POV de Alysson Dilan ficou em silêncio, os olhos fixos em algum ponto invisível na sala. Ele estava processando, eu sabia. E, sinceramente, não o culpava. O peso da carta, a traição implícita, o desaparecimento de Soraya e agora essa nova estratégia... Era muita coisa para digerir.Debby, sempre a pragmática, quebrou o silêncio.— Precisamos definir os próximos passos antes que você perca a coragem, Dilan.Ele estreitou os olhos para ela, mas não retrucou. Era o jeito dela, e no fundo, ele sabia que ela tinha razão.— Ok. — Ele respirou fundo, cruzando os braços. — Se vamos lançar o projeto, precisamos ser rápidos. Quem controla a mídia nesse momento?Debby sorriu de um jeito que não era exatamente tranquilizador.— Eu conheço algumas pessoas que podem fazer o anúncio ganhar força. Mas precisamos de um plano claro.Dilan virou-se para mim, e eu senti o peso do momento.— Allysson, você falou sobre hospitais, escritórios, geração de empregos... Você realmente acha que isso pode compet
POV de Alysson Dilan dirigia em silêncio, as mãos firmes no volante enquanto o ronco do motor preenchia o carro. O brilho das luzes dos postes riscava seu rosto, destacando os traços tensos e cansados. Eu observava a paisagem urbana passar, mas meu foco estava nele. Sabia que precisava dizer o que estava pensando, mas encontrar o momento certo era outra história.Finalmente, tomei coragem.— Eu acho que você deveria envolver o Michael nisso.Dilan quase freou o carro no meio da rua. Ele me lançou um olhar tão incrédulo que, por um instante, achei que ele fosse me mandar descer.— Você só pode estar brincando. — A voz dele era dura, carregada de incredulidade. — Allysson, você está ficando louca? Dar munição para o inimigo?— Ouvi você dizer isso umas mil vezes hoje. — Cruzei os braços, recusando-me a ceder. — E, pela última vez, não estou louca.— Então, explique. — Ele bufou, desviando os olhos da estrada para me encarar por um segundo. — Porque, sinceramente, não estou vendo lógica
POV de AlyssonDepois do almoço, Mary Jane saiu apressada, como sempre, e me deixou com uma única instrução:– Allysson, você e Dilan precisam desligar do que quer que seja e cuidar do Cris. Juntos.Eu fiquei sem argumentos. Era o tipo de ordem que não dava para recusar, ainda mais vinda dela, que sempre parecia carregar o peso de tudo sozinha. Assenti, observando enquanto ela saía pela porta com a bolsa no ombro, e suspirei. Não era como se eu tivesse muitas opções.Dilan, ao meu lado, parecia ter aceitado a situação melhor do que eu esperava. Ele segurava Cris nos braços, distraído, enquanto o bebê puxava o colarinho da camisa dele. Era difícil imaginar aquele homem, com toda a sua imponência, tão descontraído.– Ele vai rasgar sua camisa se você deixar – comentei, cruzando os braços.– Melhor rasgar a camisa do que o meu cabelo – respondeu ele, sem tirar os olhos do filho, enquanto Cris soltava uma gargalhada.Dei de ombros e fui até o sofá. Robert, o irmão de Melissa, minha melhor
POV de Alysson A semana seguinte foi marcada por muito trabalho e estresse. Eu caia na cama esgotada, dando graças a Deus que estou de férias do curso e esperando sinceramente que tudo isso acabe antes de o próximo semestre começar. Trabalhei uma semana nesse ritmo insano, e já acho que nao dou conta! E a sexta feira acabou de começar…Eu fico com o Cris durante o dia inteiro, estou acompanhando todos os profissionais que Cris mandou falar comigo, apareceu uma enorme planta do complexo, que mal cabe na escrivaninha do meu quarto. Dilan me mandou trabalhar do escritório dele, mas não fico confortável. Cris está engatinhando, na fase que levanta se apoiando em tudo. Essa é uma das fases mais críticas para mães, babás e cuidadoras. É a hora que não se pode tirar os olhos do bebê, porque é nesse minuto, em que não estamos olhando, é que os acidentes acontecem. Cris tem que ter liberdade para engatinhar pelo apartamento, mas em um local seguro, onde ele possa se levantar, puxar algo mac
POV de Bruce Sentado no sofá do quarto de Alysson, com um copo de uísque que eu nem tinha tocado, senti a pressão do mundo pesar sobre os meus ombros. Era um silêncio quase insuportável, quebrado apenas pelo som do vento lá fora, uivando como se fosse um lamento constante. Minha mente insistia em voltar para a carta de Melissa. Aquele pedaço de papel que queimava como fogo nas minhas mãos quando a li pela primeira vez.“Estou apaixonada por outro homem.” As palavras eram secas, cruéis, e mesmo que eu soubesse que aquela carta era forjada, fabricada para me manipular, a dor continuava sendo real. Não era sobre a autenticidade dela, mas sobre a possibilidade. Melissa nunca foi um mistério, mas foi um livro que eu nunca tentei ler por completo, e talvez essa carta fosse um reflexo de algo que eu nunca quis admitir.Agora, aqui estava eu, com Mary Jane em casa, minha sogra, ou talvez a única pessoa que me restava da família que construí com Melissa. Ela me olhava com aquela expressão que
POV de Alysson O vapor do banho envolvia o pequeno quarto do bebê, e eu brincava com Cris enquanto ele ria, chutando a água morna com entusiasmo. Ele era um raio de sol em meio a tantas nuvens pesadas, e aquele momento, mesmo que pequeno, me dava uma sensação de paz que eu raramente encontrava ultimamente.A porta rangeu, e eu olhei por cima do ombro para ver Mary Jane entrando com um sorriso cansado.— Aqui está o meu príncipe, todo cheio de charme! — ela disse, inclinando-se sobre a banheira e passando a mão pela cabecinha molhada de Cris. Ele gargalhou, jogando água para todo lado.— Estamos quase terminando. Ele é uma bênção, Mary Jane. Mesmo com tudo o que está acontecendo, Cris é luz.Ela suspirou, sentando-se na poltrona ao lado, e pegou uma toalha para ajudar a secar Cris quando eu o tirasse da banheira.— Sabe, Allysson, acabei de dizer algo a Dilan que pode mudar tudo.Minha atenção foi imediatamente capturada.— O que você disse?Ela hesitou por um momento, enrolando Cris
POV de Alysson O apartamento estava quieto. Pela primeira vez em dias, eu conseguia respirar fundo e mergulhar no trabalho sem interrupções. Os papéis do projeto do Complexo B estavam espalhados pela mesa, junto com anotações e diagramas. Era o tipo de foco que me dava prazer – uma distração necessária para a tempestade que parecia me cercar desde que entrei na vida dos Stain.Mary Jane tinha saído com Cris, levando John e Robert para o Central Park. Dilan aprovou a ideia, principalmente porque ele mesmo tinha uma reunião importante com Michael pela manhã. Quando ele saiu, reforçou a segurança com Debby, como sempre fazia. Mas, por algum motivo, eu me sentia inquieta.A manhã passou rápido, e o som da porta abrindo me fez levantar o olhar. Eu sorri, pensando que Dilan tinha voltado para almoçarmos juntos.— Dilan? — chamei, ajeitando os papéis.Mas quem entrou foi Michael.Meu corpo ficou tenso na mesma hora. Ele estava impecavelmente vestido, como sempre, mas o sorriso que ele exibi
POV de DilanSaí do apartamento de Michael com os passos rápidos, cada fibra do meu corpo tensa. O plano estava funcionando, mas a raiva e o desprezo que ele jogara contra mim ainda ecoavam na minha mente. Sabia que precisava manter a cabeça no lugar, mas o peso da situação com Allysson e as verdades que Michael parecia disposto a distorcer, me deixava um tanto inquieto. O furgão operacional estava estacionado próximo ao prédio do meu apartamento. Debby, sempre alerta, me esperava com a mesma expressão confiante de quem já tinha certeza do próximo movimento do adversário. Assim que entrei, ela me lançou um olhar firme: — E aí? — perguntou, ajustando o monitor com as imagens ao vivo do apartamento. — Ele mordeu a isca? — questionei, me sentando ao lado dela. Debby sorriu de canto, sem nem precisar pensar: — Michael é previsível. Vai querer ter certeza que você não voltou para o apartamento, depois e principalmente, vai tentar intimidar a Allysson.— E se ele não cair? — perguntei,