Mateus fitava Diana com uma expressão assombrada. Não conseguia acreditar que alguém pudesse mudar tanto assim. Aliás, tudo à sua volta mudara e estava de ponta cabeça. Ao exterminar com Gandor, se transformou em um herói com direito a todas as honrarias e glórias inclusive visitas ao castelo do rei Alleor. Era convidado para todas as festas, mas tinha que participar delas sozinho, pois as filhas se recusavam a sair e a falar com ele, desde que souberam a verdade sobre Brisa e o fato de ele se manter afastado. E, agora, Diana...
–Não me olhe assim! Sabe Mateus, eu fui muito egoísta em toda a minha vida. Fútil, esnobe e uma péssima mãe. Preciso confessar, aprendi muito com essa moça, a tal Brisa. Nem com um terço da minha beleza consegui fazer algo de bom, ao passo que ela com to
Era uma vez, num país distante há milhares de anos... –Não pode estar falando sério... – Mateus sentou-se pálido sentindo as pernas fraquejarem. –Eu sinto muito, mas não posso fazer mais nada. –anunciou o médico de estatura pequena, careca e de rosto marcado pelo tempo. –Isso significa o quê? Que devo deixar minha filha morrer? – o pai indagou num desespero de dar dó. O velho homem não sabia o que dizer. Tratava-se da vida de uma menina de apenas seis anos de idade que deveria estar brincando, correndo, vivendo saudavelmente, e não
– “Ele vem vindo! Se prepare!” – sussurrou o vento balançando o pesado véu negro que se fundia na noite escura.O coração dela galopou, sua respiração acelerou, seu corpo estremeceu. Sua grande jornada estava para começar. A vibração de um novo tempo tomou conta do seu ser por inteiro. Queria rir, chorar, gritar! Virou-se aspirando o ar gelado e tomou o caminho de seu velho arruinado e "assombrado" castelo. Precisava se preparar.Não podia correr, sua perna esquerda era mais curta. Mas, ela tinha um pacto com o vento, quando estava agitada, apressada, podia flutuar a centímetros do chão. Esperou seus vinte anos por aquele momento. Sempre soube da chegada daquele homem e o propósito de sua vinda ainda lhe era um mistério. Sabia, porém, da transformação que ocorreria em sua vida rec
A "recepção" deixou a bruxa "sensibilizada"! Assim que atravessou os imensos portões, o povo fugiu, descaradamente, escondendo os rostos para não a olhar. Atitudes que só serviram para que ela se sentisse mais poderosa e dominante naquele lugar. No quarto em frente à cama da menina, a bruxa, com uma agilidade e habilidade assustadora, passou a fazer seus trabalhos. Daquele saco enorme, tirava poções, chás, ervas, e enquanto medicava a criança, ela falava baixinho, como se fizesse algum tipo de prece, deixando a empregada Gertrudes ainda mais assustada. Principalmente, quando ela pediu para acender muitas velas ao redor da cama, colocando pedras em volta do corpinho dela e por cima, em alguns pontos como o coração e o estômago. A bruxa já sabia qual doença acometera a criança, e sabia também, que s
Três longas noites e o povo do castelo estava assustado com os gritos e o choro da Bruxa de Negro. Mateus estava a ponto de arrombar aquele quarto trancado à sete chaves. Precisava saber o que estava acontecendo. Como senão bastasse os gritos dela, uma ventania que começou fraca, aumentou, azucrinando os ouvidos de todos nos arredores. Até mesmo dos animais que estavam inquietos e arredios. No entanto, a velha Olívia era uma guardiã e tanto, ninguém entrava e muito menos saía daquele quarto. Estava agoniado por notícias, e por conta de sua teimosia e orgulho, não queria admitir. Aproveitando a ausência do pai no quarto de Ester, Eisla resolveu fazer uma visitinha de boas vindas. Com uma elegância de dar inveja às meninas dos arredores, ela fez uma reverência assim que viu a irmã.&n
A bruxa foi jogada com estupidez, pelo homem, para dentro de um quarto, onde na cama se encontrava uma mulher muito doente. –Faça-a viver e eu a deixo partir. Caso contrário, será queimada em praça pública! – ameaçou o homem transtornado pela dor por ver sua mulher morrendo dia após dia. A bruxa se aproximou da cama, vagarosamente, com a certeza de que a doença que acometia aquela moribunda era gravíssima. Entre a vontade de chorar por estar à mercê daquele homem insano pela dor, e a determinação que se apoderava sobre ela, ordenou num tom áspero tudo o que precisava, e rapidamente. O homem praguejou, já que teria que mandar alguém ao castelo de Mateus buscar o saco "mágico" da bruxa.
Ele não queria nenhuma aproximação com a bruxa, contudo, seria no mínimo normal, vê-la perambulando pelos arredores do castelo, o que era nunca! Quando se pegava ansioso pela presença dela, relembrava todo o mal que Diana o fizera passar. Pronto, já nem pensava mais na bruxa, que procurava levar sua rotina, ou seja, sumia o dia inteiro e só saía à noite para colher suas ervas e quem sabe fazer seus feitiços na calada da noite, concluiu ele resignado. Não ia interferir, tinha uma dívida com ela e não poderia esquecer jamais. Não havia fortuna que pagasse a vida de sua filha. Numa tarde cinzenta e fria, Ester foi até o quarto da bruxa. A menina parecia triste e a bruxa através do véu, que não fizera empenho de erguer, perguntou o que houve. &ndas
–Nunca comi nada igual! O que havia naquele porco? –Hum... esse licor de... que mesmo? Violeta? Nunca imaginei! Dos Deuses! –Mateus! Cada dia o invejo mais com os talentos que você tem na cozinha! –A melhor cozinha das redondezas! –E as sobremesas? Ele estava zonzo com tantos elogios vindo de todos os lados. O salão abarrotado de gente. A entrada das filhas foi uma comoção. Estavam belíssimas! Eisla de lilás e Ester de amarelo. E não poderia negar sua decepção ao constatar, já no me
–Aonde você vai todos os dias?! Responde! – gritou Mateus sacudindo o braço delicado de Eisla que se contraía de dor. Contudo, ela não deixou por menos, revidou no mesmo tom. –Não lhe interessa, senhor! Cuide da sua pequena Ester que de mim cuido eu! Não devo satisfações a ninguém! Descontrolado, ele levantou a mão para esbofeteá-la. Nesse exato instante, Brisa entrou na extensa varanda que levava ao lindo jardim. –Não se atreva! Incrédulo com a intromissão ousada, Mateus soltou a menina de supetão, o que f&eci