Enquanto isso, batalhas sangrentas aconteciam nos vilarejos entre os homens de Mateus e o bando de Gandor. Pessoas eram roubadas, mulheres violentadas, e queimadas como bruxas em imensas fogueiras. Famílias inteiras mortas pelos saqueadores que aumentavam a cada dia. A maldade e a violência ficavam maiores e intensas.
A cada luta, Mateus se perguntava o porquê daquilo tudo. Que tipo de ser humano era aquele que sujeitava o outro a sua força, à sua brutalidade e a vontade de matar daquela maneira estúpida?
Num dos embates, foi ferido no peito, porém, nada que o derrubasse, pois era um dos melhores guerreiros, e com sua espada já havia arrancado muitas cabeças. Infelizmente, era matar ou morrer.
–Não posso realizar esse casamento. Não com uma bruxa no altar, e de madrinha ainda por cima. Seria uma heresia! Eu estaria infringindo todas as leis da santa igreja! - gritou Ernesto, o padre da igreja do vilarejo, furioso. Era conhecido por ser brigão, mandão e comilão. –Por favor, padre, não complique a minha vida. – pediu Mateus irritado. –Preciso viajar e voltar aos campos de batalha, mas para isso João e Marga têm que se casar, afinal sou o padrinho. Vai recusar a boa oferta em moedas de ouro que fiz? –O dinheiro pouco importa! O que conta são meus princípios! –Desde quando?&n
Diana se debatia e esmurrava as grades da pequena cela, lugar em que fora jogada pelos homens de Gandor. Saqueada na estrada, foi arrancada de sua carruagem e levada até aquele lugar imundo e fétido. Tudo ali cheirava a merda, inclusive aqueles homens barbudos e sujos que deveriam estar sem banho há muito tempo. Estava apavorada com a possibilidade de ser tocada por um deles: –Lembrem-se homens; – disse um de seus raptores. –As melhores mulheres são de Gandor! De repente seus olhos esmeralda se iluminaram ao lembrar-se de outra conversa que ouvira, no caminho até o seu cárcere, e feito louca se parou a gritar: –Quero ver Gandor, agora!
A partida de Brisa foi tumultuada entre choros e pedidos dos empregados, das meninas, da alegria vitoriosa de Diana e da fúria de Mateus, no qual tentou dar-lhe dinheiro, o que é óbvio, ela não aceitou, o levando a comprar Olívia para que o pegasse sob todo o tipo de ameaça. Queria pegá-la nos braços, levá-la para o seu quarto e amá-la até que os dois se exaurissem. Seu bom senso, porém, falou mais alto, como sempre, e não moveu um dedo para impedi-la. Mateus retornou para as batalhas. Diana passava horas em seu quarto e muito pouco falava com as filhas, que faziam questão de ser manter a uma boa distância da mãe. Brisa trabalhava, incansavelmente, no hospital ao lado dos médicos. Houve um caso de uma mulher queimada, que causou espanto em todos a sua
Mateus fitava Diana com uma expressão assombrada. Não conseguia acreditar que alguém pudesse mudar tanto assim. Aliás, tudo à sua volta mudara e estava de ponta cabeça. Ao exterminar com Gandor, se transformou em um herói com direito a todas as honrarias e glórias inclusive visitas ao castelo do rei Alleor. Era convidado para todas as festas, mas tinha que participar delas sozinho, pois as filhas se recusavam a sair e a falar com ele, desde que souberam a verdade sobre Brisa e o fato de ele se manter afastado. E, agora, Diana... –Não me olhe assim! Sabe Mateus, eu fui muito egoísta em toda a minha vida. Fútil, esnobe e uma péssima mãe. Preciso confessar, aprendi muito com essa moça, a tal Brisa. Nem com um terço da minha beleza consegui fazer algo de bom, ao passo que ela com to
Era uma vez, num país distante há milhares de anos... –Não pode estar falando sério... – Mateus sentou-se pálido sentindo as pernas fraquejarem. –Eu sinto muito, mas não posso fazer mais nada. –anunciou o médico de estatura pequena, careca e de rosto marcado pelo tempo. –Isso significa o quê? Que devo deixar minha filha morrer? – o pai indagou num desespero de dar dó. O velho homem não sabia o que dizer. Tratava-se da vida de uma menina de apenas seis anos de idade que deveria estar brincando, correndo, vivendo saudavelmente, e não
– “Ele vem vindo! Se prepare!” – sussurrou o vento balançando o pesado véu negro que se fundia na noite escura.O coração dela galopou, sua respiração acelerou, seu corpo estremeceu. Sua grande jornada estava para começar. A vibração de um novo tempo tomou conta do seu ser por inteiro. Queria rir, chorar, gritar! Virou-se aspirando o ar gelado e tomou o caminho de seu velho arruinado e "assombrado" castelo. Precisava se preparar.Não podia correr, sua perna esquerda era mais curta. Mas, ela tinha um pacto com o vento, quando estava agitada, apressada, podia flutuar a centímetros do chão. Esperou seus vinte anos por aquele momento. Sempre soube da chegada daquele homem e o propósito de sua vinda ainda lhe era um mistério. Sabia, porém, da transformação que ocorreria em sua vida rec
A "recepção" deixou a bruxa "sensibilizada"! Assim que atravessou os imensos portões, o povo fugiu, descaradamente, escondendo os rostos para não a olhar. Atitudes que só serviram para que ela se sentisse mais poderosa e dominante naquele lugar. No quarto em frente à cama da menina, a bruxa, com uma agilidade e habilidade assustadora, passou a fazer seus trabalhos. Daquele saco enorme, tirava poções, chás, ervas, e enquanto medicava a criança, ela falava baixinho, como se fizesse algum tipo de prece, deixando a empregada Gertrudes ainda mais assustada. Principalmente, quando ela pediu para acender muitas velas ao redor da cama, colocando pedras em volta do corpinho dela e por cima, em alguns pontos como o coração e o estômago. A bruxa já sabia qual doença acometera a criança, e sabia também, que s
Três longas noites e o povo do castelo estava assustado com os gritos e o choro da Bruxa de Negro. Mateus estava a ponto de arrombar aquele quarto trancado à sete chaves. Precisava saber o que estava acontecendo. Como senão bastasse os gritos dela, uma ventania que começou fraca, aumentou, azucrinando os ouvidos de todos nos arredores. Até mesmo dos animais que estavam inquietos e arredios. No entanto, a velha Olívia era uma guardiã e tanto, ninguém entrava e muito menos saía daquele quarto. Estava agoniado por notícias, e por conta de sua teimosia e orgulho, não queria admitir. Aproveitando a ausência do pai no quarto de Ester, Eisla resolveu fazer uma visitinha de boas vindas. Com uma elegância de dar inveja às meninas dos arredores, ela fez uma reverência assim que viu a irmã.&n