— Vai ligar para quem? — Minha cunhada. – Colocou no viva-voz, escutando chamar duas vezes. – Allison. — Olá, cunhado. Se divertindo? O outro franziu o cenho. — Por que eu acho que você sabe onde estou? — Porque eu sei. — Hum. Bom, o que quero saber... Nos aniversários anteriores, quem encheu aquelas caixinhas que ficavam em cima da mesa do bolo? — Sua mãe. Novamente franziu o cenho. — Oi? — Ela disse que distrai ela. – Diz rindo. – Por que? — Porque a Mia acabou de ver as regras aqui do pessoal da decoração... – A fitou, vendo-a balançar a cabeça. – E eles entregam tudo, mas quem preenche as caixinhas não são eles. Ou seja..., eu preciso de alguém que faça isso. — E você quer que eu pergunte para sua mãe se ela fará isso esse ano também? — Não mesmo. Eu quero um número de telefone de alguém que faça isso por nós. — Bom..., conheço uma pessoa que está precisando de trabalho. Acho que ela aceita fazer isso. Pagando bem, como ela mesmo diz. – Riu. — Ótimo. Fale com
— Eu fico feliz pelos gêmeos não passarem por nenhum problema na escola. Por não ter ninguém que implique com eles ou que os humilhe. — Até onde eu sei, eles se dão bem com a grande parte da turma deles. São amigos de quase todos, se enturmam fácil. Os professores dizem que são ótimas crianças. — Sim, me disseram o mesmo na reunião de pais. Disseram que são inteligentes demais e que deveriam pular um ano. — E o que você acha? — Fiquei pensativo sobre isso. Orgulhoso, mas pensativo. Eu não os quero separados dos amigos. Eu cresci com Ryan e Connor, você sabe. E eles me fizeram um bem danado na época da escola. — Bem, se é essa a sua opinião, então deixe como está. – Deu de ombros. – Eu também tive a oportunidade de pular uma turma. — Bom, me disseram que sempre foi muito inteligente. Mia ficou curiosa: quem havia contado a ele? — Mas por que não pulou? — Eu não queria ficar sem meus amigos. E Liam sorriu. — Minha mãe entendeu e deixou como estava. O silêncio reinou por
— Andrew e Ezra interviram. — Ezra? O pai do Connor? — Ele mesmo. Por pouco seu pai e seu tio não levaram uma suspensão. — Então isso foi na escola? — Nosso último ano. Quase perto da formatura. – Suspirou. – Sua mãe já estava apaixonada por seu pai. Encantada com tudo que ele dizia, que ele dava a ela... Ele notava tudo de novo nela. E de repente, ela estava terminando tudo com Oscar. Ele aceitou, por ela, claro. Aceitou porque sabia que nenhum dos dois seriam felizes se realmente se casassem. — E então ela se casou com meu pai. — E desde então não a vi mais. Ela saiu em lua-de-mel... e nunca mais a vi. O silêncio reinou. Por vários e vários minutos. E Ivy, mesmo preocupada com a mulher a frente dela, achou melhor não dizer uma palavra. Podia imaginar o que a moça estaria pensando, o que se passava em sua cabeça. Ela mesma pensou várias coisas na época, e se preocupou. Então se ela, a amiga, pensou e se preocupou, imagina a filha. — Meu coração aperta toda vez que penso em
A rosada então se apressou para chegar logo a enfermaria, ainda que apenas o rapaz soubesse onde era. Adentrou primeiro, extremamente preocupada. E então seus olhos encontraram a garotinha de cabelos negros sobre uma maca; em seus lábios um biquinho, mas Mia não se focou nisso; estava mais interessada em saber como ela estava. — Meu amor, como você está? — Mia. A mais velha a olhou de cima a baixo, encontrando algumas partes de seu corpo — incluindo ambos os joelhos — ralados. — Está doendo muito? — Um pouquinho só. — Me conta como isso aconteceu. E então a menina fitou a outra que estava em outra maca, com seu pai preocupado frente a ela; ele tocava o rosto infantil. — Ela é uma desastrada. Mia fitou a filha de seu “amigo”, vendo-a fitar sua garotinha, com uma carranca. — A desastrada é você. — Você me derrubou. — Você estava na minha frente. — Meninas, não precisam brigar. – Mia pediu, toda carinhosa. Ambas fizeram um biquinho. — Belle, você empurrou sua amiga? — Nã
Mia já havia estado ali, e ainda assim, sempre se impressionava com a grandiosidade daquela empresa. Deveria ter uns trinta andares. Poderia estar muito exagerada, mas parecia, pela forma como era alta. Percebeu que estava enganada quando adentrou o elevador — mas só após passar por um segurança alto e forte. Havia dez andares, e o andar no qual seguiria ao lado dos gêmeos era o penúltimo. Ao que tudo indicava o último era para reuniões; pelo menos ela pensava que sim. As crianças falavam sobre como o pai era importante e como todos o respeitavam naquela empresa. Podia ter certeza disso, afinal, ele era o CEO; comandava tudo e todos; era natural que ele fosse respeitado. E conhecendo-o como o conhecia, não acreditava que era por ele ser carrasco. Pelo menos não achava que esse fosse o motivo. Respirou fundo ao encontrar a secretária a poucos passos de si após as portas do elevador se abrir. Olhou atentamente; observadora como era, não conseguia deixar de fitar a moça atentamente; el
— Eu não queria causar problemas. — Como você é boa samaritana. — Thomas! – O pai repreendeu, ainda que tivesse segurado uma risada por conta de suas palavras. – Onde é que está aprendendo isso? O menino não respondeu. — Bem..., eu já estou indo embora, podemos ir juntos. — Mesmo? – Ambos perguntaram, e o pai confirmou, balançando a cabeça. — Oh, acabei de me lembrar... Os Kavanagh fitaram a rosada. — Não temos nada para o jantar. — Podemos pedir comida. — Ou... – Deu um sorriso. – Podemos ir ao mercado. Imediatamente Liam franziu o cenho. — O que acham, crianças? — Seria legal..., não é, irmão? O menino olhou para o pai e para a babá preferida e sorriu. — Vai ser como... – Levou a mão ao queixo, representando. – Um momento em família... – Viu ambos os adultos se assustarem, e ele gostou muito da reação de ambos. – Certo? Liam pigarreou, fitando Mia, que desviou os olhos no mesmo instante em que seus olhos se encontraram, constrangida. — Nós nunca fomos ao mercado,
Mia se divertia com o humor — ou seria mal humor — de Liam enquanto passavam por algumas sessões do mercado. Já era o terceiro, por conta das crianças. O problema dele era a quantidade de gente dentro dele, se incomodava bastante; ele não conseguia entender como um lugar podia estar tão cheio, principalmente sendo na metade da semana. Para a rosada, não era tanta, mas para o moreno, que gostava de lugares mais tranquilos, sem tantas pessoas em volta e principalmente o falatório, não estava sendo nada suportável. E ela sabia que ele só estava ali ainda porque seus filhos pareciam se divertir passando em todas aquelas sessões que só tinha bobagens. Desde que Mia começou a trabalhar para ele, eram raros os dias em que eles comiam salgadinhos ou biscoitos, ainda que tivesse o sorvete quase todos os dias, e por isso ele deixaria os pequenos escolherem o que quisessem naquele para levar para casa. Iria pedir para que Mia o ajudasse a controlar os dias daquelas bobagens todas, mas claro qu
Mia se sentia ansiosa, mas também muito nervosa. Não conseguia parar de pensar que logo saberia todos os segredos por trás da história de sua mãe. Ela descobriria o motivo dela se afastar de todos os amigos, o motivo das brigas entre seus pais, o motivo de ela chorar tanto mesmo que tentasse manter um sorriso nos lábios quando estava com ela, sua amada filha. Era tudo que mais desejava, mas temia descobrir seja o que fosse. Porque não queria acreditar que seu pai era uma pessoa tão cruel. Uma pessoa inescrupulosa, que havia feito muito mal a sua mãe. Não queria acreditar porque havia visto seu sofrimento quando ela faleceu, viu o quanto ele ficou abalado. Era tudo fingimento? Não podia ser. Não parecia ser. Ela se lembrava bem de como ele desabou em sua frente enquanto falava que ela não estava mais com eles, que ela havia ido para junto de Deus. Deus. Sua mãe acreditava. Mas seu pai não. E apesar de sofrer muito com aquela notícia, também não pode deixar de pensar que nunca imagi