Após o susto do trovão, o silêncio retornou à sala de jantar, mas a atmosfera havia se transformado sutilmente. Tian, ainda agarrado à perna de Ethan, olhava para ele com uma mistura de curiosidade e cautela. Ethan, por sua vez, mantinha o olhar fixo no menino, sua expressão agora mais suave, quase pensativa. Noan, sentindo o peso do momento, aproximou-se lentamente. "Tian, meu amor, o senhor Ethan precisa jantar." Tian soltou a perna de Ethan hesitante, mas manteve os olhos fixos nele. Ethan, como se despertasse de um transe, pigarreou e voltou a sua postura habitual, levantando-se com uma rigidez quase defensiva. "Já terminei", disse ele, sua voz voltando ao tom frio e distante de sempre. Sem olhar para Noan, dirigiu-se para fora da sala, deixando para trás um rastro de confusão e uma ponta de admiração em Noan. Nos dias que se seguiram, pequenos incidentes como aquele se repetiram, como rachaduras sutis surgindo na armadura de Ethan. Tian, com sua inocência e espontaneidade,
A conversa na varanda pairou no ar como uma brisa noturna persistente. Noan não conseguia esquecer a dor palpável na voz de Ethan ao confessar sua culpa. Aquela breve abertura em sua armadura revelara um homem atormentado, preso nas correntes de um passado trágico. Na manhã seguinte, no entanto, Ethan parecia ter se fechado novamente, sua expressão mais fria e distante do que nunca. Ele mal dirigiu a palavra a Noan, limitando-se a acenos de cabeça e ordens concisas. Apesar do aparente recuo de Ethan, algo havia mudado na percepção de Noan. Ele via agora as camadas por baixo da frieza, a dor que o consumia por dentro. Essa nova compreensão despertou em Noan um sentimento de empatia, uma vontade de ajudar aquele homem a encontrar algum tipo de paz, mesmo que parecesse uma tarefa impossível. Tian, alheio às complexidades emocionais dos adultos ao seu redor, continuava a ser uma fonte constante de alegria e um elo inesperado entre Noan e Ethan. Ele perseguia as borboletas no jardim,
A semana que se seguiu trouxe consigo uma mudança no clima, tanto dentro quanto fora da mansão. O céu, antes de um azul límpido, começou a se cobrir de nuvens densas e carregadas, prenunciando a chegada de uma tempestade. Noan sentia uma inquietação semelhante em seu próprio interior, uma confusão crescente em relação aos seus sentimentos por Ethan. Apesar da frieza e da distância que o empresário mantinha, havia momentos fugazes de gentileza e vulnerabilidade que plantavam em Noan uma semente de esperança, e talvez, algo mais. Ele se repreendia mentalmente por isso. Ethan era seu chefe, um homem problemático e cheio de traumas. Noan precisava focar em Tian, em garantir a segurança e o bem-estar de seu filho. Mas a verdade era que a tristeza nos olhos de Ethan o afetava, e os raros sorrisos direcionados a Tian despertavam em Noan uma estranha ternura. A tempestade chegou com fúria na tarde de uma quarta-feira. Raios cortavam o céu escuro, e o som dos trovões ecoava pela casa, faz
A manhã seguinte amanheceu com um céu límpido, como se a tempestade da noite anterior nunca tivesse existido. No entanto, para Noan, a atmosfera na mansão parecia carregada de uma eletricidade silenciosa, um eco do olhar intenso que compartilhou com Ethan no corredor. Ele se sentia estranhamente consciente da presença do empresário, cada ruído, cada porta que se abria o fazia sobressaltar.Ethan, por sua vez, parecia ter se retraído ainda mais em sua concha. Ele não mencionou o breve encontro da noite anterior e manteve uma distância ainda maior do que o habitual. Seus olhos, quando cruzavam os de Noan, eram rápidos e evasivos, sem o brilho fugaz de vulnerabilidade que Noan havia vislumbrado.Noan tentava se concentrar em suas tarefas, mas sua mente constantemente voltava para aquele momento no corredor. O calor do olhar de Ethan, a sensação de proximidade... tudo parecia um sonho, quase irreal. Ele se questionava se havia interpretado mal os sinais, se a tensão que sentira era apenas
O silêncio que se seguiu ao beijo era palpável, denso como o ar antes de uma tempestade. Os lábios de Ethan ainda roçavam levemente os de Noan, uma lembrança fugaz de um toque que havia rompido a barreira da formalidade e da distância. Seus olhares permaneceram conectados, carregados de uma mistura de surpresa, vulnerabilidade e uma pergunta silenciosa que pairava no ar. Então, Ethan se afastou abruptamente, como se tivesse se queimado. Seus olhos, antes suaves e carregados de emoção, voltaram a exibir uma frieza defensiva. Ele passou a mão pelos cabelos, um gesto de nervosismo que Noan nunca havia presenciado. "Eu... não deveria ter feito isso", disse Ethan, sua voz rouca e quase inaudível. Ele desviou o olhar, fixando-o em um ponto qualquer da estante de livros. As palavras atingiram Noan como um balde de água fria, dissipando a onda de calor e esperança que o havia tomado. A dúvida e a insegurança voltaram a assombrá-lo. Teria sido um erro? Teria ele interpretado mal os sinais?
Os dias que se seguiram à conversa franca com Ethan estabeleceram uma nova dinâmica na mansão, marcada por uma trégua silenciosa e uma distância respeitosa. Noan aceitou as palavras de Ethan, por mais dolorosas que fossem, e se concentrou em seu trabalho e em Tian. Ele se esforçava para ser profissional e discreto, evitando qualquer comportamento que pudesse ser interpretado como uma busca por algo mais. Ethan, por sua vez, manteve sua rotina reclusa, mas Noan percebia sutis mudanças em seu comportamento. Ele parecia menos distante com Tian, por vezes até mesmo parando para observar o menino brincar no jardim com um olhar quase nostálgico. Com Noan, suas interações eram ainda formais, mas havia um tom menos áspero em sua voz, e seus olhos ocasionalmente se demoravam em Noan por um instante antes de se desviarem. Tian, como sempre, era o catalisador de momentos inesperados de leveza. Em uma tarde, enquanto Noan ajudava Ethan a organizar alguns documentos no escritório, o menino in
O silêncio que se seguiu à partida do Sr. Damian era carregado de uma tensão palpável. Tian, confuso com a altercação, agarrou-se à perna de Noan, olhando para Ethan com seus grandes olhos castanhos. Noan sentia o coração acelerado, uma mistura de medo e gratidão inundando seu peito. Ethan manteve sua postura firme, o olhar fixo na direção em que o pai de Noan havia desaparecido. Sua mandíbula estava tensa, e havia uma determinação fria em seus olhos que Noan nunca havia visto antes. "Vocês estão bem?", perguntou Ethan, sua voz surpreendentemente suave, quebrando o silêncio. Noan assentiu, a voz ainda embargada pela emoção. "Sim... obrigado, Ethan. Você não precisava ter feito isso." Um leve traço de um sorriso amargo surgiu nos lábios de Ethan. "Eu não gosto de injustiças. E aquele homem... ele não tinha o direito de falar com você daquela maneira, especialmente na frente de Tian." Eles ficaram parados na praia por mais alguns instantes, o som das ondas quebrando na costa parec
Na manhã seguinte, Ethan cumpriu sua promessa. Noan o viu sair cedo, vestido em um terno impecável, com uma pasta de couro na mão. Jonathan informou que o patrão tinha uma reunião importante com seus advogados. A ansiedade pairava no ar da mansão como uma névoa densa, mas havia também uma sensação tênue de esperança, ancorada na determinação que Noan vira nos olhos de Ethan. O dia pareceu se arrastar lentamente para Noan. Ele tentava manter a rotina com Tian, brincando no jardim e lendo seus livros favoritos, mas sua mente estava constantemente divagando para a reunião de Ethan. Ele se perguntava o que os advogados diriam, quais seriam as chances de impedir seu pai de levar Tian. Ao final da tarde, quando o sol começava a se pôr, pintando o céu com tons de laranja e roxo, o carro de Ethan estacionou na entrada da mansão. Noan esperou ansiosamente na sala de estar, com Tian agarrado à sua perna. Ethan entrou na casa com uma expressão séria, mas havia um brilho de determinação em s