Capítulo XI
O lobisomem pulava sobre os carros provocando acidentes fatais, invadiacasas não só com o objetivo de retirar vidas, mas principalmente de expulsar osmoradores para as ruas, onde se tornariam presas fáceis aos mortos errantes.O vampiro recolhia almas que completavam o processo de desenlacecorporal, encaminhando-as rumo a catedral, onde faziam a passagem atravessandoo corpo da bruxa situada em meio ao pentagrama. A descarga energética erafenomenal, podendo ser vista a quilômetros._Venham, venham a mim, criancinhas! _dizia a bruxa em tom debochado edemonstrando na face um completo êxtase. _Façam parte desta comunhão econtemplem o caos que dará início a uma “nova era”! Uma era de verdadeiro terror esofrimento.***Weronica parou o carro bem em frente ao “Palácio da Instrução&rdquoEra com certeza a manhã mais bela que eu já havia presenciado. Estavaacabado pelas lutas, mas feliz com o resultado. Deixei a “Igreja Nossa Senhora doBom Despacho” caminhando lentamente com um leve sorriso no rosto, acreditandoque daquele dia em diante só o melhor estaria por vir.Passei pelas ruas e vi o povo cuiabano limpando suas calçadas, retomandoa vida e meu peito se encheu de satisfação.Numa “vitrine” pude observar vários televisores expostos e a repórterWeronica Kristina noticiando o fato ocorrido, havia ganhado uma amiga.Depois de uma considerável caminhada finalmente estava na frente decasa. Abri a porta, que apresentou um leve rangido, tentei acender a luz nointerruptor e constatei que a casa estava toda às escuras._Mãe cheguei! Desculpe ter saído sem avisar, mas não queria acordá-la!
Cuiabá, a capital do Estado de Mato Grosso. Cidade fundada nos temposda colonização portuguesa, de arquitetura antiga e também contemporânea, perdeuparte de seu patrimônio histórico durante a corrida pelo ouro no século XVIII etambém por descaso de muitas autoridades políticas locais ao longo das décadas.Entre algumas das principais construções históricas ainda preservadas,estão às igrejas de “São Benedito” no estilo barroco, de “Nossa Senhora do BomDespacho” (construção em estilo neogótico, inspirada na “Catedral de Notre Dame”,situada na cidade de Paris-França), e o “Seminário da Conceição”, todos em lugar dedestaque no velho centro.Conhecida por suas temperaturas elevadas, Cuiabá chega a registrardurante
Capítulo INa vida muitas vezes passamos por situações as quais não aceitamos, e terde acompanhar meus pais numa mudança indesejada para um local distante edesconhecido, parecia algo inconcebível para mim.Eram quase meados dos anos noventa, meu pai como agrimensor haviaencontrado um vasto campo de trabalho no Estado de Mato Grosso e acabei tendoque me mudar mesmo a contra gosto, forçado a deixar uma capital planejada e bemestruturada como Goiânia para viver em Cuiabá.Entrando no Estado de Mato Grosso pela BR-070, era possível enxergar ascondições precárias da rodovia, o asfalto bastante esburacado e alguns trechos semqualquer asfaltamento; curvas fechadas e falta de sinalização, aumentando o risco deacidentes.Durante longos períodos da viagem não se passava por uma única cidadeou pa
Capítulo IIOs dias transcorreram normalmente, sem grandes acontecimentos, meupai havia viajado a trabalho e a paz reinava em casa.Minha mãe tinha me matriculado numa tradicional escola secundária doEstado Mato-grossense, uma estrutura imponente, que ficava no “Bairro Quilombo”,local bastante conhecido na capital e não muito distante de minha casa, cerca de unsoito minutos de bicicleta ou vinte e sete minutos a pé seguindo por uma avenida denome “Presidente Marques”.Seria minha primeira vez em um curso noturno, numa nova escola, emuma turma diferente, com novos professores e não sabia o que encontraria pelafrente. Toda mudança traz insegurança, mas com certeza o mais difícil para jovenscomo eu era deixar para trás os seus vínculos e recomeçar todo o seu círculo deamizades; apesar desse defini
Capítulo IIIPassaram-se mais duas aulas e enfim chegou o intervalo. Peguei minhaprancheta já com a folha de sulfite afixada, o lápis preto e a borracha e fui para umcanto qualquer tentar desenhar algo. Percebi então que aquele cara, marrento,estava por perto, num grupinho e não demorou muito para ele se aproximar,mudando totalmente o semblante._Olá, meu nome é Sérgio, Sérgio Lobo! _disse ele._Fábio! _respondi desconfiado._Você é novo nesta escola? _perguntou. _Não me lembro de vê-lo por aquiantes!_Bem, na verdade, sou novo na cidade, cheguei a pouco de Goiânia!_respondi._Goiânia? _perguntou curioso. _Puxa, adoro Goiânia, estive lá por unstempos, também não sou daqui, nasci na cidade de São Paulo!_Meu sonho é morar em São Paulo, sou muito u
Capítulo IVPassei por minha mãe que estava sentada na sala e fui direto para o quartosem dizer uma só palavra. Percebendo a minha agitação, ela logo me seguiupreocupada._O que aconteceu? _perguntou ela._Não quero ir mais para essa droga de escola! Não quero morar nestebairro, nesta cidade, não quero mais continuar aqui, neste fim de mundo! _faleirevoltado. _Ninguém me perguntou se eu queria vir para cá! Quando terei algumaoportunidade na vida, em meio a essa gente ignorante!Minha mãe ficou com o coração apertado, mas buscou me olhar comfirmeza._Não sei o que aconteceu, mas te garanto que está enganado! _retrucou ela._O pouco que conversei com as pessoas daqui, me fez perceber o quanto sãosimpáticas, calorosas, honestas e cultas elas são, e a cidade não é t&atil
Capítulo VPela manhã o rádio relógio despertou tocando a música “Find Me (Jam'nSpoon)”, ao abrir os olhos, já havia esquecido dos acontecimentos da noite anterior.Levantei, tomei um banho, coloquei uma roupa apresentável, sorvi um breve café damanhã, peguei a mochila, também a carteira e avisei minha mãe que estava de saídaem busca de trabalho; caso não desse tempo de voltar em casa, iria direto paraescola.No ponto de ônibus, pedi informação sobre qual condução me deixariapróximo ao “Edifício Palácio do Comércio”. Uma lotação fazia o caminho passandopor uma avenida conhecida como “prainha”, onde ao longe avistei uma majestosaigreja em estilo neogótico, no alto de um morro, a qual me chamou bastante à
Capítulo VIA operação foi se esvaziando e Erika permanecia com o cliente em linha,até que formalizaram um acordo e a ligação se encerrou.Erika levantou de sua mesa indo na direção dos armários, onde osfuncionários guardavam os seus pertences. Durante o trajeto houve uma pequenaoscilação de energia até um verdadeiro blackout._Era só o que me faltava! _disse indignada. _Segurança! _chamou, masninguém respondeu.As luzes de emergência se acenderam e Erika aproveitou para pegar suascoisas e sair dali. Teria que descer todos os andares pelas escadas, a luminosidadeera fraca, exigindo grande cuidado. O silêncio era um tanto perturbador,permitindo se ouvir o barulho dos próprios sapatos em contato com o chão. Pareciaque o prédio estava totalmente vazio até que al