— Eu não queria causar problemas. — Como você é boa samaritana. — Thomas! – O pai repreendeu, ainda que tivesse segurado uma risada por conta de suas palavras. – Onde é que está aprendendo isso? O menino não respondeu. — Bem..., eu já estou indo embora, podemos ir juntos. — Mesmo? – Ambos perguntaram, e o pai confirmou, balançando a cabeça. — Oh, acabei de me lembrar... Os Kavanagh fitaram a rosada. — Não temos nada para o jantar. — Podemos pedir comida. — Ou... – Deu um sorriso. – Podemos ir ao mercado. Imediatamente Liam franziu o cenho. — O que acham, crianças? — Seria legal..., não é, irmão? O menino olhou para o pai e para a babá preferida e sorriu. — Vai ser como... – Levou a mão ao queixo, representando. – Um momento em família... – Viu ambos os adultos se assustarem, e ele gostou muito da reação de ambos. – Certo? Liam pigarreou, fitando Mia, que desviou os olhos no mesmo instante em que seus olhos se encontraram, constrangida. — Nós nunca fomos ao mercado,
Mia se divertia com o humor — ou seria mal humor — de Liam enquanto passavam por algumas sessões do mercado. Já era o terceiro, por conta das crianças. O problema dele era a quantidade de gente dentro dele, se incomodava bastante; ele não conseguia entender como um lugar podia estar tão cheio, principalmente sendo na metade da semana. Para a rosada, não era tanta, mas para o moreno, que gostava de lugares mais tranquilos, sem tantas pessoas em volta e principalmente o falatório, não estava sendo nada suportável. E ela sabia que ele só estava ali ainda porque seus filhos pareciam se divertir passando em todas aquelas sessões que só tinha bobagens. Desde que Mia começou a trabalhar para ele, eram raros os dias em que eles comiam salgadinhos ou biscoitos, ainda que tivesse o sorvete quase todos os dias, e por isso ele deixaria os pequenos escolherem o que quisessem naquele para levar para casa. Iria pedir para que Mia o ajudasse a controlar os dias daquelas bobagens todas, mas claro qu
Mia se sentia ansiosa, mas também muito nervosa. Não conseguia parar de pensar que logo saberia todos os segredos por trás da história de sua mãe. Ela descobriria o motivo dela se afastar de todos os amigos, o motivo das brigas entre seus pais, o motivo de ela chorar tanto mesmo que tentasse manter um sorriso nos lábios quando estava com ela, sua amada filha. Era tudo que mais desejava, mas temia descobrir seja o que fosse. Porque não queria acreditar que seu pai era uma pessoa tão cruel. Uma pessoa inescrupulosa, que havia feito muito mal a sua mãe. Não queria acreditar porque havia visto seu sofrimento quando ela faleceu, viu o quanto ele ficou abalado. Era tudo fingimento? Não podia ser. Não parecia ser. Ela se lembrava bem de como ele desabou em sua frente enquanto falava que ela não estava mais com eles, que ela havia ido para junto de Deus. Deus. Sua mãe acreditava. Mas seu pai não. E apesar de sofrer muito com aquela notícia, também não pode deixar de pensar que nunca imagi
— Então foi mesmo por mim. — Ela não queria que você crescesse sem um pai. Ela havia perdido os dela a poucas semanas, estava ainda lidando com o luto, então... – Suspirou longamente. – Quando estava entrando no quinto mês, ela me procurou. Disse que estava desconfiada de que seu pai estava... Por um momento houve um silêncio desconfortável. E Mia, que já desconfiava desde o começo, entendeu tudo; sabia o que ela diria, mas não conseguiu. E seu peito doeu. Tanto, que mal conseguiu segurar as lágrimas por imaginar sua mãe passando por tudo aquilo apenas pela filha amada. Ela, no caso. — Ele estava traindo a minha mãe, não estava? Houve mais um momento de silêncio, mas bem mais curto que o outro. — Eu sinto muito. A rosada levou as mãos ao rosto. — Ela... não tinha provas. Ela queria para poder se livrar dele sem problemas. Tudo que ela desejava era uma vida tranquila. Meu marido vasculhou tudo, mas não encontrou. Não conseguiu descobrir se ele tinha uma amante. E por um mome
Mia fazia tudo no automático naquele dia. Seus pensamentos, longe; e ao mesmo tempo, ela conseguia escutar o som das vozes de Thomas e Natalie. Tudo que desejava naquele dia era ficar em seu quarto, encolhida debaixo da cama, e não sair até o dia seguinte chegasse, mas era impossível. Havia duas crianças ali que precisavam muito dela e ela tinha um trabalho a fazer. Mesmo assim, não conseguia ser a babá feliz perto das crianças; mal havia sorrido para elas naquele dia, e infelizmente não sabia se conseguiria, seja o que fosse que tentasse fazer ou falar. Aquele não era um bom dia; aquele era o pior dos dias. Para ela, era um dia no qual ela não deveria trabalhar ou mesmo ver alguém; não era uma boa companhia. Ela não conseguia compreender como alguém podia ser tão infeliz naquela vida. Primeiro ela perde a mãe amada, depois o noivo a abandona, em seguida perde a filha e depois descobre que sua mãe havia passado por um inferno nas mãos de seu próprio pai e que ele havia sido o culpado
Escutar ela sobre Amelia havia sido bom. Todo aquele rancor só estava fazendo mal a ele mesmo. No momento em que a perdoou, de verdade, sentiu um alívio tão grande, e o peso que sentia em seus ombros sumiu no momento seguinte. E por esse motivo ele decidiu fazer o mesmo com o que sentia por Lillie. Ainda havia aquele sentimento ruim dentro dele, mas ele estava se esforçando para deixar aquilo no passado e seguir a vida. Não que fosse se jogar para o amor; ainda não estava preparado. Mas também não mais ficaria pensando no ódio e na vontade que tinha de sacudir aquela mulher e jogar umas verdades na cara dela. Não sabia se um dia poderia fazer isso — jogar as verdades na cara dela, no caso —, e por isso era melhor deixar tudo para trás. Não era fácil, mas ele estava se esforçando. Suspirou longamente ao chegar em casa, sentindo todo o desanimo ir embora. Era só chegar em casa, que ele mudava completamente. E era a presença dos gêmeos que o fazia se sentir tão bem. E de Mia, sua ment
Liam se surpreendeu completamente quando a antiga Quinn, esposa de seu amigo ruivo, apareceu em sua casa parecendo toda preocupada. Ela havia perguntado pela amiga e subido igual a um furacão casa a dentro, e tudo que ele fez foi fechar a porta enquanto se perguntava o que estaria acontecendo. A loira havia deixado o filho pequeno em casa e ido visitar a rosada. Ou ela havia ligado ou a outra havia presentido. Ele não fazia ideia, mas algo lhe dizia que era sobre o motivo de a babá de seus filhos ter chorado naquela manhã e ficado o restante do dia deitada, parecendo ter adoecido, já que até mesmo teve febre. Havia percebido que era algo emocional após o almoço, quando foi levar a refeição para a mulher que havia acabado de despertar e saía do banho com os cabelos molhados e uma jardineira de tecido fino. Ela havia se desculpado e claro que ele pediu para que ela deixasse aquelas desculpas de lado; que estava tudo bem e que ela deveria descansar o restante do dia. Ela o escutou após
— Sabe o que precisa? De sair. Se divertir. – Sorriu. – Você precisa de um dia fora dessa casa, um dia só seu. Eu iria, com você, mas... — Sair? – Fez uma careta. — Você precisa deixar de ser tão antissocial. O celular da rosada apitou e uma mensagem apareceu na tela. — Kaerney. – Leu. – Quem é Kaerney? Mia imediatamente praguejou mentalmente por ter deixado a amiga ver a tela de seu celular; primeiro que ela faria várias perguntas e segundo porque sabia o que ela faria caso soubesse sobre o rapaz. — Pode começar a contar. E após um longo suspiro, contou sobre o rapaz gentil que havia conhecido a alguns dias na porta da escola dos gêmeos. Do rapaz que desde então começou a chegar mais cedo apenas para ficar conversando com ela, e que havia começado a dar sinais de interesse — algo que ela temeu contar, mas acabou deixando escapar por seus lábios após algumas pressões vindo de sua melhor amiga. — É ele. — O que? — Ele quem vai fazer esse coraçãozinho aí bater de novo. E M