de sua chefe, um tanto quanto intrigada com a conversa.- "Eu precisei superar para seguir em frente. O que quero dizer é que as pessoas dizem coisas ruins sobre mulheres ambiciosas. Porém, eles se calam quando essas mulheres chegam ao topo"- "Pessoas comuns têm medo de pessoas poderosas" Blair comentou, e a pequena frase cativou Michele. Vinda de uma mulher jovem, aparentemente inexperiente, aquelas palavras pareceram sábias.- "Eu sou uma mulher pod
5 anos antes...A dança é uma prática que acalenta a alma. Quando movo meu corpo de acordo com um som ritmado, sinto-me como um pássaro. Eu juro, posso alcançar o céu. Consigo desligar minha mente e conectar o corpo com o melhor de mim. E, mesmo quando acaba, continuo sentindo asas em minhas costas e a leveza do pouso nos pés.Após sair da academia de dança, que, além de ser uma terapia, é meu local de trabalho, decido fazer uma visita à minha madrinha. Nós moramos na mesma rua, no entanto, a casa dela parece um castelo de doze décadas atrás. Mirtes nunca, nunca faz reformas. Ela deixa a casa que herdou de seus avós exatamente da mesma forma, como uma relíquia de família. O lugar vale milhões, mas ela jamais venderia.Por outro lado, a casa que aluguei para morar com Drake é pequena e moderna. Faz quase dois anos que moramos por aqui, em um dos bairros mais interessantes de Filadélfia, e amamos este lugar. Drake faz estágio na nossa antiga escola, o que é ótimo, e assim vivemos bem pa
Hoje eu entendo que, quando eu olhava para a imagem de Bloon, sentia esperanças irreais. Era impossível ter uma mãe novamente, ou uma casa bonitinha, ou um pai decente, ou um cachorro peludinho.- "Eu amo você, minha filha. Confie na família" Mirtes garante antes de me soltar de seu abraço confortável. Ela é uma senhora de cabelos escuros, poucas rugas em sua pele clara e castanhos olhos gentis.Eu nunca consegui responder essas palavras. Amor é forte, forte demais. Não sei se consigo suportar esse sentimento tão bonito e cruel. E o bordão da família Carey, esse sobre confiar, também não costumo dizer. De onde eu vim, família é sinônimo de destruição.- "David está em casa?" busco mudar de assunto.- "Sim. Ele está em seu quarto, estudando. Vá falar com ele"David Carey é o que posso chamar de namorado à três anos. Foi o primeiro homem em quem confiei depois de meu pai, e não tive motivos para me arrepender. Pelo menos até o presente momento. Ele foi o primeiro beijo, o primeiro toque
- "Quão bem?" minha voz chega a falhar.- "Ele produz filmes, Blair. Jean tornou-se um diretor de cinema, e agora está fazendo fama e dinheiro" Drake responde, percebendo que Mirtes não seria capaz de o fazer.Então, se eu entendi bem, ele saiu da cidade quando minha mãe estava hospitalizada. Ela morreu, e então eu fiquei sozinha. Ele estava longe, e todos pensavam que aquele verme havia morrido. Eu sofri por anos a fio até encontrar alguém decente como Mirtes, e ele nunca se importou. Enquanto eu chorava lágrimas de sangue em um orfanato onde as pessoas não faziam questão de me amar, ele produzia filmes. Eu chorei, senti fome e frio, encarei brigas e tirei notas baixas. Eu cresci, vivi e sobrevivi na selva da vida, e onde Jean estava?- "O que?"- "Ele está... está bem rico. Eu preciso ser sincera, Blair. Ele me procurou quando você chegou aqui, mas eu não permiti que chegasse perto de você. Você era um pedacinho do meu coração. Jean disse que não desistiria de você, e eu deveria ter
Ethan abandonou o escritório de Michele e caminhou em direção à recepção. Ele tinha esperanças de ver Blair na agência, talvez lendo algum relatório ou correndo contra o tempo para terminar algo. Contudo, antes de chegar ao fim do corredor, ele percebeu que a porta à sua direita estava aberta.O homem analisou calmamente a fresta da porta. Dentro do espaço, ele encontrou exatamente o que estava procurando. Banks gostaria de ter mais de um motivo para perder o fôlego, mas a ruiva em seu campo de visão era o único.Blair estava inclinada, procurando os documentos na última prateleira do armário. Suas costas estavam em um declínio perfeito, literalmente a descida para o inferno. O salto adornando seus pés era um detalhe que valorizava suas pernas e sensualizava sua posição. Seu cabelo estava solto, caindo aos lados do rosto e impedindo que ela visse o homem na porta. Também impedia que Ethan visse o rosto dela.Fosse por atração física ou mental, o homem estava perdendo a noção do que er
- "Isso é sobre ciúmes?"Ethan posicionou sua mão contra a porta do armário de madeira, pouco acima da cabeça de Blair. Sua outra mão continuava deslizando pela perna da mulher, subindo até o limite e voltando para baixo.- "O que?" Blair franziu as sobrancelhas com a pergunta que, para ela, era ridícula.- "Me ver com ela deixa você irritada, principessa?" ele provocou.No fundo, Blair não sentia que Mariah, ou qualquer outra mulher, seria uma rival. Ciúmes não era uma palavra que ela conhecia, até porque seu ego não lhe permitia ser intimidada. Seu egocentrismo não era algo bom, do qual Blair poderia se orgulhar, mas, neste ponto, ela não se importava.Ethan aproximou o rosto até tocar o nariz de Blair com o seu, e, naquele momento, ela pôde sentir o hálito mentolado dele. Sua boca reproduziu o sabor que o homem tinha, a sensação de sua língua e o movimento de seus lábios. Ela se lembrou perfeitamente do beijo.Porém, ao contrário do que Blair desejava, ele deslizou seus lábios para
- "Hoje daremos um passo adiante" Spencer comentou.O inspetor abriu a bolsa que havia levado consigo, e retirou um pequeno equipamento de dentro dela. Blair observou aquele movimento, estranhando a novidade. Normalmente, aqueles rápidos encontros no estacionamento serviam apenas para que ela entregasse os relatórios.- "O que quer dizer?" ela questionou.- "O jantar de hoje pode ser posto a nosso favor. E eu quero que as operações tenham mais precisão. Então, se você ouvir algo incriminador, preciso saber e ter provas"Spencer mostrou um pequeno gravador para a mulher. Tinha basicamente o tamanho de uma caneta, e Blair não soube como esconderia aquele objeto. Ela franziu as sobrancelhas, e então pegou o aparelho das mãos de Spencer.- "Um gravador?"- "Sim. Se conversarem sobre algo revelador, eu saberei"Naquela noite, Blair sairia com Ethan. Seria só um jantar, a princípio, mas talvez ela tivesse acesso a informações incriminadoras. No momento em que fez o convite, a ruiva não tinh