Andradas ficou pasmo. — Meu Deus! Ela não pode sair de lá! O homem se alterou novamente: — Essa mulher tinha que estar presa, Andradas! — Eu sei meu amigo, eu demorei para entender, mas agora até o meu filho que vai nascer está em perigo! — As enfermeiras não gostam dela, os médicos também, eles já perceberam que ela é uma criminosa, e não uma doente! Andradas pensou um pouco. — Talvez se trocássemos ela de clínica, o que você acha? Sabe que vou precisar dos seus serviços, não sabe? O homem assentiu aborrecido. Andradas saiu do consultório do amigo, com essa ideia. Mirtes seria transferida para uma clínica, onde o dinheiro falasse mais alto. O médico ficou encarregado de conseguir outro lugar. Quando saiu de lá, Andradas foi ver Aline e lhe contou tudo. A moça ficou indignada. — Eu sabia que de louca essa mulher nunca teve nada! Se fosse pobre, já estaria na cadeia! — Vamos marcar nosso casamento logo! Já decidiu como e onde você
Eu fiquei chocada. Só conseguia sentir piedade do meu pai. “Nossa, essa Mirtes é muito venenosa — Eu pensava. — Fique tranquilo, meu amigo, eu sei que você nunca faria isso, nós sempre fomos muito amigos! A Mirtes sempre via maldade em tudo, mas naquele tempo, ela nunca fez um comentário desse tipo a seu respeito. Acredito que a aproximação com Rose Marie, despertou o seu lado sombrio! O meu pai ficou mais aliviado sabendo que o amigo não acreditou na louca da Mirtes, mas quem acreditaria numa barbaridade dessa? Eu resolvi aparecer e entrar na conversa. — O meu pai nunca seria capaz de cometer uma traição como essa! Por ele, eu ponho a minha mão no fogo! Eu abracei o Klaus, ele tremia de nervoso. — Nem sei o que dizer. Andradas! — Não diga nada, meu amigo, até lhe peço desculpas por isso! Os dois ficaram bem, e eu nem desconfiei que aquela acusação fazia sentido, parecia tão absurda! Andradas chamou meu pai para tomar um drink antes do
A água estava e o meu amor também, aliás ele estava quentinho! Todo fogoso! — Você é a mulher mais linda e gostosa que eu já vi nessa vida!— ele disse, afastando os cabelos molhados do meu rosto. Eu virei de costas para que a esponja deslizasse por elas. Alex era o rei das esponjas! Eu ria pensando nisso. — Se o médico me proibisse de fazer amor, o que você faria, Alex?— eu saí com essa, nada a ver! Ele parou de deslizar a esponja e ficou curioso. — Ele falou isso? — Não, claro que não, mas se isso acontecer, você vai procurar prazer fora de casa, digo, com outra mulher? Ele riu malicioso e encostou os lábios no meu pescoço. — Eu nunca faria isso, meu amor, nem se você me mandasse! Eu me virei nervosa. — Mas foi isso que fez quando pensou que Cecília estava tão doente a esse ponto! Ele virou o rosto evitando me olhar. — Ela se mudou para esse quarto, dois anos antes de falecer. Eu fiquei boquiaberta. — O quê? Dormiu com ela aqui, neste quarto? Por que Gi
Alguns dias passaram e a ideia do quarto embaixo parecia cada vez melhor. Às vezes as crianças invadiam o meu quarto, depois do jantar, enquanto eu estava indisposta, mas era sempre uma farra quando estávamos todos reunidos. Alex gostava da brincadeira. Antônio e Sophia davam muita risadas! O casamento da minha mãe estava próximo e isso deixava o Filippo cada vez mais triste, era perceptível. Ele ficava sempre quieto, vendo o Alex brincar com as crianças. Um certo dia, depois que eles se recolheram, o Alex comentou: — Você também está achando o seu irmão muito quieto? — Ele anda triste, Alex! — Por que? — Você sabe! Sei que não gosta de tocar nesse assunto, eu até respeito a sua posição, mas eu sei que você sabe! Ele ficou calado e pensativo. — Quer falar sobre isso abertamente? Está mais do que na hora!— ele disse, depois de suspirando longamente. Eu andava nervosa pelo quarto. — Melhor não, eu não quero correr o risco de me in
Eu tive que aguentar o Alex a noite toda passando a mão na minha barriga. Os bebês ficaram agitados e mexeram muito. No dia seguinte, nem eu e nem eles conseguiram levantar cedo! Eu acordei com a voz de Lina, a criada sisuda, mas que agora parecia tão gentil. — Vamos levantar, senhora! Precisa alimentar esses dois! O pai está todo bobo! Todos já sabem que eles mexeram a noite toda e que não deixaram a mãe dormir direito! — Oi Lina!— eu bocejei, me espreguiçando. A mulher colocou a bandeja de café na cama e cruzou os braços sorrindo. — Essa casa vai ficar cheia com dois foguetinhos soltos por aqui! Eu sorri imaginando todos loucos de preocupação. — Vamos precisar reforçar o exército para cuidar desses dois!— eu disse sorridente. — Sente-se bem, senhora?— ela indagou preocupada. — Sim, tenho que trabalhar numa causa, amanhã tem audiências! Nesse dia, eu me preparei para a causa que falava de homofobia. Era muito importante para m
O plano da minha mãe era perfeito. No começo, eu não entendia muito bem, eu só tinha dezoito anos e ainda era virgem! Diante da situação de falência em que estávamos, com a morte do infeliz do marido dela, casar com o juiz Alex Andradas ainda parecia a melhor solução, mesmo ele sendo mais velho e viúvo! Eu me entregaria e engravidaria. Ele se sentiria na obrigação de reparar o erro, embora sob ameaça. Só tinha um problema para mim, foi amor à primeira vista! Vamos voltar um pouco lá trás para contar essa história? *** Ele chegou cheirando a sedução e trazia consigo a soberba dos Andradas, a família que me comprou. Sim, ele literalmente me comprou. Um dia eu era uma patricinha e no outro, a babá da filha daquele viúvo frio e incrivelmente sedutor! Minhas pernas fraquejaram e o meu coração disparou no momento em que ele entrou por aquela sala de estar da mansão dos Andradas. Ele veio marchando e parou na minha frente. — Boa tarde, doutor! — Minha voz saiu num fio. — Se
No dia seguinte, eu acordei com um par de olhos castanhos claros, quase verdes, me olhando curiosos. Eu pulei da cama, caí sentada no chão e ela se assustou. — Quem é você?— a pergunta foi automática. Eu olhei para a menina que mais parecia uma boneca com tranças douradas e um vestido rosa de saia rodada. — Você é a babá?— ela indagou se aproximando curiosa. Eu senti um medo terrível. Será que eu daria conta de cuidar daquela princesinha? Ela era tão pequena, como um cristal delicado que parecia se quebrar facilmente. — Meu nome é Cristal!— a menina falou, me olhando como se eu fosse um bichinho estranho. Eu suspirei e tentei descobrir a sua idade. A menina era toda mocinha e devia ter seus cinco ou seis anos. — Você quer brincar?— ela quis saber. Eu sorri achando graça. — Se eu quero brincar?— Eu não acreditei. Me levantei sorrindo, ajeitando a enorme camisola que Giorgia me emprestou. Neste momento, a porta se abriu bruscamente e uma voz grave ecoou.
Alex saiu para trabalhar e eu me ajeitei na cozinha. Estava faminta. — Não Bella, isso não é serviço seu!— era Giorgia que me repreendia. De repente, Cristal ficou paralisada e os seus olhinhos lacrimejaram. Giorgia cobriu a boca com as mãos. — Meu Deus, onde achou essa roupa?— ela quis saber. Eu olhei para o vestido confortável, estampado em amarelo e branco e sorri. — Ah, eu achei no armário, lá no quarto em que eu… Giorgia me interrompeu e pôs-se a me arrastar para fora da cozinha. — Deixe ela assim, Gi! Giorgia paralisou ao ouvir o tom autoritário da menina. Eu sorri inocente, mas Giorgia estava aflita. — O seu pai não vai aprovar essa ideia! — Ela está linda! Parece a minha mãe!— Cristal disse, se aproximando e segurando a minha mão. Eu me deixei levar de volta à mesa de serviço, onde antes comia um lanche. Cristal debruçou-se na mesa, me olhando com admiração. — Você caiu do céu?— ela indagou tão séria que eu fiquei paralisada, segurando o me