Cuiabá, a capital do Estado de Mato Grosso. Cidade fundada nos tempos
da colonização portuguesa, de arquitetura antiga e também contemporânea, perdeuparte de seu patrimônio histórico durante a corrida pelo ouro no século XVIII etambém por descaso de muitas autoridades políticas locais ao longo das décadas.Entre algumas das principais construções históricas ainda preservadas,estão às igrejas de “São Benedito” no estilo barroco, de “Nossa Senhora do BomDespacho” (construção em estilo neogótico, inspirada na “Catedral de Notre Dame”,situada na cidade de Paris-França), e o “Seminário da Conceição”, todos em lugar dedestaque no velho centro.Conhecida por suas temperaturas elevadas, Cuiabá chega a registrardurante os dias no verão a temperatura de 45º graus na sombra e noites muitoabafadas, onde os aparelhos de climatização muitas vezes em nada refrescam.Capítulo INa vida muitas vezes passamos por situações as quais não aceitamos, e terde acompanhar meus pais numa mudança indesejada para um local distante edesconhecido, parecia algo inconcebível para mim.Eram quase meados dos anos noventa, meu pai como agrimensor haviaencontrado um vasto campo de trabalho no Estado de Mato Grosso e acabei tendoque me mudar mesmo a contra gosto, forçado a deixar uma capital planejada e bemestruturada como Goiânia para viver em Cuiabá.Entrando no Estado de Mato Grosso pela BR-070, era possível enxergar ascondições precárias da rodovia, o asfalto bastante esburacado e alguns trechos semqualquer asfaltamento; curvas fechadas e falta de sinalização, aumentando o risco deacidentes.Durante longos períodos da viagem não se passava por uma única cidadeou pa
Capítulo IIOs dias transcorreram normalmente, sem grandes acontecimentos, meupai havia viajado a trabalho e a paz reinava em casa.Minha mãe tinha me matriculado numa tradicional escola secundária doEstado Mato-grossense, uma estrutura imponente, que ficava no “Bairro Quilombo”,local bastante conhecido na capital e não muito distante de minha casa, cerca de unsoito minutos de bicicleta ou vinte e sete minutos a pé seguindo por uma avenida denome “Presidente Marques”.Seria minha primeira vez em um curso noturno, numa nova escola, emuma turma diferente, com novos professores e não sabia o que encontraria pelafrente. Toda mudança traz insegurança, mas com certeza o mais difícil para jovenscomo eu era deixar para trás os seus vínculos e recomeçar todo o seu círculo deamizades; apesar desse defini
Capítulo IIIPassaram-se mais duas aulas e enfim chegou o intervalo. Peguei minhaprancheta já com a folha de sulfite afixada, o lápis preto e a borracha e fui para umcanto qualquer tentar desenhar algo. Percebi então que aquele cara, marrento,estava por perto, num grupinho e não demorou muito para ele se aproximar,mudando totalmente o semblante._Olá, meu nome é Sérgio, Sérgio Lobo! _disse ele._Fábio! _respondi desconfiado._Você é novo nesta escola? _perguntou. _Não me lembro de vê-lo por aquiantes!_Bem, na verdade, sou novo na cidade, cheguei a pouco de Goiânia!_respondi._Goiânia? _perguntou curioso. _Puxa, adoro Goiânia, estive lá por unstempos, também não sou daqui, nasci na cidade de São Paulo!_Meu sonho é morar em São Paulo, sou muito u
Capítulo IVPassei por minha mãe que estava sentada na sala e fui direto para o quartosem dizer uma só palavra. Percebendo a minha agitação, ela logo me seguiupreocupada._O que aconteceu? _perguntou ela._Não quero ir mais para essa droga de escola! Não quero morar nestebairro, nesta cidade, não quero mais continuar aqui, neste fim de mundo! _faleirevoltado. _Ninguém me perguntou se eu queria vir para cá! Quando terei algumaoportunidade na vida, em meio a essa gente ignorante!Minha mãe ficou com o coração apertado, mas buscou me olhar comfirmeza._Não sei o que aconteceu, mas te garanto que está enganado! _retrucou ela._O pouco que conversei com as pessoas daqui, me fez perceber o quanto sãosimpáticas, calorosas, honestas e cultas elas são, e a cidade não é t&atil
Capítulo VPela manhã o rádio relógio despertou tocando a música “Find Me (Jam'nSpoon)”, ao abrir os olhos, já havia esquecido dos acontecimentos da noite anterior.Levantei, tomei um banho, coloquei uma roupa apresentável, sorvi um breve café damanhã, peguei a mochila, também a carteira e avisei minha mãe que estava de saídaem busca de trabalho; caso não desse tempo de voltar em casa, iria direto paraescola.No ponto de ônibus, pedi informação sobre qual condução me deixariapróximo ao “Edifício Palácio do Comércio”. Uma lotação fazia o caminho passandopor uma avenida conhecida como “prainha”, onde ao longe avistei uma majestosaigreja em estilo neogótico, no alto de um morro, a qual me chamou bastante à
Capítulo VIA operação foi se esvaziando e Erika permanecia com o cliente em linha,até que formalizaram um acordo e a ligação se encerrou.Erika levantou de sua mesa indo na direção dos armários, onde osfuncionários guardavam os seus pertences. Durante o trajeto houve uma pequenaoscilação de energia até um verdadeiro blackout._Era só o que me faltava! _disse indignada. _Segurança! _chamou, masninguém respondeu.As luzes de emergência se acenderam e Erika aproveitou para pegar suascoisas e sair dali. Teria que descer todos os andares pelas escadas, a luminosidadeera fraca, exigindo grande cuidado. O silêncio era um tanto perturbador,permitindo se ouvir o barulho dos próprios sapatos em contato com o chão. Pareciaque o prédio estava totalmente vazio até que al
Capítulo VIIDo evento fui direto para casa, ao entrar na sala fiz o mínimo de barulhopossível para não acordar minha mãe. Estava tão cansado que larguei minhamochila no chão e deitei na cama de roupa e tudo.Tempos depois uma fina névoa entrou através das frestas da janela,tomando conta de todo o meu quarto, e senti como se algo me prendesse contra acama, não deixando que eu movimentasse o meu corpo; então abri os olhos e vi umaenorme criatura, uma espécie de morcego humanoide me segurando e comecei adebater e a gritar:_Meu Deus, alguém me ajude!A criatura então me arrastou de forma muito rápida, voando para cima,arrombando o telhado. Podia sentir os golpes de ar e os solavancos causados pelasenormes asas alçando voo.Acordei aflito e não consegui mais dormir, então fui para s
Capítulo VIIIEntrando em minha casa, logo percebi um envelope deixado em baixo daporta. Estava nela escrito:_ “Para Fábio”._Estranho! _falei cismado. _Mãe, sabe quem deixou este envelope com o meunome por debaixo da porta?Ninguém respondeu, então conclui que minha mãe havia saído.Fui para o quarto já abrindo a correspondência, curioso para saber quantoao conteúdo.Sentei na cama, liguei o rádio e a canção tocada era com certeza a minhamúsica favorita, “I've Been Waiting For A Girl Like You (Foreigner)”.Qual foi a minha surpresa ao encontrar no envelope um ingresso do “LunaPark” e juntamente um bilhete dizendo:_Todos os formandos têm o dever de participar, e precisam ir fantasiados!Assinado:_Professor Marks Scuro, patrono dos formandos do ano de mil no