Eu tentei amenizar: — Vamos falar de coisas boas, meu sogro! O senhor vai se mudar no fim de semana, exatamente em que a minha mãe se casa. Dona Esther estava descendo as escadas nesse momento. Alex só esperou ela se sentar. — Dona Esther, temos que falar seriamente. Minha mãe ficou surpresa, eu diria que ela ficou assustada. — Pode falar, Alex. — É sobre o Filippo. Até eu fiquei surpresa. Minha mãe logo se entregou, já foi falando sem pensar: — O que tem o meu filho? É sobre o namoro deles? Eu nunca apoiei, Alex! Sempre falei que se você soubesse, ia sobrar pra mim! Alex riu, jogando os cabelos para trás. — Fique tranquila, dona Esther, já estou sabendo disso, e já faz algum tempo! Ela ficou sem entender, então ele explicou: — Eu quero que deixe o garoto aqui. — Deixar o Filippo aqui? — Exatamente. Ele está conosco há muito tempo e já se acostumou com a rotina da casa. Aqui ele tem o seu quarto, tem motorista à disposição
Eu quis lhe animar. — Você é pai da Cristal sim, e ninguém pode dizer o contrário, nem mesmo esse exame! Nós fomos juntos, logo depois do café. Fomos buscar o resultado na clínica, mas só soubemos, na volta ao carro. O Theo estava ao volante, curioso. Eu abri, porque o Alex não teve coragem. Ele estava certo, deu negativo. Ele não se conteve e foi às lágrimas. Ele dizia se sentir vazio e perdido. — Como ela não é minha filha, Bella? Me diga, como ela não é a minha filha? Théo, que olhava pelo retrovisor, se emocionou. Não havia muito o que fazer, só nos restava chamar Maximiliano para fazer o exame, mas isso seria assunto para depois. Deixamos o Alex no fórum. — Fica calmo amor, à noite falamos com a Cristal. De qualquer forma, ela está estudando — Eu tentando acalmá-lo. Ele assentiu resignado e se foi. Eu e o Théo fomos conversando no trajeto de casa. — Bella, eu acho que você deveria conversar com a Cristal, antes do Juiz c
O plano da minha mãe era perfeito. No começo, eu não entendia muito bem, eu só tinha dezoito anos e ainda era virgem! Diante da situação de falência em que estávamos, com a morte do infeliz do marido dela, casar com o juiz Alex Andradas ainda parecia a melhor solução, mesmo ele sendo mais velho e viúvo! Eu me entregaria e engravidaria. Ele se sentiria na obrigação de reparar o erro, embora sob ameaça. Só tinha um problema para mim, foi amor à primeira vista! Vamos voltar um pouco lá trás para contar essa história? *** Ele chegou cheirando a sedução e trazia consigo a soberba dos Andradas, a família que me comprou. Sim, ele literalmente me comprou. Um dia eu era uma patricinha e no outro, a babá da filha daquele viúvo frio e incrivelmente sedutor! Minhas pernas fraquejaram e o meu coração disparou no momento em que ele entrou por aquela sala de estar da mansão dos Andradas. Ele veio marchando e parou na minha frente. — Boa tarde, doutor! — Minha voz saiu num fio. — Se
No dia seguinte, eu acordei com um par de olhos castanhos claros, quase verdes, me olhando curiosos. Eu pulei da cama, caí sentada no chão e ela se assustou. — Quem é você?— a pergunta foi automática. Eu olhei para a menina que mais parecia uma boneca com tranças douradas e um vestido rosa de saia rodada. — Você é a babá?— ela indagou se aproximando curiosa. Eu senti um medo terrível. Será que eu daria conta de cuidar daquela princesinha? Ela era tão pequena, como um cristal delicado que parecia se quebrar facilmente. — Meu nome é Cristal!— a menina falou, me olhando como se eu fosse um bichinho estranho. Eu suspirei e tentei descobrir a sua idade. A menina era toda mocinha e devia ter seus cinco ou seis anos. — Você quer brincar?— ela quis saber. Eu sorri achando graça. — Se eu quero brincar?— Eu não acreditei. Me levantei sorrindo, ajeitando a enorme camisola que Giorgia me emprestou. Neste momento, a porta se abriu bruscamente e uma voz grave ecoou.
Alex saiu para trabalhar e eu me ajeitei na cozinha. Estava faminta. — Não Bella, isso não é serviço seu!— era Giorgia que me repreendia. De repente, Cristal ficou paralisada e os seus olhinhos lacrimejaram. Giorgia cobriu a boca com as mãos. — Meu Deus, onde achou essa roupa?— ela quis saber. Eu olhei para o vestido confortável, estampado em amarelo e branco e sorri. — Ah, eu achei no armário, lá no quarto em que eu… Giorgia me interrompeu e pôs-se a me arrastar para fora da cozinha. — Deixe ela assim, Gi! Giorgia paralisou ao ouvir o tom autoritário da menina. Eu sorri inocente, mas Giorgia estava aflita. — O seu pai não vai aprovar essa ideia! — Ela está linda! Parece a minha mãe!— Cristal disse, se aproximando e segurando a minha mão. Eu me deixei levar de volta à mesa de serviço, onde antes comia um lanche. Cristal debruçou-se na mesa, me olhando com admiração. — Você caiu do céu?— ela indagou tão séria que eu fiquei paralisada, segurando o me
Eu não era tão inocente assim como Alex pensava, eu só era virgem. Muito virgem, nunca tinha antes beijado na boca. Minha mãe era muito rígida e me maltratava muito. Às vezes eu a compreendia. O meu pai a abandonou grávida e a mãe dela a obrigou a se prostituir. Eu ficava com a minha avó e via ela chegar todos os dias bêbada. Eu sabia que ela não dormiu em casa. Depois que a minha avó faleceu, minha mãe arrumou um marido rapidamente. Um homem rico que nos levou para morar numa mansão, logo que voltamos do enterro. Ele batia nela e a chamava de vadia. Eu era pequena e demorei para enteder que o meu patrasto havia tirado ela da prostituição. Eu chorava muito sem poder defendê-la. Depois eu fui crescendo e toda a raiva que ela sentia dele, descontava em mim. Eu ouvia sempre o mesmo sermão: — Tudo é culpa sua, garota! Se eu não tivesse você, eu cabia em qualquer lugar. Eu comecei a ser agredida logo que entrei na adolescência. Ela dizia que eu me insinuava para o marido dela.
Mais um dia se passou e eu avancei no terreno do inimigo. Era assim que eu me sentia, numa guerra. Eu me recolhi novamente antes do juiz chegar. Primeiro porque eu usava as roupas da falecida e para que ele não se incomodasse com a minha presença e me mandasse embora. — Ela ainda está aí?— Alex indagou, enquanto se servia durante o jantar. — Sim senhor!— Giorgia respondeu com as mãos para trás e o semblante fechado. — Não me importa se não gosta da minha decisão!— Alex disse seco. Giorgia não estendeu o assunto e se calou. Alex saiu da mesa e foi direto para o bar que ficava num canto da sala de estar. Giorgia o acompanhou com o olhar e o reprovou meneando a cabeça. Depois de algumas doses de whisky, Alex olhou para o alto da escada, onde ficava o seu quarto, e suspirou impaciente . — Preciso vê-la, tocá-la! Ele seguiu pelo corredor na direção do meu quarto e parou indeciso. Eu estava olhando para a porta como se o esperasse. Estava usando outra camisola. Agora
Depois que Alex se foi eu desatei a chorar. Giorgia foi me consolar. — Não chore, Bella! Eu sei que se apaixonou pelo patrão, mas olhe querida, sem saber, você lhe fez um grande bem. Eu segurei o choro surpresa. — Eu? — Sim, você! Agora ele se sente vivo novamente. Ele consegue olhar para alguma mulher! Eu quase dei uma má resposta para Giorgia, mas me controlei. Que vantagem eu levava em despertar o desejo do juiz se não era comigo que ele se deitava? İnocente, Giorgia não parava mais de falar, para o meu desespero: — Você viu, que moça linda ele trouxe para casa? Ela é advogada e trabalha com ele! Isso não é maravilhoso? Meu Deus, que vontade de gritar! Eu quero ele para mim, Giorgia! Droga! Eu nunca diria isso naquele momento! Giorgia estava sentada à beira da minha cama e disse preocupada: — Eu só espero que ele não volte a ser como antes! — Antes da falecida? — É, antes dela. Depois que a conheceu, tudo mudou! Mesmo depois q