Os dias que se seguiram à conversa franca com Ethan estabeleceram uma nova dinâmica na mansão, marcada por uma trégua silenciosa e uma distância respeitosa. Noan aceitou as palavras de Ethan, por mais dolorosas que fossem, e se concentrou em seu trabalho e em Tian. Ele se esforçava para ser profissional e discreto, evitando qualquer comportamento que pudesse ser interpretado como uma busca por algo mais. Ethan, por sua vez, manteve sua rotina reclusa, mas Noan percebia sutis mudanças em seu comportamento. Ele parecia menos distante com Tian, por vezes até mesmo parando para observar o menino brincar no jardim com um olhar quase nostálgico. Com Noan, suas interações eram ainda formais, mas havia um tom menos áspero em sua voz, e seus olhos ocasionalmente se demoravam em Noan por um instante antes de se desviarem. Tian, como sempre, era o catalisador de momentos inesperados de leveza. Em uma tarde, enquanto Noan ajudava Ethan a organizar alguns documentos no escritório, o menino in
O silêncio que se seguiu à partida do Sr. Damian era carregado de uma tensão palpável. Tian, confuso com a altercação, agarrou-se à perna de Noan, olhando para Ethan com seus grandes olhos castanhos. Noan sentia o coração acelerado, uma mistura de medo e gratidão inundando seu peito. Ethan manteve sua postura firme, o olhar fixo na direção em que o pai de Noan havia desaparecido. Sua mandíbula estava tensa, e havia uma determinação fria em seus olhos que Noan nunca havia visto antes. "Vocês estão bem?", perguntou Ethan, sua voz surpreendentemente suave, quebrando o silêncio. Noan assentiu, a voz ainda embargada pela emoção. "Sim... obrigado, Ethan. Você não precisava ter feito isso." Um leve traço de um sorriso amargo surgiu nos lábios de Ethan. "Eu não gosto de injustiças. E aquele homem... ele não tinha o direito de falar com você daquela maneira, especialmente na frente de Tian." Eles ficaram parados na praia por mais alguns instantes, o som das ondas quebrando na costa parec
Na manhã seguinte, Ethan cumpriu sua promessa. Noan o viu sair cedo, vestido em um terno impecável, com uma pasta de couro na mão. Jonathan informou que o patrão tinha uma reunião importante com seus advogados. A ansiedade pairava no ar da mansão como uma névoa densa, mas havia também uma sensação tênue de esperança, ancorada na determinação que Noan vira nos olhos de Ethan. O dia pareceu se arrastar lentamente para Noan. Ele tentava manter a rotina com Tian, brincando no jardim e lendo seus livros favoritos, mas sua mente estava constantemente divagando para a reunião de Ethan. Ele se perguntava o que os advogados diriam, quais seriam as chances de impedir seu pai de levar Tian. Ao final da tarde, quando o sol começava a se pôr, pintando o céu com tons de laranja e roxo, o carro de Ethan estacionou na entrada da mansão. Noan esperou ansiosamente na sala de estar, com Tian agarrado à sua perna. Ethan entrou na casa com uma expressão séria, mas havia um brilho de determinação em s
Os dias que se seguiram à promessa de Ethan trouxeram uma mudança sutil, mas perceptível, na atmosfera da mansão. A tensão causada pela ameaça do Sr. Damian ainda pairava, mas havia também uma nova corrente de entendimento e confiança fluindo entre Noan e Ethan. As barreiras que antes pareciam intransponíveis começavam a se dissolver, revelando uma conexão mais humana e palpável.Ethan, embora ainda mantivesse seus momentos de reclusão, demonstrava uma abertura inédita com Noan. Em conversas ocasionais durante o café da manhã ou no final da tarde, ele compartilhava pequenas lembranças de sua infância, fragmentos de um passado que parecia distante do homem frio e reservado que Noan conhecera inicialmente. Ele mencionou um avô que o levava para pescar e uma paixão por aviões quando criança, pintando um quadro surpreendentemente terno de sua juventude.Tian, com sua percepção aguçada, parecia sentir essa mudança. Ele passou a incluir Ethan em suas brincadeiras co
A noite de filme deixou uma atmosfera suave e acolhedora pairando sobre a mansão. Noan sentia um calor reconfortante em seu peito ao se lembrar de Tian dormindo no colo de Ethan e do olhar terno que o empresário lhe havia lançado. Na manhã seguinte, havia um quê de familiaridade e conforto em seus gestos e olhares trocados com Ethan, como se uma barreira invisível tivesse se rompido. Ethan passou a procurá-lo para conversas mais informais, perguntando sobre seu dia, seus gostos musicais e até mesmo sobre seus antigos estudos de engenharia. Noan se sentia lisonjeado pela atenção e percebia que Ethan também parecia genuinamente interessado em conhecê-lo melhor. Havia um brilho diferente em seus olhos quando conversavam, um lampejo de alegria que Noan não via com frequência. Em uma tarde ensolarada, enquanto Noan cuidava das roseiras no jardim, Ethan se juntou a ele, observando-o trabalhar em silêncio por a
A mão de Ethan na sua era um elo silencioso, uma promessa tácita de apoio em meio à incerteza. Naquela noite, Noan adormeceu com uma sensação de conforto que não sentia há muito tempo. Pela manhã, a lembrança daquele toque trouxe um calor suave ao seu despertar, dissipando um pouco da ansiedade que o assombrava. A dinâmica entre eles havia se transformado. Ethan, embora ainda mantivesse seus momentos de introspecção, parecia mais presente e atencioso. Ele passou a se juntar a Noan e Tian durante o café da manhã com mais frequência, participando das conversas com um interesse genuíno. Oferecia ajuda com pequenas tarefas, como carregar as compras ou arrumar os brinquedos de Tian, gestos simples que demonstravam um cuidado crescente. Noan, por sua vez, sentia-se mais à vontade na presença de Ethan. Ele ria de suas piadas (algumas surpreendentemente boas), compartilhava seus pensamentos e preocupações com mais liberdade e percebia que Ethan o ouv
O sol da manhã seguinte invadiu o quarto através das cortinas finas, despertando Noan com seus raios suaves. Ao seu lado, Tian ainda dormia profundamente, o rosto sereno e a respiração calma. Observá-lo dormir sempre trazia um misto de ternura e preocupação para Noan. Cada dia era uma nova batalha, uma nova tentativa de entender as necessidades únicas de seu filho e de lhe proporcionar um ambiente seguro e amoroso. Com cuidado para não acordá-lo, Noan levantou-se e vestiu a roupa simples que trouxera. Precisava começar a trabalhar. Desceu as escadas hesitante, encontrando Jonathan na cozinha, preparando o café da manhã. O mordomo, com seu semblante amigável e maneiras gentis, o recebeu com um sorriso acolhedor. "Bom dia, Noan. Dormiu bem?" "Bom dia, Jonathan. Sim, obrigado. Tian ainda está dormindo." "Não se preocupe, ele pode ficar no quarto. Sofia já está cuidando da limpeza, mas assim que ele acordar, pode trazê-lo para tomar café." Noan sentiu um peso sair de seus ombros.
O sol da manhã mal despontava no horizonte, pintando o céu com tons pálidos de rosa e laranja, mas para Noan, a beleza do amanhecer era um contraste cruel com a escuridão que consumia sua alma. A mochila surrada a seus pés parecia pesar uma tonelada, carregando não apenas seus poucos pertences, mas também o fardo de uma vida que desabava. Ao seu lado, agarrado à sua calça jeans desbotada, Tian, com seus pequenos três anos, observava o movimento da rua com olhos curiosos, alheio à tempestade que assolava o coração do pai. A noite anterior fora a mais longa e dolorosa de sua vida. As palavras duras e frias de seu pai ainda ecoavam em seus ouvidos, como navalhas cortando sua carne. "Você é uma vergonha para esta família. Não quero mais você e essa criança problemática sob o meu teto." A descoberta que sou Gay e do autismo de Tian, que Noan tanto lutara para entender e aceitar, havia sido a gota d'água para um pai que sempre prezara por aparências e "normalidade". As lágr