Sophia Martins/ Maria Laura SantosDona Helena estava o cão, chata pra cacete. Ela gritava ordens para todos e, se ela não fosse uma senhora de meia-idade, diria que estava de TPM.— Maria Laura, se mexa! As crianças não irão se cuidar sozinhas! — Sorri para ela.— Vim apenas buscar a mamadeira da Alice. A senhora quer um chazinho de camomila?Ela me encarou por algum tempo e depois soltou um longo suspiro.— Aceito!Fui para a cozinha e pedi a dona Martina para preparar um chá para dona Helena.— Ela está louca como o diabo — concordei com dona Martina, que riu.Assim que o chá ficou pronto, levei para dona Helena e fui para o quarto de Alice. Dei a mamadeira e sorri quando a pus no berço.— Acho que está na hora de começar a te dar papinhas — sorri para ela, que fazia barulhinhos engraçados. — Mas semana que vem vamos à pediatra e ela vai dizer o que você pode comer ou não, coisinha fofa.De onde venho, as mães dão comida cedo para os filhos, mas com pessoas ricas tudo tem que ser q
Phillippo Constantinova Hoje era aniversário de nove meses de Maria Alice e resolvi levar as meninas para um passeio em família.— Pai, você chamou a Maria Laura? — Beatriz perguntou e neguei. — Chama ela, pai.— Não, eu disse que passaríamos um dia apenas nós três.— E por que não podemos virar quatro? Vai, pai, por favor, chama a Maria Laura, ela é muito legal e sempre protege a gente.Beatriz insistiu tanto que decidi ir até o quarto dela e convidá-la. Bati na porta duas vezes e não obtive resposta, então girei a maçaneta e entrei.Assim que entrei, a porta do banheiro se abriu e ela apareceu sem nenhuma roupa. Virei no mesmo instante em que ela soltou um grito.— Senhor Constantinova, precisa de algo? — Ela disse depois de correr para o banheiro. — Não fale nada, espere um minuto.Depois de um tempo, ela retornou já vestida, e me desculpei por entrar.— Não precisa se desculpar, a casa é sua, senhor.— Mesmo assim, não deveria ter entrado em seu quarto. Estou aqui para te convida
— Maria Laura, por que diabos eu tenho que vestir essa fantasia ridícula de árvore? — Beatriz reclamava.— Bia, você é uma árvore, por isso está vestida assim — respondi, tentando esconder um sorriso.— Que saco!Ela estava irritada por estar vestida de árvore, e não posso negar que estava muito engraçada.— Se tivesse ficado menos emburrada e se dedicado um pouco mais nas aulas de ballet, teria um papel muito melhor.Na hora do recital, Rute fez sinal para que eu me sentasse com ela. Depois de ajeitar Lara na cadeira e colocar Maria Alice em meu colo, Rute comentou que Tereza estava nervosa por fazer o papel principal.— Beatriz está irritada por fazer uma árvore — falei, e nós duas rimos.Nesse momento, recebi uma mensagem do senhor Phillippo, avisando que estava em uma reunião importante e não poderia comparecer. Soltei um suspiro pesaroso.— O que aconteceu? — perguntou Rute.— Meu chefe não virá para o recital de ballet da filha.Rute olhou ao redor e apontou discretamente.— Olh
Phillippo Constantinova A noite na beira da piscina com Maria Laura foi mais interessante do que eu esperava. Ela fala as coisas na cara, sem se importar que sou eu quem paga seu salário. Isso é algo novo para mim. As outras governantas infantis sempre foram complacentes, mas Maria Laura é diferente. Ela realmente gosta das crianças e cuida delas com um carinho genuíno. Até Beatriz, que é a mais difícil, parece gostar dela.Estava tomando meu café da manhã quando Luciana com um sorriso radiante no rosto me pegando completamente de surpresa. — Phillippo, você precisa ir jantar na casa dos meus pais esse fim de semana — ela anunciou, como se fosse uma ordem— Bom dia, pra você também. Estava pensando em sair com as meninas nesse final de semana — respondi, não querendo me comprometer.— Você pode sair com as meninas outro dia. O jantar na casa dos meus pais é mais importante. Meu pai convidou alguns sócios e seria bom para você estar lá. Lembra que você me disse que queria ampliar o n
Sophia Martins/ Maria Laura SantosConfesso que fiquei desapontada quando ouvi Phillippo desmarcar um compromisso que ele teria com as meninas para ir a um jantar de negócios.Beatriz olhou para mim e alisei seu rosto com um sorriso, enquanto Lara, sendo menor, não entendeu muito bem.Coloquei as meninas sentadas e, enquanto dona Martina as servia, fui para a cozinha preparar a mamadeira para Alice e voltei para a sala de estar.A todo momento, Luciana parecia tentar me irritar, mas não conseguiu. No clube, se a gente não se impõe, elas montam em você.Depois que as meninas terminaram seus cafés, as levei para a aula de música. Beatriz toca violino e Lara toca piano. Elas fazem muitas aulas extras fora da escola à tarde. Resumindo, essas meninas quase não ficam em casa.Enquanto as meninas estavam na aula, minha amiga me ligou e avisou que hoje eu teria que ir ao clube. Eu disse que sabia.— Seu novo amigo vai te dar uma força? — ela perguntou.— Vai sim, ele é um amor. Miga, tenho qu
Após aquele beijo o clima entre o senhor Constantinova e eu ficou muito estranho, eu tentava evitá-lo e ele fazia o mesmo, hoje era minha folga, então me despedi das meninas e fui para minha casa ver como estava o estrago, já que Letícia não era boa com limpeza. Quando cheguei constatei que a casa estava completamente revirada e Letícia jogada no sofá assistindo sei lá o que. — Vamos levantar vadia, essa casa não vai se limpar sozinha. — Assim que me viu ela sentou e me chamou para sentar ao seu lado. — Eu sei que você é maníaca por limpeza, mas antes de me encher o saco com isso, por favor me conta o que aconteceu, anteontem? No dia seguinte após o beijo com o senhor Constantinova, Letícia me ligou e percebeu que eu estava meio aérea. Então disse a ela que não contaria nada pelo celular. — Vai vadia, me conta? — Calma doida, eu vou te contar. — Contei tudo que havia acontecido para ela que me encarou sem dizer uma palavra.— Amiga, você precisa evitar ele, você está toda errada
Meu coração acelerou e tentei evitar seu olhar, mas ele se levantou e veio em minha direção. — Não adianta tentar fugir, gatinha — ele disse, pegando meu braço com força. — Hoje você é minha.Tentei me soltar, mas ele era mais forte. Mauro apareceu do nada, olhando com frieza para a cena.— Algum problema aqui? — ele perguntou, a voz carregada de uma ameaça velada.— Só estou pegando o que é meu, Mauro. Você me prometeu.— Deixe-a terminar o trabalho, eu disse que não seria agora, mas se quiser ela pode fazer uma dança pra você, sente e espere. Ele saiu sorriu satisfeito e sorriu para mim, um sorriso que me fez ficar ainda mais amedrontada. — Mauro, esse cara é louco. — Digo a ele que me encarou. — Ele é sobrinho do prefeito e gastou uma boa grana para ter algumas danças especiais suas, só isso. — Ele jogou uma fumaça do seu cigarro na minha cara. — Vai atender os clientes antes que eu me estresse com você. Fiz o que Mauro me ordenou, dancei para alguns clientes que ficaram me ap
Leticia Alves Minha história se funde muito com a história de Sophia. Meu pai era um homem horrível que fez coisas terríveis. Ele me humilhou e, por fim, me vendeu quando não conseguiu me violar. Minha mãe, uma viciada e alcoólatra, nunca me ajudou em nada. Pelo contrário, ela parecia incentivar meu pai a fazer as barbaridades, pois, segundo ela, eu era a culpada por sua vida não ter decolado.Quando cheguei ao clube, Mauro me tratava super bem e fui me envolvendo cada vez mais até me ver nesse emaranhado. Mauro, à primeira vista, aparenta ser um cara do bem, mas depois ele se mostra quem realmente é. Ainda me lembro do leilão; aquele filho da puta arrecadou uma boa grana com a minha virgindade.As lembranças vieram como um vendaval. Eu era só uma menina assustada, sozinha e desesperada por uma saída. Quando Mauro me encontrou, prometeu um mundo melhor. Mas, na realidade, ele me jogou em um pesadelo do qual não consegui despertar. O leilão foi o ápice do horror, a minha inocência ven