— Andrew e Ezra interviram. — Ezra? O pai do Connor? — Ele mesmo. Por pouco seu pai e seu tio não levaram uma suspensão. — Então isso foi na escola? — Nosso último ano. Quase perto da formatura. – Suspirou. – Sua mãe já estava apaixonada por seu pai. Encantada com tudo que ele dizia, que ele dava a ela... Ele notava tudo de novo nela. E de repente, ela estava terminando tudo com Oscar. Ele aceitou, por ela, claro. Aceitou porque sabia que nenhum dos dois seriam felizes se realmente se casassem. — E então ela se casou com meu pai. — E desde então não a vi mais. Ela saiu em lua-de-mel... e nunca mais a vi. O silêncio reinou. Por vários e vários minutos. E Ivy, mesmo preocupada com a mulher a frente dela, achou melhor não dizer uma palavra. Podia imaginar o que a moça estaria pensando, o que se passava em sua cabeça. Ela mesma pensou várias coisas na época, e se preocupou. Então se ela, a amiga, pensou e se preocupou, imagina a filha. — Meu coração aperta toda vez que penso em
A rosada então se apressou para chegar logo a enfermaria, ainda que apenas o rapaz soubesse onde era. Adentrou primeiro, extremamente preocupada. E então seus olhos encontraram a garotinha de cabelos negros sobre uma maca; em seus lábios um biquinho, mas Mia não se focou nisso; estava mais interessada em saber como ela estava. — Meu amor, como você está? — Mia. A mais velha a olhou de cima a baixo, encontrando algumas partes de seu corpo — incluindo ambos os joelhos — ralados. — Está doendo muito? — Um pouquinho só. — Me conta como isso aconteceu. E então a menina fitou a outra que estava em outra maca, com seu pai preocupado frente a ela; ele tocava o rosto infantil. — Ela é uma desastrada. Mia fitou a filha de seu “amigo”, vendo-a fitar sua garotinha, com uma carranca. — A desastrada é você. — Você me derrubou. — Você estava na minha frente. — Meninas, não precisam brigar. – Mia pediu, toda carinhosa. Ambas fizeram um biquinho. — Belle, você empurrou sua amiga? — Nã
Mia já havia estado ali, e ainda assim, sempre se impressionava com a grandiosidade daquela empresa. Deveria ter uns trinta andares. Poderia estar muito exagerada, mas parecia, pela forma como era alta. Percebeu que estava enganada quando adentrou o elevador — mas só após passar por um segurança alto e forte. Havia dez andares, e o andar no qual seguiria ao lado dos gêmeos era o penúltimo. Ao que tudo indicava o último era para reuniões; pelo menos ela pensava que sim. As crianças falavam sobre como o pai era importante e como todos o respeitavam naquela empresa. Podia ter certeza disso, afinal, ele era o CEO; comandava tudo e todos; era natural que ele fosse respeitado. E conhecendo-o como o conhecia, não acreditava que era por ele ser carrasco. Pelo menos não achava que esse fosse o motivo. Respirou fundo ao encontrar a secretária a poucos passos de si após as portas do elevador se abrir. Olhou atentamente; observadora como era, não conseguia deixar de fitar a moça atentamente; el
— Eu não queria causar problemas. — Como você é boa samaritana. — Thomas! – O pai repreendeu, ainda que tivesse segurado uma risada por conta de suas palavras. – Onde é que está aprendendo isso? O menino não respondeu. — Bem..., eu já estou indo embora, podemos ir juntos. — Mesmo? – Ambos perguntaram, e o pai confirmou, balançando a cabeça. — Oh, acabei de me lembrar... Os Kavanagh fitaram a rosada. — Não temos nada para o jantar. — Podemos pedir comida. — Ou... – Deu um sorriso. – Podemos ir ao mercado. Imediatamente Liam franziu o cenho. — O que acham, crianças? — Seria legal..., não é, irmão? O menino olhou para o pai e para a babá preferida e sorriu. — Vai ser como... – Levou a mão ao queixo, representando. – Um momento em família... – Viu ambos os adultos se assustarem, e ele gostou muito da reação de ambos. – Certo? Liam pigarreou, fitando Mia, que desviou os olhos no mesmo instante em que seus olhos se encontraram, constrangida. — Nós nunca fomos ao mercado,
Mia se divertia com o humor — ou seria mal humor — de Liam enquanto passavam por algumas sessões do mercado. Já era o terceiro, por conta das crianças. O problema dele era a quantidade de gente dentro dele, se incomodava bastante; ele não conseguia entender como um lugar podia estar tão cheio, principalmente sendo na metade da semana. Para a rosada, não era tanta, mas para o moreno, que gostava de lugares mais tranquilos, sem tantas pessoas em volta e principalmente o falatório, não estava sendo nada suportável. E ela sabia que ele só estava ali ainda porque seus filhos pareciam se divertir passando em todas aquelas sessões que só tinha bobagens. Desde que Mia começou a trabalhar para ele, eram raros os dias em que eles comiam salgadinhos ou biscoitos, ainda que tivesse o sorvete quase todos os dias, e por isso ele deixaria os pequenos escolherem o que quisessem naquele para levar para casa. Iria pedir para que Mia o ajudasse a controlar os dias daquelas bobagens todas, mas claro qu
Mia se sentia ansiosa, mas também muito nervosa. Não conseguia parar de pensar que logo saberia todos os segredos por trás da história de sua mãe. Ela descobriria o motivo dela se afastar de todos os amigos, o motivo das brigas entre seus pais, o motivo de ela chorar tanto mesmo que tentasse manter um sorriso nos lábios quando estava com ela, sua amada filha. Era tudo que mais desejava, mas temia descobrir seja o que fosse. Porque não queria acreditar que seu pai era uma pessoa tão cruel. Uma pessoa inescrupulosa, que havia feito muito mal a sua mãe. Não queria acreditar porque havia visto seu sofrimento quando ela faleceu, viu o quanto ele ficou abalado. Era tudo fingimento? Não podia ser. Não parecia ser. Ela se lembrava bem de como ele desabou em sua frente enquanto falava que ela não estava mais com eles, que ela havia ido para junto de Deus. Deus. Sua mãe acreditava. Mas seu pai não. E apesar de sofrer muito com aquela notícia, também não pode deixar de pensar que nunca imagi
— Então foi mesmo por mim. — Ela não queria que você crescesse sem um pai. Ela havia perdido os dela a poucas semanas, estava ainda lidando com o luto, então... – Suspirou longamente. – Quando estava entrando no quinto mês, ela me procurou. Disse que estava desconfiada de que seu pai estava... Por um momento houve um silêncio desconfortável. E Mia, que já desconfiava desde o começo, entendeu tudo; sabia o que ela diria, mas não conseguiu. E seu peito doeu. Tanto, que mal conseguiu segurar as lágrimas por imaginar sua mãe passando por tudo aquilo apenas pela filha amada. Ela, no caso. — Ele estava traindo a minha mãe, não estava? Houve mais um momento de silêncio, mas bem mais curto que o outro. — Eu sinto muito. A rosada levou as mãos ao rosto. — Ela... não tinha provas. Ela queria para poder se livrar dele sem problemas. Tudo que ela desejava era uma vida tranquila. Meu marido vasculhou tudo, mas não encontrou. Não conseguiu descobrir se ele tinha uma amante. E por um mome
Mia fazia tudo no automático naquele dia. Seus pensamentos, longe; e ao mesmo tempo, ela conseguia escutar o som das vozes de Thomas e Natalie. Tudo que desejava naquele dia era ficar em seu quarto, encolhida debaixo da cama, e não sair até o dia seguinte chegasse, mas era impossível. Havia duas crianças ali que precisavam muito dela e ela tinha um trabalho a fazer. Mesmo assim, não conseguia ser a babá feliz perto das crianças; mal havia sorrido para elas naquele dia, e infelizmente não sabia se conseguiria, seja o que fosse que tentasse fazer ou falar. Aquele não era um bom dia; aquele era o pior dos dias. Para ela, era um dia no qual ela não deveria trabalhar ou mesmo ver alguém; não era uma boa companhia. Ela não conseguia compreender como alguém podia ser tão infeliz naquela vida. Primeiro ela perde a mãe amada, depois o noivo a abandona, em seguida perde a filha e depois descobre que sua mãe havia passado por um inferno nas mãos de seu próprio pai e que ele havia sido o culpado