A bruxa foi jogada com estupidez, pelo homem, para dentro de um quarto, onde na cama se encontrava uma mulher muito doente.
–Faça-a viver e eu a deixo partir. Caso contrário, será queimada em praça pública! – ameaçou o homem transtornado pela dor por ver sua mulher morrendo dia após dia.
A bruxa se aproximou da cama, vagarosamente, com a certeza de que a doença que acometia aquela moribunda era gravíssima. Entre a vontade de chorar por estar à mercê daquele homem insano pela dor, e a determinação que se apoderava sobre ela, ordenou num tom áspero tudo o que precisava, e rapidamente. O homem praguejou, já que teria que mandar alguém ao castelo de Mateus buscar o saco "mágico" da bruxa.
Ele não queria nenhuma aproximação com a bruxa, contudo, seria no mínimo normal, vê-la perambulando pelos arredores do castelo, o que era nunca! Quando se pegava ansioso pela presença dela, relembrava todo o mal que Diana o fizera passar. Pronto, já nem pensava mais na bruxa, que procurava levar sua rotina, ou seja, sumia o dia inteiro e só saía à noite para colher suas ervas e quem sabe fazer seus feitiços na calada da noite, concluiu ele resignado. Não ia interferir, tinha uma dívida com ela e não poderia esquecer jamais. Não havia fortuna que pagasse a vida de sua filha. Numa tarde cinzenta e fria, Ester foi até o quarto da bruxa. A menina parecia triste e a bruxa através do véu, que não fizera empenho de erguer, perguntou o que houve. &ndas
–Nunca comi nada igual! O que havia naquele porco? –Hum... esse licor de... que mesmo? Violeta? Nunca imaginei! Dos Deuses! –Mateus! Cada dia o invejo mais com os talentos que você tem na cozinha! –A melhor cozinha das redondezas! –E as sobremesas? Ele estava zonzo com tantos elogios vindo de todos os lados. O salão abarrotado de gente. A entrada das filhas foi uma comoção. Estavam belíssimas! Eisla de lilás e Ester de amarelo. E não poderia negar sua decepção ao constatar, já no me
–Aonde você vai todos os dias?! Responde! – gritou Mateus sacudindo o braço delicado de Eisla que se contraía de dor. Contudo, ela não deixou por menos, revidou no mesmo tom. –Não lhe interessa, senhor! Cuide da sua pequena Ester que de mim cuido eu! Não devo satisfações a ninguém! Descontrolado, ele levantou a mão para esbofeteá-la. Nesse exato instante, Brisa entrou na extensa varanda que levava ao lindo jardim. –Não se atreva! Incrédulo com a intromissão ousada, Mateus soltou a menina de supetão, o que f&eci
Quando Mateus a viu descer a longa escada, ficou entre decepcionado e surpreso. Decepção por vê-la usando o véu como sempre, surpreso por dessa vez ela estar usando o vestido azul escuro, quase no mesmo estilo do preto, a diferença era que o véu e as luvas também eram do mesmo tom. Eisla não gostou nem um pouco, em saber que a bruxa participaria daquele piquenique estranho ao final de tarde, mas, uma vez que estava tão feliz, não ousou contestar. Pelo menos por hora. Ester não conseguia acreditar que o pai e a irmã estavam em perfeita harmonia. Estava entre feliz e um tanto enciumada. Sentimento que ele percebera e chegara a conclusão de que teria que se dar em qualidade e igualdade para ambas e acabar por vez com a rivalidade existente entre elas. Principalment
Os comentários pelos arredores do castelo eram: –Você viu como a bruxa trouxe de volta o bebê da jovem Marga? Ela soprou na orelhinha dele e o bebê ressuscitou! –E os portões com dezenas de pessoas, do lado de fora, com fome e doentes a espera dela? O que é aquilo? –Ela deu pães e dinheiro àquela gente, imagina se o senhor Mateus sabe? Vai empobrecer o patrão! –Ela cura quem a procura com sua magia negra. Sabe-se lá o que devem dar em troca. –Ela deveria ser queimada numa imensa fogueira! Ela faz o bem para disfarçar o mal. –Vendem a alma a ela... Nem preciso dize
Enquanto isso, batalhas sangrentas aconteciam nos vilarejos entre os homens de Mateus e o bando de Gandor. Pessoas eram roubadas, mulheres violentadas, e queimadas como bruxas em imensas fogueiras. Famílias inteiras mortas pelos saqueadores que aumentavam a cada dia. A maldade e a violência ficavam maiores e intensas. A cada luta, Mateus se perguntava o porquê daquilo tudo. Que tipo de ser humano era aquele que sujeitava o outro a sua força, à sua brutalidade e a vontade de matar daquela maneira estúpida? Num dos embates, foi ferido no peito, porém, nada que o derrubasse, pois era um dos melhores guerreiros, e com sua espada já havia arrancado muitas cabeças. Infelizmente, era matar ou morrer.
–Não posso realizar esse casamento. Não com uma bruxa no altar, e de madrinha ainda por cima. Seria uma heresia! Eu estaria infringindo todas as leis da santa igreja! - gritou Ernesto, o padre da igreja do vilarejo, furioso. Era conhecido por ser brigão, mandão e comilão. –Por favor, padre, não complique a minha vida. – pediu Mateus irritado. –Preciso viajar e voltar aos campos de batalha, mas para isso João e Marga têm que se casar, afinal sou o padrinho. Vai recusar a boa oferta em moedas de ouro que fiz? –O dinheiro pouco importa! O que conta são meus princípios! –Desde quando?&n
Diana se debatia e esmurrava as grades da pequena cela, lugar em que fora jogada pelos homens de Gandor. Saqueada na estrada, foi arrancada de sua carruagem e levada até aquele lugar imundo e fétido. Tudo ali cheirava a merda, inclusive aqueles homens barbudos e sujos que deveriam estar sem banho há muito tempo. Estava apavorada com a possibilidade de ser tocada por um deles: –Lembrem-se homens; – disse um de seus raptores. –As melhores mulheres são de Gandor! De repente seus olhos esmeralda se iluminaram ao lembrar-se de outra conversa que ouvira, no caminho até o seu cárcere, e feito louca se parou a gritar: –Quero ver Gandor, agora!