—Allysson, vou te contar tudo. A detetive Debby pediu pra eu ter tato e cuidado, mas eu acho que a melhor abordagem com você, é ser direto. Você tem uma visão equivocada de mim, Allysson. Eu não sou esse monstro que você me julga. Quem assinou a compra do Complexo B, foi Melissa. — Porquê, Dilan? Porquê vocês dois sendo sócios e sabendo desse problema gigantesco que essa compra traria, vocês nunca decidiram fazer isso antes, mas, coincidentemente você convence sua mulher a assinar e logo depois ela morre em um acidente suspeito? — Minha mulher e eu nunca discutimos esse assunto, Allysson. Muito pelo contrário, a gente ria dele em reuniões, em nosso apartamento com Michael. Recebemos centenas de propostas, e recusamos todas. Justamente porque sabemos o que é para cada morador de baixa renda o convívio em seu lar. Mas vamos discutir esse tema depois. Em um outro momento, quando você estiver mais propensa a conhecer o Dilan verdadeiro, e não o que a mídia vem montando. O foco aqui é a
POV de Dilan Quando consegui me controlar, que levantei a cabeça do ombro de Allysson, senti uma intensidade que não imaginava ver nos olhos dela. Me lembrei de Allysson com os olhos vendados, dizendo que era apaixonada por Dilan Stain. Que inferno. Eu nunca vi aquilo expresso no olhar da mulher que eu também estou apaixonado. Não sabia como me controlar. Era como se algo em mim estivesse se partindo, se quebrando, diante da possibilidade de que aquilo fosse real. Sem pensar, fiz o que sempre faço quando estou perdido, o que estou acostumado a fazer como NM: baixar a cabeça e deixar o instinto tomar conta. Minha boca foi ao encontro da dela, e percebi Allysson lentamente abrindo os lábios, como se estivesse esperando o meu beijo. E então, nos encontramos. No instante em que nossos lábios se tocaram, foi como se o mundo inteiro desaparecesse. Não havia mais suspeitas, intrigas ou traições. Apenas ela, e eu, e esse momento. O beijo foi suave no início, como se ambos estivésse
POV de Alysson Os olhos de Dilan estavam cravados em mim, e eu sabia que ele não ia desistir até arrancar alguma resposta. Meu coração estava em um tamborilar constante no peito, mas mantive o rosto o mais neutro possível. Ele era astuto, sempre foi, e eu não podia permitir que enxergasse através de mim agora. — Seu pai, Allysson. Ele foi visto com Sammuel. — As palavras dele vieram como um golpe direto. Por um instante, achei que minha máscara fosse cair. Minhas mãos tremiam levemente, então as escondi nos bolsos, tentando disfarçar. Mas Dilan notava tudo. Eu sabia que ele tinha percebido minha reação, mesmo que sutil. — O que você quer dizer com isso, Dilan? — Perguntei, mantendo minha voz controlada, mas com uma ponta de frieza para esconder o turbilhão interno. Ele passou a mão pelos cabelos, visivelmente frustrado. — Não sei ainda. Mas preciso entender o que isso significa. Aquela confissão era um alívio e um peso ao mesmo tempo. Ele não sabia o que meu pai estava fa
POV de Alysson A conversa começou baixa, como deveria ser. Estávamos no meu quarto, ao lado do quarto de Cris, que finalmente tinha adormecido. Com apenas sete meses, ele não fazia ideia da confusão que cercava sua curta vida.Eu me sentei na beira da cama, tentando não demonstrar a irritação crescente. Dilan estava parado, de braços cruzados, com o olhar distante, como se procurasse uma resposta em algum lugar do passado.— Qual é o plano, Dilan? — perguntei, mantendo a voz controlada.Ele balançou a cabeça devagar, o cansaço estampado em cada gesto.— Ainda estamos esperando.— Esperando o quê? — insisti, minha paciência já se esgotando.— Que Michael faça algum movimento. Precisamos de algo concreto para provar que ele é o traidor.Uma risada incrédula escapou dos meus lábios antes que eu pudesse conter. Aquele absurdo me deixava furiosa.— Vocês são inacreditáveis! — minha voz saiu mais alta do que eu pretendia. Dilan me lançou um olhar cortante, mas eu continuei. — Melissa morre
POV de Alysson Assim que Dilan saiu do meu quarto, fechei a porta com cuidado e fiquei alguns segundos parada, ouvindo seus passos ecoarem pelo corredor. Ele parou no final do corredor e ouvi o barulho da porta da sala se abrindo e fechando suavemente. Um telefone foi acionado logo em seguida.Ele estava ligando para Debby, a detetive inglesa. Não era surpresa; Dilan sempre a consultava antes de qualquer movimento, como se ela fosse sua bússola moral. Suspirei, aproveitando o momento para agir.Eu me movi rápido até a gaveta trancada do meu criado-mudo. A chave estava escondida no fundo do bolso do meu casaco, e minha mão tremia enquanto a pegava. Quando finalmente destranquei a gaveta, puxei um envelope envelhecido com cuidado. Lá estava ela: a carta testamento de Melissa.Fiquei um momento olhando para o envelope, como se ele pudesse me dar respostas. As palavras de Dilan ainda ecoavam na minha cabeça. A carta era a peça-chave para expor Michael, mas eu sabia que não era tão simple
POV de Alysson Sentei na poltrona desgastada do apartamento da detetive Debby, o cheiro de café frio e papéis velhos preenchendo o ar, enquanto meus nervos pareciam vibrar sob minha pele. O som abafado da porta do quarto se fechando atrás de Dilan foi quase um alívio, mas a tensão no ambiente persistia. Ele estava lendo.A carta. A maldita carta.Eu não queria entregá-la. Desde o momento em que Melissa – morta, mas ainda tão presente – deixou aquela confissão absurda, senti que aquilo não era apenas errado, mas cruel. Ainda assim, lá estava Dilan, trancado no quarto, confrontando a traição que a esposa tinha, supostamente, escondido por anos. Meu estômago dava voltas só de imaginar sua reação.— Você acha que ele vai acreditar? — perguntei, minha voz soando mais dura do que pretendia.Debby olhou para mim por cima dos óculos, ajustando a presilha que segurava seu coque desalinhado. Ela parecia sempre tão no controle, mas até ela tinha um ar cauteloso hoje.— Ele precisa acreditar em
POV de Alysson Dilan ficou em silêncio, os olhos fixos em algum ponto invisível na sala. Ele estava processando, eu sabia. E, sinceramente, não o culpava. O peso da carta, a traição implícita, o desaparecimento de Soraya e agora essa nova estratégia... Era muita coisa para digerir.Debby, sempre a pragmática, quebrou o silêncio.— Precisamos definir os próximos passos antes que você perca a coragem, Dilan.Ele estreitou os olhos para ela, mas não retrucou. Era o jeito dela, e no fundo, ele sabia que ela tinha razão.— Ok. — Ele respirou fundo, cruzando os braços. — Se vamos lançar o projeto, precisamos ser rápidos. Quem controla a mídia nesse momento?Debby sorriu de um jeito que não era exatamente tranquilizador.— Eu conheço algumas pessoas que podem fazer o anúncio ganhar força. Mas precisamos de um plano claro.Dilan virou-se para mim, e eu senti o peso do momento.— Allysson, você falou sobre hospitais, escritórios, geração de empregos... Você realmente acha que isso pode compet
POV de Alysson Dilan dirigia em silêncio, as mãos firmes no volante enquanto o ronco do motor preenchia o carro. O brilho das luzes dos postes riscava seu rosto, destacando os traços tensos e cansados. Eu observava a paisagem urbana passar, mas meu foco estava nele. Sabia que precisava dizer o que estava pensando, mas encontrar o momento certo era outra história.Finalmente, tomei coragem.— Eu acho que você deveria envolver o Michael nisso.Dilan quase freou o carro no meio da rua. Ele me lançou um olhar tão incrédulo que, por um instante, achei que ele fosse me mandar descer.— Você só pode estar brincando. — A voz dele era dura, carregada de incredulidade. — Allysson, você está ficando louca? Dar munição para o inimigo?— Ouvi você dizer isso umas mil vezes hoje. — Cruzei os braços, recusando-me a ceder. — E, pela última vez, não estou louca.— Então, explique. — Ele bufou, desviando os olhos da estrada para me encarar por um segundo. — Porque, sinceramente, não estou vendo lógica