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Minha babá é irresistível!

Brody

Merda! 

Merda! 

Merda! 

Isso só devia ser brincadeira. 

— Onde estudou, srta. Hennessey ? — Perguntei. Ela parecia tão envergonhada, que olhou para mim por cima dos cílios grossos e deixou as mãos trabalharem na bolsa. Isso indicava que estava nervosa. Ela girava o dedo na alça prateada. 

Eu estava sentado no sofá. Ela estava à minha frente, numa cadeira acolchoada. Seus cabelos castanhos estavam presos por um rabo de cavalo, e vestia uma blusa rosa, jaqueta de e saia preta rodada até a altura dos joelhos. Ela também subia sua saia de vez em quando para garantir que eu não olhasse suas pernas. 

— N-Na universidade de Nova York p-por cerca de dois anos. — Gaguejou. Eu assenti. — Fiz belas artes. 

— Ah. A senhorita gosta de desenho? — Perguntei. 

Eu amaldiçoava minha m*****a boca por ainda se abrir.

Alguns dias antes, havia preparado uma lista com algumas perguntas que deveria fazer a qualquer uma das candidatas à babá. A agência de babás fez toda a triagem e entrevistas, mas ainda assim achei que seria necessário fazer uma outra, com perguntas mais pessoais. Eu não fazia ideia de que seria eu que estaria ali. Danna havia escolhido cerca de oito candidatas e eu, sete. Não fazia ideia que Chelsea seria uma delas. 

— Sim. Eu…Costumo…  — ela suspirou audivelmente, baixando a cabeça — Costumava desenhar. Não era apenas sobre isso, mas quis estudar porque sempre me interessei. 

Os olhos cristalinos de Chelsea pousaram nos meus. Ela ficou vermelha. 

— Então a senhorita morava em Nashville? — Perguntei. Ela fez que sim. — Por que se mudou para cá? E  quanto tempo faz isso? — Continuei. 

Ela comprimiu os lábios e eu passei os dedos pelas laterais do tablet. O havia pego em meu escritório para verificar os dados. 

Chelsea era uma garota simples do interior; amava desenhar, pintar e participava ativamente da igreja juntamente com seu melhor amigo e vizinho, Henry Ford. Vinte e quatro anos. Seus pais se divorciaram quando tinha apenas cinco anos, mas nunca deixaram um ao outro. Continuaram amigos. A mãe dela tem glaucoma e seu ex marido não sai de perto de si. Ao que tudo indica, Chelsea manda mensalmente uma quantia em dinheiro para cuidar de sua doença. 

— Quatro anos. — Disse ela. — Vim para poder estudar, mas acontece que estava gastando muito com a faculdade e tive que largá-la. A minha mãe tinha acabado de descobrir que tinha glaucoma, e eu estava longe, então não podia cuidar dela. Eu trabalhava como garçonete até receber a proposta de ser babá. Costumava ser babá aos domingos quando morava em Nashville, então tinha uma boa bagagem. — Contou ela. Eu assenti. — Eu me especializei e sou babá há dois anos. Antes da Mommysitter, fui contratada por uma outra agência, mas não conseguia me encaixar muito bem. 

— Hum. 

Chelsea desviou os olhos de mim. 

Eu pude ver o broche em seu peito quando a jaqueta saiu de cima. 

— Trixie deu a você? — Eu perguntei. Ela virou para mim rapidamente. — Foi a Trixie que deu o broche a você? — Eu repeti. Ela fez que sim. — Pode me devolver? — Ela me encarou como se não tivesse entendido.  Eu engoli em seco. — Pode me devolver o broche? Foi a mãe dela quem fez. Desculpa. 

Ela assentiu, tirou o broche e estendeu a mão. Eu o peguei dela. Encarei o broche delicado e respirei fundo. Levantei os olhos. 

— Ela tem oito anos. Faz pouco tempo que perdeu a mãe e vê por pouco tempo o pai. — Chelsea me olhou com curiosidade. — Eu trabalho muito. A maioria do tempo estou fora de casa, então não consigo ficar com meus filhos. É por isso que está aqui, srta. Hennessey . — Minha voz tinha um tom de seriedade fora do normal. — Para ser o que eu e o que a mãe deles não conseguimos. A senhorita está disposta a isso? Terá duas semanas de teste. Caso não se adapte, poderá pedir para sair. 

— Sim senhor, sr. Scott. — Ela disse. 

Oh, Deus… 

Chelsea era tão doce. 

Há um dia, quando a encontrei, notei a mesma doçura que via agora, mas ela parecia estar se contendo. Eu não sabia o motivo de estar aqui, e não era da minha conta, mas o que levaria uma garota tão jovem a dedicar seus dias a filhos de um estranho? Não poderia se divertir, sair ou fazer qualquer outra coisa. Isso me fascinava nela. 

— Me diga, srta. Hennessey , se não se importar — eu procurei seus olhos cristalinos — por que a senhorita está disposta a aceitar este emprego? Certamente tem muitas opções à sua volta, certo? 

Ela se acomodou à cadeira, ajeitando a postura. 

— A doença da minha mãe está evoluindo, e eu não posso voltar para Nashville. Minha amiga está prestes a se casar. 

— Ellery? — Interrompi, erguendo os olhos. 

Eu fiz um check list nas perguntas que criei no tablet. 

— Valerie. 

— Oh, Valerie. — Eu disse. 

Ela passou uma mecha de seus cabelos castanhos  para trás da orelha. 

— Em breve não terei onde dormir. — Ela disse,  a voz baixa. 

Eu a encarei por alguns segundos. 

— Entende que deverá passar cerca de doze horas por dia aqui? — Perguntei. Ela fez que sim. — Terá o seu próprio quarto, claro, e poderá usar os cômodos. Por favor, não convide estranhos. 

Eu sentia um estranho peso em meu coração. De alguma forma, saber as drogas que a pequena e doce Chelsea passava fazia com meu peito se  apertasse. Eu não sabia se era pena ou o fato de ela não merecer nada daquilo. 

— Eu trabalho boa parte do dia. Fico fora por muito tempo. Não espere por mim e não espere que eu interaja com a senhorita. Isto é uma exceção. Danna fará companhia a você e lhe dará o que pedir. Cuide das crianças, especialmente de Trixie. Ela ainda sente muito a morte da mãe. 

— Sim senhor, sr. Scott. 

Eu engoli a saliva. 

Ouvir meu nome soar de sua boca é quase divino. 

— Me chame de Brody. 

— Sim senhor… — ela apertou os olhos. Corrigindo-se, disse: — Brody. Desculpe pela forma que o tratei ontem. Eu não fazia ideia. Espero que o senhor não se influencie por isso. — Ela disse. 

— Não irei. Nunca uno o profissional do pessoal. A senhorita deveria fazer o mesmo e esquecer o que houve. 

— Sim senhor… Brody. — Disse, apertando a alça da bolsa. 

Eu encarei as suas bochechas vermelhas. 

Oh, Chelsea… 

Minha mente disparou. 

Era como se todas as vezes que eu olhasse para ela  fosse redirecionado a tudo o que aconteceu há um dia. Ontem, quando estive com seu celular, pude ver algumas fotos e vídeos. Ela tem namorado. Shawn. Eles brigaram. Sua melhor amiga se chama Valerie, e elas são colegas de quarto. A doce Chelsea era um menina inocente e bondosa que ajudava a mãe que morava muito longe. 

— Certo. Parece que acabamos por aqui. — Eu larguei o tablet sobre o sofá e levantei. Eu enfiei as mãos nos bolsos. — Venha. Vou mostrá-la alguns cômodos da casa. 

Eu a levei a um pequeno tour pelo recinto; primeiro, o quarto onde as crianças dormem e a sala de jogos: Trixie dividia o quarto com Matty. Ela estava sentada ao chão, rabiscando numa folha de papel. Chelsea acenou para ela da porta. 

— Parece que ela gostou de você. — Eu disse. — Trixie não gosta muito de mudanças. A última babá desistiu do emprego por conta dela. Ela não é como as outras crianças da idade; gosta de ficar sozinha, conversar sobre assuntos que não sejam muito infantis e tem imaginação muito fértil. Ela acha que pode conversar com a mãe. 

Oh, pobre Trixie. Ela ainda sente muito a perda de sua mãe. As duas eram inseparáveis. Todos os dias, Trixie fantasiava conversar com ela quando chegava da escola. Eu me sentia culpado por não ser mais rígido quanto a isso. 

— Matty é um bom menino. — Eu disse, apontando para ele no berço. — Ele está sempre  um pouco quieto, gosta de brincar e ama música. A mãe costumava cantar para ele. 

Chelsea sorriu docemente. 

— Eu cantava todos os dias para a minha mãe antes de dormir. — Ela disse. Chelsea olhou para mim. — Eu posso cantar para ele. 

— Seria ótimo, na verdade. 

Eu mostrei a ela a sala de jogos, descemos, fomos à cozinha, subimos as escadas e mostrei a ela onde iria ficar. 

Havia um quarto ao lado do meu. 

— Oh, é tão grande! — Ela disse. — Acho que nunca dormi em algum lugar tão grande. — Ela passou por mim e andou para perto de uma cama king-size. As cortinas black-out faziam o quarto ficar escuro. 

— Bom, esse será o seu quarto — Ela virou para mim e sorriu. — se ficar conosco.  

— As crianças são ótimas, e tudo é muito bom. Acho que eu quem deveria implorar para ficar. 

— Como quiser. 

— Obrigada, Brody. 

Eu franzi a testa. 

— Não deve me agradecer. Por mim, não estaria aqui. 

Eu virei e saí do quarto. 

Oh, Céus… 

Isso seria terrível. 

Se ela ficasse mesmo, significaria que iria dividir a casa comigo.

Meu pau latejava só de pensar em contrá-la nua por acaso. 

Pare, Brody! Você não deve. 

Ela será a sua babá agora, não uma mulher qualquer. 

A porra da sua babá. 

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