Eu tive que aguentar o Alex a noite toda passando a mão na minha barriga. Os bebês ficaram agitados e mexeram muito. No dia seguinte, nem eu e nem eles conseguiram levantar cedo! Eu acordei com a voz de Lina, a criada sisuda, mas que agora parecia tão gentil. — Vamos levantar, senhora! Precisa alimentar esses dois! O pai está todo bobo! Todos já sabem que eles mexeram a noite toda e que não deixaram a mãe dormir direito! — Oi Lina!— eu bocejei, me espreguiçando. A mulher colocou a bandeja de café na cama e cruzou os braços sorrindo. — Essa casa vai ficar cheia com dois foguetinhos soltos por aqui! Eu sorri imaginando todos loucos de preocupação. — Vamos precisar reforçar o exército para cuidar desses dois!— eu disse sorridente. — Sente-se bem, senhora?— ela indagou preocupada. — Sim, tenho que trabalhar numa causa, amanhã tem audiências! Nesse dia, eu me preparei para a causa que falava de homofobia. Era muito importante para m
No dia seguinte, eu acordei cedo, era sempre assim, quando eu tinha audiência. Alex ficou preocupado com a minha afobação. — Não gosto de vê-la neste ritmo, Bella, depois vai chegar muito cansada!— ele falava agachado, secando os meus pés. — Não tem jeito, amor, cada audiência me parece uma estreia! Alex deu de ombros e retrucou: — A mim, tudo parece normal, todos os dias! — Por que você não tem que provar nada para ninguém! Ao contrário de mim, que estou começando. Eu preciso ganhar essa causa, Alex! É muito importante para mim! — Não tem que ganhar todas! Não se contendo tanto, amor! Isso pode lhe fazer mal! Eu não conseguia me acalmar. Alex foi buscar minha roupa, que já estava separada desde o dia anterior sobre uma poltrona. Ele me ajudou a vestir o vestido social cinza, perfeito para essas ocasiões. — Venha, se acalme, vamos sair juntos. Ainda bem que as suas audiências tem sido cedo! Quando saímos do quarto, as crianças estavam conversando na mesa do café. Eu
Essa foi a causa mais difícil, até aquele momento. Bem, eram todas causas difíceis. Afinal essa era a especialidade do Maximiliano. Em um momento, eu senti que o advogado, meu colega de profissão, tentou ridicularizar o meu cliente, mas ele encontrou uma advogada de defesa osso duro de roer! O juiz do caso ficou surpreso em me ver alterada. — Doutora, se controle, pense no seu estado! E o senhor doutor, mais uma das suas gracinhas e está fora daqui sem direito a recorrer. Encerro o caso e dou causa ganha a outra parte, entendeu? Respiração controlada, entrou a testemunha. Foi um alvoroço, o rapaz brincalhão lá de fora, quis até partir para cima do advogado da empresa. Mais uma vez o meritíssimo teve que intervir. — O senhor está representando muito bem a sua empresa, doutor. Provou que existe de fato muito preconceito por lá, mas para cá o senhor não vai trazer! Advinha o resultado. Eu tive que me conter para não gritar de felicidade lá d
Alex segurava a minha mão, enquanto os médicos examinavam as imagens. — E aí?— um perguntou para o outro. Ele parecia apreensivo. — Os bebês estão bem. Quando eu ouvi isso, respirei aliviada e olhei para o Alex, ele estava emocionado. Os médicos continuaram conversando entre si. — Está vendo aqui? Eles estão preservados e o útero também! Pode ser uma infecção urinária. — Quando ela falou que teve um sangramento, eu fiquei preocupado. — Sim, é preocupante, mas pode ser que ela esteja precisando de um pouco de repouso nesse momento. Os gémeos estão crescendo muito rápido! Eles pareciam estar sozinhos ali, estudando a minha situação. — Vou pedir o exame de urina e internar a paciente, tem outros exames necessários, assim acompanhamos a evolução do quadro de saúde dela. O radiologista concordou, assentindo, e o médico ginecologista saiu da sala. Só então, o que ficou, se dirigiu para mim e para o Alex. — Senhora, quando se sentir mui
Eu tentei amenizar: — Vamos falar de coisas boas, meu sogro! O senhor vai se mudar no fim de semana, exatamente em que a minha mãe se casa. Dona Esther estava descendo as escadas nesse momento. Alex só esperou ela se sentar. — Dona Esther, temos que falar seriamente. Minha mãe ficou surpresa, eu diria que ela ficou assustada. — Pode falar, Alex. — É sobre o Filippo. Até eu fiquei surpresa. Minha mãe logo se entregou, já foi falando sem pensar: — O que tem o meu filho? É sobre o namoro deles? Eu nunca apoiei, Alex! Sempre falei que se você soubesse, ia sobrar pra mim! Alex riu, jogando os cabelos para trás. — Fique tranquila, dona Esther, já estou sabendo disso, e já faz algum tempo! Ela ficou sem entender, então ele explicou: — Eu quero que deixe o garoto aqui. — Deixar o Filippo aqui? — Exatamente. Ele está conosco há muito tempo e já se acostumou com a rotina da casa. Aqui ele tem o seu quarto, tem motorista à disposição
Eu quis lhe animar. — Você é pai da Cristal sim, e ninguém pode dizer o contrário, nem mesmo esse exame! Nós fomos juntos, logo depois do café. Fomos buscar o resultado na clínica, mas só soubemos, na volta ao carro. O Theo estava ao volante, curioso. Eu abri, porque o Alex não teve coragem. Ele estava certo, deu negativo. Ele não se conteve e foi às lágrimas. Ele dizia se sentir vazio e perdido. — Como ela não é minha filha, Bella? Me diga, como ela não é a minha filha? Théo, que olhava pelo retrovisor, se emocionou. Não havia muito o que fazer, só nos restava chamar Maximiliano para fazer o exame, mas isso seria assunto para depois. Deixamos o Alex no fórum. — Fica calmo amor, à noite falamos com a Cristal. De qualquer forma, ela está estudando — Eu tentando acalmá-lo. Ele assentiu resignado e se foi. Eu e o Théo fomos conversando no trajeto de casa. — Bella, eu acho que você deveria conversar com a Cristal, antes do Juiz c
Eu me levantei e fui abraçar o meu marido. — Oi amor, que bom que chegou! Ele me beijou rapidamente os lábios e disse no meu ouvido: — Eu te amo! — Eu também!— eu sorri. — Você está bem?— ele quis saber. Eu assenti sorrindo. — Deixa eu falar com a minha filha?— ele sussurrou ao meu ouvido. — Claro amor!— eu disse isso e saí. Alex virou-se para a filha e ela sorriu. — Você já sabe, não é?— ele indagou resignado. — A Bella me contou, pai! — E como se sente? Cristal deu de ombros e respondeu: — Do mesmo jeito! Feliz por ser sua filha! — Jura?— ele já relaxava. — Claro, pai! Não tem que se envergonhar ou se abater, o senhor não fez nada! Alex sentou-se ao lado da filha. — Não tenho mais lágrimas para derramar, minha filha! — Pai, pensa, se Filippo se considera seu filho, imagine eu! Alex riu com a comparação e abraçou a filha. — Eu sou um homem de sorte. Se eu tivesse que escolher hoje, entre ser o seu pai
Alex chegou na empresa do Maximiliano e as recepcionistas ficaram agitadas. — Eu quero falar com o doutor Maximiliano!— ele falou com voz grave. — A quem devo anunciar, senhor?— a moça indagou nervosa. — Alex Andradas! Nós somos amigos!— ele quase vomitou, mas falou. Uma delas foi no cantinho e ligou para Eduardo. — Ele quer falar com o seu pai. Disse que é amigo do doutor Maximiliano, mas eu não sei não, doutor! Estou com receio de mandá-lo para o senhor e ele ficar bravo! Eduardo se manteve calmo, mas sensato. — Mande-o direto para o meu pai, estou indo para lá agora! Eduardo correu para avisar o pai. — Alex!— Rosana se assustou. — Bom dia, Rosana. Avise o seu chefe que estou aqui e quero falar com ele. Rosana falou no interfone e Maximiliano mandou que ele entrasse. — Mas pai, não é assim! Calma! — Eduardo o repreendeu. Maximiliano estava tranquilo, ele sabia que uma hora, eles teriam que conversar civilizadamente. — B